Capítulo Sete

Grace

Esse dia realmente não foi como imaginei, muito menos está terminando como pensei que terminaria, com certeza o pensamento de estar dentro do carro do meu chefe indo para uma fazenda de árvores depois da conversa mais louca que já tive na minha vida que envolvia uma proposta para que eu seja sua namorada falsa para o natal, nunca passou pela minha cabeça nem nos meus sonhos mais loucos. Estou me questionando se aceitar essa proposta sem cabimento foi o meu movimento de rebeldia atrasada, eu sempre fui à garota que fez tudo o que os outros esperavam e organizei minha vida para que ela ocorresse totalmente planejada, em questão de um mês eu terminei com o meu namorado com quem achei que iria casar e ter filhos, me empurrei para morar finalmente sozinha e agora aceitei uma proposta aleatória e totalmente sem muita explicação do meu chefe para não só sair do estado, como mentir para toda sua família enquanto me aconchego nele e sorrio dizendo o quão bom namorado ele é para mim. Se isso não for meu ato de rebeldia, nada mais será.  Provavelmente Brinna ficará muito orgulhosa de sua irmã caçula.

Solto o ar dos meus pulmões assim que me lembro da minha irmã. Oh senhor! Ela nunca mais me deixará em paz quando souber o que acordei com Mrs. Sullivan, pior ainda ela vai deixar muito claro o que acha que nós dois poderíamos está fazendo... No Texas... Na frente da família do meu chefe... Acho que não consigo respirar, eu preciso abortar esse plano.

– Mrs. Sullivan – Chamo saindo dos meus pensamentos um pouco apavorada ainda, olho para o perfil do homem e preciso de um momento apenas para absorver tudo isso. Os cabelos negros em um corte baixo, o maxilar quadrado com a barba bem aparada, as bochechas altas e o nariz reto, o homem ri de cima do seu trono de beleza e gostosura de todos os outros mortais que caminham nessa terra.

– Baby – A voz rouca me chamando de baby faz meu estômago retorcer de um jeito estranho e desconhecido, ele sempre me chamou de querida e levou um tempo para eu me acostumar com isso, mas baby como ele começou hoje mais cedo não sei se algum dia me livrarei do frio na espinha que a palavra saindo de seus lábios causam em meus nervos – Você tem que parar de me chamar de Mrs. Sullivan pelo menos fora da empresa, quando estivermos em casa você terá que me tratar de forma menos formal..

– Desculpe – Murmuro – Mas Mrs. Sullivan…

– Baby é Tristan – Seus olhos passam rapidamente pelo meu rosto e ele sorri me fazendo derreter um pouco e perder meus pensamentos, esse homem é um perigo para qualquer mulher – Fale meu nome.

– Tristan – Testo em minha língua baixinho.

– Grace?

– Tristan – Falo mais alto levantando meus olhos do meu colo para alcançar seu perfil, que se vira imediatamente assim que o nome sai da minha boca, e ele me olha engraçado por alguns segundos antes de balançar a cabeça para si mesmo e voltar atenção para a estrada.

– Você já pensou em que tamanho de árvore você quer? – Mrs. Sullivan... Tristan limpa a garganta e pergunta enquanto entra na fazenda onde mesmo sem sair do carro já posso sentir o cheiro de pinho.

– Acho que uma média, meu planos era comprar a maior que eu achasse, mas como não vou ficar em casa esse ano... Acho que uma média servirá. Ano que vem será a maior.

Tristan estaciona o carro e se vira para mim me dando um sorriso de boca fechada parecendo pensativo.

– Aposto que sim – Ele fala perdendo os olhos nos meus – Acho que provavelmente ano que vem posso comprar uma árvore também, quem sabe não fazemos isso juntos... De novo?

– Claro, eu posso ajuda-lo com sua árvore, sei tudo sobre elas.

Seu sorriso discreto e olhos em mim me fazem tão autoconsciente que eu não consigo controlar minhas bochechas esquentarem.

– Vamos lá baby, antes que fique muito escuro para que você corte sua árvore.

Desço do carro e espero que Tristan pare ao meu lado olhando o galpão onde eles preparam as árvores escolhidas para irem para suas famílias alegrar seus natais.

– Você acha que eles me deixariam usar o machado? – Pergunto pensativa e um pouco excitada com a ideia fazendo meu chefe ri.

Nunca achei que veria esse lado descontraído de Mrs. Sullivan, ele é sim um bom patrão que fala com todos, cumprimenta e dá sorrisos de vez em quando, mas é totalmente sério na maioria do tempo submerso em suas obrigações na empresa, acho que o peso de ter construído algo tão grande ainda sendo tão novo é ainda maior do que normalmente um CEO carrega, e ele leva tudo com um grande comprometimento às todas as coisas sendo feitas dentro da Sullivan Consolidated, não mostrando muito do que ele é fora do papel de presidente de uma grande corporação. É bom descobrir esse outro lado dele.

– Não vamos machucar essa lindas mãos tentando acertar em um tronco – Tristan segura minha mão por um segundo passando o polegar por cima dos meus dedos, me trazendo uma pequena carga de energia que se dissipa tão rápido quanto seu toque, me deixando ansiando por um porquinho mais da sensação – Dessa vez eu corto para você... Porra não faça beicinho... – Tristan murmura em cima da respiração e eu puxo meu bico para dentro rapidamente quando percebo que realmente estou fazendo beicinho.

– Eu não estava fazendo beicinho – Minto e ele sorri

– Baby...

– Você sabe cortar uma árvore?

– Eu nasci no Texas querida, moro em Nova York agora, mas metade da minha vida passei em uma cidade pequena cuidando de cavalos.

Verdade. Às vezes me esqueço de que ele não nasceu em nenhum berço de ouro que tudo foi construído com muito suor e luta, essa é uma das coisas que me fazem o admirar tanto, nada do que Mrs. Sullivan tem hoje o faz esquecer tudo o que ele passou para chegar aqui, suas raízes estão enfiadas em solos fortes provavelmente no Texas e nunca sairão de lá.

– Vamos lá, pegar sua árvore – Tristan pousa sua mão em minhas costas e me conduz para o galpão para falar com um dos funcionários, enquanto ele pede instruções á um garoto que não deve ter mais que dezesseis anos que explica como podemos adquirir uma árvore minha atenção está totalmente na mão quente queimando em minhas costas, Tristan está uma distancia confortável de mim, mas seu toque é algo novo e diferente que tenho que me acostumar, acho que ele está fazendo tudo isso – A carona, o apelido mais intimo, os toques – Para quando estivermos no Texas eu não surte como estou agora.

Caminhamos com o garoto á frente e Tristan ainda ao meu lado com sua mão na base da minha espinha me equilibrando enquanto eu entro na floresta de pinhais com botas que não foram feitas para me aventurar em lugares irregulares, o sol começou a se pôr enquanto eu caminho entre as árvores olhando e catalogando a que ficará melhor no canto do meu apartamento novo já demarcado exclusivamente para ela.

– Baby alguma coisa? – Tristan para e me faz encara-lo, ele é deliberadamente mais alto, mesmo estando em saltos o homem é uns oito ou dez centímetros á mais que eu.

– Eu gosto daquela – Aponto para uma árvore alguns metros a nossa esquerda que passamos uns minutos atrás – Ela encaixará perfeitamente para o que tenho planejado e não precisarei comprar enfeites extras.

– Sua esposa tem um bom olho senhor – O garoto fala alcançando o machado e já caminhando em direção onde minha árvore escolhida está

Eu o acompanho sem esperar por Tristan e sua mão quente mexendo com os meus sentidos, mas posso senti-lo mesmo sem vê-lo com olhos queimando em minhas costas.

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