Só então, o coração de Lucas se acalmou lentamente.Mariana perguntou: — Vai continuar abraçando?Lucas não queria a soltar: — Sim, quero te abraçar pra sempre.— Mas estou com um pouco de fome.Lucas a soltou de imediato: — Você não... foi jantar com Simão?Mariana olhou para ele: — Você já comeu?Lucas estava prestes a falar, mas ela interrompeu: — Não minta.Ele não teve escolha a não ser balançar a cabeça, em silêncio.Ele perguntou: — Mas como você está com fome?— Não comi direito. — Mariana disse: — Fiquei ocupada consolando Simão.Lucas sentiu um aperto no peito, um sentimento amargo subindo: — Por que foi o consolar?Mariana explicou: — Ele é meu amigo. Como não posso corresponder aos sentimentos dele, então só pude o consolar.Ela olhou para ele. — E você, quer esse tipo de consolo?Lucas de imediato negou com a cabeça: — Não quero!Ele segurou a mão de Mariana e a guiou até o banco do passageiro: — Vou te levar para comer algo bem gostoso.Os dois seguiram para o restaurante
O pomo de Adão de Lucas se moveu levemente. Com medo de que seu olhar ardente fosse percebido, ele nem ousava olhar diretamente para Mariana.Ele entrelaçou as mãos, os polegares se esfregando suavemente, enquanto baixava os olhos para o chão e assentiu.Mariana estava ao seu lado, e ele podia sentir o leve perfume dela.Era um aroma que nenhuma fragrância poderia reproduzir.Nos anos em que Mariana esteve longe, ele sentiu uma saudade desesperadora daquele cheiro.Mas, com o tempo, ele percebeu que, neste mundo, Mariana era única.Ninguém jamais poderia a substituir.E ele não queria procurar algo que substituísse o cheiro dela.Mas, naqueles anos, sua insônia era tão grave que ele só conseguia dormir algumas horas após quatro ou cinco dias.Nem mesmo remédios para dormir faziam efeito.No final, ele teve que recorrer a injeções sedativas para conseguir descansar por algumas horas.Na época, Jaime até comentou que, se não fosse pela preocupação de Lucas com o avô, talvez ele realmente
Mariana fechou os olhos, sentindo uma calma sutil tomar conta de si.Alguns minutos se passaram, mas Lucas continuava imóvel.Ainda assim, Mariana conseguia perceber... O corpo dele ainda reagia.Tanto tempo e ainda não conseguiu se acalmar?Sem alternativa, ela quebrou o silêncio: — Você... pode voltar.Lucas murmurou em resposta.— Mas então se mexe, vai. — Mariana lhe deu um leve empurrão. — Não está desconfortável assim?— Estou. — Ele admitiu sem rodeios. — Mas não quero ir.— Então dorme aqui.Num instante, Lucas ergueu o rosto para a encarar. Os olhos brilhavam.— No sofá. — Completou Mariana.Ele sorriu. — No sofá também serve.Mariana estava apenas brincando com ele. Ela o empurrou de leve e se sentou. — Pronto, agora vai. Amanhã tenho um dia cheio.Assim que ela disse isso, Lucas sentiu uma pontada no peito.— Tá bom, então eu vou. Dorme bem.Ele se levantou. Mariana lhe lançou um olhar rápido, mas desviou logo em seguida.Lucas pegou o casaco, o dobrou sobre o braço e discre
Lucas até que estava satisfeito. Para ele, já estava ótimo receber o mesmo tratamento que o melhor amigo de Mariana.Só que, para sua surpresa, Simão disse: — Mariana, pra que deixar esse cara entrar? Sério, só de olhar pra ele, minha fome foi embora.Mariana soltou um suspiro: — Simão, eu te disse ontem à noite... Ele é meu namorado. Você não tinha prometido que ia se controlar?Simão fez uma expressão contrariada, cruzando os braços: — Tá, mas você precisa me dar um tempo pra digerir isso.Quando estavam no exterior, mesmo depois de ser rejeitado, Simão nunca se afastou. Sempre esteve por perto, cuidando dela, até ajudando a criar o filho.Houve algumas vezes em que Didi teve febre alta à noite e ficou doente. E foi Simão quem a levou ao hospital.Mariana sempre sentiu que lhe devia muito.Ela tentou o convencer inúmeras vezes a não desperdiçar seu tempo com ela, mas, por mais que insistisse, Simão simplesmente não se deixava convencer.Já pensou em se afastar aos poucos, esfriar a r
— Mas ele definitivamente não é o homem certo para você. Se fosse, vocês não teriam se separado no passado.Mariana respondeu: — A separação na época teve muitos motivos. Só posso dizer, sinto muito.— Não precisa se desculpar comigo. Eu não vou te pressionar, mas vou ficar de olho, para ver se ele realmente pode te dar a felicidade que você merece.— Você... — Mariana suspirou, cansado: — Por que gastar seu tempo com isso?— Não é um desperdício de tempo. — Simão respondeu: — Eu ainda sou jovem, você não precisa se preocupar em me atrasar.— Então, não deixe que eu atrapalhe seu trabalho.— Eu sei.Na tarde seguinte, Mariana terminou o trabalho mais cedo do que o normal, e Lucas a levou direto de volta para a casa do vovô.Didi havia retornado à casa para ficar com o avô, e Mariana já fazia alguns dias que não o via.Quando se encontraram, não podia faltar um momento de carinho.Diego falou muito com ela, a maior parte sobre a Família Marques.Ele contou como a avó era boa para ele, c
Com o fim das férias de inverno e a chegada da temporada de volta às aulas, Diego também precisava se preparar para a escola infantil.A princípio, a escolha da escola já estava definida, mas agora houve mudanças.Ana conversou com Mariana e ainda queria que a criança fosse estudar na capital.A escola infantil escolhida era a mesma onde Renato estudou quando era pequeno, e também foi a escola que Anderson frequentou na infância. Naquela época, eram todos filhos de famílias do quartel, cujos pais eram ou militares ou envolvidos com a política.Podia-se dizer que era uma escola infantil interna do sistema militar, onde pessoas de fora simplesmente não conseguiam entrar.Mariana entendeu a situação e percebeu que Ana queria que Diego tivesse mais contato com aquelas crianças, já que todos eram do mesmo círculo social.Ela concordou.No entanto, com isso, o filho precisaria ir para a capital estudar, e ela ainda precisaria conversar com o vovô sobre isso.Para sua surpresa, o vovô apoiou
Antes, ele só tinha a mamãe, mas agora ele tinha muitos mais parentes.Embora ele geralmente parecesse mais maduro do que sua idade indicava, recentemente era possível perceber que ele estava realmente feliz.Finalmente, ele estava recuperando aquela alegria pura e inocente de criança.Ao sair da escola, Ana comentou: — O ambiente é bom, as instalações também são, mas as professoras parecem um pouco frias.Diego respondeu: — A professora que me acompanhou foi bem legal.Ana concordou: — Sim, aquela com cara fechada, parece uma líder. Mas tudo bem, de qualquer forma, você não vai ficar com ela.Quando voltaram para casa, Ana fez uma videochamada com Mariana, perguntando quando ela chegaria.Mariana respondeu: — Estou finalizando as coisas por aqui, se tudo correr bem, amanhã de manhã estarei aí.Ana disse: — O seu quarto fica ao lado do de Didi, tudo bem assim? Você pode dar uma olhada primeiro, e se não gostar da arrumação, podemos mudar depois.Quando soube que Ana concordou em vir pa
Ana sorriu: — Antes eu não tinha ânimo para isso. Mas agora que Mariana voltou, tenho uma filha tão linda! Como não sair para mostrar para todo mundo?Anderson comentou: — Tia, pode se preparar! Esses eventos são chatos demais!Ana deu um tapinha nele: — Deixa de bobagem!Depois disso, ela olhou para Mariana, que logo disse: — Mãe, sempre que eu puder, vou com você, com certeza.Era natural que quisesse exibir um pouco a filha, afinal, passou a vida inteira sofrendo por a ter perdido e agora finalmente a tinha de volta.Num piscar de olhos, chegou o dia de Diego começar a escola.Lucas queria ir junto a levar à escola, mas um problema de última hora surgiu em um dos seus projetos. Mariana não deixou que ele fosse.Ainda indignado, Lucas protestou: — Mas eu posso ir! Resolvo isso depois, não tem problema.Mariana disse: — Você não prefere resolver logo? Assim termina rápido e vem para cá me encontrar.Com apenas uma frase, ela o convenceu.Só que ele acabou se ocupando por vários dias s