Capítulo 7
Gustavo, pelo jeito que estava, já sabia que aquele terreno ia vender bem. Só que ele desistiu de comprar e deixou pro Steven como um favor.

Isso era bem a cara do Gustavo.

- Eu só fiz um elogio, você está entendendo errado. - Juliana disse séria.

Gustavo franziu a testa, como se estivesse avaliando se Juliana estava falando a verdade ou não.

Mas era lógico, com a cabeça que Juliana tinha, como ela saberia o valor futuro daquele terreno nos próximos anos.

Gustavo achou que estava pensando demais.

- Melhor assim.

Com isso, Gustavo não deu muita bola pra Juliana e levou Viviane para conhecer outras pessoas.

Quando estava saindo, Viviane deu uma olhadinha meio desculpada pra Juliana. Mesmo que fosse disfarçado, Juliana viu um sorrisinho vitorioso no olhar da Viviane.

Juliana tomou um gole de champanhe. Agora ela era vista pelos outros como uma fracassada, a mulher que perdeu o marido.

O marido não só deixou a esposa recém-casada pra ficar com outra mulher, como ainda levou essa outra mulher pra conhecer os parceiros de negócio.

Tinha coisa mais ridícula que isso?

Juliana estava frustrada. Ela queria aproveitar a chance pra conhecer mais gente importante, mas com o Gustavo saindo assim, ficou difícil chegar perto desses caras.

Como é que ela ia conseguir se aproximar desses empresários sem parecer forçada?

Juliana olhou ao redor e viu um piano não muito longe dali.

Um sorrisinho malicioso apareceu nos lábios dela.

Ela tinha uma ideia!

Juliana foi até o piano, cumprimentou o pianista rapidinho e sentou.

Desde pequena, como filha da família Oliveira, ela teve que aprender um monte de coisa, e na vida passada isso nunca serviu pra nada. Mas agora, veio a calhar.

Já fazia um tempão que ela não tocava piano, mas um hábito era difícil de perder.

Logo, as teclas do piano estavam sendo tocadas com maestria por Juliana, e uma melodia suave começou a preencher o salão, combinando perfeitamente com o clima da festa. Todo mundo ficou hipnotizado pela música de repente.

Muita gente até virou na direção dela, e quando a música acabou, veio um aplauso geral.

Viviane, vendo que Gustavo parou de falar com os empresários, ficou de olho em Juliana, e resolveu comentar de propósito:

- Juliana é muito talentosa, até toca piano.

- Afinal, ela chegou até o décimo grau no piano. - Gustavo disse sem entusiasmo.

Entre eles, tinham vários que sabiam tocar piano, e o nível dez no piano era bem comum. Dava pra dizer que todo mundo ali entendia de música, então o fato de Juliana receber tantos aplausos mostrava que ela sabia o que estava fazendo.

Mas quando Gustavo falou do nível dez no piano, ele foi bem de boa.

Foi aí que Viviane percebeu a diferença entre ela e Juliana.

Ela achava que Juliana só tinha sorte de ser bonita e não servia pra nada, mas agora viu que estava bem enganada! Ela estava totalmente errada!

Quando Juliana terminou de tocar, várias mulheres da alta sociedade foram falar com ela.

Apesar de não poder chegar diretamente nos empresários, era mais fácil chegar neles através de suas esposas.

- Não sabia que a Srta. Juliana tinha esse talento todo no piano. - No canto, Tiago estava encostado no corrimão do corredor.

- É, não é ruim. - Alexandre concordou.

- Você, que não entende nada de música, tá falando isso por quê?

- Não entendo, mas gosto.

Ele não entendia nada de música, mas como era a Juliana tocando, aí ficava diferente.

Juliana foi até o banheiro, mas no meio do caminho, quando chegou na esquina, uma mão apareceu e a puxou pra um canto discreto. Por instinto, Juliana tentou gritar, mas a boca foi tapada pelo homem por trás.

- Não se mexe. - O homem falou baixinho.

Sentindo o peito quente dele nas costas, Juliana respirou fundo e então mordeu a mão dele no susto.

- Ah! - O homem gemeu de dor. - Você mordeu de verdade?

O homem soltou Juliana. Juliana logo se afastou do homem e viu quem era. Ela ficou pasma olhando pra ele.

- Alexandre?

- Quem mais você esperava?

- O que você tá fazendo se esgueirando assim?

- Entrei de fininho, não queria ser visto.

- Você tá brincando, né? O Sr. Diego é seu... - Quando ia falar, Juliana logo fechou a boca.

- É o quê? - Alexandre arqueou a sobrancelha.

Vendo a expressão de Alexandre, Juliana desviou o olhar, meio culpada.

Na vida passada, depois que o Sr. Diego morreu, ele deixou toda a fortuna pro Alexandre, mas ela só soube disso depois. E até agora, ninguém sabia que Alexandre era neto do Sr. Diego.

- Eu quis dizer, o Sr. Diego é uma pessoa amigável, e você, afinal de contas, é o dono de uma empresa internacional. Mesmo se você entrar de fininho, ninguém vai ousar dizer nada.

- Talvez, mas eu sou do tipo que prefere ser cauteloso.

- Não me diga que você veio furtivamente aqui só para me dizer essas coisas. - Juliana disse.

Ela realmente não achava que Alexandre seria tão sem graça.

- Isso é pra você. - Alexandre entregou o contrato que estava segurando para Juliana.

- Só por isso? - Juliana deu uma olhada e viu que era o contrato de empréstimo de oito bilhões.

Alexandre assentiu.

- Que tédio. - Juliana assinou diretamente e jogou o contrato de volta para Alexandre.

Vir até ali no meio da noite só para assinar um contrato com ela, ainda por cima na porta do banheiro feminino!

- Como seu credor, será que posso te fazer uma pergunta?

- Pode.

- Por que você gastou dez bilhões naquele terreno. - A voz de Alexandre era profunda, sempre com um toque sedutor, fazendo com que as pessoas se sentissem compelidas a responder suas perguntas.

- Ainda não posso te dizer. - Juliana apertou os lábios.

- Se eu realmente quiser saber?

Ele podia perceber que Juliana tinha outros planos ao comprar aquele terreno. Mas ele não conseguia entender por que um terreno valeria dez bilhões.

Claramente, era um negócio ruim, mas aos olhos de Juliana, ela achava que o terreno tinha um valor muito maior do que dez bilhões.

- Se eu te disser que daqui a seis meses, aquele terreno terá um grande valor, você acredita?

- Não acredito.

Pelo menos por enquanto, ele não conseguia ver nenhum indício disso.

- Se eu te disser que os terrenos ao redor daquele terreno baldio estão prestes a ser vendidos como terrenos de alto padrão?

- Que terrenos de alto padrão? - Alexandre franziu o cenho. Como é que ele nunca ouviu falar disso?

- Você logo vai descobrir. - Juliana sorriu e contornou Alexandre para entrar no banheiro.

Alexandre franziu o cenho enquanto caminhava até o saguão, Tiago perguntou:

- Já assinou?

- Sim.

- Por que essa cara de preocupação?

- Juliana comprou aquele terreno baldio e agora diz que os terrenos ao redor serão de alto padrão?

- Não, não serão.

- Vá verificar, quem são os proprietários dos terrenos ao redor daquele terreno baldio, quanto antes melhor.

- A área ao redor daquele terreno baldio é uma zona de esgoto, não tem nada para verificar, ninguém vai construir nem um campo de basquete lá.

- Zona de esgoto? - Alexandre ficou surpreso.

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