Cláudia narrando.Bom, meninas, chegou a minha vez de contar a minha trajetória até aqui. Quando conheci o pai da April, foi aquele romance clichê. Ele era um homem super romântico, pediu aos meus pais para poder namorar e depois podermos casar. Quando perdi meus pais, ele foi meu porto seguro. Meses depois, descobri que estava grávida da April. Deus levou meus pais, mas estava me dando uma família. Fizemos tudo com calma, todo mês comprávamos alguma coisa. Ele trabalhava como segurança em uma empresa e, graças a Deus, o que ganhava dava para nós manter muito bem. Eu sempre costurei, aprendi com a minha mãe, então eu fazia alguns bicos. Quando April nasceu, já estava tudo pronto para sua chegada. A minha filha era linda, parecia um anjo, seus cabelos castanhos e olhos verdes. Sempre foi uma criança muito boazinha, nunca me deu trabalho com nada, dormia durante a noite toda, só chorava se realmente estivesse com dor. Adorava brincar de boneca, tanto que até hoje ela guarda uma que o pa
April NarrandoOs dias estão passando tão devagar que o mês parece um ano, e uma semana parece meses. Por enquanto, está tudo bem entre mim e Luan, só preciso dar um jeito de falar com alguém lá dentro do bordel. Preciso dar um jeito de sair de casa. Ele fala que sou livre, mas não posso ir até o portão. Vou aproveitar que ele está tão bonzinho, me enchendo de presentes, não me deixando muito tempo sozinha. Só estou estranhando as saídas dele à noite. Ele tem saído noite sim, noite não, só que não percebeu que estou vendo. É sempre no mesmo horário. Nem preciso olhar no relógio, já praticamente decorei. Já pensei duas vezes em segui-lo, só que vi que há câmeras na casa, além dos seguranças dentro e fora do portão.— Nossa, caiu da cama hoje, foi? — pergunto assim que ele entra no quarto, banhado e de cabelo molhado, e ele se assusta ao me ver sentada na cama.— Eu ia sair mais cedo, mas lembrei que esqueci um documento e voltei. Já que você está acordada, vou tomar café com você antes
Dora NarrandoOlá meninas, eu sou Isadora, mais conhecida como Dora. Tenho 40 anos, sou casada e tenho dois filhos. Antigamente, eu vinha na casa do senhor Luan uma vez por semana só para fazer diárias. Quando ele me ligou dizendo que precisaria de mim para trabalhar no horário de expediente, das 8h às 20h, e que me pagaria um bom salário, assinando minha carteira, não pensei duas vezes. Como meu marido estava desempregado, eu precisava desse dinheiro, então aceitei logo de início.Uma coisa que percebi assim que cheguei aqui foi que ele havia trocado todos os seguranças homens por mulheres e que não colocava nenhuma mulher aqui dentro desde que Sara morreu. Rola alguns boatos de que foi ele quem matou a própria esposa, mas quem sou eu para perguntar ou julgar, né? Eu preciso muito desse emprego, então estou aqui para trabalhar. Ele não mexendo comigo, não fede nem cheira.Quando vi aquela menina linda chegando na cozinha naquele dia, percebi que tinha algo errado, mas também percebi
Felipe Narrando3 meses depoisEssa noite dormi duas horas, está cada dia pior esse lugar. Tyler está cada dia pior, e não dá pra aguentar as piadas e a ganância dele. Estou vendo a hora dele sair no tapa com Luan, e ele vai sair perdendo, porque Luan não tem limites. Assim que ele descobrir que Tyler está roubando, o trem vai ficar feio.Levanto com o corpo ainda cansado, olho a hora: ainda são 8h. Mas, como chefe da segurança, o Tyler quer que eu seja o último a sair e o primeiro a chegar. Não estou afim de estragar os planos a essa altura do campeonato. Tomo um banho gelado, tentando despertar meu corpo para mais um dia de trabalho. Coloco meu uniforme e entro no salão do bordel. Estava tudo em silêncio, até achei estranho, pois Tyler, nesse horário, já estaria gritando com as meninas.— Nossa, que cara é essa de derrota? — falo com Júlia, que passa por mim indo pra cozinha.— Queria era dormir o dia inteiro, mas como não posso, então deixa a minha cara, porque não estou bem hoje.
Luan NarrandoTrês meses se passaram, April tem estado estranha. Pra quem queria um celular, ela desistiu fácil demais quando eu neguei. Temos nos desentendido um pouco, mas sempre esqueço de tudo quando estamos na cama. Ela me leva à loucura de várias maneiras possíveis, só que ainda não consigo tirar a novinha virgem da cabeça. Sempre que posso, faço uma visita pra ela. Esses dias, ela me pediu ajuda e pediu pra eu tirar ela de lá. Ela ainda não sabe que eu sou um dos sócios do Tyler, e Tyler acha que eu só tô entediado e enjoado da "minha mulher".Ontem eu fui pra casa depois de passar um tempo com a novinha no bordel. Quando cheguei, April estava sentada na poltrona do quarto, lendo um livro. Fui desabotoando os botões do meu paletó, olhando pra ela, que estava me ignorando. Me aproximei dela e dei um selinho na sua boca, mas ela me olhou feio.— Tá com cheiro de perfume de mulher. — ela fala séria.— Deve ser da esposa do meu sócio. Fui cumprimentar eles por descobrirem que vão s
Tyler narrandoEu tenho lucrado muito nesses três meses que se passaram. Tô até pensando em aumentar o salário dos seguranças. Felipe mesmo quase não tem dormido, mas mesmo com a aparência de morto gostoso dele, ele faz tudo do jeito que eu gosto e do modo que eu quero. A Hanna não me ligou mais, e eu soube que daqui a uns dias é o julgamento dela, mas também não estou nem aí. Quero que seja julgada e mandada pra penitenciária máxima.Como eu já suspeitava, Luan se cansou da insuportável e anda aparecendo pelo bordel sem ninguém ver. Quase toda noite quer a novinha que chegou por último. Sabia que ele não iria aguentar por muito tempo sabendo que tinha um priquito novo na área. Ele, ao invés de assumir que queria ela da outra vez, ficou fazendo c doce*. Acha que hoje eu não sei a peça rara que ele é? Kkk. Mas não vou falar nada. Vai que ele desconfia que eu estou ficando com a maior parte da grana que está entrando no bordel...Preciso decidir o que vou fazer com a Hanna. Não sei se a
April narrandoDora me entregou o telefone. Fiquei com medo de ligar e alguém me descobrir, então escondi no fundo do meu closet, dentro de um sapato. Pedi para Dora trazer um chip novo da rua para mim. Ela trouxe, e só depois de umas duas semanas tive coragem de ligá-lo e cadastrar o chip. Só que ainda não tive coragem de ligar nem na central do FBI e nem no bordel, porque não sei quem vai atender. Principalmente no bordel... Vou ter que arrumar um jeito de ligar e pedir para falar com o Felipe, porque, como ele é chefe da segurança, fica bem mais fácil passarem o telefone para ele do que para Samantha. Até porque, para todos os efeitos, as meninas que estão lá dentro não têm nenhum contato com alguém de fora.Levanto correndo para o banheiro. Não sei o que faço primeiro: se faço xixi porque estou com a bexiga quase estourando ou se caio de cabeça dentro do vaso com vontade de vomitar. Vomito até ficar fraca, e Luan levanta e vem logo atrás. Já tem umas três semanas que não estou me
Dora narrandoEstou com uma dó da menina April... Não tem como uma menina tão nova passar pelo que ela está passando. Tem mais ou menos três semanas que ela está mal. Preciso ajudar ela. Por mais que ela diga não, eu não posso ficar de braços cruzados esperando o pior acontecer.Passei na farmácia, comprei três testes de gravidez, comprei o chip, procurei a central do FBI, pedi algumas informações para poder passar para April. Acabei descobrindo o contato do agente Felipe, que é o policial infiltrado no bordel onde April estava. Também descobri, com algumas pessoas próximas à central do FBI, o telefone do bordel onde ela ficou presa. Peguei tudo, guardei dentro da bolsa e segui para a casa do seu Luan. Não posso me atrasar, ainda mais agora que sei que a menina April está grávida...Chego e, antes de ir para a cozinha, coloco o avental e guardo dentro do bolso os testes, o chip e os números de telefone. Faço um coque no cabelo e coloco a redinha, indo direto para a cozinha. Coloco o l