- Não me odeie por isso, tá bom?
- Tá - falei pra lá de desconfiada.
- A mamãe foi lá em casa esses dias visitar a Ju e conversou um pouco comigo...
- De novo essa merda? - interrompi meu irmão - a vovó já veio aqui fim de semana retrasado conversar comigo sobre como a mamãe sente minha falta e blá blá blá... Eu não ligo, eu quero que se foda ela e a saudade que ela sente de mim.
Thiago ficou parado me olhando e disse:
- Vovó estava certa, você não é mais a mesma, você mudou...
- A minha relação com a mamãe acabou, ela não teve o mínimo de empatia por mim, ela só quis mandar em mim e na minha vida por um prazer mórbido de ser mandona.
- Você tá mudada, não joga a culpa na mamãe por isso!
- Voc&eci
Brigar com o meu irmão me fez muito mal, foi como se eu tivesse rompido de vez com a minha família de sangue e agora estivesse por conta própria nesse mundo.Alguma coisa dentro de mim mudou, do nada fiquei mais quieta e mais introspectiva e senti uma necessidade enorme de dar continuidade na história da Marina.Ivan e Sofia estavam do meu lado no escritório enquanto eu arrumava os últimos detalhes da turnê de lançamento em uma planilha quando eu saí do transe:- Terra pra Carol! - gritou Ivan.- Oi! - falei.- Você esqueceu de dois estados - falou a Sofia.- Dois?- Sim! Amapá e Minas gerais.- Mas isso significa que eu vou ter que ficar mais um fim de semana fora - lamentei.- É isso que dá conquistar o Brasil - falou Sofia.Cada dia mais a Sofia tentava ser simpá
Como se eu já não estivesse mal o bastante com a situação da minha família e estressada com o lançamento do segundo livro, Noah ainda decidiu atacar mais uma vez.Estava escrevendo o quinto capítulo do terceiro livro de Amarina quando a minha assessora me ligou:- Oi...- Desculpa te ligar essas horas.- Já sei!- Acho que é o que você está pensando mesmo.Coloquei o telefone no viva voz e já comecei digitar a maldita URL.Dito e feito, ali estava mais um post novinho para entreter gente curiosa e tentar acabar com a minha carreira:TODOS OS DETALHES QUE EU SEI QUE VOCÊ QUER SABER SOBRE AMARINA 2Trago novidades acabadas de sair do forno sobre o segundo volume da série AMARINA da Carol Bernardes.<
Eu e todos na editora estávamos em uma reunião de urgência em pleno domingo.O texto do Noah acabou com tudo de novo e alguma coisa, lá no fundo, me dizia que Sofia tem algum dedinho nessa história, mas eu não iria falar novamente sobre essa tese.- Nós não podemos ficar replanejando as coisas cada vez que esse Noah publicar informações no blog dele - opinou o coordenador de mídia da empresa.- E se a gente fazer igual certas empresas fazem por aí, sabe? - todos olharam para o designer - Tipo a gente paga pra ele falar bem da Caroline e do livro.- Nem pensar! - opinei - O Noah quer acabar comigo, ele nunca vai topar isso!- É interessante essa ideia, mas como podemos fazer para o Noah topar? - perguntou o editor chefe.Interessante? Como assim, interessante? O cara me odeia, eu odeio o cara e, só de pens
Eu nem sei como todos conseguiram dar ouvidos pra essa ideia doida.- Útil ao agradável? Isso não é agradável, eu odeio o Noah.- Caroline, querida - falou o diretor - Isso aqui é trabalho, não precisa ser agradável pra você, precisa ser agradável pro público.- Mesmo que eu e o Noah fízessemos as pazes isso seria enganar o público e eu não quero fazer isso.- Não é enganar se eles não sabem a verdade - falou o coordenador de mídia - é só a nossa versão dos fatos.- Chega! Eu não quero mais isso! - falei num ímpeto.- Não tem querer ou não querer, você só escreve o livro e a gente decide o resto - explicou o editor chefe.- Então eu vou sair, tenho esse direito?- Sair de onde? - perguntou o coordenador em tom de piada.
Os sonhos mudam e minha família estava certa, eu mudei muito.Eu, com certeza, não sou mais a mesma e já fazia um tempo que isso estava me incomodando.Começou como uma sensação incômoda lá no fundo e tomou conta de mim no dia da briga com o meu irmão.Eu sabia o que tinha que fazer pra me reencontrar novamente e eu faria isso de qualquer maneira.Não é questão de involuir da borboleta para o casulo novamente, é só como se tivesse expirado o tempo de vida da minha primeira versão e eu estivesse pronta para entrar no casulo novamente e virar a segunda, e melhor versão, de mim.O Ivan tinha ficado comigo mesmo comigo sendo meio louca e tendo abandonado de vez "A Caroline Bernardes".Isso valia muito para mim e, coincidentemente, no dia seguinte ao ence
Eu não sabia como estava o relacionamento do meu irmão com a Camila, então isso poderia dar muito certo ou muito errado, mas é aquele ditado "Quem não arrisca, não petisca".No quarto toque ela atendeu o telefone e perguntou:- Carol?- Oi, sou eu.- Ah tá, achei que não tivesse mais cunhada.Tudo bem, eu realmente mereci isso.- Camila, eu quero acertar as coisas entre eu e você e entre eu e a minha família.- Você tem certeza que quer isso?- Eu tava sendo vítima de uma lobotomia da editora.- Vítima? - ela perguntou irônica.- Tudo bem... Eu tenho a minha parcela de culpa nisso e ela não é pequena. Eu quero me desculpar, mas não sei como fazer isso.- Bom um "Me desculpe por ter agido igual uma cretina" já é um bom come&c
Eu estava nervosa pra caramba, foi tudo muito bem planejado, foi como se Deus estivesse me dando uma nova chance de ser uma boa pessoa.Era hora de me reintegrar à minha família, toquei a campainha da casa da minha mãe e sequei as palmas das minhas mãos, que estavam suando muito, na calça jeans.Camila, a minha grande cúmplice na reconciliação, abriu a porta, como o combinado e disse:- Oi Carol.Vi todo mundo se virando para o lado da porta, então eu perguntei:- Vocês se importam se eu entrar, já faz um tempo que eu preciso conversar com vocês.Minha mãe logo se levantou e disse:- Pode entrar, filha.Entrei bastante hesitante e olhei para todos. O meu irmão e a minha cunhada estavam segurando a minha sobrinha.&nb
Admitir o erro e pedir perdão é uma coisa que todo mundo tem medo de fazer, eu também tinha até uns tempos atrás, até perceber que não tem nada de errado em errar desde que você aprenda e se corrija.Minha mãe se levantou do sofá e me abraçou:- Filha, eu senti tanto sua falta. Eu te amo muito e é claro que te perdoo.- Mamãe, eu senti falta do seu abraço. Me perdoa por eu ter sido uma péssima filha.Então minha avó se aproximou de nós duas, nos abraçou e disse:- Eu sabia que você ia encontrar o caminho de volta, eu também te perdoo, minha neta preferida.Olhei para a minha avó e disse:- Mas eu sou a sua única neta.- Mesmo que não fosse, você ainda seria a minha preferida.<