Fernando tirou um cigarro do bolso, acendeu do isqueiro e disse calmamente:— Já falei, o que dou não tem volta. Se não gosta, joga fora. Quanto ao jantar, fico esperando notícias suas.Depois disso, virou as costas e foi embora.Mariana ficou ali por alguns segundos, segurando o colar, antes de guardá-lo com cuidado. Ao se virar, deu de cara com Lucas.Sem hesitar, ela tirou do pescoço o colar que ele havia colocado e estendeu para ele:— É seu.Lucas rejeitou:— Comprei para você, é seu. E, aliás, tudo que está na casa também. Quando tiver tempo, vá buscar.Mariana balançou a cabeça, firme:— Não vou aceitar.Lucas bufou, visivelmente irritado:— Se não quer, joga fora!Era o segundo que dizia aquilo, como se dinheiro fosse algo que caísse do céu. Pareciam não dar valor a nada.Sem responder, Mariana colocou o colar de volta na bolsa, mas isso também não agradou a Lucas:— Não vai usar mais?Ela explicou:— Eu nunca devia ter pegado o dinheiro emprestado da Camila para as joias. Quem
Lucas bufou:— Me meter com ele? Foi ele quem resolveu agir como um velho querendo algo novo. Ficou interessado na Mariana.— Sinceramente, não acho estranho ninguém se interessar pela Mariana. Ela é incrível.Jaime deu uma olhada séria nele antes de continuar:— Aliás, sempre quis te perguntar: você estava cego? Como não enxergou isso antes?Lucas abaixou a cabeça, visivelmente desconfortável:— Para de falar isso, tá bom?Jaime foi direto ao ponto:— Saber que errou já é um começo. Agora, se arrepende de verdade e age. O que vale mais: reconquistar sua mulher ou manter o orgulho? Um homem de verdade sabe a hora de ceder. Fora de casa, você pode ser o cara, mas em casa, qual o problema em baixar a cabeça?Lucas ponderou por um momento e acabou concordando. Mesmo assim, não resistiu:— Você sabe tanto, mas até agora não arrumou uma namorada?Jaime revirou os olhos, visivelmente irritado com o comentário.Ele tentou confortá-lo com boa intenção, mas no final, Lucas ainda conseguiu acert
Ela continuou falando:— Você já tá nessa idade, né? Para de ser tão teimosa. Só vou falar uma coisa: aqueles lugares que você levou eu e Luísa, melhor evitar daqui pra frente.— O que tem de errado? Acho ótimo.— Ótimo? Ah, fala sério! O Sebastião não é do tipo que aceita tudo calado. Uma ou duas vezes ele até aguenta, mas continua assim para ver, você vai acabar magoando-o. Depois, quando se arrepender, já vai ser tarde.Camila deu de ombros:— Melhor ainda! Assim a gente corta logo o laço. Tô é esperando por isso!— Cala a boca um pouco! Você vive estragando tudo com essa língua afiada. Pode enganar os outros, mas não a mim. Você gosta dele, admita.Camila revirou os olhos:— Tá, tá bom, você venceu. Mas deixa isso pra lá. Meus problemas eu resolvo. Aliás, o Lucas foi?Mariana respondeu:— Foi sim. E não só ele. O Fernando também apareceu. Descobri que o colar que você pegou emprestado é dele.— O quê? Do Fernando? O colar é dele? Que história é essa?Mariana ficou surpresa:— Você
Ela voltou à capital para resolver algumas pendências: assinar contratos e cuidar da autorização de algumas patentes que estavam pendentes.Dessa vez, Mariana não levou Luísa e Camila junto. Apesar de ambas não terem compromissos importantes, não dava para ficarem grudadas nela o tempo todo.Além disso, ela já estava cansada das ideias malucas de Camila, com medo de acabar em mais alguma aventura em bares.A viagem seria curta, apenas dois ou três dias. Os contratos que ela precisava assinar eram com o instituto de pesquisa, incluindo a autorização de duas patentes. Já as outras seriam tratadas com parceiros diferentes.Mariana pensava que seria algo simples, uma reunião no escritório, assinatura dos papéis e pronto. Só que as coisas tomaram outro rumo. Disseram que ela seria convidada para um encontro em um resort de termais.Ao perguntar ao instituto, explicaram que era uma forma de estreitar o relacionamento com ela. Sem muita escolha, ela aceitou.De fato, normalmente contratos são
Diante do chefe, uma funcionária, esperta, comentou:— Aquela senhorita parece não gostar de cheiro de cigarro.Fernando abaixou o olhar para o cigarro entre os dedos. Fumava há vinte anos. Era um vício que não conseguia largar.Deu mais uma tragada antes de se levantar e sair.Ele pensou:“Sem pressa, terei outras chances.”Ele acabou de sair quando, cerca de dez minutos depois, outro hóspede apareceu para fazer o check-in.Um homem alto, de pernas longas, porte elegante e físico impressionante. O rosto, digno de uma estrela de cinema, mas com uma presença ainda mais imponente.Lucas terminou de fazer o registro, pegou a chave do quarto e subiu.Ele cronometrou a chegada para ficar em um quarto próximo ao de Mariana.Não estava errado. Fernando, para evitar que Mariana desconfiasse, havia propositalmente deixado de reservar para ela a melhor suíte, o que acabou facilitando a vida de Lucas.Ao sair do elevador, Lucas ainda estava verificando o número do quarto quando ouviu uma porta se
Mariana subiu no elevador e foi direto para o local combinado. Encontrou o parceiro de negócios, tratou do assunto e voltou ao quarto sem demora.Primeiro Fernando, depois Lucas.Ela pensou:“Se eu ficar no quarto e não sair, dá pra evitar esses encontros, né?”O plano era simples: assinar o contrato e ir embora.Enquanto estava no quarto, recebeu mais uma ligação de Camila:— Mariana, aquele Fernando tá atrás de você, toma cuidado!— Eu sei. Por isso mesmo tô no quarto, não pretendo sair. Assino o contrato e vou embora.Camila suspirou:— Ah, minha querida Mariana, você é boa demais. Esses cachorros não valem nada, mas o gosto deles é ótimo!Mariana deu um sorriso fraco:— Boa coisa eu não sou. Se fosse, não teria acabado divorciada.— Que isso! O divórcio foi porque você chutou o Lucas, não porque ele te largou. E olha como ele tá aí, te perseguindo igual um cachorro sem dono! Isso não prova que você é incrível? Você acha que gente rica é burra? Eles sabem muito bem onde investir, vi
Mariana explicou:— Sr. Fernando é muito direto, então vou ser também. Eu não sinto nada por você, desculpa. Prefiro que nossa relação se limite à de parceiros de trabalho.— Você não quer dar nem uma chance?Mariana respondeu sem hesitar:— Nem um pouco.Fernando riu, incrédulo. Era a primeira vez que uma mulher tinha coragem de falar assim com ele.Ele levantou a maleta de ferramentas que tinha na mão:— Certo. Dou um passo atrás, que tal sermos amigos? Ou pelo menos, posso consertar o chuveiro primeiro?Mariana não cedeu:— Não tô interessada. Já fui bem clara, e acredito que você entendeu. Não precisa fazer nada disso. Fernando, por favorFernando nunca tinha sido descartado tão na cara.Quando era pequeno, as pessoas o bajulavam pelo poder da família. E quando cresceu, ele mesmo conquistou seu prestígio e respeito.Mas hoje, uma mulher ousou humilhá-lo.Ele riu, balançando a cabeça:— Tudo bem, tudo bem, Mariana. Você realmente é diferente. Isso só confirma que não errei ao escolh
Mariana não tinha intenção de abrir a porta e perguntou diretamente:— Quem é?Lucas respondeu do lado de fora:— Sou eu, Mariana.— O que foi?Percebendo o tom frio na voz dela, Lucas suspirou baixo e disse:— O vovô fez uns exames no mês passado. Queria que você desse uma olhada nos resultados.Mesmo sabendo que Lucas poderia estar usando essa desculpa para se aproximar, Mariana não conseguiu recusar.Ela abriu a porta e perguntou:— O que aconteceu com ele?Lucas entrou com o relatório médico na mão. Mariana pegou o documento e começou a folheá-lo ali mesmo, sem nem se sentar.Os exames do senhor Gustavo não estavam ruins, mas o nível de gordura no sangue estava alto. O colesterol e os triglicerídeos estavam acima do ideal, especialmente o LDL.Após analisar os resultados, Mariana comentou com firmeza:— Vou ligar para ele mais tarde.Lucas acrescentou, com uma expressão séria:— Tem mais uma coisa que eu queria pedir, Mari.Ela olhou para ele, um pouco desconfiada, mas sem recusar: