Se pudesse voltar atrás, Lucas certamente não teria tratado Mariana daquela forma. Ele sabia, agora mais do que nunca, que fazer amor só era realmente prazeroso quando ambos queriam.Mariana continuava imóvel, sem qualquer reação. Lucas suspirou, resignado, e a ergueu nos braços:— Você não quer se mexer? Então acho que vou ter que te alimentar.Antes que ele terminasse a frase, Mariana se ajeitou sozinha na cama. Sem expressão, ela desceu, pegou a bandeja e saiu do quarto.Lucas a observou, e, por mais estranho que fosse, achou aquele comportamento adorável. Ele a seguiu até o andar de baixo, onde a viu comer o jantar em completo silêncio. Depois, insistiu para que ela ficasse com ele na sala, assistindo a um programa de notícias sobre economia.Quando a empregada se retirou, a casa ficou completamente silenciosa. Apenas os dois permaneciam na sala. Lucas olhou para Mariana, que estava sentada ao seu lado, quieta como sempre. Ele não resistiu e deu um beijo suave em seu rosto.Sem se
Tudo começou com uma ligação de Paulo para Gustavo. Embora Mariana tivesse ligado para Paulo antes, o Instituto ainda recebia investimentos da família Mendes, e muitas pessoas de lá também eram indicados por Paulo.Por isso, Paulo acabou descobrindo que Mariana não estava mais no Instituto.Mas para onde Mariana poderia ter ido? E, pior ainda, Paulo não conseguia entrar em contato com ela.Ele ficou desesperado e, sem outra opção, pediu a alguém que investigasse. Essa investigação o levou até Lucas. Paulo tentou ligar para Lucas, mas ele não atendeu. Isso só reforçou suas suspeitas de que Lucas estava envolvido.Paulo, que tinha sofrido uma fratura recentemente e já havia retirado o gesso, ainda estava proibido pelos médicos de realizar esforços físicos. Sem poder agir por conta própria, decidiu ligar para Gustavo.Assim que Gustavo atendeu, ficou perplexo:— O que você disse? Não consegue mais falar com a Mariana? E acha que o Lucas tem algo a ver com isso?Paulo explicou a situação e
Lucas não teve outra escolha a não ser procurar Mariana.Ela passava os dias entre a cama e a janela. Quando não estava deitada, costumava ficar sentada olhando para fora.Lucas não sabia o que ela tanto observava. Tentava puxar conversa, mas, não importava o que dissesse, recebia sempre o mesmo silêncio em resposta.Ele tinha plena consciência de que o que havia feito era inaceitável para Mariana. Mas, diante da perspectiva de vê-la partir, Lucas preferia mil vezes mantê-la ao seu lado, mesmo que isso significasse aprisioná-la.— Mariana. — Lucas se agachou ao lado dela, pousando a mão grande sobre os joelhos dela enquanto a olhava de baixo para cima. — Meu avô me ligou. Ele disse que está com suas saudades. Você pode responder para ele?As pestanas de Mariana estremeceram levemente antes de ela baixar os olhos para encará-lo.Ao perceber a reação, Lucas se apressou:— Mas, olha, vamos combinar uma coisa. Não conte nada para ele, está bem? Você sabe como ele é, e a saúde dele não está
Mariana olhou para Lucas com um olhar gélido:— Agora eu sei… Paulo é mil vezes melhor que você!— Eu sabia! — Lucas gritou, os olhos cheios de fúria. — Eu sabia que tinha algo entre você e ele! Nem seus pais suspeitaram de nada, mas ele? Ele foi direto procurar meu avô para perguntar sobre você. Claro que vocês…Mariana balançou a cabeça, interrompendo-o:— Não é só Paulo. Jaime, Felipe e até Carlos são melhores que você, Lucas. Você ainda não percebeu onde errou?— Você ainda pensa no Felipe? — A inveja e o ciúme tomaram conta de Lucas, fazendo-o perder completamente a razão. — Você sabe muito bem que ele é filho de uma amante! Sabe que foi por culpa da mãe dele que meus pais se separaram, e mesmo assim ousa falar dele na minha frente?— Pelo que eu sei, foi seu pai quem a forçou. Ela também foi uma vítima.— Uma vítima que teve o filho do homem que a violentou? Quem acreditaria que ela não tinha segundas intenções?Mesmo agora, Lucas continuava defendendo Afonso. Mariana sabia que A
— O que deve ou não ser dito, você sabe, não sabe? — Lucas falou, com um tom frio.Mariana permaneceu em silêncio.Lucas segurou o queixo dela, forçando-a a encará-lo:— Eu te dei chance atrás de chance. A minha sinceridade, você ainda não percebeu? Por que, mesmo assim, você ainda tem outro homem no coração?— Sua sinceridade? — Mariana retrucou, com um tom gélido. — Você chama de sinceridade me humilhar sem limites? Me forçar a fazer coisas contra a minha vontade?— Você já é minha mulher. Sempre foi e sempre será! Mesmo que nos divorciemos, eu sei que um dia você vai voltar para mim. E o que acontece entre marido e mulher… não é normal?— Eu não quero mais falar com você.— Claro que não quer. Desde que voltou para cá, você mal falou comigo. E eu? Estou me rebaixando na sua frente, implorando por um olhar seu. Se eu não tivesse te mantido aqui, se eu não tivesse te forçado, você acha que eu teria alguma chance de te ver novamente? De me aproximar de você?— Então, no fim das contas,
Gustavo atendeu a chamada de vídeo e, ao ver Mariana, seu rosto se iluminou de alegria:— Mariana? Onde você está? Está tudo bem com você?Mariana sorriu, tentando soar casual:— Vô, eu estou bem. Estava no Instituto, mas terminei tudo o que precisava e resolvi sair para viajar um pouco. Por isso, não consegui falar com o senhor esses dias.— O importante é que você esteja bem. Quando você volta? Estou com saudades.— Daqui a alguns dias. Assim que eu voltar, prometo que vou direto te visitar.Gustavo, que não a via há tempos, aproveitou a oportunidade para perguntar sobre várias coisas. Os dois conversaram por quase meia hora antes de encerrar a ligação.Assim que a chamada terminou, Lucas tomou o celular de volta.Mariana, com os olhos baixos, fixou o olhar no chão e perguntou suavemente:— Está satisfeito agora?— E quanto ao Paulo? Você já pensou no que vai dizer a ele? — Lucas perguntou, impassível.Mariana apenas assentiu com a cabeça, sem discutir.— Então, fale direito. Escolha
No pronto-socorro do Hospital São João.Após várias cirurgias, Mariana estava exausta e preparava-se para sair do trabalho. Enquanto trocava de roupa para ir embora, a porta se abriu repentinamente. Lucas apareceu na frente dela, vestido com um terno caro feito sob medida.O homem exibia uma postura nobre, seu rosto era austero e imponente, com sobrancelhas e olhos sérios. Seu nariz alto e lábios finos, com um queixo firme e bem delineado. Sem dúvida, ele tinha uma boa aparência.Porém, naquele momento, ele carregava nos braços uma garota pequena e delicada. Por trás de sua expressão fria, era impossível esconder o nervosismo. — Ela está ferida, dê uma olhada nela. — Lucas pediu.O olhar de Mariana pousou sobre o rosto da garota. Ela tinha uma aparência doce, com um olhar inocente. Mariana sabia que esse era exatamente o tipo de mulher que Lucas gostava. Mesmo depois de tantos anos, o gosto dele não mudou nem um pouco.— Onde você está machucada? — Mariana perguntou.— Torci o tornoz
O homem tinha uma aura fria e nobre, típica de alguém acostumado a altas posições, mas carregava uma simples sacola plástica preta. Sem dúvida, dentro dela estavam os produtos de higiene íntima que Joana precisava no momento.Mariana desviou o olhar e perguntou a ele: — O avô quer que jantemos na mansão esta noite. Você pode ir?Mas Lucas não olhou para ela. Seus olhos se fixaram em Joana: — Ainda sente dor na barriga? Você já tomou os medicamentos?Após dizer isso, ele estendeu a mão e passou a sacola. Joana sorriu timidamente ao o receber e lançou um olhar rápido para Mariana antes de responder: — Estou bem melhor agora, obrigada.— Pode ir, vou esperar você aqui. — Disse Lucas, olhando para ela com ternura nos olhos, e acrescentou: — Depois eu a levo para casa.Joana lançou mais um olhar cauteloso para Mariana e depois se virou e foi embora.— Então você me seguiu até aqui? — Lucas finalmente olhou para Mariana: — Valeu a pena?Mariana não se defendeu, apenas perguntou: — Senhor