Capítulo 3

Leon

Eu andava muito estressado, e a única pessoa que me aguentava era a minha secretária. Acho que ela merece até mesmo um bônus por me aguentar tanto.

— O que houve agora, Senhor Vitorino? — ela me pergunta, com uma calma que invejo.

— Problemas, Vanessa, como sempre! — digo, querendo tranquilizá-la. Ela era a única mulher que não tentava me levar para a cama ou vice-versa. Acho que ela era imune a mim. Meu pau nunquinha levantou para ela em saudação. Acho que estou ficando velho mesmo.

— Então, hoje o senhor recebeu a ligação da Senhorita Munhoz — ela diz, e gemo em silêncio. Essa mulher virou mesmo uma praga.

— O que ela disse?

— Para o senhor ligar para ela — Vanessa dá de ombros, como se achasse normal.

— Depois eu retorno — mas eu não iria ligar merda nenhuma para aquela louca. Ela cumpriu mesmo a promessa de tornar a minha vida um inferno. Agora a louca disse que estava achando que eu a tinha engravidado.

— Bom, o senhor tem reunião com os fornecedores de chocolate daqui a pouco pelo Skype — ouço a Vanessa falando, e eu pensando em como me livrar da Laura.

— Droga, tinha me esquecido disso — comento, já estressado por isso.

— Mas eu não!

Dou um sorriso.

— OK, o que mais temos hoje? — pergunto, desejando estar de volta à minha cama.

— Já acertei tudo com o Buffet para fazer o jantar de confraternização de fim de ano.

— Sério? — olho-a espantado.

— Sério, está tudo organizado para a próxima semana, as cestas de Natal e também as de chocolate estão sendo organizadas — ela vai falando o que eu tinha para hoje e também o que adiantou. Ainda estava em choque com ela, por ter resolvido mais rápido o que a minha antiga secretária levaria semanas para fazer.

— Meu Deus, mulher, se você não fosse a minha secretária eu me casava com você!

— Não, obrigada — ela brinca, e dou risada. Sei que a Vanessa namora um médico.

— Nossa, você magoou o meu coração! — brinco, piscando o olho.

— Hã… sei! — ela ri, e continua: — Eu não faço o seu tipo, e mesmo que fizesse estou muito feliz com o meu namorado.

— Nossa, assim não tem como competir, não — brinco novamente.

Vanessa era a única mulher de quem eu gostava, e que não queria abrir as pernas para eu foder.

— Vanessa, há quanto tempo você trabalha para mim?

— Hum… — ela fica pensativa e depois abre um sorriso: — Já tem um ano e meio, por quê?

— Por nada, não, só curiosidade mesmo. E aí, vai trazer alguém da sua família?

— Estou vendo se convenço a minha irmã a vir.

— Sério? Eu gostaria muito de conhecê-la.

— Vamos ver se ela vem, ela é meio reclusa.

— Bom, me avisa, que mando fazer uma cesta para ela também.

— Ah, não se preocupe, não, a Duda come os meus chocolates — ri. — Bom, vou lá para a minha mesa, e o senhor já faça a chamada logo, antes que seus fornecedores e diretores fiquem putos com o senhor — ela volta a brincar, e me deixa sozinho.

Abro o meu Skype, e não demora muito aparecem os diretores, e começamos a falar sobre a minha empresa de chocolate. Graças a Deus, tenho ótimas vendas.

Algumas horas depois…

Eu me estico na cadeira. Estava todo dolorido. Não tinha comido nada, e não demora muito a Vanessa entra com o meu almoço. Minha boca se enche de água.

— Vanessa, preciso me casar com você! — volto a brincar ao ver que ela tinha feito pedido de arroz branco com strogonoff de frango e batata palha e um suco de laranja.

— Eu já disse que não quero me casar com você — ela rebate, ironizando, e deixa a comida. Volto para a mesa e ataco. Deus, aquilo estava muito bom.

Não demoro muito e já acabo com a comida e o suco. Levanto-me e vou ao banheiro, onde tenho uma nécessaire com as minhas coisas pessoais.

Volto para a minha mesa e continuo a trabalhar até o fim do expediente. Sou novamente interrompido quando a Vanessa entra para me avisar que estava indo embora.

— Também já vou — aviso, e logo nos despedimos. Fico ainda mais um pouco no escritório. Quando vou embora, em vez de ir atrás de um “rabo de saia”, sigo para casa.

A empresa da qual eu sou presidente foi fundada pelo meu pai, agora aposentado. Ele sempre dizia que o chocolate é mais do que afrodisíaco, é amor, e quando você ama uma pessoa você a presenteia com chocolates. Foi assim que ele conheceu a minha mãe, dando chocolates como presente.

Chego logo em casa e, como sempre, a Olívia já deixou a janta preparada. Subo para o meu quarto e tomo um longo banho. Quando estou saindo do chuveiro, o meu celular toca. Reparo que é a minha mãe e atendo.

— Oi, mãe, boa noite! — a cumprimento.

— Filho desnaturado! — ela se queixa, e dou risada.

— Mãe, pelo amor de Deus, eu te vi no final de semana! — replico, ainda rindo.

— Filho, eu tenho saudades de você! — ela diz, em tom de queixa.

— Eu também te amo! — respondo, tentando imaginar por que ela estava me ligando.

— Meu filho, você precisa arranjar uma bela mulher — lá vinha ela novamente com essa história.

— Mãe, você sabe que eu nunca vou me casar — lembro-a, e penso que também nunca vou amar ninguém.

— Meu filho, escuta o que eu vou te dizer! Não vai demorar e você logo vai conhecer uma boa pessoa e com certeza vai se apaixonar.

— Mãe, não fui feito para o amor — confesso, sentindo pela primeira vez uma solidão.

— Bobagem, meu filho! Todo mundo foi feito para amar, e você também vai amar alguém algum dia — ela fala com tanta convicção, que quase acredito nela.

             

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