Luiza olhou atônita para seu filho. Durante todos esses anos, nunca tinha sido repreendida dessa maneira por Cláudio. Normalmente, ela dizia algo e era aquilo. Mas, no hospital, diante de tantos médicos e enfermeiros, ele estava apontando o dedo e a repreendendo! Ela já estava em idade avançada, e agora sentia que sua dignidade havia sido completamente destruída.- Como ousa falar comigo nesse tom...O olhar de Luiza ficou marejado e ela mal conseguia conter as lágrimas, com a mão tremendo ao apontar para Cláudio. Ele estava furioso e não parecia se importar com o estado emocional de sua mãe. Se não fosse pelo medo de Raquel criar um grande escândalo que poderia afetar a reputação da Grupo Gomes e sua própria imagem na Cidade B como um filho devoto, ele nem estaria preocupado se sua mãe seria ou não enviada para a prisão. Estava farto dos caprichos de Raquel.- Pense no que você fez! - Cláudio disse com raiva, antes de se virar e sair a passos largos.Luiza sentiu a pressão arterial su
Ele concordou sem fazer nenhuma pergunta.No chat, Raquel escreveu: "Traga o Nico."Seus dedos hesitaram por um momento e, no final, ela deletou a mensagem.Ao sair do banheiro, trocou de roupa e saiu para fazer compras.Pensou que cozinhar um jantar não seria tão difícil.Ao retornar com os ingredientes, Raquel baixou um aplicativo de receitas e começou a seguir os tutoriais.Ao entardecer.A campainha tocou.Ainda usando um avental, Raquel rapidamente foi atender a porta.Na entrada, Michel segurava um buquê de flores, vestindo um terno preto e uma gravata prateada. Continuava formal e incrivelmente charmoso.- Vim diretamente do trabalho. - Michel explicou.Justificando sua vestimenta.Raquel sorriu levemente.Ela sabia que não era só por isso.- Entre.Ela pegou as flores de Michel e o ofereceu um par de chinelos.Depois de trocar seus sapatos, Michel entrou.Havia um aroma peculiar no ar.Era o cheiro da comida, mas parecia que havia algo mais.Michel olhou para os pratos já arrum
Raquel orientou Michel:- Experimente.Seus olhos, cheios de expectativa, brilhavam intensamente.Michel pegou os talheres e pegou um pedaço do peixe cozido ao vapor. Ele o comeu de forma polida e elegante. Sem expressões reveladoras no rosto, Raquel não conseguia discernir se ele achava delicioso ou não. Michel não deu opinião. Depois do peixe, ele pegou uma costela e logo após experimentou todos os outros pratos na mesa. Ao terminar, tomou um gole de vinho tinto.- Está bom? - Raquel, impaciente, perguntou.Michel, pausadamente, limpou o canto da boca e respondeu:- Sim, estava razoável. Bem saboroso.- Sério? - Raquel rapidamente pegou seus talheres, pronta para provar sua culinária.Os dedos longos de Michel seguraram sua mão. O cenho de Raquel se franziu.- Aqui, uma pessoa ficar com intoxicação alimentar já é o suficiente. - Disse Michel calmamente. Em seguida, ele tomou outro gole do vinho. Raquel entendeu o que Michel quis dizer com aquilo.Ela soltou a mão de Michel, decidid
Os dois olhares se encontraram.Algo parecia florescer entre eles, uma emoção indefinível.Raquel nunca imaginou que, após atravessar a escuridão de seu passado e a traição de Samuel, iniciaria tão rapidamente um novo relacionamento.Talvez ela não tivesse tanta confiança nesse novo amor.Mas de fato, ela deu esse passo.Seria porque Michel era incrivelmente persuasivo ou porque ela não era tão indiferente e desesperada quanto imaginava ser em relação ao mundo?Agora que haviam definido seu relacionamento, um silêncio desconfortável se estabeleceu entre eles.O ambiente quieto estava carregado de um embaraço palpável.- Você odeia a pessoa com quem já teve relações sexuais? - Michel falou de repente.Sua expressão permaneceu inalterada, mas algo em seus olhos revelava um nervosismo sutil.Raquel não sabia por que Michel a fazia tal pergunta.Talvez fosse porque, desde aquele incidente, ela passou a evitar homens.Ela respondeu:- Odeio.Houve uma ligeira mudança nos olhos de Michel.-
No dia seguinte, Raquel acordou e pegou o celular para encontrar uma mensagem de Michel: "Bom dia, minha namorada."Ela tocou suavemente os lábios com a língua.Sem perceber, um sorriso involuntário se formou em seu rosto enquanto lia a mensagem.Ela trocou de roupa, fez a maquiagem e saiu para o trabalho.Ao chegar à entrada do escritório, viu Cláudio, Luiza e Clara a esperando.- Raquel, você chegou. - Clara tomou a iniciativa de a cumprimentar calorosamente.Raquel os lançou um olhar penetrante, totalmente ciente do que eles planejavam fazer.Entrou no escritório e se sentou na cadeira.Os outros também entraram.Cláudio falou, sua postura era razoavelmente respeitosa:- Raquel, sua avó veio especialmente hoje para se desculpar com você.Terminando de falar, ele lançou um olhar rápido para Luiza.Luiza estava irritada por dentro. Ela realmente tinha que se humilhar e pedir desculpas a Raquel?Mas, pensando na possibilidade de ser presa, ela engoliu o orgulho.De qualquer forma, ela
- Eu realmente não posso fazer muito contigo. - Raquel falou, com um tom de resignação em sua voz.No íntimo, Luiza se alegrou, pensando que Raquel finalmente a deixaria em paz.A experiência sempre supera a juventude.Como Raquel poderia ser adversária para ela?- Afinal de contas, somos uma família e não deveríamos levar as coisas tão a sério. Então, você poderia ir à delegacia e retirar as acusações contra mim...- Eu quero dez por cento das ações do Grupo Gomes. - Raquel a interrompeu imediatamente.No instante em que as palavras saíram, as expressões de Cláudio e Clara mudaram instantaneamente.Clara até se excedeu um pouco:- Raquel, isso é ir longe demais!- O que a família Gomes tem a ver com você, uma estranha? Você tem alguma autoridade para me julgar?Raquel lançou um olhar frio em direção a Clara.Clara, atingida pelas palavras de Raquel, ficou vermelha, mas não conseguiu responder.- Isso é impossível. - Foi Cláudio quem falou.A determinação em suas palavras não deixava m
Os olhos de Clara estavam vermelhos de irritação. Finalmente, ela compreendeu o quão doloroso foi o tapa que Luiza a deu com todas as suas forças. Quando pensou que a surdez de Raquel era fingida, ela quase podia ouvir um zumbido contínuo em seus ouvidos. No entanto, ela não se atreveu a denunciar Luiza como Raquel fez. Ela ainda não tinha essa coragem. Tudo o que podia fazer era engolir sua raiva. O que ela achava ainda mais inaceitável era que dez por cento das ações do Grupo Gomes haviam sido dados a Raquel! Uma crueldade percorria os olhos de Clara, mas ela só podia se fingir de frágil na presença de Cláudio e Luiza. - Mãe, você me entendeu mal. Não é que eu não me importe com você, é que acho que Raquel é muito ingrata... - Cala a boca! - Luiza interrompeu Clara, furiosa. Luiza sabia melhor do que ninguém se Raquel era ingrata ou não. Mas o ponto era que ela não podia fazer nada contra Raquel agora, e isso a deixava furiosa. Raquel observava a família com indif
As notícias não paravam, não importava o quanto tentassem conter. Era como se houvesse uma força invisível impulsionando tudo. Durante toda a semana, nenhum outro assunto bombástico surgiu no país. Apenas as notícias envolvendo Rafaela e Samuel continuavam a figurar nos trending topics, cada dia com comentários mais venenosos. As ações das duas empresas também caíram vertiginosamente assim que o mercado abriu. Se continuasse assim, ambas as famílias iriam à falência por causa de um único escândalo, era algo sem precedentes.Marcelo, na presença de todos os diretores e executivos do Grupo Monteiro, não poupou palavras ao esbravejar contra Samuel: - Samuel, você não consegue conter nem uma única notícia? Por quanto tempo mais você planeja arrastar o Grupo Monteiro para o abismo?Samuel estava extremamente desconfortável. Ele inicialmente pensou que as notícias, com o tempo, seriam esquecidas. No entanto, ele não esperava que continuassem a ser um assunto popular. Obviamente, al