Uma noite agitada

Sophia Lucatto

Passei alguns anos fora do Brasil, mas estava sempre sendo atualizada sobre a minha família e principalmente meu irmão e confesso que quando minha mãe me confidenciou sobre a tristeza de Saulo fiquei preocupada, meu irmão gêmeo é um idiota as vezes é um cara muito bacana que não merece sofrer, mas desde que conheceu Marina o jeito dele se modificou. Quando conheci minha cunhada percebi que ela não era a mulher certa para ele, mas sabe com homem é idiota principalmente quando toma um chá bem dado. Ao anunciar meu retorno para o Brasil, meus pais ficaram eufóricos e queriam fazer uma grande festa, o que precisei intervir para não acabar se tornando apenas uma festa de negócios igual os meus aniversários, avisei que levaria meu namorado e todos ficaram curiosos já que eles sabiam que eu não namorava ninguém, meus pais embora sejam liberais prezam por algumas tradicionalidades e o casamento é uma delas, eles sempre me cobram que para que eu case logo e dê netos a eles, dá ultima vez eles questionaram que eu tenho trinta e quatro anos e que deveria seguir o exemplo do meu irmão e sossegar. 

A verdade é que eu sofri um abuso sexual anos atrás o que me fez não querer me envolver com ninguém, fui muito nova para Paris estudar moda que sempre foi a minha paixão e vocação, quando cheguei era uma pessoa muito timida e quieta, então não tinha muitos amigos, um dia a aula terminou um pouco tarde então me despedi dos meus colegas e mesmo meu amigo querendo me levar para o meu apartamento eu rejeitei, pois era  muito perto. 

Comecei a caminhar a andar pelas ruas escuras e ouvi vozes atrás de mim, a princípio não me importei porque achei que era coisa da minha cabeça, mas no final descobri que era apenas o meu corpo me alertando do perigo que estava correndo, depois que sofri a violência me fechei ainda mais e levou anos para que eu me recuperasse, como eu não queria dar esse desgosto ao meus pais me tornei uma artista na área de esconder os meus medos e inseguranças. Por medo do que aconteceria comigo, não prestei queixa, sei que fiz errado, mas acho que foi a melhor decisão que tomei. Depois disso eu não me relacionei com nenhum homem com medo de que eles pudessem fazer aquilo comigo novamente, mas minha vida mudou depois que conheci Edouard, ele me ajudou a superar o mal que eu vivi e transformar em coisas boas, comecei a voluntariar em um lugar que servia para meninas que estavam na mesma situação e eu continuei a minha terapia. Estava cansada de estar longe da minha família, então resolvi que era hora de voltar às origens, não sabia como iria manter o meu relacionamento a quilômetros de distância, só que para minha surpresa meu namorado maravilhoso resolveu trazer a matriz da sua empresa para o Brasil, pois segundo ele não pode me perder de vista. Compramos um apartamento só que a reforma dele não ficou pronta a tempo, então meus pais nos pediram para ficar morando com eles e aceitamos. 

Manolo um amigo meu de longa data quando soube do meu retorno tratou de me convidar para a inauguração de sua mais nova boate e eu aceitei, voltando a falar de Saulo. Quando ele levou Sammy percebi que havia algo especial entre eles, mesmo que ainda não tenham percebido. 

— A quoi penses-tu mon cher? (O que está pensando, querida?) – Ed perguntou. 

— Estou apenas maquiando algumas coisas. – Digo a ele que torce o nariz. 

— J'ai même peur quand tu parles comme ça. (Tenho até medo quando você fala assim. – Ele beijou o meu pescoço. 

— Precisamos praticar mais a língua portuguesa.  – Ed concordou comigo. 

Carreguei meu namorado namorado para a pista de dança e logo avistei Wes e Rafa dançando de uma maneira meio sexy, olhei para eles e os dois pareciam estar se dando muito bem. Procurei Sammy e Sal no meio dos corpos que se mexiam animadamente e não os encontrei, dei mais uma olhada ao redor e me perguntei onde seria que eles haviam se metido. 

Wesley Cavalcante

Tenho que admitir que Rafaela é uma pessoa bem legal e ao mesmo tempo bem louca, estamos aqui dançando a horas e parece que o cansaço ainda não nos venceu. Só nesse meio tempo ela encontrou uns dez amigos e me apresentou a todos eles como o cara que ela quebrou o vidro do carro.

— Rafa, não tem medo que as pessoas te achem maluca? – Perguntei a ela que deu de ombros. 

— Não mesmo, pois eles sabem que eu tenho alguns parafusos a solta. – Ela riu e eu a acompanhei. 

— Realmente você é doidinha. – Paramos de dançar e subimos para o camarote para conversarmos. — Me conta um pouco a seu respeito? 

— Não tenho muito o que contar – ela diz, indo pegar uma bebida, quando ela retornou ficou olhando para as pessoas que dançavam com os pensamentos perdidos. 

—  Tenho certeza que você tem muita coisa para me contar. 

— Prefiro ouvir de você, então quem é o senhor Wesley…

— Cavalcante. 

— Quem é o senhor Wesley Cavalcante? – Ela perguntou e aí foi minha vez de levantar e pegar uma bebida. 

Assim que retornei contei um pouco da minha vida para ela que ficou muito curiosa em saber mais, um tempo depois fiquei Soph e Ed, retornaram e encerramos o assunto, ela nos perguntou se vimos Saulo e Sammy e negamos. Realmente faz um tempo que não os vejo, onde eles se enfiaram? E como se tivessem ouvido os nossos chamados, os dois retornaram e estavam gargalhando animadamente. 

— Posso saber onde estavam? – Soph perguntou com a mão na cintura. 

— Soph, você tem que falar com seus amigos para poder melhorar o atendimento do banheiro, levei quase uma hora esperando a fila andar. – Sammy diz e eu olho para o meu amigo e sei que ele está falando a verdade, pois quando meu amigo mente ele mexe levemente o olho esquerdo — mas depois que eu entrei lá deve dizer que me diverti. 

— O que tem de tão divertido no banheiro? – Soph e Rafa perguntaram ao mesmo tempo.

— Quando entrei estava lá terminando o meu pipizinho, quando de repente ouvi um estrondo na porta, sai rapidamente para ver o que era e simplesmente duas meninas estavam se pegando aos socos, pois uma disse que a outra olhou para o namorado uma baixaria que só, a que foi acusada acabou com o rosto da outra e eu fiquei para saber mais sobre o babado, depois que de tudo isso, o que as duas acabaram descobrindo é que os namorados são as mesmas pessoas e foram atrás do homem que já tinha ido embora. 

— E  você ficou lá no meio da confusão? – Soph perguntou.

— Não só eu como Saulo fomos atrás das duas mulheres que estavam gritando o nome do cara. – Olhei para o meu amigo e balancei a cabeça. 

— Vocês são doidos já pensou se sai tiro, o que vocês iriam fazer? –  Perguntei. 

— Não seja dramático Wes, brigas de boate são as melhores – Rafa disse e as duas fizeram high five. 

O resto da noite foi maravilhosa e por fim resolvemos encerrar, Chamamos dois táxis e nos dividimos nele, antes de irmos combinamos que faríamos isso mais vezes, ainda bem que amanhã é sábado, porque pela a quantidade de álcool que ingerimos estaríamos fodidos para acordar no dia seguinte. 

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