Antes, não importava o que Pedro dissesse, Joana sempre acenava com a cabeça de maneira obediente.Mas dessa vez, ela respondeu:— Não dá. Meu irmão só quer o Santa Clara, o sonho dele é ser médico lá.Pedro sorriu de canto:— E o que o Lucas disse sobre isso?— O Lucas tentou falar com o chefe do departamento de cirurgia hepato-biliar, mas não deu certo.Os olhos de Pedro brilharam por um momento:— Deixa isso comigo.Joana ficou surpresa e animada:— Você tem uma solução? Mas você não disse que era impossível?— Vou tentar o que puder. — Pedro garantiu. — Para você, farei o possível.Joana, com um sorriso, respondeu:— Sr. Pedro, sou muito grata.— Não precisa agradecer. Lucas e eu somos como irmãos. Não precisa de formalidades entre nós.Aproveitando a deixa, Joana perguntou:— Você é tão bom... Por que você e a Mariana se dão tão mal? Será que não há um mal-entendido entre vocês?Ela já tinha ouvido falar que os amigos de Lucas não gostavam de Mariana.Pedro respondeu com
Lucas, segurando seu pulso, disse:— Não precisa. Pode descansar.— Não estou cansada.— Senta.Sabendo que Lucas não discutiria mais, Joana se sentou obedientemente.Pedro então comentou:— Joana te trata tão bem, sabia? Você não acha que deveria ser mais gentil com ela?Joana, tentando suavizar a situação, disse:— Lucas está apenas exausto. Ouvi dizer que ele trabalhou a noite toda. Deve estar muito cansado.— Joana é tão atenciosa, uma mulher incrível, perfeita para um lar. — Pedro sorriu, provocando: — Alguém aqui é muito sortudo.Lucas queria mandar Pedro calar a boca, mas ao olhar para Joana, se segurou.Quando Joana foi ao banheiro, Pedro finalmente comentou:— Eu realmente acho que a Joana é uma boa pessoa.— Como se eu não soubesse?Pedro insistiu:— Então por que...— Desde quando você virou fofoqueiro? — Lucas o encarou, alertando: — Não falar é uma opção válida.— Você voltou tão rápido para o Brasil por causa da Mariana, né? — Vendo o olhar ameaçador de Lucas, Pedro acres
Anteriormente, quando Lucas ligou para Mariana, ela estava no meio de uma consulta.Embora estivesse com o tornozelo machucado e não pudesse realizar cirurgias, ainda conseguia atender pacientes.Quem atendeu a ligação foi Paulo, e mais tarde ele contou para ela o que aconteceu.Disse que Lucas estava fora de si, falando absurdos, e que ele o rebateu sem rodeios.Mariana conhecia bem o temperamento de Lucas, assim como sabia que Paulo não levava desaforo para casa. Era normal os dois trocarem farpas.Agora, vendo Lucas acordar e encará-la com um olhar mortal, como se quisesse matá-la, Mariana não teve escolha a não ser interrompê-lo, antes que ele perdesse o controle.Pacientes com concussão não podem se estressar, isso pode agravar a condição.Mas Lucas não sabia disso. Ao lembrar das palavras de Paulo e ver a atitude de Mariana, ele tentou se levantar, irritado.Antes que pudesse dizer qualquer coisa, seu corpo balançou e uma leve tontura o atingiu, fazendo sua postura imponente desa
Joana arregalou os olhos, assustada:— O quê? Sério? Lucas, você está bem?— Ele está bem, só tem um problema no cérebro. — respondeu Mariana, com sarcasmo.Lucas a encarou furioso:— O problema é o seu cérebro!Os dois trocaram farpas, e Joana, assistindo à cena, não pôde deixar de pensar na expressão “briga de casal”.Ela já estava insegura com relação a Mariana e Lucas, então, virou-se para Mariana e disse:— Mariana, o Lucas está machucado. Você realmente acha certo provocá-lo? Por que não vai embora? Eu posso cuidar dele.Mariana respondeu com um sorriso:— Claro, você pode cuidar dele. Afinal, contratar uma enfermeira custa dinheiro.Sua resposta, implícita, era que Joana seria uma cuidadora gratuita.Antes que Joana pudesse reagir, Mariana continuou:— Mas, se algo grave acontecer, você deve me avisar. Afinal, sou eu quem decidirá se ele precisará ser desconectado dos aparelhos.Com essa frase, Mariana deixou os dois sozinhos e saiu da sala, manobrando sua cadeira de rodas
Bloquear Pedro deixou Mariana com uma sensação de alívio.Paulo, notando sua tranquilidade, perguntou:— Você vai deixar a Joana cuidar do Lucas no hospital?— E o que eu poderia fazer? Se eu me opor, vai adiantar? — respondeu Mariana com calma.— Então, você já decidiu? — Paulo sabia do que estava falando.Mariana ficou em silêncio, e ele continuou:— Ou você está preocupada que o João vá se opor?Mariana sabia que a palavra "oposição" seria um eufemismo.Ela podia facilmente imaginar João, seu pai, ficando furioso e talvez até ameaçando quebrar suas pernas, caso ela mencionasse a palavra "divórcio".Para João, a filha era muito menos importante que os negócios.Embora ele repetisse que Mariana herdaria tudo um dia, os sentimentos dele nunca pareciam genuínos.Paulo conhecia bem a família Pereira. Era uma família que, na teoria, deveria cuidar e mimar sua única filha. Mas a realidade era diferente.Quando pequena, Mariana fora criada pelos avós.Após a morte deles, Mariana já era
— Não foi nada sério. — disse Lucas, sem querer entrar em detalhes. — Eu disse para você não vir.— Como eu não viria sabendo que você sofreu um acidente? — Pedro continuou: — Mariana sabe? Ela apareceu?— Apareceu, sim. — Lucas falou com frieza. — Mas, sinceramente, era melhor que ela não tivesse vindo. Agora ela está mais afiada com as palavras, parece que só vem para me provocar.Pedro parecia surpreso:— Ela está diferente mesmo. Você sabia que ela me bloqueou? Simplesmente me bloqueou!Lucas olhou para ele:— Por que você ligou para ela?— Você está focando na coisa errada! — Pedro exclamou irritado. — Eu disse que ela me bloqueou! Como ela ousa?— Se ela teve coragem de me xingar, bloquear você não é nada. — respondeu Lucas com indiferença.Pedro ficou ainda mais intrigado:— Ela te xingou? Por quê? Por causa da... outra?Nesse momento, Lucas olhou para a porta, onde Joana acabava de entrar.Percebendo o que disse, Pedro ficou visivelmente desconfortável.— Joana, eu não quis diz
Na manhã seguinte, o assistente de Lucas apareceu no hospital para cuidar da papelada da alta.Quando entraram no carro, o assistente, já acostumado, perguntou:— Sr. Lucas, o senhor quer voltar para casa, tomar um banho e trocar de roupa?Lucas lançou-lhe um olhar firme e respondeu:— Para casa. O trabalho fica para amanhã.Amanhã? O assistente ficou surpreso. Isso significava que, hoje, Lucas não ia trabalhar?Era algo raro de se ver. O chefe, conhecido por seu vício no trabalho, estava tirando um dia de folga?Ao chegar em casa, Lucas percebeu que Mariana não estava lá. Irritado, ligou para ela e descobriu que ela estava no trabalho.— Você está com o pé machucado e ainda vai trabalhar? — ele gritou. — Volte para casa agora mesmo!Mariana, sem dizer nada, desligou o telefone na cara dele.Lucas pensou em ligar de novo, mas o orgulho falou mais alto. A raiva aumentava, e ele estava prestes a quebrar o telefone.Pouco depois, o carro do assistente voltou. O assistente pensou: "A
Pedro ficou perplexo:— Que porcaria é essa?Mas antes que pudesse entender, Lucas já havia mudado de assunto:— Se não tem nada para fazer, pode ir embora.— Você está agindo de forma muito estranha ultimamente. E você e a Mariana... — Pedro começou.— Você está realmente muito desocupado, não está? — Lucas interrompeu, com um tom ameaçador. — Vai embora!Pedro apoiou o cotovelo na janela do carro e disse:— Não me diga que você... se apaixonou pela Mariana?Ao ouvir isso, a expressão de Lucas ficou ainda mais sombria.Pedro, rindo, provocou:— Brincadeira! Todo mundo sabe que quem você gosta é... Tá bom, tá bom, parei de falar!Rindo, ele se afastou, mas as palavras de Pedro deixaram Lucas pensativo.Depois de algum tempo imerso em seus pensamentos, Lucas deu partida no carro e foi embora.Pedro, sorrindo com o canto dos lábios, observou o carro de Lucas sair.Ele decidiu continuar esperando.Só que o tempo foi passando, e Mariana, que havia mencionado um horário para sair, não apare