Ponto de Vista da KaiaMinhas mãos cobriam meus ouvidos. Cada palavra que saía da boca dele era uma mentira atrás da outra.— Kaia, você precisa se acalmar. O bebê...— Esse bebê é dele. Do seu inimigo... O que você vai fazer? Trocar a mim e ao bebê por ela?Oh, deusa... Eu não acreditava de verdade que ele fosse capaz de algo daquele jeito, até ver a reação no rosto dele.Ele tentou disfarçar, mas naquele breve momento, nem conseguiu enganar a si mesmo.Sim, aquele era o plano desde o começo. Se aproximar de mim, ganhar minha confiança... Só para depois me entregar, junto com o bebê, em troca dela.— Você ama ela?— É complicado... — Ele fechou os olhos, soltando um suspiro profundo. Como se doesse só de falar dela.— Complicado?— Ela era para ser minha, mas ele já a tinha.— Então eu estava certa. Ela também é sua companheira?— Sim.Eu só percebi que havia uma plateia quando ouvi Aubrey arfar ao ouvir a confissão de Hector. Então eles eram companheiros. Por isso... Assim como Than.
Ponto de vista do HectorEla parecia tão leve nos meus braços.— Ezra, acelera! — Rugi, com ela desmaiada no meu colo, encostada no meu peito.O horror tomou conta de mim quando olhei para baixo... Sangue. Ela estava tão pálida, nada da cor dourada e beijada de sol que costumava ter.Senti minha aura de alfa sufocar o ambiente dentro do carro.A pressão era tanta que fez Ezra acelerar ainda mais. Ele saiu das estradas principais da alcateia, cortando pelos campos de treino para chegar ao hospital o mais rápido possível.O carro derrapou e parou de repente na entrada. O Médico-Chefe e a equipe já estavam esperando com uma maca. Ezra devia ter avisado via conexão mental. Eu, no meio do desespero, só conseguia focar em trazer ela viva até aqui.Nem esperei que a colocassem na maca. Continuei com ela nos braços, sabendo que cada segundo contava. O médico gritava atrás de mim, indicando os corredores enquanto ele e Ezra tentavam me acompanhar.Tudo o que eu podia fazer era correr. Era a úni
Ponto de Vista do Hector— Infelizmente, ela perdeu muito sangue, o bebê não sobreviveu.— O quê?— Alfa, eu...— Você não entende. Ela não pode ter perdido o bebê... Isso vai acabar com ela.— Fizemos tudo o que podíamos, mas não foi possível. Posso entrar em contato com alguém? Tem alguém que ela queira avisar?Balancei a cabeça, atordoado com a notícia terrível.— Não... Eu mesmo cuido disso. — Ouvi minha própria voz sair sem emoção, monótona. Eu simplesmente não conseguia acreditar que aquilo tinha acontecido.— Vou deixar vocês a sós por um momento. — Ele fez um gesto com a cabeça para que a enfermeira, sentada num canto da sala, saísse com ele, me dando um pouco de privacidade com Kaia.Ela parecia tão em paz ali, deitada na cama. Assim que acordasse, aquela paz interior que ela vinha tentando recuperar iria desmoronar.Como eu ia contar aquilo para ela?Como diria uma notícia tão devastadora daquele jeito?Ouvi meu lobo choramingando dentro da minha mente, querendo tirar dela a
Ponto de vista da KaiaFoi o choramingo da minha loba que me trouxe de volta à consciência. Mesmo antes de abrir os olhos, já podia sentir a sua aflição, sua dor.Era como se ela estivesse encolhida em um canto, chorando para si mesma.Bip...Meus olhos se abriram rapidamente ao som de aparelhos bipando ao meu redor.Enquanto observava o ambiente, percebi que estava em uma cama de hospital, com meu corpo ligado a tubos e fios. Não fazia ideia para que serviam.Então, me lembrei...— Kaia... Kaia, volte a dormir. — Aubrey estava ao meu lado, tentando me empurrar de volta para a cama enquanto eu tentava me sentar. Então ela venceu. Eu estava mais fraca do que nunca, como quando era criança.Uma mulher que eu não conhecia se movia no canto oposto da sala, inicialmente me assustando, mas logo ela se levantou e saiu rapidamente do quarto.— Que horas são?— São 3 da manhã, deixa eu avisar o Alfa...— Não, não é necessário.— Mas Kaia...— Aubrey, eu disse não. — Era no meio da noite, acorda
Hector POV— Alfa!Acordei com dor de cabeça. A sensação excruciante de que alguém estava gritando na minha cabeça a noite inteira, como um alto falante de rock pesado em um show.— Que foi? — Gritei de volta, a sensação de estar desorientado tomando conta de mim. Estava grogue, minha garganta seca enquanto a luz do sol passava pelas cortinas do meu quarto.— É a Kaia, ela acordou…— Desde quando? — Me sentei, a cabeça girando ao lembrar que não tinha jantado, mas tinha tomado bastante uísque. Olhei para as duas garrafas vazias ao lado da cama.— Desde as 3 da manhã, ela voltou a dormir, mas já acordou de novo agora.Olhei a hora no meu celular, que aparentemente eu tinha lembrado de colocar para carregar antes de desmaiar. 8:30 da manhã, merda… Eu perdi o treino.— Droga, Aubrey, eu te falei para me acordar assim que ela acordasse.— Eu tentei, Alfa.— Já estou indo. — Pulei da cama, pegando o jeans e uma camiseta limpa nas minhas gavetas. Eu precisava de um banho, para tirar o cheiro
Alora POVThan sempre foi meu, e eu dele. Sempre foi assim desde que éramos crianças, desde quando comecei a brincar com ele, e meus pais se tornaram bons amigos dos dele. Não me lembro da memória exata do primeiro encontro, mas ele sempre esteve lá, sempre esteve comigo. Ele tinha todo o direito de sentir ciúmes, todo o direito de ser possessivo… eu só não consegui fazer a escolha. Eu não poderia ser responsável por mudar as vidas deles. Não posso culpá-lo por reagir assim. Seus olhos estão escuros, as chamas do fogo oferecendo a única luz ao seu rosto enquanto ele se senta sob o céu noturno, com a cabeça coberta por um capô. Se eu não o conhecesse, teria medo de ficar perto dele essa noite. Ele está arrancando cada página do meu diário e jogando no pequeno fogo diante dele. Estou na parte de trás do jardim da casa do Alfa, um cobertor jogado sobre os meus ombros naquela noite fria. Será que estava frio? Será que estava começando a ficar doente… ou seria o ato que estava a
Than POV Acordo com o corpo nu de Alora sobre o meu. O lençol de seda cobrindo sua metade inferior enquanto seus seios perfeitamente arredondados estão pressionados contra o meu estômago.Tudo o que eu queria era que nós ficássemos assim, para sempre. Mas o corpo dela estava falhando, ela ainda não sabe, mas pode sentir que algo está errado.Eu posso sentir isso através da conexão.Até mesmo na noite passada, eu pude perceber que ela estava exausta, mas estava em uma missão para me agradar… para provar que somos um do outro.Ele pode planejar o quanto quiser, nunca vai tê-la. Eu arrancarei o coração dele no momento em que ele chegar perto dela de novo. Foi isso que tentei fazer naquela época, assim que ele declarou que ela era sua companheira na frente da Mãe e do Pai, eu perdi o controle.Eu sabia que éramos feitos um para o outro, eu só precisava esperar mais alguns dias até completar 18 anos para ter a prova. Mas ele não esperou, dizendo que eu já tinha mais do que merecia, que ela
Alora POV— Não deve se esforçar demais, querida.— Eu não estou, é só uma corrida rápida pela fronteira da alcateia.— E Than sabe disso? — Medea aperta os lábios para mim, seu cabelo ruivo, mais suave, balança enquanto tento acompanhar seu passo rápido. Sinto como se fosse uma criança levada de volta ao diretor depois de ser pega fora da sala de aula.— Ele precisa saber?— Alora, você ainda está sob cuidados médicos, não pode sair correndo por quilômetros quando ainda não está bem.Medea me pegou indo em direção ao campo de treinamento e insistiu em me escoltar de volta para a casa do alfa, imediatamente.Eu precisava fazer algo, estava ficando louca. Não sou a Luna oficial, então não posso realizar nenhuma tarefa de Luna, e não há muito no dia para me manter ocupada.— Eu só estou entediada, Medea. Não estou fazendo nada, preciso fazer algo.— Você é igual a Than, precisa aprender a arte da paciência. Honestamente, o que acontece com a juventude de hoje, sempre com pressa. Acabamos