❀ Capítulo 10 ❀
O pátio a céu aberto abrigou todos os discípulos do Pontífice para treinar os movimentos de artes marciais. Eram técnicas mistas, braços que moldavam o vento, pernas que acionavam o chão e até giros para o fogo e para a água. O professor não pegou leve, ensinando a coreografia e exigindo agilidade.
Mãos para cima erguiam a neve do chão, mãos para baixo faziam o vento ondular o vestido cinzento dos discípulos. Um pulo ou dois fazia o chão vibrar e até as árvores ficarem mais floridas, enquanto o giro esqu
❀Capítulo 11❀O belo ruivo de olhos ardentes, Jesade Vor, tinha se agrupado com um de seus irmãos: Jesade Jal, e um dos herdeiros do clã das areias, Cnoll Lux. Essas três pessoas eram como fogo na palha, que se espalha rapidamente e queimam os campos de flores em segundos.Separados, talvez fossem pessoas neutras, nem boas nem más, apenas reagindo conforme as dores e alegrias em seus corações, mas unidos, eram uma bomba prestes a explodir.Apesar de terem quase a mesma idade, Jesade Jal não ousava competir com o primeiro filho e tamb&ea
❀Capítulo 12❀Xelmor Zuni-Puna avaliava orgulhoso uma das esculturas de madeira, pedra e vidro, quando discípulos do Pontífice vieram correndo:— Mestre! Mestre! Estão brigando do outro lado do morro! — Os alunos de vestes cinzentas vinham esbaforidos.O idoso franziu o cenho, mas apressou os passos. Conforme passava pelas áreas, os discípulos se uniram. Chegaram aos pés do morro, na última área de estudo, onde a cena que se desenrolava era de doer os olhos.Xelmor
❀Capítulo 13❀Jasade Nian parou de andar. Flocos de neve caíram do céu tingindo seus cabelos vermelhos escuros. O coração estava acelerado, doendo, enquanto descia as escadas para a Ala Sudeste, em que ficavam os aposentos do Clã do Povo do Fogo.Levou os dedos para o meio da testa, franziu as sobrancelhas afiadas. O crânio latejou, como se estivesse prestes a explodir. A pontada lancinante mexia com seus sentidos e causava tontura.Segurou no corrimão de madeira das escadarias e perdeu o fôlego. Sentiu dor de estômago, enj&
❀Capítulo 14❀— O castigo foi encerrado. Estão dispensados. — O professor Xelmor Zuni-Puna avisou.Ao ouvir aquelas palavras todos desceram das espadas, mas Benent Nah foi o único que caiu sem forças na neve. Seu irmão pensou em socorrê-lo, mas para variar, Kiadorov Ras foi mais rápido.O navegante e príncipe de Cahyst não se importou com suas dores no pé. Ele era acostumado a castigos piores e seu velho professor não passava nem perto do Mestre
❀Capítulo 15❀O professor estava explicando sobre as pétalas da Flor Mística. Aquela aula teórica deixava todos com sono e especialmente aqueles que tinham ficado até de madrugada na enfermaria, sentiam vontade de dormir.— A Flor Mística, como vocês sabem, foi dada aos homens de presente pelos Deuses, mas há enfermidades que a atacam, mudam sua essência, como por exemplo a influência de demônios. Vou contar a vocês a triste história que relata o fim de Valevendra, uma cidade próspera onde hoje só restaram ruínas...
❀ Capítulo 16❀— Acha que teve a ver com as armas místicas? — Kiadorov Ras serviu-se de carne com legumes e sentou ao lado de Benent Nah para conversar no refeitório. — De repente aquele homem demoníaco queria uma arma mística, mas como nunca poderia ter, aprisionou a alma de seu mestre para poder usar a espada sagrada dele.— Eu não vivi aqueles tempos, seria errado da minha parte especular. — A Beleza das Neves apenas pegou uma pílula de Dama do Despenhadeiro e engoliu, antes de tomar um caldo doce de arroz e comer um palitinho de queijo frito.
❀ Capítulo 17 ❀O grupo de discípulos passou por muitos treinamentos até que chegasse o dia do Segundo Desafio do Pontífice. Era uma manhã ensolarada que não tinha forças para derreter a neve em que se encontravam. Os cabelos e as vestes balançavam junto com o vento frio.Xelmor Zuni-Puna havia dividido os grupos e anunciou:— Nessa atividade vocês terão que desenterrar um tesouro valioso. Ele se encontra por essas montanhas gélidas e somente aqueles com bons olhos saberão onde encontrar. Vão!
❀ Capítulo 18❀— Está escutando esses barulhos? — Cnoll Lux arregalou os olhos castanhos escuros em forma de espanto.— Ai! — Benent Tol cobriu os ouvidos com ambas as mãos, a pulseira de ouro reluziu com a entrada de luz por entre as nuvens gélidas da montanha. — Eu vou esperar lá embaixo, quando acharem a pedra me procurem.A menina desceu correndo a montanha, segurando suas vestes bufantes e o manto de veludo, incapaz de escutar mais um segundo aqueles sons.Ao vê-la desesperada e com o rosto todo vermelho envergonhado, Cnoll Lux deu uma risada.— Benent Tol é tão dest