O curso do amor verdadeiro nunca flui suavemente.
William Shakespeare
— Bia, sinto falta da sua presença... — disse baixinho, sentado à beira da cama. — As coisas estão tão confusas aqui dentro... — E como se ela pudesse mesmo me ver, levei a mão ao meu coração. — Bruna é uma mulher legal, inteligente e muito bonita, e claro que poderia chamá-la para sair e deixar que a vida seguisse seu curso, mas não consigo. — Já não conseguia conter as lágrimas. — Tudo o que ela faz, comparo a você, como se de alguma forma ela não fosse o suficiente para estar no seu lugar.... Mas, Bia, não quero ninguém no seu lugar, a
Ela congelou.Ficamos parados somente nos olhando, não conseguia imaginar como a recém chegada Dra. Bruna poderia saber onde eu morava.— Olha, sei que vai parecer estranho... — Ela começou a explicar. — Mas eu perguntei à Regina.— Regina...? — Não fazia ideia de quem poderia ser.— A enfermeira da pediatria — disse, claramente envergonhada.— E por que foi perguntar onde eu morava para a enfermeira da pediatria? — A conversa estava ficando a cada minuto mais estranha.— Havia acabado de fazer um parto...— Sim.
Em mim, por timidez, fica omitido, O rito mais solene da paixão;E o meu amor eu vejo enfraquecido, Vergado pela própria dimensão.William ShakespeareDurante o curto caminho até meu apartamento não me permiti pensar no que poderia ter acontecido. Subi com as compras, guardei tudo e minha mente era um imenso vazio. Assim que me deitei, o caos tomou conta dos meus pensamentos. Meu lado racional sabia que aquilo era o natural, que já fazia quase quatro anos e que mesmo louca de ciúmes, Bia desejaria a minha felicidade. Mas meu lado emocional, ah, esse estava em pedaços. Um conflito imenso começava a se formar dentro de mim, um misto de sentimentos ruins borbulhavam como uma onda gigantesca se formando sobre a mi
Seja meu livro então minha eloquência,Arauto mudo do que diz meu peito,Que implora amor e busca recompensaWilliam ShakespeareTrês dias.Há três dias Bruna se escondia de mim. Desde que saiu do meu apartamento naquela noite, não nos encontramos mais. Por um lado sentia alívio, não queria sair da minha zona de conforto, de dor e solidão. De certa forma, ser assim era tudo o que me restava nos últimos quatro anos, mas por outro lado, aquele momento poderia ser a possibilidade de ao menos tentar seguir em frente.O sonho com Bianca me trazia paz, algo me d
Minha mãe ajudava o orfanato da cidade, mas confesso que ele não me despertava interesse. Claro que sempre ajudava financeiramente e até mesmo os médicos faziam atendimento gratuito para as crianças e adolescentes de lá, mas não estava em meus planos de visitas.— Helô, eu não quero sair de casa hoje e....Tum... tum...tum...Ela desligou na minha cara. Assunto encerrado.Levantei da minha sessão de vitamina D, me arrastando até o quarto e após uma chuveirada rápida, estava parado do lado de fora, esperando por eles, que chegaram logo em seguida.— Sabia que você viria — disse radiante.
Simples, exato, incomparável, inenarrável, incondicional, imensurável, e o único que atravessa as portas do infinito e se eterniza no pergaminho inviolável do tempo como poema divinal.Edna FrigatoHeloísa foi me buscar, dizendo que estavam precisando de ajuda. Me abaixei ao lado da pequena e estendi a mão para ela.— Prazer, sou o Guilherme. — Ela ficou me olhando alguns segundos, avaliando se eu valia a pena. Deve ter decidido que sim, pois esboçou um quase sorriso e segurou a minha mão.— Bia — respondeu.Meu mundo parou.Heloísa se aproximou rapidamente, ajoe
Paramos no estacionamento do shopping e após tomar uma surra do cinto da cadeirinha e Bianca rir sem controle da minha cara, começamos o nosso passeio. Percebi que conforme andávamos, ela apertava a minha mão todas as vezes em que se aproximava de um número grande de adultos. Eu passava a mão ao redor do ombro dela, garantindo que tudo acabaria bem e ela relaxava visivelmente. Estávamos somente andando, vendo as lojas e procurando o que poderíamos fazer de divertido, quando Bianca puxou a minha mão, dando uns solavancos fracos.— O que foi? — perguntei parando de andar.— Quero sentar tio, meu pé doí. – Seu rosto franzido com a dor e a mão livre apontando para os pés.— Ah, meu Deus! – Nem ao me
A beleza da vida está nos amores incondicionais, nos desafios ultrapassados, nas conquistas alcançadas e nas que ainda estão por vir.Francesca Moraes&nbs
Descemos, Gustavo e Heloísa já nos esperavam com o portão aberto. Após o momento “abraços” seguimos em direção ao prédio da minha pequena, ela estava parada na porta, olhando com atenção, como se estivesse ansiosa me esperando e assim que me viu, correu em minha direção me dando tempo para abaixar e pegá-la em meio a corrida. Bianca me abraçou apertado e gritava em meu ouvido.— Você veio! Você veio!— Eu disse que hoje viria te buscar. Está pronta?— Sim, sim. — Ela segurou o meu rosto entre suas mãozinhas. — Tenho mesmo um quarto só meu? — perguntou curiosa.— Todinho para você.<