Alexander
Tive noites ruins. Desconfortáveis. No exército, em missões, até mesmo na infância, quando fugia do meu padrasto. Mas nada, absolutamente nada... se comparava a essa noite.
Não consegui ir para o meu quarto. Não era apenas pela ausência dela. Era o fato de ela estar no hospital. Baleada. E eu não ter conseguido impedir.Era o vazio dos meus braços, acostumados ao peso do seu corpo, à respiração tranquila e às mãos adormecidas sobre meu peito.Acordei no sofá. Pedi para Amélia pegar uma roupa no meu quarto, precisava de um banho, e usaria um dos quartos de hóspedes.
AlexanderRobert queria respostas. E eu as tinha. Talvez não a que ele gostaria de ouvir.— Foi um acidente. Mas quase fatal.Ele me observava atento. Avaliava cada gesto, cada palavra. Provavelmente contava até quantas vezes eu piscava.— Acidente? Onde foi que aconteceu?Respondi com a história que havia criado no caminho até o hospital. O Prefeito tinha feito sua parte e abafado a situação. Minha equipe, por sua vez, deixou a galeria impecável antes de David aparecer.— Estou com novos recrutas — comecei. — Evelyn me acompanhou porque prometi levá-la à galeria depois.Suspirei, passando a mão pelos cabelos.— Ela insistiu em entrar comigo. Um idiota, que mentiu dizendo que tinha experiência, deixou a arma cair assim que me viu. A arma caiu… e disparou.Meu tom era seco. Calculado. Não podia deixar escapar nenhuma emoção, se não, ele perceberia.— Erro de principiante. Que quase matou a Evelyn.Eu disse, com raiva forjada. Como se aquilo fosse imperdoável.Robert pareceu engolir a h
EvelynFui abordada na galeria. Alex apareceu, desarmou o homem e me afastou dele. Lembro de sentir uma fisgada, de ouvir Alex falar comigo, mas a adrenalina e o medo não me permitiram dizer nada além de:— Alex… Me desculpa.E tudo escureceu.Quando a luz voltou, eu estava em uma cama, com fios conectados por quase todo o corpo. Havia um tubo em minha boca. Senti meu coração acelerar, o medo me invadir. O que tinha acontecido? Onde eu estava? Alex… Onde estava Alex? Ele estava bem? E a Jordan?Ouvi um barulho acima da minha cabeça, um bip insistente. Tentei me mexer, mas os fios me impediam. Ouvi passos, e uma mulher se aproximou.
AlexanderQuando Evelyn acordou e veio para o quarto, tivemos o melhor momento da nossa relação. Pude sentir os sentimentos dela por mim, o desejo de estar sempre ao meu lado, e principalmente a forma carinhosa com que vem me tratando. Não que ela não fosse antes, mas agora há algo diferente. No olhar, nos toques... até nas palavras. “Amor.” É assim que me chama agora.Mas foi quando ela disse: “Sua. Eu sou sua, Alex.” Se ela não tivesse acabado de sair da UTI, eu realmente teria feito ela minha, e de todas as formas possíveis. Mas teria que esperar... até minha garota estar completamente curada.Cont
EvelynSaber que eu iria para casa teve um gosto bom. Depois do inferno que passei nas mãos daquele homem e do susto de acordar em uma cama de UTI, nada melhor do que voltar... nos braços do meu Alex. Mesmo que, como sempre, a nossa interação fosse intensa. Intensa até demais.Eu sabia que ele ainda estava chateado por eu não ter contado aos pais de Brandon sobre a gente, então preferi nem mencionar a “brilhante” ideia da Abigail, que resolveu organizar uma festa de boas-vindas. Pra ser sincera, eu não estava no clima. Mas ela insistiu... e ainda usou o nome dos Anderson. E eu acabei cedendo.Quando chegamos, a insatisfação de Alexander foi impossível de não notar. Todos perceberam. E todos comentaram. Mas eu não quis jogar mais lenha na fogueira, então... ignorei. Esse foi o meu erro. Alex saiu da sala sem dizer uma palavra, e dava pra notar o quanto aquilo estava mexendo com ele.Desde o hospital, Susan vem insistindo para que eu vá morar com eles. E Robert... bom, ele praticam
AlexanderFaz exatas três semanas que Evelyn saiu do hospital. Na primeira semana, voltamos apenas para avaliar o curativo e ver se ainda era necessário mantê-lo. A cicatrização dela estava indo bem, então foi retirado. Continuamos cuidando da região, mas sem gases ou curativos. E hoje é sua consulta de retorno, para o médico avaliar seu estado e sua recuperação.Depois da festa de boas-vindas, Evelyn decidiu ir até a casa dos Anderson contar que estávamos juntos. Claro que Robert não aceitou de imediato. Enquanto Susan nos apoiou, disse que Brandon não iria querer vê-la infeliz, e que se eu a fazia feliz, então ela também estaria. Robert pediu que Evelyn buscasse suas coisas em sua casa. Aquilo mexeu com minha garota, como se ele quisesse cortar de vez o v&iacu
EvelynMinha cabeça era um turbilhão. Se afastar de tudo já era ruim… mas ser afastada era ainda pior. E foi exatamente isso que os Anderson fizeram: me tiraram de perto, me afastaram deles.Os últimos acontecimentos me deixaram em frangalhos. As crises de ansiedade vieram com força. Meus surtos do começo, de quando conheci Alexander, pareciam brincadeira perto do que estou enfrentando agora.Ainda não me sentia pronta para ver Naomi, como Alex queria. E, mesmo assim… ele continuava sendo tão compreensivo, tão acolhedor, tão carinhoso. Deus, como eu amo esse homem. No início, quando esse sentimento começou a crescer dentro de mim, eu duvidei. Seria mesmo amor? Eu não queria reviver o que passei com Brandon, a i
AlexanderDepois da declaração de Evelyn, tudo o que eu menos queria era sair. Principalmente para voltar aos problemas que me aguardavam na empresa. Mas, por mais que eu a amasse, não podia simplesmente abandonar meu trabalho e as responsabilidades que me esperavam lá.Jackson e Benjamin já haviam escolhido os novos recrutas, e eu precisava iniciar os treinamentos. Jordan vinha se mostrando uma adição de ouro à equipe. Esperta, sagaz, certeira em praticamente tudo o que lhe era proposto. Ela e Jackson estavam cada vez mais próximos, e eu não sabia exatamente por que isso me incomodava. Cheguei a comentar com ele sobre qual seria, de fato, a relação entre os dois, e isso o irritou. Ele me perguntou o que exatamente eu estava insinuando.Deixei pra lá. Por enquanto…Eu estava prestes a entrar em uma reunião com um cliente da Espanha quando meu celular vibrou. Era uma mensagem da Evie, avisando que sairia por alguns minutos com Lucas, ela iria até uma papelaria. Assim que li, liguei par
EvelynDepois daquela cena de ciúmes de Alexander, ele me envolveu com aquela aura avassaladora de poder que me desarma por completo e faz meu corpo gritar, desesperado por ele. A fixação com Thomas ainda persiste, o que, para mim, não faz sentido algum. Não vejo, e nem consigo imaginar, Thomas me olhando dessa forma. Principalmente pela história que ele teve com Brandon. A ideia de ser vista por ele de outro jeito… chega a ser cômica, dada a lealdade que ele sempre demonstrou por Brandon.Eu odiava os ciúmes de Brandon. Porque, no fim, a culpa sempre recaía sobre mim. Era como se minha mera existência, ou o simples fato de atrair olhares e interações, fosse uma afronta pessoal a ele, ou ao seu ego frágil. Até hoje n&at