Melinda Estendi a mão e puxei ele, porém ele não fez impulso para levantar e sim me puxou para baixo, caí sobre seu peito e ele riu prendendo meu corpo com suas mãos que se entrelaçaram um pouco abaixo das minhas costelas flutuantes. Encarei seus olhos azuis e instantaneamente sorri. — Sim, digamos que o plano não deu muito certo, mas vamos fingir que esse era o plano. — E qual era seu plano? — questionei. — Não era tropeçar.— riu e eu passeia mão em sua bochecha ainda com pequenas cicatrizes de espinhas da sua adolescência. Há cinco dias, minutos depois de eu ter Oliver em meus braços eu beijei Vince, minhas emoções no momento estavam completamente bagunçadas, por conta dos hormônios e do nascimento. Depois daquele beijo, não repetimos, porque sabíamos que havia acontecido por conta da bagunça que era minha cabeça no momento. Porém depois daquilo, eu comecei a ter memórias muito claras sobre a noite de ano novo, não tinha comentado nada com Vince, mas parecia que o beijo tinha
Melinda Chequei a fralda dele e resolvi trocar, quem sabe assim ele não voltasse a dormir quietinho. Lembrei que Vince tinha deixado as fraldas para recém-nascido na sala, balancei Oli enquanto ia para a sala, porém deveria não ter ido. Deveria ter permanecido no quartinho. Aquela cena era como um tiro direto no meu coração. Eu não podia acreditar naquela cena, simplesmente não queria acreditar. Sarah estava com os braços no pescoço dele, e os lábios colados aos de Vincenzo. Meu queixo caiu e eu quase tropecei no sofá, segurei Oliver firme, que começou a chorar, e peguei a sacola da farmácia, já voltando para o quarto tentando sumir. — Aí que lindinho. — ela falou, vindo para cima de mim, quase tocando no meu filho, mas o afastei o mais rápido possível. — Tira suas mãos dele.— rosnei, afastando dela. — Quem é você para me dizer o que fazer? — ela falou com a maior audácia do mundo. — Sou a mãe dele. — gritei, virando-me para voltar ao quarto o mais rápido possível. Fechei a p
Melinda Olhei para Oliver chorando e levantei para pegá-lo. Mesmo com minhas costas doendo, comecei a embalá-lo com carinho. Jurei que não passaria mais por humilhações como essa. Meus olhos derramavam muitas lágrimas enquanto tentava fazer meu bebê parar de chorar. Aquela mulher tinha que pagar por tudo isso, ela não só tinha como ia pagar. Dona Elisa e Francis entraram correndo pela porta que estava aberta. Ela estendeu os braços para pegar Oliver de mim e ele fez eu me sentar no sofá, me abanando para que eu parasse de chorar. — A unha dela deve ter cortado sua bochecha, e suas costas, posso ver? — Assenti e levantei um pouco a blusa para ele ver. — Vince chamou a polícia e eles já estão chegando — a voz doce de dona Elisa entrou em meus ouvidos. — Vou pegar água pra você — Francis foi até a cozinha e voltou com um copo na mão. — Quer ir para o hospital? Está se sentindo tonta, enjoada? — Não, estou bem — sequei as lágrimas. — Só quero o Vince. — Ele já vai voltar — aperto
Melinda Me encarei no espelho antes de entrar no chuveiro. Meu corpo ainda não tinha voltado ao normal, ainda tinha alguns excessos de pele na região da minha barriga. Eu estava muito acabada, as bolsas embaixo dos meus olhos me irritavam profundamente, por estarem escuras e muito inchadas. A gravidez tinha um lado ruim também, e era isso, se achar feia o tempo todo depois do parto, se sentir mal, triste e acabada grande parte do tempo. Respirei fundo, olhando as marcas que aquela vadia tinha deixado em mim. No pulso, nas costas e no rosto. Mas o sentimento era estranho, eu praticamente não me importava por ela ter me agredido, porém só de lembrar da forma que ela falou do meu filho eu sentia vontade de quebrar o espelho. Mas então as palavras do Vince defendendo a nossa família me arrancavam sorrisos bobos. No entanto, as palavras reconfortantes de Vince ecoaram em minha mente, trazendo um sorriso tímido aos meus lábios. Ele havia defendido nossa família com tanto fervor, demons
Melinda Senti cheiro de carne de panela, tateando as paredes, vi a mesa de quatro lugares iluminadas com velas e aquela parte da sala de jantar estava iluminada com uma luz baixa. Me aproximei e notei Vince usando roupa social e meu filho usando uma blusa que imitava uma gravatinha, ele estava no bebê conforto e sobre a cadeira, sorri. — O que é isso Vince? — Sente-se aqui senhorita. — apontou a cadeira e a puxou para que eu sentasse. — O que é isso? — comecei a rir enquanto ele colocava o prato na minha frente. — Carne de panela da dona Gisele. Cobri o rosto com a mão rindo, ele servia os dois pratos e quando terminou sentou na minha frente. Eu devia ter demorado muito mesmo no banho. Oliver estava com seus olhos grandes observando tudo e quietinho, o que me surpreendeu. — Pra que tudo isso, Vincenzo? — Porque minha surpresa foi interrompida então tive que superar. — deu de ombros colocando comida na boca. — Qual é sua surpresa? — Sua mãe cozinha muito bem. — disse comend
Melinda — Eu preciso te falar a verdade, você me falou algo parecido quando estava bêbado depois daquela confusão no tribunal, mas eu estava com tanto medo de você só ter falado por causa da bebida e eu estava tão confusa, que fiquei esperando você me falar sóbrio — expliquei a ele com um pouco de vergonha. Ele fico parado por um tempo analisando as minhas palavras como se fosse novidade com certeza ele não lembrava de me ligar chorando. Ele do nada abriu um sorriso sincero e alisou meu rosto com carinho. — Nós somos dois bobos né, por que eu também tinha tanto medo de te perder, que tentava mentir para mim mesmo. Eu sorri aliviada ao ouvir sua confissão e me senti mais segura em relação aos meus sentimentos. — Bobos, mas agora estamos sendo sinceros um com o outro, e isso é o que importa. Eu te amo, e não importa o que aconteça, eu sempre estarei ao seu lado. Ele me abraçou apertado e sussurrou em meu ouvido: — Eu não sei mais viver sem você, sem meu filho. —suspirou e aper
Vincenzo Alguns meses depoisEra incrível o poder de mudança das pessoas, ali com uma pilha de casos resolvidos e duas pastas para ser estudadas notei isso.Nos últimos meses eu pegava todos os casos familiares que chegavam no escritório. Isso mesmo, eu que sempre odiei casos assim, agora não conseguia me afastar dessa área, a questão era que eu achava gratificante dar direção para a vida de uma criança que estava no meio de uma guerra, ou até mesmo mediar casais que não queriam ficar mais juntos.Respirei fundo sorridente por poder arquivar aquela papelada toda, todos resolvidos, exatos 38 casos resolvidos nos últimos três meses. Levantei indo para a recepção entregar para Fernanda arquivar na sala de registros. Ao abrir a porta um sorriso imenso invadiu meu rosto. Encontrei Melinda segurando a cadeirinha com Oliver nela, com luvas e uma touca fofinha. Apertei as bochechas dele com meu indicador e o dedo médio.— Veio buscar o papai foi? — perguntei.— Chega de trabalhar esse ano né
Vincenzo Fomos para o meu carro, olhando para os dois lados em um cruzamento. Melinda estava batucando os dedos no porta-copo e cantando completamente desafinada.— Quando Oli começar a chorar de susto você vai ver. — brinquei— Ele adora me ver cantando viu. — fez um bico.Ouvimos um som diferente vindo do banco de trás, quase que um "pa-pa", olhei para Melinda com os olhos arregalados eu e ela estávamos espantados eu não sabia sorriso enorme no rosto. O médico tinha dito que a partir dos quatro meses poderíamos esperar reações como estás, repetição de sons e barulhos que pareciam até palavras. Porém o Oliver só tem dois meses e isso com certeza assustou a gente e olhei pelo retrovisor e ele estava brincando com as mãos.— Ele começou com papai, você perdeu a aposta. — disse enquanto entrava no estacionamento do prédio.— Isso pode ser "papar", eu sempre falo "papar" para ele.— Não adianta fugir gracinha. Apertei sua bochecha enquanto tirava o cinto de segurança.— Nem adianta, eu