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Seja protagonista da sua própria vida e não platéia da vida dos outros.

PILLAR LAZZARO

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Meu telefone tocou e vi ser Manu.

— Bom dia, Alejandro já despertou? — disse que não — Queria está aí, mas não se preocupe, Pedro estará contigo, acabou de chegar no Salud e está indo te encontrar.

— Tudo bem, será somente eu e o Antero, não comuniquei a ninguém, sabe como Alejandro pode ser grosseiro quando fica desconfortável.

— tenho que desligar, me mantenha informado. — trocamos mais algumas palas  e desliguei.

Voltei a caminhar para a UTI, minha mãos estão suando de tão ansiosa que estou.

— Preciso que acorde logo e que sua recuperação seja rápida, assim o Juan não ficará muito tempo na direção.

Entrei no quarto dele na UTI e segui para acariciar seu rosto. Analisei seu prontuário e tudo está perfeito.

— Dra. Lazzaro, bom dia! — olhei para trás e Pedro se aproximava — A que horas vão acordá-lo?

— Bom dia Pedro, estou esperando o Dr. Martins que em breve estará aqui. — comuniquei e apontei para a porta — olha ele aí.

— Bom dia, desculpe a demora, estava sendo importunado pelo Dr. salvani. — grunhiu a informação em seguida olhou para  o Pedro— Não era algo privado, Dra. Lazzaro?

— Sim, mas eles são amigos, e um cardio nunca é demais! — esclareci e ele não reclamou.

— Só por ser um grande amigo do Alejandro está liberado a ficar conosco.

— Obrigado, Antero. — Pedro agradeceu e foi para o lado Alejandro.

Fiquei ali por perto e quando Martins fez a medicação para retirá-lo do coma induzido ele sofreu a primeira parada cardíaca, entrei em desespero porque tinha tudo para acordar bem, mas veio a segunda e Pedro assumiu o controle de tudo chamando ajuda para conseguir mantê-lo vivo até que a única opção foi entubado.

Alisei meu rosto para secar minhas lágrimas e fui amparada por Pedro. 

— Sabe tão bem quanto eu que situações como essa são normais Pillar, não deixe suas emoções te dominarem. 

— Será que fiz algo errado? — questionei e Dr. Malti se aproximou.

— Claro que não, ele estava bem, com os sinais propícios para acordar como acontece corriqueiramente com todos nossos pacientes de traumatismo craniano, agora é descobrir o porquê dessa parada cardíaca e isso o Dr. Bertoni deve assumir.

— Pedirei alguns exames e por hora vamos mantê-lo aqui, faça os seus também Dra. Lazzaro, ele é seu paciente, não deve deixar de agir como sua médica, porque mesmo sendo meu melhor amigo, não deixei de ser o responsável por seus cuidados e na minha opnião deveria fazer o mesmo e caso não dê conta do seu emocional, passe ele para outro médico.

— Desculpa, vou me recompor. — me deu um aceno positivo.

— Vá para casa, seu plantão já terminou, ficarei aqui junto ao Pedro, pode deixar que te manterei informada dos resultados dos exames. — aceitei pois no momento quero minha casa. 

Saí da sala secando minhas lágrimas e tomei um susto quando Pedro apoiou a mão em meu braço.

— Se acalme. — acenei em positivo — Ligue para Manuel, de a ele a notícias, pois vou me ocupar de fazer alguns exames do Ale, outra coisa não, se culpe, ele ficou tempo demais no coma induzido, pode ser devido ao tempo extenso que ficou no respirador.

— Tem razão, obrigada, agora vou para casa. — ele seguiu correndo pelos corredores e fui para o dormitório.

Peguei minhas coisas e não demorou para estar em casa. No meu sofá peguei Fifi no colo e me permiti chorar tudo que podia, porque foi desesperador vê-lo daquele jeito.

— Já vi situações como essa milhares de vezes, mas ele não é qualquer pessoa!

CASA DA PILLAR | 20:00

Chorei tanto que peguei no sono, acordei já tinha anoitecido e quando peguei meu celular tinha tanta chamadas perdidas que já imaginei o pior. 

— Meu deus o que aconteceu? — trêmula liguei para o último número que me ligou.

— Pillar! Onde vocês está? — a voz preocupada do manu me deixou com a pele formigando.

— Em casa, o que aconteceu? 

— Porra! Te liguei várias vezes e nada, Pedro te ligou até a Tiane, fiquei muito preocupado, porque Pedro me disse como você ficou, entrei em desespero achando que tinha feito besteira.

— Estou bem, só dormi demais. — comuniquei me sentando — A aconteceu alguma coisa?

— Não, só preocupação! — pressionei minha têmpora devido a dor de cabeça por causa do susto — Olha, não se culpe, Alejandro ficou tempo de mais em coma induzido, com as medicações certas logo ficará bem.

— Sabe dizer como estão seus sinais cerebrais?

— Antero disse que oscilante, mas vai melhorar, é do Alejandro que estamos falando. — concordei e me coloquei de pé — Vai tomar um banho e comer alguma coisa, qualquer coisa me liga.

— Tudo bem, amanhã eu te ligo, ainda estou com sono e provavelmente vou voltar a dormir. —  nos despedimos e finalizei.

Fifi tinha feito suas necessidades na caixinha me poupando o tempo de ir com ela na rua, como já estava tarde pedi comida, enquanto não chegava tomei um banho e fiz uso de um medicamento para dor de cabeça. 

A comida chegou, e em menos de 40 minutos fiz minha refeição limpei minha bagunça já estava na cama abraçada a minha cachorra, bocejando quase me entregando ao sono.

MEDIC SALUD | UM MÊS DEPOIS

Depois que foi confirmado que as paradas cardíacas foram causadas pela pneumonia associada à (PAVM)Começamos a tratar dessa inflamação e três dias depois Pedro o transferiu para um dos quartos particulares do 5°. 

Depois de uma maratona de turnos agitados, para minha surpresa o plantão está tranquilo, fiz algumas visitas e depois de pegar meu sanduíche preferido e um café fui para o quarto do Alejandro. Aproveitei para dar uma analisada nos meus pós-operatórios. 

Com minha conclusão a caminho e minha carga horária excessiva, para me agradar Juan me colocou na grande como médica e o Sebastian também, agora realizamos outras funções que antes era somente com um mentor a tiracolo. 

Também fez o favor de contactar o médico que o Antero sugeriu e realinhou os horários, porque sem o Alejandro que operava bastante sobrecarregava toda a equipe da neuro.

— Vamos ver até quando será bonzinho desse jeito. — murmurei admirando o Alejandro — Você precisa acordar!

Fui até ele e fiz o de sempre, alisei seu rosto e segurei sua mão.

No meu plantão anterior assisti alguns tutoriais na internet e consegui deixar sua barba baixa e passei a tesoura em seus cabelos.

— Caso a medicina não der certo, abro um salão de beleza. — afirmei admirando meu belo trabalho — Está lindo com essa barba Alejandro e ficaria tão feliz se deixasse assim. 

Depois de alguns minutos elogiando e paquerando-o, me senti uma safada por falar obscenidades para meu mentor em coma e voltei a me sentar.

— Alejandro tem mãos grandes e deve ter uma pegada… — murmurei e senti minha face quente com as safadezas que venho idealizando — Ainda bem que esse andar não é tão movimentado.

Agradeci a privacidade e voltei a me sentar. Voltei a focar nas minhas consultas e futuras cirurgias e já passava das 2h da manhã quando escutei um barulho no corredor ia ver quem era quando o carrinho da limpeza adentrou no quarto. 

— Desculpa, pensei que o paciente estivesse sozinho.

— Tudo bem, pode seguir com seu trabalho, finja que não estou aqui. — ela foi realizar seus afazeres e eu dei graças por ter parado de alisá-lo.

Acompanhei seus passos em limpar todo o quarto e retirar o lixo do banheiro.

— Será que ele vai acordar um dia? — a pergunta me gelou a espinha.

— Vai sim, na verdade é o que eu mais desejo — declarei sincera — A propósito, sou Pillar e você é?

 — Sara, e estou na limpeza noturna por esses dias. — apertei sua mão — Tenho que ir.

— Bom trabalho! — ela me desejou boa noite e saiu me deixando sozinha.

O resto da madrugada foi calma que até tirei um cochilo. 

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