Ponto de Vista da KaiaAlora com Hector.Eu não entendi.Não podia acreditar no que estava vendo.Será que aquilo era uma fotografia falsa, orquestrada por Than, achando que eu voltaria correndo para os braços dele?Era possível, a tecnologia hoje em dia já estava avançada o suficiente para forjar uma fotografia e eu não duvidaria de nada que Than fosse capaz de fazer. Suas táticas eram cruéis. Ele faria qualquer coisa para manter ela viva.Mas algo dentro de mim não acreditava naquilo, de algum jeito eu sabia que aquela foto era real. Minha loba já começava a gemer na minha mente.Será que ela foi a razão pela qual eles se tornaram inimigos? A razão pela qual se odiavam?Os guerreiros deles estavam prontos para atacar qualquer pessoa inocente a qualquer momento, esperando apenas o comando do alfa.Uma palavra poderia destruir uma matilha, destruir famílias. E tudo aquilo por quê? Por causa de algum triângulo amoroso distorcido?Aquilo não poderia estar certo.Minha cabeça estava pesad
Ponto de vista do HectorRiley me contou, por conexão mental, que ele tinha levado Kaia de volta para a casa do alfa e que ela tinha feito algum tipo de mágica em Rosa naquele dia.Não era mágica, era só a Kaia.Ela era especial... E eu estava começando a entender o quanto. Só uma Luna teria se dado ao trabalho de visitar os membros da matilha, e Than era um maldito imbecil por ter deixado ela escapar.— Alfa, a segurança da matilha foi reduzida em um nível e acho que o plano de reabrir as fronteiras deve seguir em frente. — Ezra estava voltando comigo de uma breve reunião de segurança.Com os guerreiros da Matilha Deserto de Âmbar indo embora e sem evidências de jogada suja, eu queria discutir a redução no número de patrulhas nas fronteiras com os chefes de departamento antes de implementar minhas ordens imediatamente.Todos tinham concordado que o momento parecia certo e estavam felizes por podermos reabrir as fronteiras para o livre movimento.Eu estava rindo despreocupado com Ezra
Ponto de Vista da KaiaMinhas mãos cobriam meus ouvidos. Cada palavra que saía da boca dele era uma mentira atrás da outra.— Kaia, você precisa se acalmar. O bebê...— Esse bebê é dele. Do seu inimigo... O que você vai fazer? Trocar a mim e ao bebê por ela?Oh, deusa... Eu não acreditava de verdade que ele fosse capaz de algo daquele jeito, até ver a reação no rosto dele.Ele tentou disfarçar, mas naquele breve momento, nem conseguiu enganar a si mesmo.Sim, aquele era o plano desde o começo. Se aproximar de mim, ganhar minha confiança... Só para depois me entregar, junto com o bebê, em troca dela.— Você ama ela?— É complicado... — Ele fechou os olhos, soltando um suspiro profundo. Como se doesse só de falar dela.— Complicado?— Ela era para ser minha, mas ele já a tinha.— Então eu estava certa. Ela também é sua companheira?— Sim.Eu só percebi que havia uma plateia quando ouvi Aubrey arfar ao ouvir a confissão de Hector. Então eles eram companheiros. Por isso... Assim como Than.
Ponto de vista do HectorEla parecia tão leve nos meus braços.— Ezra, acelera! — Rugi, com ela desmaiada no meu colo, encostada no meu peito.O horror tomou conta de mim quando olhei para baixo... Sangue. Ela estava tão pálida, nada da cor dourada e beijada de sol que costumava ter.Senti minha aura de alfa sufocar o ambiente dentro do carro.A pressão era tanta que fez Ezra acelerar ainda mais. Ele saiu das estradas principais da alcateia, cortando pelos campos de treino para chegar ao hospital o mais rápido possível.O carro derrapou e parou de repente na entrada. O Médico-Chefe e a equipe já estavam esperando com uma maca. Ezra devia ter avisado via conexão mental. Eu, no meio do desespero, só conseguia focar em trazer ela viva até aqui.Nem esperei que a colocassem na maca. Continuei com ela nos braços, sabendo que cada segundo contava. O médico gritava atrás de mim, indicando os corredores enquanto ele e Ezra tentavam me acompanhar.Tudo o que eu podia fazer era correr. Era a úni
Ponto de Vista do Hector— Infelizmente, ela perdeu muito sangue, o bebê não sobreviveu.— O quê?— Alfa, eu...— Você não entende. Ela não pode ter perdido o bebê... Isso vai acabar com ela.— Fizemos tudo o que podíamos, mas não foi possível. Posso entrar em contato com alguém? Tem alguém que ela queira avisar?Balancei a cabeça, atordoado com a notícia terrível.— Não... Eu mesmo cuido disso. — Ouvi minha própria voz sair sem emoção, monótona. Eu simplesmente não conseguia acreditar que aquilo tinha acontecido.— Vou deixar vocês a sós por um momento. — Ele fez um gesto com a cabeça para que a enfermeira, sentada num canto da sala, saísse com ele, me dando um pouco de privacidade com Kaia.Ela parecia tão em paz ali, deitada na cama. Assim que acordasse, aquela paz interior que ela vinha tentando recuperar iria desmoronar.Como eu ia contar aquilo para ela?Como diria uma notícia tão devastadora daquele jeito?Ouvi meu lobo choramingando dentro da minha mente, querendo tirar dela a
Ponto de vista da KaiaFoi o choramingo da minha loba que me trouxe de volta à consciência. Mesmo antes de abrir os olhos, já podia sentir a sua aflição, sua dor.Era como se ela estivesse encolhida em um canto, chorando para si mesma.Bip...Meus olhos se abriram rapidamente ao som de aparelhos bipando ao meu redor.Enquanto observava o ambiente, percebi que estava em uma cama de hospital, com meu corpo ligado a tubos e fios. Não fazia ideia para que serviam.Então, me lembrei...— Kaia... Kaia, volte a dormir. — Aubrey estava ao meu lado, tentando me empurrar de volta para a cama enquanto eu tentava me sentar. Então ela venceu. Eu estava mais fraca do que nunca, como quando era criança.Uma mulher que eu não conhecia se movia no canto oposto da sala, inicialmente me assustando, mas logo ela se levantou e saiu rapidamente do quarto.— Que horas são?— São 3 da manhã, deixa eu avisar o Alfa...— Não, não é necessário.— Mas Kaia...— Aubrey, eu disse não. — Era no meio da noite, acorda
Hector POV— Alfa!Acordei com dor de cabeça. A sensação excruciante de que alguém estava gritando na minha cabeça a noite inteira, como um alto falante de rock pesado em um show.— Que foi? — Gritei de volta, a sensação de estar desorientado tomando conta de mim. Estava grogue, minha garganta seca enquanto a luz do sol passava pelas cortinas do meu quarto.— É a Kaia, ela acordou…— Desde quando? — Me sentei, a cabeça girando ao lembrar que não tinha jantado, mas tinha tomado bastante uísque. Olhei para as duas garrafas vazias ao lado da cama.— Desde as 3 da manhã, ela voltou a dormir, mas já acordou de novo agora.Olhei a hora no meu celular, que aparentemente eu tinha lembrado de colocar para carregar antes de desmaiar. 8:30 da manhã, merda… Eu perdi o treino.— Droga, Aubrey, eu te falei para me acordar assim que ela acordasse.— Eu tentei, Alfa.— Já estou indo. — Pulei da cama, pegando o jeans e uma camiseta limpa nas minhas gavetas. Eu precisava de um banho, para tirar o cheiro
Alora POVThan sempre foi meu, e eu dele. Sempre foi assim desde que éramos crianças, desde quando comecei a brincar com ele, e meus pais se tornaram bons amigos dos dele. Não me lembro da memória exata do primeiro encontro, mas ele sempre esteve lá, sempre esteve comigo. Ele tinha todo o direito de sentir ciúmes, todo o direito de ser possessivo… eu só não consegui fazer a escolha. Eu não poderia ser responsável por mudar as vidas deles. Não posso culpá-lo por reagir assim. Seus olhos estão escuros, as chamas do fogo oferecendo a única luz ao seu rosto enquanto ele se senta sob o céu noturno, com a cabeça coberta por um capô. Se eu não o conhecesse, teria medo de ficar perto dele essa noite. Ele está arrancando cada página do meu diário e jogando no pequeno fogo diante dele. Estou na parte de trás do jardim da casa do Alfa, um cobertor jogado sobre os meus ombros naquela noite fria. Será que estava frio? Será que estava começando a ficar doente… ou seria o ato que estava a