CAPÍTULO 5

"Then your eyes

Your eyes

I can see in your eyes

Your eyes

...

You make me wanna die

I'll never be good enough

You make me wanna die

And everything you love will burn up in the light

And everytime I look inside your eyes

You make me wanna die."

The Pretty Reckless - Make Me Wanna Die

❀══❀❀══❀❀══❀

Rosie não sabia o que era pior, usar novamente sua roupa fedorenta e rasgada após um banho delicioso e relaxante, ou vestir pedaços de pano que mal escondiam suas partes íntimas. Isso deveria ser proibido de se usar, melhor sair pelada por aí, fica mais fácil, além de ser curto era tão apertado que falta virar uma segunda pele, ela se sentiu uma colegial, ela poderia jurar que essa roupa era alguma fantasia para uma mulher usar para algum homem, Rosie sabia que roupas assim deixam os homens loucos, ela não queria chamar esse tipo de atenção.

Mas definitivamente não queria vestir seus antigos trapos, precisava urgentemente pedir algo maior e mais masculino de preferência, como iria andar nas ruas assim? Isso não irá lhe aquecer do frio! Ela tenta puxar a saia de couro mais para baixo, porém só resulta na sua barriga mais a mostra, puxa sua blusa mais para baixo, porém só resulta em um decote mais cavado. Rosie geme frustrada, isso só piorava, seu machucado ficou visível nas costelas e seu rosto ainda estava inchado e arroxeado ao redor dos olhos, com um suspiro longo ela termina de pentear os cabelos com um pente que lhe foi deixado e sai.

Para falar a verdade ela não se lembrava da última vez que sentiu o cabelo tão cheiroso e macio, seria bom isso se fosse de um novo modo, sendo na sua própria casa, com suas coisas, Rosie jamais cobiçou muito na vida, ela só queria um lar para chamar de seu. Ter uma cama macia todas as noites para dormir com um lençol fofinho e aconchegante, fazer todas as refeições na sua cozinha, mesmo que sozinha, e trabalhar, ah como Rosie gostaria de trabalhar, mas nunca nem terminou a escola, e nem falava.

— Está tudo bem aí? — Willis bate na porta do banheiro.

Wilf já havia voltado com um caderno e uma caneta, Willis estava tão ansioso para saber mais coisas, não se conteve e bateu na porta lhe chamando.

— Sério isso? — Wilf revira os olhos para o irmão.

— Só quero saber se ela está bem. — Ele mente.

— Claro que sim. — Wilf cruza os braços ao mesmo tempo que a porta se abre e a Rosie sai. — Porra...

Ele fala assim que a olha de cima a baixo, ela se encolhe um pouco, sabe o quão de atenção está chamando e odiava isso, preferia que os homens nem lhe olhassem, assim ela evitava problemas. Mas nem Willis, Wilf e o Chris conseguiram manter a compostura, Rosie era linda demais, seus cabelos negros molhados, seus olhos azuis, seu belo rosto limpo e sem maquiagem, sem contar na roupa contornando seu corpo com tanta perfeição. Uma blusa branca de botões e uma saia quadriculada semelhante à de estudantes, e um casaco preto por cima.

— Uau... — Willis solta um pigarro. — Vejo que as roupas... serviram bem.

Rosie gostaria de dizer que não, mas não pode.

— Acho que posso te examinar agora, posso ver um pouco a situação daqui. — Chris fala meio falhado.

— Boa sorte com isso. — Wilf fala baixo só para o doutor ouvir e sorri debochado. Tocar em Rosie sem tê-la seria como uma tortura para eles.

— Filho da puta. — Chris resmunga de volta arrancando uma gargalhada do amigo.

— Então, eu me chamo Willis, esse é o doutor Chris Rowling e esse é o meu outro irmão Wilf. — Willis apresenta cada um. — Trouxe isso para que possamos nos comunicar, já que você não... fala. — Ele se sentiu meio idiota quando percebeu como soou a frase.

Rosie olha para o caderno e a caneta assentindo, mas teme pelo seu outro defeito, sua dislexia, foi diagnosticada na escola, não era em um nível alto, por isso sua mãe nem se importou em tratar, mas vez ou outra ela tinha suas crises, esperava internamente não a ter agora.

— Escreva seu nome e logo o doutor lhe examinará, aí falamos mais. — Ele lhe dá o caderno e a caneta.

Vamos lá Rosie, é só o seu nome, ele só quer saber o seu nome, não seja burra agora, não mostre o quão inútil é nesse momento.

Com um longo suspiro ela tenta escrever, porém acaba por esquecer a primeira letra do seu nome.

Maldito cérebro que não me obedece, mais um suspiro e outra tentativa.

— Fique calma, é só o seu nome. — Willis fala realmente preocupado, ela deveria saber ao menos escrever.

Rosie fecha os olhos forte buscando calma e enfim consegue escrever, bem feio já que não escrevia nada há anos, mas estava legível.

Rosie

        

— Rosie. — Ele fala e ela assente. — Ótimo, o doutor irá lhe examinar agora.

Então Chris vai até ela e mesmo que temerosa ela o deixa lhe verificar, ele é delicado o tempo todo, pergunta se pode pegar onde ele precisa examinar, não soa rude e nem sem permissão.

— Ela quase não escreveu o nome. — Wilf fala baixo apenas para o irmão, eles olham para o doutor que examina a Rosie.

— Eu notei, não achei nada bom, será que ela não sabe escrever? — Willis passa as mãos no cabelo que já está um tanto grande.

— Não pareceu isso, pareceu que ela não conseguia escrever. Viu o quanto ela suspirava, e tentava rabiscar, como se ela tivesse se esquecido. — Wilf põe a mão no queixo pensativo.

— O que quer que seja precisamos fazê-la falar ao menos o que viu. — Willis fala.

— Faça o seu melhor, Wayne não está em condições para isso, eu tô fora, viu a porra da deusa que ela é? Mas a cadela tem medo até da poeira ao redor, eu perto dela quero fodê-la, e ela vai ter medo de mim.

— Qual delas não tem seu babaca sádico? — Willis fala sorrindo.

— Nenhuma que eu já fodi reclamou seu caralho. — Wilf dá de ombros. — Não gosto das quebráveis, vou para o clube, divirta-se aí. — Com um sorriso de canto ele saí pela porta deixando Willis sozinho ainda esperando o doutor terminar.

Assim que ele termina, se levanta e se aproxima de Willis.

— Já? — Willis vê a Rosie se sentar na cama e olhar para as mãos apreensiva.

— Sim, ela não está nada bem, as costelas não estão quebradas, mas foi quase, a roupa dela ajudou bastante já que eram muitas. O rosto, isso só com pomada e o tempo, mas achei ela bem desnutrida, apesar de ainda estar muito linda. — Chris fica a olhando meio hipnotizado.

— Chris? Foco homem! — Mas Willis mesmo admite que é difícil se concentrar.

— Desculpe, enfim, ela está desnutrida e posso garantir que está anêmica, ela precisa de algumas vitaminas, potássio, ferro e muita alimentação, de três em três horas no mínimo.

— Vou ser sincero doutor, não vamos dar moradia a ela, só quero saber o que ela sabe de quem matou o Walter e ela irá embora. Ela mesma não quer ficar de todo modo, não vamos forçá-la, assim que ela disser tudo as portas serão abertas.

— E se ela não disser? — Willis ponderou essa opção, mas não havia motivos para ela não dizer.

— Ela só sairá daqui após nos dizer tudo que sabe. — Com isso dito ele se afasta do doutor e chega próximo de Rosie.

— Bem, vou indo, se precisar me chame Willis. — Chris se despede saindo.

— Obrigado Chris. — Se despede também. — Então Rosie, vamos conversar agora?

E chegou a hora, ela não sabia se poderia aguentar mais de nervoso, ansiedade e apreensão, ela sabia que após isso seria liberada. Não antes de pedir outras roupas, sorte que ela poderia escrever.

— O doutor disse que você está um tanto mal, mas isso não era surpresa para você suponho. Você não é prisioneira, entretanto só sairá daqui após nos dizer tudo, lembre-se que ninguém lhe fará mal certo? — Ela assente. — Ótimo, lhe daremos alguns remédios que poderá levar com você, tomando eles podem melhorar, mas precisa mudar seus hábitos alimentares e físicos, para o seu próprio bem.

Rosie não pode fazer isso, ela tomaria todos os remédios que ele desse, mesmo que não prossiga com os cuidados ela aumentaria um pouco mais seu tempo de vida.

— Vejamos, pode escrever o que aconteceu aquela noite? Pode ser direta se quiser, mas tendo a informação principal. — Ela assente e olha para o caderno. — Você sabe escrever, não é?

Ela morde o lábio inferior apreensiva, Willis é automaticamente levado a olhar seus lábios e se amaldiçoar imensamente pela tentação tão perto. Ela acena confirmando, saber ela sabia, não era uma coisa de gênio, mas sabia, só não sabia explicar seu problema.

— Ótimo, escreva para mim, por favor, me ajude a achar o assassino do meu irmão. — Com um suspiro Rosie assente e olha para o papel, isso vai ajudar o Willis, ela sabia que ele era bom, ao menos melhor do que as pessoas que já conheceu.

Então ela começa, tenta ser objetiva enquanto ainda consegue sem trocar as letras por números, ou vice-versa, até sua mente burra aguentar antes que pare de funcionar. Mas Rosie fica nervosa quando lembra das cenas que vivenciou, o sangue, a dor pelo desconhecido que estava pedindo ajuda, quando ela vê, já escreveu.

Não vi muito, vozes, tiros, corpo sangrando, um homem tatuado ir embora.

Ele pediu a3u21 e que 9ã0 p3n21 d7a2 vezes, guardei seu c3lul21 a ped8d9 d3l3.

— Certo, vejamos. — Willis começa a ler, meio rabiscado e com palavras erradas, mas certinho até começar a ter números com letras, mas o contexto da de entender. — Rosie, por que tem números misturado as letras?

Então ela falhou, seu corpo se arrepia, agora ele pensa que ela é burra, a mãe sempre disse isso, e sempre mandou ocultar sua burrice, mas agora ele sabe, ela pensou mesmo ter feito tudo certo.

— Hey! Calma, só fiz uma pergunta. — Ele leva suas mãos a dela para lhe confortar, mas ela se encolhe assustada. — Rosie, está tudo bem, não tem problema, eu entendi mesmo assim.

A voz da sua mãe vem em sua mente, "burra, sua imprestável, nem para escrever serve, eu devia ter ti jogado no lixo". Ela sente a primeira lágrima escorrer e soluça, ela não pode chorar, não na frente dele, por que Deus a fez tão burra? E ainda mais muda? Ela nunca entendeu o porquê de ser tão castigada.

— Porra! Não chora por favor. — No impulso ele a puxa e a abraça, nada sexual, só um abraço carinhoso e reconfortante. — Caralho, eu não quero que chore, mas eu sei o que você tem.

Ela se afasta e o olha, a mesma ainda nem acredita que deixou ele lhe abraçar, foi tão pega de surpresa que não pode impedir.

— Dislexia, não é? Quando eu ainda ia para a escola tinha um moleque que tinha isso na minha sala. Ele trocava as letras por números, não lia muito bem, as vezes nem lia nada, mas você ainda consegue. — Rosie engole em seco, ele sabe.

Ela pega o papel novamente e torna a escrever, o máximo que consegue apenas.

Eu sou burra, desculpe.

        

— Rosie. — Ele engole em seco com suas palavras. — Você não é burra, só tem uma deficiência, ok, duas, mas não lhe faz uma pessoa burra ou algo assim.

Ela balança a cabeça freneticamente em negação, ela sabe que é, se ela não fosse não seria assim, sua mãe lhe amaria, e às pessoas ao redor não iam lhe fazer tanto mal.

— Inferno! — Willis bufa vendo que não importa o que diga, ela se acha burra. Deve ter crescido sendo chamada disso, Willis nem pode imaginar o que essa linda mulher já passou na vida. — Certo, vamos por partes.

— Você disse sobre o celular, que o Wayne pegou, por que é tão importante? — Rosie limpa o rosto e torna a escrever.

Algo sobre o e-mail dele e um áudio.

        

— Certo, o celular ainda está com o Wayne, só vou ver quando ele voltar. — Willis suspira e pede mentalmente para o irmão não estragar o celular. — Acha que pode dizer quem atirou?

Rosie se sente mais calma, parece que Willis a deixa mais confortável agora que sabe de tudo, por mais que ela saiba que é uma burra sem valor, ele lhe olha como alguém importante, ao menos até ela lhe dar todas as informações que ele quer.

Talvez, posso tentar.

        

— Ótimo, assim que o Wayne voltar vamos ver o que tem no celular e após isso peço que você nos ajude com o rato. — Willis levanta e se afasta de perto dela. — Durma aqui essa noite e amanhã nos falamos, apenas descanse por hoje.

Rosie assente e sorri fraco, foi involuntário, mas não se arrepende, então ela lembra das roupas e segura seu braço antes que ele vá.

— Quer dizer algo? — Ela assente novamente e pega o caderno.        

Roupas, essas não servem.

— Vou providenciar, será melhor até, para minha própria sanidade. — Willis ri sozinho. — Só peguei essas por enquanto, já que não tive muito tempo.

Rosie assente e sorri novamente, ela gosta de sorrir, parece tão libertador.

— Seu sorriso é bonito Rosie. — Willis fala sincero vendo a bela jovem sorrir. — Sabe, se quiser ficar aqui depois que tudo acabar você pode. Como uma das vagabundas do clube ou Old Lady de alguém, opções não irão lhe faltar.

Rosie sentiu sua bochecha corar, ela sabia bem o que ele estava dizendo, ela só não entendia se ele estava se oferecendo para o cargo, Rosie o analisou e com certeza não seria ruim ter Willis ao seu lado. Willis a viu lhe checar e logo se animou, mas não pode lhe assustar, ela parece ter a alma ferida e ver sua ereção não irá ajudar, entretanto ele não iria se opor se ela o escolhesse.

— Pensa nisso. — Willis sai e fecha a porta, tranca por precaução, não só de ela sair, mas também de alguém entrar, ela é uma delícia para fazer tudo o que pensar de sexual.

Rosie olhou ao redor e suspirou mais aliviada do que nunca, ela nunca teve uma noite em que pudesse deitar e dormir de fato, sempre teve medo de alguém na casa da sua mãe entrar no seu quarto e lhe fazer mal. Ou quando dormia na rua e tinha medo que qualquer um viesse lhe fazer mal também, Rosie nunca pode dormir bem, mas essa noite ia ser diferente, mesmo que presa nesse quarto ela não ia ligar, só deitar na cama macia e dormir pela primeira vez um sono completo.

Tradução do trecho da música:

"Mas então seus olhos

Seus olhos

Eu posso ver em seus olhos

Seus olhos

...

Você me faz querer morrer

Eu nunca serei boa o bastante

Você me faz querer morrer

E tudo o que você ama queimará na luz

E sempre que olho dentro de seus olhos

Você me faz querer morrer."

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo