Hanna Cooper.- Tem alguém aí querendo falar com você - avisa com uma expressão estranha.- Quem? - pergunto.- Vai lá ver.Reviro os olhos e levanto da cama, seco o rosto com a manga da camisa.- Você poderia falar que eu não estava em casa - resmungo.Quando chego na sala tomo um susto assim que o vejo sentado em meu sofá.Murilo se levanta quando me vê e eu tomo outro susto. Ele está vestindo camisa cinza e calça jeans preta, mas a camisa está com marcas de sangue, que provavelmente deve ser de seu rosto já que seu lábio estava inchado e o olho direito está começando a ficar arroxeado, tem também um corte na sobrancelha esquerda.- Meu Deus! - exclamo assustada, praticamente corro até parar na frente dele - O que ele fez com você?Murilo arregala os olhos quando eu fico na ponta dos pés e seguro seu rosto entre minhas mãos, me esqueço de todas minhas mentiras, preocupada demais com seu estado para pensar no que isso deveria significar.- Nada diferente do que fiz com ele - fala afa
Vicente Cooper.Vim para o hospital tentar trabalhar e esquecer os meus problemas, mas não consigo focar em nada e pouco tempo depois resolvo ir embora.Chego na garagem, entro no carro e bato a cabeça no volante repetida vezes para ver se a enxaqueca alivia. Dou partida e caio no trânsito pesado de Salvador. Não quero ir para casa, o clima está péssimo e acho que aquele anjo dos infernos está planejando minha morte. Os únicos que sorriem ao me ver é Ágata e Arthur. Sorrio ao lembrar dos meus filhos e da sua mãe, que está furiosa. Desde que briguei com o Murilo e a minha irmã que Angel está de mal comigo, cuidou dos meus machucados devido a briga com meu amigo e exigiu uma reparação de minha parte com ele.Me sentir ofendido é claro, eles que esconderam coisas de mim, o Murilo não deveria ter dormido com a minha irmã, tínhamos um trato. Sem contar que eu sei que ele não vai levar Hanna a sério, ela é meu bem precioso, é a minha irmãzinha que chegou na minha vida com aqueles grandes ol
Vicente Cooper.- Eu esperei por dois dias você recobrar seu juízo, Vicente. Por dois dias, eu lhe dei espaço para pensar. Até compreendo sua mágoa com tudo o que aconteceu, mas realmente não entendo sua reação - ela fala exasperada.- Angel, ele me traiu! - falo, irritado - Será que ninguém entende isso? Ele dormiu com a minha irmã, mesmo tendo feito uma promessa de não o fazer. Lealdade é uma das coisas que se espera de um irmão.- Você só esqueceu de uma coisa, Vicente - olho para ela à espera da resposta - Corações não fazem pactos. Corações não ouvem conselhos. Corações estão pouco se importando com o que o nosso irmão mais velho faz pela nossa proteção. Não escolhemos por quem nos apaixonamos, meu querido - sua voz suaviza e seus olhos brilham, ela está falando de nós - Hanna ama Murilo.Isso é novidade para mim, apesar que teve uma época que até percebi alguns olhares brilhantes dela em direção ao Murilo, mas ela tinha apenas treze anos, era normal ter uma queda por algum amigo
Hanna Cooper.Fazem exatamente cinquenta e cinco horas desde meu mundo desabou, passei esses dias em estado vegetativo. Dormir pouco, mas passei a maior parte do tempo na cama, preciso colocar as coisas em ordem, me organizar e ver o que farei. Minha mãe tinha razão, eu não poderia me esconder ou fugir para sempre, por mais que tivesse vontade e fosse infinitamente mais fácil.Levanto e vou tomar um banho, fico algum tempo sentada embaixo da água quente, tentando colocar meus pensamentos em ordem.Eu ainda não consigo acreditar nas palavras do Murilo e só de me lembrar delas, da mágoa em seus olhos quando confessou tudo, eu sinto como se estivessem minúsculas facas sendo cravadas em meu coração. Eu mais uma vez estraguei tudo, tinha tentado ser uma super heroína para salvar o dia, mas tudo o que consegui foi criar mais confusão, magoando Murilo e o fazendo sair no soco com meu irmão, como se fossem dois garotos selvagens.Passei tanto tempo acreditando que nunca seria correspondida, q
Hanna Cooper.Vicente balança a cabeça e faz um gesto para eu prosseguir.- A primeira coisa... - começo sem conseguir parar de me mexer - É que eu não sou, e nunca fui, uma vagabunda.- Não é o que os fatos condizem - ele interrompe, parecendo irritado.- Que se dane os fatos! - explodo - Você tem que acreditar em mim e não nos fatos e a verdade é que eu nunca dormi com nenhum daqueles caras que você viu comigo nas festas, não dormir com nenhum dos meus namorados babacas.Vicente parece chocado, mas eu resolvo continuar e dizer a verdade de uma vez por todas, por mais estranho que seja falar da minha vida sexual com meu irmão mais velho.- Eu era virgem - confesso - O único homem com quem dormi foi Murilo.O rosto dele adquire uma coloração avermelhada e ele engasga com a saliva e começa a tossir.- Virgem? - pergunta quando consegue parar de tossir.- Sim, Vince - confirmo - Eu sei que prometi te contar quando finalmente acontecesse...- Eu pensei que você tinha dormido com aqueles
Hanna Cooper.Começo a trabalhar, engolindo o nó gigantesco que se forma. Minha vontade é voltar para casa e dormir, mas não posso fazer isso, não posso fugir das coisas e nem do que sinto. Suspiro frustrada, não há nada que eu possa fazer nesse momento, nada além de ficar sentindo um vazio enorme por ter causado essa confusão.Sinto meu controle se esvair, meus olhos começam a encher de lágrimas e eu as seco com as costas das mãos.Começo a organizar algumas pastas e meu celular toca. É a minha mãe.- Oi, mãe - atendo.- Oi, querida. Como você está hoje?- Estou bem.- Já tomou alguma decisão? - sua voz está e isso é o suficiente para me acalmar um pouco.- Sim e até já conversei com o Vince. Optei por falar a verdade.- Isso é maravilhoso! Então as coisas estão resolvidas?- Com o Vicente sim.- Você não conversou com o Murilo?- Não, ele foi viajar.- Sinto muito, meu amor, mas acho que ele precisa de tempo tanto quanto você, talvez o melhor seja deixar as coisas esfriarem.- Talve
Hanna Cooper. Eu não vou deixa-lo partir, não sem tentar. - Eu vou até , ele - digo abrindo a porta do carro - Eu vou a pé. - Mas faltam três quadras! - Não importa. Eu vou atrás dele - falo firme. Meu irmão estica os braços e me abraça, antes que eu saia do carro. - Então corra, irmã. Eu vou ligar para ele e tentar atrasá-lo, não garanto conseguir, ele não quer me atender. Concordo, nem havia me lembrado de ligar, mas não acho que ele vá me atender de qualquer forma. - Vai lá - ele se afasta e beija minha testa - Vou torcer por você, as coisas não tem que acabar desse jeito. Sorrio e saio do carro, mas assim que olho ao redor e vejo os carros quase colados um no outro, percebo que cruzar as três fileiras até o outro lado da rua é praticamente impossível, mas não vou deixar isso me abalar. Tiro os sapatos de salto e fico de lado, passando entre o carro de Vince e uma kombi. Não tenho a mesma sorte com o próximo carro, então banco a doida e pulo por cima do capô, deixando meus
Hanna Cooper. Respiro fundo, tomando coragem. - Não, a outra verdade - continuo com a voz embargada - Só me deixe falar e se depois que me ouvir ainda quiser ir embora, tudo bem, eu não farei nada mais para impedir. Murilo cruza os braços, parece avaliar minhas palavras. - Você tem quatro minutos - diz de uma forma ríspida. - Tudo bem - concordo e respiro fundo - Por onde devo começar... - Pelo começo, presumo - ele me interrompe - E você tem três minutos, eu preciso pegar um avião. Ele está sendo duro comigo e quase perco a coragem, mas meu tempo limitado me faz organizar os pensamentos. - Quando eu tinha doze anos - começo, olhando para o chão e não para ele, porque não está sendo fácil falar - Eu descobrir que era apaixonada por você. E eu fazia de tudo para ficar perto, mas não era algo de que eu me orgulhasse e eu preferi esconder isso porque era algo só meu... Paro de falar e olho para Murilo, ele descruza os braços e começa a coçar a nuca. - Doze anos? - pergunta parec