Mariana sabia, no fundo, que Lucas nunca tomaria uma atitude como aquela. Diante de Gustavo, ela apenas sorriu, tentando mostrar que estava satisfeita.— Está muito doce. — Disse, com um sorriso forçado.Quando subiram para o quarto, o clima entre os dois estava gelado. Pareciam dois estranhos, evitando qualquer interação, ambos imersos em um silêncio pesado. Mariana colocou suas coisas sobre a cama e foi direto para o banheiro. Quando saiu, estava vestindo um conjunto de pijama confortável, que a cobria completamente. Ela se deitou no sofá sem dizer uma palavra.Na noite anterior, Lucas não havia voltado para casa, e ela havia dormido sozinha naquela cama grande. Hoje à noite, ela se recusava a dividir o espaço com ele. O sofá seria o refúgio dela.Lucas não disse nada. Foi ao banheiro e, quando voltou, estava apenas com uma toalha amarrada na cintura, deixando à mostra seu corpo forte e musculoso. Mariana desviou o olhar, virando-se de lado, com as costas voltadas para ele.Ele s
No dia seguinte, Mariana ficou com febre. Gustavo chamou a empregada para comprar remédio e só então ouviu da empregada que Lucas tinha ido embora à meia-noite. Irritado, Gustavo telefonou para ele, ordenando que voltasse imediatamente. Na noite anterior, Lucas tinha agido de forma brutal, e Mariana se esforçou para se soltar, os dois caíram do sofá. Quando Lucas olhou, viu o frio e o ódio nos olhos de Mariana. Naquele instante, Lucas parou a respiração, e um desespero inexplicável subiu em seu coração. Aproveitando-se de sua distração, Mariana o empurrou com força e correu para fora. Ela foi para o escritório, mas não sabia quando o aquecimento havia sido desligado, e só vestia roupa de casa, acabou pegando um resfriado. Mas ela temia que Gustavo se preocupasse e não ousou sair, até que às cinco da manhã, tonta, voltou para o quarto. Ela se deitou, tendo a impressão de que não havia ninguém na cama. Dormiu até mais de sete horas, quando a empregada a acordou batend
Acima, havia dois marcas de beijo roxas bem visíveis. Na noite anterior, não estava lá! Lucas! Exceto ele, não havia mais ninguém! Ele aproveitou que ela estava doente para fazer isso? Mariana achava que esse homem era completamente louco, com a cabeça cheia de besteiras. Ele nem mesmo poupava uma enferma! Agora Mariana estava com fome, vestiu-se e desceu. Não esperava que Lucas ainda estivesse lá. Gustavo provavelmente tinha ido cochilar. Lucas estava ao telefone. Ao ver Mariana descendo, ele disse algumas palavras, desligou e abriu a boca: — Como você está, já se sente melhor? Mariana lançou um olhar para ele. Lucas a encarou. Os dois trocavam olhares, ambos frios e impassíveis. Lucas então disse: — Está me ignorando? Mariana sentou-se, serviu-se de um copo de água morna e bebeu. Lucas baixou a voz: — Eu te dei uma chance, você não aproveitou, não me faça querer mais. Você teve febre, eu te ajudei a tomar banho, troquei suas roupas e cuidei de você. Não
Lucas olhou para ela: — Num encaixe perfeito? Você e ela? O que você acha que tem para se comparar com ela? Mariana, você merece isso? — Comparar com o quê? O que a Mariana não merece? Os dois se assustaram ao mesmo tempo, virando-se para ver Gustavo se aproximando. — O que vocês estão falando? — Gustavo só ouviu a última frase de Lucas e ficou intrigado: — Lucas, você de novo irritou a Mariana? A expressão no rosto de Lucas era indescritível. Mariana se apressou a abrir a boca: — Vovô, estávamos apenas discutindo… discutindo um jogo. Ele disse que eu não consigo derrotá-lo, não é irritante?Gustavo lançou um olhar severo a Lucas: — Você não sabe como deixar a Mariana em paz? Quando eram crianças, se tinha algo gostoso, sabia que deveria deixar para a Mariana. Se não deixasse, você ainda chorava! Lucas ficou sem palavras: — O senhor não pode inventar isso! Quando eu chorei?! Mariana estava curiosa: — Ele deixava você as besteiras para mim? Eu não sabia disso! Gustavo sorr
Gustavo disse: — Naquela época, ele realmente gostava de você. Nunca vi ele gostar tanto de alguém. Depois, quando ele cresceu um pouco, também frequentemente falava de você. Lucas foi criado por Gustavo. Suas palavras, naturalmente, tinham credibilidade. — E depois? — Mariana perguntou: — Depois que começaram a estudar, ele ainda falava de mim com você? Gustavo sorriu: — Esse rapaz era gordinho quando pequeno, muito fofo. Dos cinco aos seis anos, começou a emagrecer e, ao crescer, ficou mais quieto. Mas, mesmo que não dissesse, eu sabia que ele ainda gostava de você. Mariana ficou intrigada: — Como você sabe? Gustavo respondeu: — Todo ano, no seu aniversário, ele sempre se adiantava e fazia presentes para você. Você se esqueceu? Mariana ficou surpresa: — Presentes? Que presentes? — Desenhos que ele mesmo fez, blocos de montar que ele montou e até esculturas de madeira... Eu vi ele fazendo, silenciosamente, até se machucar e não contar. — Tem certeza de que era para mi
Mariana, depois de pensar um pouco, decidiu não perguntar. E o que adiantaria perguntar? A afeição de infância, mesmo que fosse verdadeira, não significava nada agora. Lucas não gostava dela atualmente, isso era um fato. Por que ela precisaria revirar o passado? Dado o jeito dele, talvez ainda acabasse se humilhando. No entanto, se não perguntasse, essa questão continuava a martelar em sua mente. Ela ficou dividida e, quando Lucas voltou, ainda não tinha esclarecido seus pensamentos. Após um dia de descanso, seus sintomas gripais melhoraram muito. Depois do jantar, Gustavo a mandou subir mais cedo para descansar. Os dois voltaram aos quartos, Lucas a olhou, seus olhos se encontraram, mas ele rapidamente desviou o olhar. Ela pegou o celular para pesquisar e Lucas estava no laptop recebendo e-mails, ambos ignoravam um ao outro. Mariana acabou não se contendo e falou primeiro: — Você sabe fazer esculturas em madeira? Lucas não respondeu. Os dois estavam sentados n
Ela já havia chamado Lucas de animal várias vezes. Chamá-lo de animal não era nada comparado a isso. Ela já havia dito que ele tinha a cabeça cheia de sexo. O que mais poderia dizer? Mariana ficou sem palavras. Principalmente porque não esperava que Lucas pudesse ser tão sem vergonha. — Sem vergonha! — ela murmurou entre os dentes, xingando-o: — Animal vestido! Lucas a pegou nos braços e caminhou até a cama: — Se você me xingar assim todos os dias, se não sou um animal, vou acabar me tornando um. — Porque você faz coisas piores que um animal! Lucas a soltou e se posicionou sobre ela: — Cale essa boca e vamos fazer algo diferente, tudo bem? Mariana o encarou com raiva: — Estou exausta, você não pode me deixar em paz? — Como assim em paz? — Lucas beijou a orelha dela: — Vamos nos sentir bem, suar um pouco, e amanhã você estará melhor. Confie em mim, ok? Confie em você? Que nada! Mariana percebeu que suas objeções eram inúteis. Lucas se inclinou, soltando um
Mariana realmente se recuperou completamente de sua gripe. Ela foi para o trabalho, e Paulo trouxe muitas frutas para ela. Mariana, sem jeito, comentou: — Como posso comer tudo isso? — Coma mais frutas para repor as vitaminas e prevenir gripes,— disse Paulo. — As que você gosta, guarde para você, as outras pode distribuir entre o pessoal do seu setor.Paulo trouxe especialmente para ela cerejas roxas, do tamanho de nozes, que ao serem mordidas, explodiam em suco doce. Mariana lembrou-se das palavras de Gustavo, que disse que as frutas em casa eram todas trazidas por Lucas de fora do país para ela. Ela não acreditou nisso. Antes de sair, Paulo disse: — Hoje tenho uma cirurgia, não poderei almoçar com você. A Luísa está por perto, ela vai passar aqui. Coma bem, tá?Mariana sorriu: — Entendi.No horário do almoço, Luís realmente veio encontrá-la. Eles não foram a lugar nenhum, apenas encontraram um restaurante limpo perto do hospital. Como o Ano Novo estava se aproximando,