Raquel deixou suas palavras no ar e saiu da sala de reuniões, imponente, sem olhar para trás.Fábio não esperava que um homem de mais de quarenta anos fosse ameaçado por uma jovem de apenas vinte e poucos anos.Ele rapidamente ligou para Cláudio para relatar o ocorrido.- Não se preocupe com ela, faça como eu disse. - Cláudio minimizou a importância de Raquel. - Se algo der errado, eu assumo.- Sim, Sr. Cláudio.Fábio soltou um sorriso maléfico. Ele estava curioso para ver quanto tempo Raquel conseguiria se manter contente....Raquel e Pietro foram direto para a fábrica do Grupo Via Láctea.Greve dos trabalhadores?Por que motivo eles entrariam em greve de repente?A fábrica ficava nos arredores da cidade, uma jornada um tanto longa.Quando Raquel chegou lá, já era tarde.Ela nem mesmo havia almoçado, indo diretamente se encontrar com o gerente da fábrica, Marcos.Marcos não demonstrou o menor respeito por Raquel. Não era difícil deduzir que ele estava conspirando com Fábio, sendo um
Naquele momento, em frente à janela de um escritório no segundo andar, Marcos observou Raquel ser cercada pelos trabalhadores. Um sorriso sinistro surgiu em seus lábios, e ele rapidamente pegou o telefone para relatar a situação.- Sr. Cláudio, Raquel já está retida pelos trabalhadores. Ela não deverá conseguir sair tão cedo.Sentado no grande escritório do Grupo Gomes, Cláudio estava com um charuto na boca, atendendo o telefone.- Dê uma lição em Raquel.- Fique tranquilo, Sr. Cláudio, sei o que fazer.Cláudio desligou o celular, um sorriso triunfante nos lábios."Os velhos são mais espertos."Pensar que Raquel poderia competir com ele era simplesmente ridículo.- Pai, Raquel realmente foi para a fábrica? - Rafaela perguntou, um pouco surpresa."Não acredito que Raquel teve a audácia de ir a um lugar cheio de gente tão vulgar. Essas pessoas são incultas e bárbaras. Ela merece estar presa ali."- Deixe ela para lá. - Cláudio não estava nem um pouco preocupado com Raquel. - Chamei você
Na fábrica do Grupo Via Láctea.Por mais que Raquel tentasse explicar, os trabalhadores simplesmente não ouviam. Ela sabia muito bem que alguém estava instigando os problemas intencionalmente.Sem dúvida alguma, era um plano de Cláudio.Nem se ela perdesse a voz tentando, conseguiria acalmar essas pessoas hoje.Decidida e sem querer perder mais tempo, Raquel sussurrou para Pietro:- Dê um jeito de sair e chame a polícia.- Mas presidente, e você sozinha...- Não se preocupe, eu sei me cuidar.- Tudo bem. - Pietro não insistiu mais.Lentamente, ele se afastou de Raquel, mantendo uma distância segura.Como o alvo era Raquel, os trabalhadores não prestaram muita atenção em Pietro, que aproveitou a oportunidade para se espremer entre a multidão e chamar a polícia rapidamente.Ele não pôde deixar de admirar como a presidente manteve a calma em uma situação tão tensa. Ele nem sequer havia pensado em como sairiam dessa, imaginando que estavam presos ali pelo resto do dia.Depois de fazer a c
Raquel hesitou por um momento, mas finalmente entrou no carro com Michel.- Senhorita! - Os policiais se aproximaram para os deter. - Precisamos que vocês voltem à delegacia para prestar depoimento.- Pietro, vá com os policiais até a delegacia. O motorista ficará aqui esperando por você. - Claro, senhor. Você vai primeiro para o hospital. - Disse Pietro, apressadamente.Raquel e Simão ajudaram Michel a se acomodar em seu Maybach.O sedan disparou em direção ao hospital particular no centro da Cidade B, com Simão já tendo marcado uma consulta com o médico da família Mendes do banco do passageiro. Raquel ocasionalmente olhava para trás, para Michel.Ele estava reclinado no banco de trás, com os olhos fechados e o rosto ficando cada vez mais pálido."Meu Deus, onde exatamente esse golpe o atingiu? Ele quebrou algum osso ou machucou algum órgão..."Ela não ousou continuar esse pensamento, fixando seu olhar no GPS do carro, desejou já estar no hospital.Duas horas depois, chegaram ao des
Raquel sentiu seu coração agitar.Seria mentira dizer que não estava comovida.Mas...Ela controlou suas emoções, com uma voz um tanto baixa:- Você age assim com todas? Coloca sua vida em risco por todas as mulheres ao seu redor?- Só com você. - Disse Michel, palavra por palavra.- Então, eu sou especial de alguma forma?Michel arqueou uma sobrancelha.Percebeu que havia algo a mais no que Raquel estava dizendo.- O que te trouxe de repente à fábrica?Antes que Michel pudesse responder, Raquel mudou de assunto.Afinal, isso era um assunto pessoal dele. Que direito ela tinha de o questionar?- Thiago me disse que você estava na fábrica. Eu fui porque fiquei preocupado que você pudesse se prejudicar. - Respondeu Michel. - Ainda bem que cheguei a tempo.Senão...Michel nem queria imaginar. Se a pessoa deitada nessa cama fosse Raquel, ele ficaria furioso.Seus olhos também esfriaram visivelmente naquele momento.- Foi meu pai quem fez isso. - Raquel não escondeu nada de Michel. - Ele sem
Ainda mais que a excelência de Michel a fazia sentir que tudo era, simplesmente, irreal. Se levantou para comer algo e, após a refeição, seu estômago se acalmou significativamente. Durante esse tempo, por estar absorvida no trabalho, mal havia dormido o suficiente. Um cansaço avassalador a invadiu após comer e ela adormeceu no sofá. Quando acordou, já era noite.Raquel percebeu que alguém a cobriu com um cobertor fino.- Você acordou? - A voz profunda de Michel, cheia de magnetismo, rompeu o silêncio.Raquel deu um pulo, quase esquecendo onde estava.Um sorriso discreto cruzou os lábios de Michel, como se achasse a reação dela adorável. Raquel sentiu certa vergonha, seu rosto corou ligeiramente. Lutou para parecer composta e se levantou do sofá. Só ao olhar o relógio do quarto de hospital percebeu que havia dormido por mais de três horas. Ironicamente, ela veio para cuidar do doente, mas acabou dormindo mais profundo que ele.- Você quer ir ao banheiro? - Perguntou Raquel, tentando a
Raquel finalmente conseguiu ajudar Michel a se deitar na cama. O quarto de Michel era uma suíte VIP super luxuosa. As enfermeiras e auxiliares de enfermagem estavam todos fora na sala de estar, os deixando sozinhos no quarto. Simão, o assistente pessoal de Michel, estava inexplicavelmente ausente.Com os dois ali, sozinhos, o ambiente de repente ficou um pouco... constrangedor.- Quer comer alguma fruta? - Raquel buscou um tópico para conversar.- Hmm.- Maçã? - perguntou Raquel, observando as frutas no quarto.- Pode ser.- Ok.Raquel pegou uma maçã, lavou e começou a descascar com uma faca de frutas. Ela mesma não gostava de frutas, então raramente tinha em casa. Além disso, ela sempre estava ocupada, seja trabalhando no exterior, no Grupo Monteiro ou agora no Grupo Via Láctea. Então, ela realmente não tinha tempo para descascar frutas para si mesma. O resultado foi que a maçã descascada ficou irregular e malfeita.Raquel se sentiu um pouco envergonhada.Levantou os olhos, viu Michel
Finalmente, após o término da refeição, Simão deixou o quarto como se estivesse fugindo. Ao sair, fez questão de fechar a porta atrás de si de forma gentil. Raquel olhou para o relógio. Já eram dez da noite. Era hora de ir embora. Estava prestes a dizer algo quando...- Você poderia me ajudar a me limpar? - Michel interrompeu de repente.Raquel olhou para ele.- O médico disse que não posso tomar banho por enquanto.Ela sabia que ele estava proibido de tomar banho, mas será que era apropriado ela o ajudar a se limpar?- Não me sinto à vontade com homens me tocando. - Michel explicou.Uma série de pensamentos passou rapidamente pela mente de Raquel. Simão era homem, assim como o enfermeiro.- Se eu não me limpar, acho que não vou conseguir dormir esta noite. - Michel insistiu. - Por favor.Raquel respirou fundo. “A gratidão é a mãe do amor” e, nesse caso, a dívida dela com Michel era muito maior que uma simples gota d'água. Ela foi até o banheiro, encheu uma bacia com água quente e a co