*Pierry Barreto.

Estava um dia estressante demais hoje, começando quando sair de casa, quase passei por cima de um gato e isso me fez quase bater em outro carro que passava, parecia que meu dia não terminaria nada bem. As reuniões que tinha, nenhuma deu muito certo, não vale a pena nem relembrar ou falar delas, e para completar, Sebastian estava tão chapado ontem que não foi ao fórum para acompanhar o testemunho de mais uma testemunha de acusação, estou puto com ele, hoje ele tirou o dia para ir atrás dessa mulher. E para fechar minha noite com chave de ouro, no meu caso agora, uma poça de sangue.

Credo, meio mórbido, mais não se preocupe, não estou morrendo, apenas estava abrindo um envelope e com a raiva que estava acabei colocando força de mais e o abridor que parece uma faca, vazou o papel e pegou na palma de minha mão, uma poça rápida e grossa de meu sangue se formou em cima de minha mesa, corri para o banheiro para me limpar e fazer o sangue estancar, enrolei uma das toalhas na minha mão, mais ele ficou cheia, peguei outra e voltei para a sala, mas quase caia de cara no chão ao tropeçar em alguma coisa. Olho para os meus pés e me deparo com um corpo caído no chão, meu Deus, tem uma mulher morta em meu escritório.

Levanto assustado e fico olhando para o corpo estirado no chão, não sei o que fazer. _ tem que saber se realmente ela esta morta, seu idiota._ minha mente me alerta me tirando de meu estado de terror. Chego devagar e me abaixo perto do corpo e vejo que ela ainda respira, graças aos céus. Tento ver seu rosto, mas seu cabelo esta o tapando, tiro ele e finalmente posso vela, céus, ela é... É linda. Passo a mão em seu rosto e sinto a textura de sua pele negra e macia, linda e perfeita.

Depois de um tempo admirando a mulher, a pego nos braços e a levo para o sofá, alguns minutos se passam e nada dela acordar, então decido levar ela para o hospital. Assim que chegamos ao hospital, levaram-na para ser atendida, pelas roupas dela, ela com certeza trabalhava na empresa, o mais impressionante era que eu nunca tinha visto ela, eu já tinha levado uns pontos na minha mão por contado corte e só estava esperando noticias dela, quando de repente uma figura que já estava acostumado a ver em meu escritório, entrar e quando me ver para e me encara sem entender o que estava fazendo aqui.

-- Sr. Pierry, o que faz aqui? _ pergunta me encarando e chegando perto.

-- Me machuquei. _ digo e mostro minha mão a ela. – E você, esta tudo bem? _ pergunto e ela concorda e quando ia responder o medico que atendeu a mulher, que agora sei o nome, Sophie Ramos, aparece com sua prancheta e olhando ao redor.

-- Parentes da paciente Sophie Ramos. _ ele chama e me levanto, olho para lado e Fabiola também vem, até achei estranho, mas não falei nada. – Sou o doutor Arantes, estou cuidando da senhorita Sophie. Bem, ela acordou, foi só um mal estar, parece que ela tem fobia de sangue, não pode ver que desmaia. _ ele diz e Fabi rir.

-- É verdade, uma vez ela cortou o próprio dedo, nem deu tempo de tampar. Caiu durinha no chão, foi uma luta levar ela sozinha até o sofá. _ ela diz e rir, até imagino a cena.

-- Certo, ela quer ver quem foi que a trouxe e agradecer, poderia me acompanhar senhor Pierry? _ o medico diz e me encara já na direção do corredor.

-- Claro, com licença. _ saio e nem olho na direção de Fabiola, sei que deve estar querendo me perguntar como tudo aconteceu. Sigo o medico pelo corredor até que ele para em uma porta.

-- Ela esta nesse quarto, não fique muito tempo, vou buscar a amiga dela para vê-la também. _ diz e sai pelo mesmo corredor.

Respiro fundo algumas vezes antes de bater na porta, a ouço dizer para entrar, a voz é rouca, deve ser por conta que acordou há pouco tempo. Empurro a porta devagar e coloco a cabeça para dentro e peço licença, de onde estou não dá para vela direito, então fecho a porta e sigo em sua direção e em nenhum momento ela deixa de me olhar, me analisando, acho que tentando me reconhecer de algum lugar.

-- Boa noite fico feliz por estar bem e acordada. _ digo quando finalmente chego perto e posso ver bem o seu rosto e seus olhos me deixam hipnotizado, são de um caramelo incrível. Não consigo desviar os olhos dos dela, é impressionante, de todas as mulheres que já passaram em minha vida, nenhuma me deixou tão preso assim, com um simples olhar.

-- Boa noite, obrigada por ter salvado a minha vida. _ ela diz desviando os olhos envergonhada, acho que estava olhando de mais para ela. – Só queria agradecer e me desculpar por ter lhe tirado de seu caminho. _ ela diz em um sotaque diferente, não sei identificar.

-- Não tem problema algum, faria isso por qualquer pessoa. _ digo e ela parece decepcionada, mas passa rápido, logo ela sorrir.

-- Desculpe, estou aqui falando e nem me apresentei, prazer eu sou a Sophie Ramos, e você. _ ela realmente não sabe quem eu sou bom saber. Quando pensei em falar uma mentira, Fabiola entra no quarto.

-- Que susto mulher, não faça mais isso. _ ela diz abraçando a Sophie. – Pra sua sorte o senhor Barreto estava por lá e lhe socorreu. Obrigada chefinho. _ ela diz e estende a mão para mim, Sophie me encara de olhos arregalados.

-- Chefinho, nosso chefe. Você. É. O. Meu. O. Nosso. Chefe? _ ela pergunta espantada. Sorrio para ela sem graça e concordo. – Meu Deus, que vergonha meu pai, fui carregada por meu chefe para um hospital, tenho certeza que é caro e nem Dino eu tenho para pagar. _ ela diz desesperada, acabo sorrindo do desespero dela.

-- Não se preocupe com isso, esta tudo sobre controle, você é minha funcionaria e esta tudo na conta da empresa. _ digo e ela suspira aliviada, mas depois dispara.

-- Mas com certeza vai ser descontado de meu salario, eu preciso dele completo, como vou mandar dinheiro para minha mãe agora. Vou precisar arrumar outro trabalho para completar a renda. _ ela dispara a falar e eu apenas acho graça, ela nervosa fala mais em seu sotaque.

-- Já disse esta na conta da empresa e não será nada descontado do seu salario. _ digo firme e encaro Fabiola. – Cuide disso amanhã Fabiola. _ digo e ela concorda. – bem, agora vou deixar você descansar. _ digo e quando ia falar mais, a porta é aberta outra vez com tudo, agora por um homem.

-- Meu Deus pequena me deu um baita susto, achei que tinha te perdido pra sempre. _ ele diz e não gostei do que ele disse, encaro a cena dele abraçando a Sophie e meu corpo treme de raiva e nem sabia o porquê, acabei de conhecer essa mulher.

-- Menos Fábio, não é pra tanto e não me faça pagar um mico na frente de meu chefe. _ Fabiola diz e ele me encara. – Desculpe senhor, esse é meu irmão Fabio, sem noção. _ ela diz e eu concordo.

-- Não se preocupe Fabiola, o entendo só esta preocupado com a saúde da namorada dele. _ digo e minha boca fica amarga com as palavras. Sophie ia dizer alguma coisa, mas o medico entra no quarto.

-- Parece que esse quarto esta ficando pequeno demais para tanta gente. _ diz nos encarando. – Ainda bem que cheguei na hora certa, vim lhe dar alta, já pode ir para casa, esta melhor, só precisa ficar de repouso por esses dias e ficara novinha em folha. _ ele diz, e pela cara dela já iria reclamar pelo trabalho.

-- Pode ter certeza que ela ficara em repouso doutor. _ digo firme. – Se considere de folga esses dias e só apareça na empresa segunda – feira, bem boa noite a todos e Fabiola, veja isso para mim e me mantenha informado. _ digo e logo saio do quarto, não estava aguentando ver o casalzinho junto.

Não entendo o que deu em mim, desde que levei aquele fora de Amanda na escola, nunca mais tinha me interessado por alguém, nem com Amanda tinha me sentido assim, depois que entrei na faculdade e no time, meu corpo mudou muito, do cara nerd e gordo, me transformei não só no nerd mais bonito, mas também no mais cobiçado, Biel dizia que estava tirando o posto dele de mais pegador, mas eu só estava aproveitando as chances que a vida me dava e isso continuou quando entrei para o profissional e a mulherada só melhorava, nem precisava dar em cima, bastava um olhar e elas já estavam em minha cama.

E agora um homem feito e resolvido, com a fama que adquiri no esporte e agora como advogado, mulher é que não falta e aqui estou eu me sentindo estranho por conta apenas de uma morena linda de olhos cor de mel, só de lembrar-se daqueles olhos, sinto meu corpo formigar, mas logo me lembro de que ela é comprometida, nunca me envolvi com nenhuma mulher comprometida, não que eu saiba kkkkkk.

Depois que chego em casa e pego as chaves para entrar, sinto o repuxar em minha mão onde eu cortei. Abro a porta e sigo direto para o meu quarto, preciso de um banho, de preferencia frio para acalmar meus nervos e esfriar meu sangue. Não sei quanto tempo fiquei no banho, sair de lá já sentindo frio por conta da agua. Desci e fui procurar alguma coisa para comer, já que não tinha jantado nada por causa do que aconteceu.

#BoaLeitura

By Suel Osodrac