Capítulo 2

[...]

– Quero que a levem para o hospital do centro, vou pagar todo o tratamento. Depois do que fiz com ela é o mínimo que eu posso fazer para ajudar.

Alguns minutos depois, Maciel estava preocupado e se sentia muito culpado pelo que havia acontecido com aquela jovem tão linda e cheia de vida, chegou e logo perguntou na recepção.

– Trouxeram uma moça para cá há uns instantes, eu a atropelei...

– Sim senhor, ela está na sala de emergência e está fazendo alguns exames, o que sabemos é que ela sofreu uma fratura de fêmur.

Maciel sentou-se no sofá da recepção, aquele cheiro de hospital o deprimia e fazia lembrar da morte de sua esposa no passado. A única mulher que ele amou mesmo, após sua morte prematura… recebeu a ligação de Anastácia, uma mulher de idade equivalente à sua, ambiciosa e fútil, era seu caso mais duradouro, já que ele quase nunca se dava ao luxo de ter uma mulher por, mais de uma vez.

– Maciel? Como você está?

– Bem Anastácia, apesar de uma situação inusitada que aconteceu agora minutos atrás.

– E foi alguma coisa com você ou com seus filhos? Eu pergunto isso, porque sua voz está meio aflita.

– Uma jovem se jogou na frente do meu carro agora a pouco!

– Com certeza ela deve ser maluca, não fique preocupado, eu tenho certeza que ela não terá como te processar, afinal ela que provocou. Houve testemunhas do que aconteceu?

– Sim, mas o que realmente me preocupa é que ela fique bem, proposital ou não, é um ser humano!

– Sei, suponho então que nosso jantar terá que esperar outro dia, acertei? – Anastácia suspira ao perguntar já prevendo a resposta.

– Eu tinha me esquecido completamente, me desculpe!

– Tudo bem e até outro dia então.

Ele desligou o celular, havia realmente deletado de sua mente que tinha um compromisso com Anastácia naquela noite. O médico se aproxima dele...

– O senhor é acompanhante da Elizabeth?

– Elizabeth? Sim, a moça que foi atropelada, ela está bem? – Maciel questionou.

– Felizmente, sim, apesar da fratura que sofreu e algumas escoriações ela só precisa de repouso e alguns remédios para dor.

– Graças a Deus, e por acaso eu posso falar com ela?

– Sim, ela está ainda meio sonolenta da sedação, mas pode ir vê-la e me acompanhe.

Elizabeth

Fui despertando aos poucos, ainda me sentia dolorida, mas sem dúvidas bem melhor do que antes e minha perna parecia estar no lugar. Vi Maciel entrar com o médico para me ver, ele se sentou ao meu lado, eu não queria que me visse assim desarrumada, mas eu tentaria seduzi-lo de outras maneiras.

– Você está se sentindo bem? Eu me chamo Maciel! – Ele tocou minha mão, ele não imagina que eu sei muito sobre ele.

– Eu nem sei o que dizer, depois de...

– É simples, comece me falando, por que fez uma loucura como essa?

– É que eu não tenho escolha senhor Maciel.

– Seja qual for o seu problema, existe uma solução e que com certeza não é a morte. É jovem e linda demais, para desistir de viver, ainda vai conhecer muitas coisas nessa vida!

Forcei um choro, olhei nos olhos dele... que passeavam revezando entre meus olhos e meus lábios.

– Para o senhor é fácil dizer isso, está todo bem-vestido e deve ser rico! Não tem do que reclamar, não sabe o que é fome, desemprego e muito menos o que é a solidão.

– Está enganada jovem, eu nem sempre tive dinheiro na vida. Lutei muito para chegar onde estou, nada cai do céu, Elizabeth e não é justo se acovardar assim, sendo tão jovem ainda e sequer viveu um terço da sua vida.

– Agradeço de verdade por ter me ajudado e se preocupado comigo, mas quero ficar sozinha agora e eu preciso pensar em algumas coisas.

– Você está me mandando embora? Você mesma disse que se sente sozinha, por que não conversa comigo?

– Eu só quero descansar senhor, por favor, me deixa aqui e sozinha!

– Farei isso, mas amanhã eu volto aqui para te ver.

Ele pegou em minha mão novamente, a dele estava tão quente e a minha gelada.

– Fique bem e me prometa que não tentará mais nenhuma loucura, promete?

– Sim, eu prometo senhor Maciel.

– Me chame apenas de Maciel, sem formalismos.

– Está bem Maciel!

Ele deu um beijinho rápido em minha mão e eu sorri tímida, olhando-o sair por aquela porta e me deixar a sensação de cartas na mesa e começo de jogo. A semente estava sendo plantada, eu já sabia como chegar ao coração dele, pelo menos, eu sei que posso estar no caminho certo para isso. Passei muitos dias estudando cada passo de sua rotina, seus horários, sua vida amorosa anulada por tanta dedicação ao trabalho e aos filhos idiotas.

Trabalhar na empresa era minha primeira opção, mas com a má vontade daquela secretária desgraçada, eu precisei partir para um plano de emergência.

[...]

Maciel chegou em casa e se sentou naquele sofá enorme olhando para os porta-retratos sobre a prateleira da sala, suspirando de cansaço e pensando naquela mulher. Amélia é a empregada de confiança da casa dele, a nos serve a família Castello e viu os filhos dele crescerem.

– Maciel eu já preparei o jantar como o senhor gosta, dona Anastácia já deve estar quase chegando...

– Obrigado Amélia, mas Anastácia não virá por que eu desmarquei o nosso jantar. Tive uns problemas na empresa e achei melhor deixar isso para outro dia.

– Perdoe-me por questionar, mas senhor parece meio preocupado, aconteceu alguma coisa com minha Ângela ou com o Kayo?

– Você já trabalha há tantos anos que me conhece talvez melhor que eu mesmo, felizmente nada com meus filhos, mas atropelei uma garota na saída do trabalho e estou com isso atravessado na garganta.

– E por acaso, ela está bem?

– Sim e felizmente não aconteceu o pior, mas ela quebrou a perna.

– Graças a Deus que não morreu, mas se tudo está bem, por que toda essa preocupação?

– Porque ela se jogou na frente do meu carro, queria morrer. Parece estar deprimida e desgostosa da vida é tão novinha e bonita, bonita demais para sofrer assim.

– Parece que gostou muito dela! – Amélia conhecia Maciel e sabia que aquela moça havia mexido com o pensamento dele.

– Apenas como alguém que eu quero ajudar, uma filha, talvez!

Amélia sabia que aquele desejo de proteção não era algo paternal e que aquela garota havia mexido com o coração dele de uma forma nada convencional. Mas, algo naquela história não parecia se encaixar e ela podia sentir.

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