03

Beatrice passou no pet shop para pegar sua cadelinha, Gabriela ficou surpresa que ela confiasse em "pessoas estranhas" por ter deixado ela no carro, sozinha. Logo Beatrice sai da loja que estava com um buldogue francês marrom clarinho.

— Ah, claro... Tinha que ser um buldogue francês... — Gabriela murmura e logo revira os olhos, pegando até seu celular para se distrair desse fato que lhe deixou levemente irritada. 

Gabriela, Carlos e Junny tem um desprezo enorme por qualquer tipo de pessoa que compram animais como buldogues e pugs. Por que não poderiam apenas adotar animais, no lugar de comprá-las? 

Beatrice abre a porta de trás de seu Tesla S, Gabriela se deu conta que era a segunda vez na VIDA que entrava em um carro tão caro e chique, até brincou em pensamento que deveria ter aproveitado a oportunidade e conseguido algum dinheiro roubando o carro para vendê-lo. 

— Você se comporte, Afrodite, não vamos demorar para chegar. — Beatrice afina a voz para conversar com sua cadela, coloca ela na cadeirinha e então se afasta, logo entrando na porta da frente. A Rivera se coloca sob o volante e olha para Gabriela, rapidamente desviando os olhos dela e sorrindo brevemente. — Afrodite ficou algum tempo no pet shop por conta de uma doença, ela sente falta de casa. 

— Que triste, o que aconteceu com ela? — Gabriela questiona de forma empática, enquanto Beatrice começa a dirigir.  

— Foi o meu ex, ela pegou pulgas dele! — Beatrice responde de forma humorada e Gabriela questiona assustada:

— Uh, sério? 

— Não! Foi uma brincadeira! — Beatrice responde risonha. Gabriela balança a cabeça, negando a brincadeira da Rivera. 

— Caramba! Desculpa! — Gabriela pede com um pouco de vergonha. — Eu totalmente estraguei tudo!

— Não, esqueça isso! 

*****

Gabriela entra no elevador primeiro e mesmo que dessa vez estivesse esperando por Beatrice, a Rivera ainda correu para entrar ao mesmo tempo que Gabriela, como sempre fazia. Afrodite, buldogue francês, estava no colo de Beatrice.   

— Você é tão fofa que eu te esmagaria! — Beatrice brinca com sua cadelinha, por não ter coragem de falar com Gabriela. Ela pegava o elevador com Gabriela pelo menos uma vez por semana, mas nunca falava nada com ela ou olhava por muito tempo, além disso a Álvarez sempre estava distraída com alguma coisa. 

— Você sabia que fofura inspira agressão? É por isso que muitas vezes dá vontade de apertar as coisas ou pessoas que achamos fofas ou até bonitas. — Gabriela explica usando seu tom de sabe tudo que geralmente usa com Carlos ou Junny, apenas para irritá-los, ficando com vergonha em seguida por ter dito dessa forma. 

— Isso é bizarro! — Beatrice diz com certo humor, sem tempo para dizer mais por conta da porta do elevador que abre em seu andar. — Até mais, Gabriela!

— Até, Beatrice! — Beatrice sai e acena, usando Afrodite para acenar de forma amigável também. Quando a porta do elevador se fecha, Gabriela bufa. — Por que sou tão tagarela? 

*****

Mesmo que fosse sábado, Beatrice Rivera ainda tinha um compromisso depois de voltar da academia. Ela mesma fez a própria maquiagem sozinha sem muito esforço. A amiga de Beatrice, Iris Brooke, espera por ela no sofá, está devidamente arrumada também para acompanhá-la. Brooke é bem baixinha e tem cabelos loiros escuros, lábios cheios e é uma mulher de características latinas, totalmente maravilhosa.

— Beatrice, você está bem? — Brooke questiona, percebendo que Beatrice estava longe do celular desde que chegou e mal tinha tocado nele durante o dia. — Seus vizinhos te perturbaram tanto á noite que não dormiu bem?

— Basicamente isso. — Beatrice aparece na sala, respondendo Iris. — Você sabe a mulher do elevador? 

— A que acha você acha gostosa? — A amiga baixinha de Beatrice, a seguiu até o quarto onde Beatrice termina de passar o batom depois de ter trocado de cor pelo menos 3 vezes.  

— Essa aí! 

—  O que tem ela? — Iris senta na cama de Beatrice, pegando seu celular para fazer um story falando o quanto Beatrice vai acabar atrasando-as. — Chamou ela para sair?

— Não, mas quem sabe... — Beatrice responde de forma insegura. — Ela frequenta a mesma academia que eu, o que me surpreendeu por nunca ter notado ela lá antes... Ofereci uma carona para ela e viemos juntas, talvez ela seja a pessoa que mais fala em coisas aleatórias no mundo, mas é fofa e além de ser gostosa... Eu sei o nome dela, mas ainda não sei em qual apartamento ela mora, sempre fico tão distraída com ela que nem vejo para qual andar o elevador está indo.

 — E como é o nome dessa deusa? — Iris brinca, pronta para stalkear a vida toda da mulher na internet. 

— Gabriela Álvarez. — Só de responder Beatrice já fica animada. — Fale com sotaque porque ela é latina mesmo, cubana-mexicana! 

— Oh, uau! — Brooke sorri para sua amiga e logo digita o nome de Gabriela em seu celular. — Ela tem um canal no YouTube, mas nada grande... 

— Sério? Quero ver! — Beatrice sai de frente do espelho de sua penteadeira e logo pega o celular para entrar no YouTube e ver o canal de Gabriela. Beatrice se perde em dos vídeos da garota cantando, enquanto Iris segue sua busca por tudo de Gabriela em outras redes sociais.  

— Aparentemente o Twitter dela só serve para surtos sobre atrizes de meia idade. — A baixinha levanta da cama para ver junto com Beatrice um vídeo de Gabriela cantando, dividindo sua atenção com o próprio celular. — Ah, você já a segue no Instagram!

— Você está muito obcecada, Ally! — Beatrice pausa o vídeo de Gabriela cantando e olha para sua amiga. — Já que está tão empolgada, pode descobrir em qual apartamento ela mora? 

— Eu faço isso em dois tempos, o Jonas me adora. 

— Jonas? O senhor da portaria? 

—  Esse mesmo! 

*****

Juniper se espreguiça enquanto entra no banheiro, ao se deparar com Gabriela jogada no chão solta um grito alto de susto.

— Gabriela! — Junny respira profundamente, se segurando para não dar um soco em sua amiga por tê-la assustado. — O que você está fazendo novamente com esse equipamento no banheiro? Nós já conversamos que você iria compor no seu quarto ou no máximo na sala?

Junny era digna da mãe de Gabriela.

— Mas... — Gabriela bufa a contra gosto. — Junny, aqui tem a melhor acústica!

— Saia daqui agora! — Juniper insiste, de forma um pouco raivosa. A mais alta estava descabelada e com o rosto amassado por conta do sono.

— Só saio se você trocar de quarto comigo, — Gabriela tenta um cambalacho para cima de Juniper, ela cruza os braços para dar mais ênfase no que fala. — No seu quarto tem banheiro!

— Que está estragado! — Junny retruca um tanto sem paciência.

— Eu só preciso do banheiro para ser meu estúdio... — A Álvarez rebate a resposta de sua amiga.

— Ah, você não caga mais, então? — Junny fala com sarcasmo e lança um sorriso presunçoso.

— Junny! — Gabriela encara sua amiga, as duas acabam rindo.

— Ok, mas eu não vou mover um móvel de lugar e tem que ser antes de quarta essa mudança.

— Feito! — Gabriela aceita facilmente, sem dar conta no momento que está encrencada por não ter ninguém para lhe ajudar. — Combinado mesmo, não é?

— Combinado, agora vai dormir para essas olheiras terríveis saírem da sua cara e tira essa tralha daqui!

— Eu não dormi durante à noite. — Gabriela se explica, mesmo que Junny já desconfiasse, afinal não é a primeira vez e nem a última que a Álvarez não dorme para ficar compondo.

— Não quero saber, agora sai do banheiro!  

Gabriela faz o que Junny ralhou de forma irritada, levando o notebook e o teclado para a sala. A Hansen coloca o violão da latina para fora do banheiro e fecha a porta para poder usar o lugar.

A Álvarez pega seu violão e vai para o próprio quarto, onde dorme por horas seguidas. Por volta das 2 da tarde ela acorda, faz hora por algum tempo e só depois pega o celular e vai procurar por Junny.

Encontrando Junny na sala assistindo 'Netflix', Gabriela fala de forma empolgada:

— Beatrice Rivera tem 23 anos, canta, compõe, atua e é influencer... — Recita tudo que sabe sobre Beatrice e Junny pausa a série que assistia para esperar que sua amiga calasse a boca. — É formada em Relações Internacionais, é cubana-americana, bissexual e do signo de câncer!  

— Não conseguiu o resto do mapa astral dela, Gabriela? — Junny pergunta, os braços estão cruzados por cima do peito com um tanto impaciente por Gabriela estar lhe interrompendo.

— Não, mas tem leão e escorpião no mapa. — Gabriela responde, ignorando que Junny está sendo hostil de propósito. — Só sei disso.

— Ótimo, agora já pode falar com ela que ela zoou seu irmão cantando e ‘hitou’ com dele.

— Ela já tinha ‘hitado’ antes. — Gabriela fala como se não fosse nada demais e senta ao lado de Junny. — Você está brava porque ela te zoou cantando Beyoncé? Sério? Você estava bêbada demais para cantar, estava ruim mesmo...

— Não defende ela! — Junny finge de irritada e Gabriela lhe abraça, apoiando a cabeça em seus seios de forma infantil.

— Não estou defendendo... — Gabriela nega rapidamente e solta uma risada. — Estava ruim, mas só na sexta porque estava bêbada, nos outros dias você está incrível!

— Você me humilha e depois me elogia... — Junny resmunga, forçando uma tristeza que ela nem sente.

— Desculpa... — Gabriela fala de forma dramática. — Você gostaria que eu preparasse algo para que possa me perdoar?

— O almoço por favor.

— Você sabe mesmo como me explorar! — Gabriela brinca e levanta do sofá.

— Sim, eu sei!

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo