Virgínia
Nós nos olhamos com um certo temor, eu e a Mariana, mas eu fiz um gesto discreto para ela, para que soubesse que eu continuaria firme até o desfecho daquela história.
— Como a Virgínia falou, nós não pretendemos desistir. — A minha amiga garantiu, agora de uma maneira mais firme.
— Me acompanhem, então.
Nós a seguimos até um corredor longo e estreito que seguia a decoração de todo o espaço, em tons de prata e branco, tudo muito claro, totalmente o inverso do que imaginei para um ambiente daquele tipo.
Chegamos rapidamente em frente a uma porta, que ela abriu e nos mandou entrar.
Se tratava de uma sala bem espaçosa por sinal, e onde tinham várias pessoas dentro, todas muito jovens e em variados estágios de nudez.
Compreendi que a sala seria uma espécie de camarim e que as pessoas que ali estavam deveriam participar das "atrações" da noite.
Logo que a Mariana me contou sobre o clube e o que acontecia nele, o meu primeiro pensamento foi recusar, pois temia que alguém me visse naquele lugar e a história se espalhasse, chegando até os meus pais, que já eram idosos e ficariam muito tristes se soubessem o que eu estava prestes a fazer.
Mas o Luan nos contou que todos que estavam ali usavam máscara para preservar a sua identidade e aquilo me deixou mais tranquila.
Porém, naquela sala não havia ninguém de máscara ainda e temi encontrar algum conhecido. Por mais improvável que fosse, tudo era possível.
Olhei bem para todos e não reconheci ninguém, o que me fez suspirar de alívio.
— Vocês trouxeram a roupa, conforme a nossa orientação por telefone?
— Sim. Está aqui conosco. – Respondi.
— Ótimo. Vocês podem se trocar aqui e quando for o momento de se apresentarem em nosso salão, eu mesma virei buscá-las.
Ela saiu e nos deixou na sala, a insegurança mais uma vez querendo tomar conta.
— Estou nervosa. – Confessei para a Mariana.
— Também estou, mas vamos fazer como você repetiu durante toda a semana, desde o momento em que contei sobre essa possibilidade louca. – Ela falou com um sorriso nervoso em seu rosto. — Vamos manter a calma e pensar apenas no dinheiro.
Nós nos aproximamos das outras pessoas, pois ainda nos encontrávamos paradas próximo a porta de entrada, mas sem manter nenhum tipo de diálogo, apenas nos dirigindo aos reservados, em um estilo de provador que existiam na sala e começamos a nossa transformação.
A Pamela havia nos orientado a trazer conosco um traje que nos deixasse o mais sensual possível, mas não um lingerie, como eu e a Mariana tememos que seria.
Nós aproveitamos que eu trabalhava em uma loja de aluguel de trajes de gala e selecionamos vestidos magníficos e sensuais.
O que escolhi era vermelho e contratava maravilhosamente com a minha pele cor de oliva, assim como também eram os meus olhos. Eu tinha estatura mediana e meu corpo era cheio de curvas, minhas pernas eram torneadas e ficaram visíveis pela fenda da saia do vestido e meus seios eram cheios e empinados, o que foi perfeitamente valorizado pelo decote generoso da roupa.
A Mariana começou a me maquiar quando as primeiras pessoas passaram a ser chamadas. A grande maioria era constituída de mulheres, mas também havia homens e eles foram todos chamados antes de nós duas.
— Muito linda essa minha amiga! – Mariana falou ao terminar a minha maquiagem, tentando parecer tranquila, mas não estava.
— Você também está muito linda, Mari. – Também fingi despreocupação.
Pâmela chegou naquele momento e fez um sinal discreto, pedindo para que nós a acompanhássemos novamente. Ela chamou mais duas outras garotas que também estavam na mesma sala que nós.
Fomos levadas até próximo a uma porta discreta que ficava no final de um outro corredor, diferente daquele pelo qual entramos e ali a decoração se tornava mais obscura, em tons de marrom escuro e bege.
— Vocês devem me aguardar aqui. – Ela orientou, entrando pela porta e nos deixando à sua espera. – Coloquem isso, por favor.
Cada uma de nós recebeu uma máscara, tal qual as usadas em baile de máscaras e ficamos aguardando por seu retorno em silêncio. Ninguém falou nada, aparentemente a ansiedade pelo que estava prestes a acontecer havia tomado conta de nós.
Rapidamente a Pâmela retornou, abrindo a porta e pedindo para que a gente passasse pela mesma e entramos no que parecia ser um palco.
Olhei em torno e tudo era bastante escuro e não dava para ver as pessoas que ali estavam.
Apesar disso, notei que havia mesas espalhadas por todo o ambiente, com exceção do tablado no qual estávamos. O palco, ao contrário do restante do que parecia ser um salão, estava completamente iluminado, dando destaque a nós, mas ainda assim as luzes eram difusas.
— Temos aqui quatro garotas dispostas a oferecer algo valioso em troca do valor certo. – Pâmela falou em um microfone. – E então, quem dá mais? – Fez a pergunta exibindo um sorriso radiante.
Ela então chamou uma das garotas e a apresentou como “Spring “, a Mari foi apresentada como “Winter", a outra como “Autumn" e eu fui a “Summer”. Ela abriu o leilão com a garota Inverno e o valor sugerido logo foi aumentando de maneira estrondosa.
Assim aconteceu com as três antes de mim e todas conseguiram algo em torno de trezentos mil reais.
Eu fiquei ainda mais ansiosa para que chegasse a minha vez, pois era bastante dinheiro para mim, e seria possível fazer tanta coisa com aquele valor que eu não pensei em mais nada, esqueci qualquer nervosismo e só esperei pelo meu momento.
Este chegou e a cada lance, meu coração acelerava mais e mais. Eu já estava me sentindo mal, de tanto nervosismo, quando percebi que havia tido início uma disputa entre dois homens, por mim!
Com o tempo que já estava naquele ambiente, a visão se acostumou e consegui ver mais coisas e percebi que cada vez que um deles, o que estava usando uma camisa de mangas compridas azul claro com uma gravata em um tom mais escuro, dava um lance, o outro, um homem que estava usando terno cinza escuro com gravata vermelha, aumentava o valor, passando a frente.
O valor já havia chegado a quinhentos mil reais e a minha respiração estava seguindo o ritmo das batidas do meu coração.
— Quinhentos e cinquenta. — O de camisa azul gritou em um tom decidido que trouxe um arrepio à minha espinha, o que me deixou consternada.
— Eu dou seiscentos. — Falou logo em seguida o cara de terno e gravata.
Eu demorei a acreditar no que estava acontecendo. Eles estavam falando de centenas de milhares de reais como se fosse algo banal. Para mim aquilo era muito dinheiro!
Mesmo pagando a porcentagem que o clube estabeleceu, correspondente a dez por cento do valor, eu ainda ficaria com muito dinheiro.
— Um Milhão de Reais. – O de camisa azul falou aquilo e olhou para o outro homem parecendo muito determinado.
Eu olhei de um para o outro, a sensação de estremecimento me fazendo fraquejar. Onde eu tinha me metido?
— Um milhão de Reais. Alguém dá mais? – Pâmela perguntou, olhando para todos.
Diante do silêncio que se formou, Pâmela deu o leilão por encerrado e orientou aos "ganhadores" a procurarem por ela na gerência, para realizar os respectivos pagamentos e receber o seu "bem".
— Um milhão de Reais!
Eu estava me sentindo maravilhada com o valor que havia conseguido alcançar. Era dinheiro suficiente para fazer algo verdadeiramente bom para a minha família. Eu poderia começar um negócio, não precisaria trabalhar tão longe de casa. Eram tantas possibilidades!
Eu sabia que ainda precisava cumprir com a minha parte naquela barganha e que não seria nada fácil, mas iria prender a respiração e só pensar no dinheiro.
Aquele valor não me tornava rica, mas facilitaria bastante a minha vida, e este fato por si só já me deixava eufórica.
— Amiga, você vai ganhar um milhão de Reais! – Mari falou em meu ouvido ao me abraçar feliz.
— Você tem trezentos mil, Mari! – A apertei em meus braços.
— Estou muito feliz, Vi. Poderemos abrir a nossa própria loja de roupas exclusivamente desenhadas por mim.
— Sim!
— Venham por aqui, garotas. – A Pâmela nos chamou.
Precisamos nos afastar uma da outra e nós nos olhamos com entendimento, pois era chegada a hora de enfrentar aquilo para o qual nos disponibilizamos e cada uma seguiu na direção indicada pela Pâmela.
– Cada uma de vocês irá ficar no quarto que tem o nome da estação que representam.
— Agora chegou à parte mais difícil. – Mari comentou, fingindo um estremecimento.
— Vamos pensar o tempo todo no dinheiro que vamos conseguir e nos planos que nós temos e tudo vai passar bem rápido. – Falei para tentar acalmar a minha amiga.
Mas eu realmente pretendia agir daquela maneira e foi com esse pensamento que entrei no quarto que trazia na porta a palavra “Summer”.
MuriloEu me conhecia o suficiente para saber que era um homem extremamente competitivo e a verdade é que eu jamais entrava em algo para perder.E naquela noite não foi diferente.Quando o meu primo me convidou para acompanhá-lo até um clube para tomar alguns drinques, eu aceitei rapidamente. Não tinha a mínima ideia de que o clube para o qual eu havia sido convidado oferecia serviços bem “inusitados".Aquiles me convidou a participar de um leilão e eu apenas aceitei por curiosidade, uma vez que ele não me contou sobre o que seria esse leilão.Quando faltavam poucos minutos para ter início a atração principal daquele salão, uma vez que no clube Season Hot tinham outros ambientes, vi se aproximar da mesa ao lado da nossa, o meu maior concorrente, Ethan Constantino.Nós éramos rivais nos negócios e nos tornamos inimigos declarados quando a minha noiva me deixou para ficar com ele, há apenas alguns meses. Eu ainda não havia engolido aquela história e estava engasgada na minha garganta,
VirgíniaRetirei o vestido e a máscara, ficando apenas com a lingerie que eu havia escolhido para aquele momento, conforme fomos orientadas e o frio me fez tremer. Pensei em desligar o ar-condicionado, mas quando me virei para procurar o controle, fiquei de frente para um espelho enorme que mostrava todo o meu corpo.Senti agora um calafrio de excitação ao me ver vestida daquela maneira tão sexy e lembrei do homem que havia dado o maior lance.Não pude ver ele de maneira nítida, mas só em olhar para ele e ouvir a sua forma de falar enquanto fazia os lances trouxe um novo tremor ao meu corpo quase nu.Caminhei até o lado da cama, analisando todo o ambiente, que era decorado com tons que lembravam o verão e o próprio lençol da cama era de uma cor laranja bem gritante, assim como também eram as cortinas.Estava prestes a alisar a colcha que cobria a cama quando, mais senti que propriamente ouvi, a porta ser aberta e girei naquela mesma direção e vi que o vencedor da disputa tinha entrado
Murilo Eu tentei agir da maneira mais correta possível, mas não consegui. Agora, eu só conseguia pensar em estar completamente dentro da belíssima morena que havia despertado um desejo adormecido dentro de mim e me esbaldar em seu corpo delicadamente perfeito. Segurei seus seios pesados com uma das mãos, dividindo minha atenção entre um e outro, e desci a outra por todo o seu corpo, até chegar no triângulo perfeitamente encaixado no meio de suas pernas lindas e bem torneadas, me deleitando em sua vulva pulsante entre meus dedos. — Você também me quer. — Constatei, ao sentir a sua lubrificação, retirando os meus dedos de dentro da fenda notavelmente apertada e levando até a minha boca, provando o seu sabor e me deliciando com a sua expressão assustada. — Muito saborosa. Voltei a beijar os seus lábios, para que ela sentisse em sua boca o próprio gosto, e apesar da expressão de espanto com o meu gesto, ela devolveu a minha ânsia com igual paixão. Se apenas alguns beijos seus co
Virgínia Eu fiquei extremamente chateada com o Murilo quando falei de maneira sincera sobre o que achei da relação sexual que tivemos e ele me levou na brincadeira. No entanto, depois de tomar um banho refrescante, mas que tirou da minha pele os vestígios do que havíamos feito alguns minutos antes, a sensação de leveza venceu qualquer outro sentimento. Voltei ao quarto e o Murilo entrou imediatamente no banheiro, me deixando cheia de pensamentos profanos e retirei a colcha da cama, deixando apenas o lençol que havia por baixo e me deitei ainda com o roupão atoalhado que havia vestido. O meu corpo logo foi despertado pelas lembranças recentes e depois de uma rápida análise da situação, cheguei à conclusão de que se eu estava na chuva, então era para me molhar mesmo e decidi que queria mais.Queria ter o Murilo novamente dentro de mim, queria um pouco mais daquela sensação estonteante de lascívia tomando conta do meu corpo e me levando ao ápice. Com isso em mente, tirei o roupão,
Murilo Acordei com uma sensação incomum de vazio e rapidamente me vieram à memória os acontecimentos da noite anterior. Passei a mão pelo colchão da cama e olhei em torno do quarto estranho, procurando pela morena que havia conseguido me encantar desde o primeiro momento em que coloquei os meus olhos sobre ela. Não a vi em lugar algum e temi que houvesse ido embora sem que tivéssemos conversado de fato. Eu queria saber mais sobre ela. Uma noite apenas não tinha sido suficiente para sanar todo o desejo que eu sentia pela garota que eu conhecia apenas por “Summer”. Nem ao menos perguntei seu nome verdadeiro e agora estava me sentindo um perfeito idiota, por não ter feito nem mesmo isso. Mas agora era tarde demais para ficar me prendendo àquele fato. Levantei da cama e fui até o banheiro, para constatar se realmente ela não estava mais ali e comprovei que ela havia de fato ido embora, sem nem mesmo um bilhete ou qualquer coisa. Olhei em meu relógio, verificando que era muito cedo ai
VirgíniaA minha vida mudou completamente, de uma maneira totalmente positiva, após eu ter participado do leilão clandestino e eu não me arrependia do que havia feito para conseguir conquistar aquilo que eu tanto sonhava, mas que se eu fosse seguir o rumo natural das coisas, talvez nunca tivesse conquistado aquilo que hoje havia se tornado realidade.Desde que comecei a trabalhar em uma loja de departamentos, eu sonhava em ter a minha própria, com a minha amiga Mariana, que teve sempre um talento tremendo para a costura e eu tinha certeza absoluta de que poderíamos alcançar o sucesso, caso fizéssemos uma parceria.Pensamos em começar um negócio pequeno, que com o tempo se tornaria grande e lucrativo, mas mesmo algo assim demandava uma quantia mínima, que ainda assim, nós não dispúnhamos.Mas depois que cada uma conseguiu ganhar um alto valor, de maneira não convencional, diga-se de passagem, pudemos fazer aquilo que desejávamos e agora nosso sonho se tornou realidade.Hoje estaríamos i
VirgíniaApesar da promessa que eu fiz e de ter tentado em vários momentos falar calmamente com a minha melhor amiga, dias se passaram sem que eu e a Mariana conseguisse de fato conversar do modo tranquilo como eu desejava. Estávamos vivendo em meio a um correria constante, pois todas as nossas expectativas haviam sido ultrapassadas e a nossa loja era um sucesso total, atraindo várias pessoas diariamente para conhecer nosso estilo diferenciado, graças ao talento da Mariana.Nós tínhamos conquistado uma clientela bem diversificada e várias pessoas elogiaram o nosso espaço, pela simplicidade e ao mesmo tempo, bom gosto com que decoramos a loja, deixando o lugar de uma forma que todos pareciam apreciar. Nem eu mesma conhecia esse talento que possuía para decoração, mas agora, diante de tantas pessoas me parabenizando e elogiando os meus esforços, eu fiquei bastante feliz.Muitos e diversos eram também os elogios a minha amiga e várias pessoas já haviam deixado claro o quanto estavam g
MURILOApós várias noites frequentando o clube Season Hot sem eu conseguir descobrir nada sobre a minha morena, eu desisti de ir novamente àquele lugar, pois cheguei à conclusão de que aquilo não iria dar em nada.Resolvi voltar a minha rotina normal, que consistia em trabalhar o máximo possível e dormir o necessário para suportar mais um dia de trabalho, sendo a minha única diversão os momentos em que eu saia com o meu cachorro, um Husky siberiano, para passear.Quando retornei ao meu apartamento após uma longa caminhada com o Brutus, encontrei meu primo, o Aquiles, sentado confortavelmente em meu sofá, vendo algo na minha TV.— Você é muito folgado. — Comentei em um tom de desagrado. — Não tem seu próprio apartamento?Meu primo morava em um apartamento no mesmo andar que o meu, em um prédio residencial elegante, no Jardim Paulista em São Paulo, desde que completamos vinte e um anos e a nossa avó, que foi a pessoa que nos criou desde que éramos novos demais para lembrar que um dia ha