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Ela é meu Destino: 3 - Aceitando ir para a matilha

Destiny POV

O sorriso de vitória no rosto de Kaiden me fazia querer bater ainda mais nele, sim eu fiquei surpresa quando ele disse aquelas palavras. Eu nunca tinha encontrado mais ninguém  que conseguia ver as fagulhas divinas.

Mas bem, meu mundo é pequeno, isso eu sei… Sò que não tão pequeno assim… O que me leva a suspeitar, por que ele quer tanto que eu vá com a matilha dele? E ele percebeu meu olhar.

“Na matilha SilverRage você vai ter um treinamento adequado e vai poder descobrir mais sobre a sua máscara.” Kaiden explicou.

Ainda assim, eu não estou acreditando muito.

“Já temos experiência com pessoas que carregavam presentes divinos.” Kaiden se levantou e me olhou atentamente. Posso ver o lobo dele andando de um lado para o outro inquieto.

Kaiden é bom nisso, em esconder seus verdadeiros sentimentos. Se fosse antes eu o parabenizaria por isso, mas hoje… Eu sei melhor, eu entendo melhor.

“Mesmo que você queira levá-la… Ela não vai poder falar o ritual.” Luis falou, seu tom de voz é baixo.

“O que você quer dizer com isso?” Kaiden olhou para meu antigo Gamma.

“Quando a isolamos, cortamos os laços com ela, deixando apenas uma pequena parte para ela não ser considerada Rogue.” Luis explicou.

“Então não tem ninguém ligada a ela? Nem mesmo a irmã?” Kaiden perguntou irritado, aquilo era algo que ele não esperava.

“Não, nem mesmo a irmã.” Luis concordou.

“Como ela não fala, então o ritual de troca não pode ser dito… Seu antigo Alpha está morto e não pode restitui-la, seu Beta não passou pelo ritual de substituição e você… Você não serve para nada.” As palavras de Kaiden eram repletas de raiva.

Agora ele começava a entender porque eu estava deixando a minha irmã. Eu não posso viver no mesmo territorio sem que faça um dos rituais, seja o de entrada ou de estadia… Porque é uma magia que envolve a Palavra. Para quem é mudo, pode ser dito através dos elos mentais, mas eu não tenho nenhum… Assim, eu estou fadada a não participar de nenhuma matilha.

Se Peter estivesse vivo ele poderia me reintegrar a matilha e eu voltaria a ter um elo mental… Mas ele não está e Frederico ainda está em péssimas condições e eu sei que ele não vai sobreviver. Luís não pode assumir esse papel, porque seu elo como Gamma é muito fraco.

“Eu vou precisar conversar com Kendrick… Talvez tenhamos uma solução…” Kaiden falou depois de pensar por algum tempo. “Acredito que podemos pagar para uma maga fazer um feitiço em você, Senhorita, para que sua voz volte.”

Minha expressão endureceu, quem indicou que eu vou querer isso? Que vou aceitar algo assim?

“Viu, mana… Vai dar certo… Você pode ir comigo! A gente vai poder ficar juntas!” Mia falou animada.

Torci a boca e fiz um movimento leve com a cabeça, informando que não, eu não vou aceitar nenhum tipo de feitiço. Coloquei Mia no chão e então estendi a mão. Kaiden pegou um pequeno caderno e uma caneta e me entregou. Mia se agarrou a minha perna.

“Eu vou levar minha irmã até a matilha de vocês… Mas não quero nenhum feitiço em mim.”

Escrevi e entreguei para Kaiden. Ele respirou fundo.

“Pelo menos consegui convencer a ir até as terras da matilha.” Kaiden falou sorrindo.

“Oba!” Mia gritou feliz, aquele gritinho que até machuca os ouvidos, ainda mais para quem tem lobo.

Sorri e fiz um cafuné na cabeça dela.

“Suas coisas, você tem algo que precise levar?” Kaiden perguntou e apenas dei as costas para ele para sair daquele escritório. “Espero, Senhorita White, vê-la aqui para partimos.”

Mais uma vez aquele homem estava me ameaçando, já não era a primeira vez e parecia que não seria a última. Arrumei o capuz que cobre meu rosto e estendi a mão e Mia a segurou.

Eu não pretendia ir, logo só tinha arrumado a mochila da minha irmã. Tudo bem que não preciso de muita coisa, mas tem alguns itens muito importantes que preciso levar, mas claro que Kaiden não confiava em mim, como poderia? Por isso, enquanto me afasto sou seguida por um daqueles soldados.

Formigas fazendo suas funções, sem reclamar, sem questionar… Cheguei novamente em minha cabana, abri a porta e fechei na cara do soldado, sem deixá-lo entrar, fui até o bau e o abri, vendo minhas roupas ali.

“Viu, irmã! Eu to tão feliz!” Mia não parava de falar enquanto estava pegando uma outra mala para me entregar.

Sorri, a felicidade da minha irmã é contagiosa e por um momento fiquei vendo ela puxando a minha mala, mesmo que ela fosse mais pesada, minha irmã não desistia e puxava com as duas mãos.

Eu sei que tenho que agradecer ao meu Pai por estar aqui hoje, para poder ver minha irmã tão feliz, virei meu rosto para o pequeno altar que tinha construído. Será que é esse o meu caminho? É isso mesmo?

Kaiden e seu lobo tinham um pezinho no domínio de meu Pai. Fechei os olhos e me concentrei no cheiro daquelas folhas de narciso e me senti mais leve. Era algo muito sutil, mas eu consigo entender o significado… No mínimo eu tenho que tentar.

Voltei a olhar o bau, peguei as três capas, todas iguais, pretas que lembram o tecido da noite sem estrelas, todas elas tem capuz, este capuz faz com que mesmo com o olhar aguçado dos lupinos, eles não consigam enxergar muito bem meu rosto e é basicamente isso que os deixa desconfortáveis.

E aqueles que se preocupam em prestar atenção acabam encontrando então meu rosto, metade dela é coberto por uma máscara metálica de um tom dourado envelhecido, enquanto o outro lado parece muito mais pálido do que um corpo vivo deveria ser.

Guardei as três capas na mala que minha irmã trouxe, também coloquei algumas outras roupas, peguei um pequeno pano preto, coloquei o cetro, o cachorro e o chifre, enrolei com cuidado e coloquei no meio das roupas e fechei a mala.

Ao me erguer escutei uma batida na porta, minha irmã correu para abrir e o soldado limpou a garganta antes de falar:

“Temos que ir, todos os outros já estão prontos.”

Sua voz mostra o quanto ele não queria estar ali, então apenas segurei a alça da mala com a mão esquerda e peguei a mão de minha irmã com a direita.

Passamos a voltar para aquele galpão, mas desta vez existem alguns ônibus já lotados com as outras pessoas daquela matilha, mas o soldado foi andando e sei que é para eu segui-lo, passamos pelos ônibus e vi Kaiden parado ao lado de uma SUV preta, o porta malas estava aberto.

O sorriso dele era irritante, mas minha irmã soltou minha mão e correu até ele o abraçando e escutei ela agradecendo. Revirei meus olhos e coloquei a mala no porta malas, fechei e entrei no carro, na parte de trás.

Minha irmã já estava ali, aproveitei para colocar o cinto nela e fiz a mesma coisa. Kaiden sentou no banco do motorista.

“Que tipo de música você gosta, Mia?” Kaiden perguntou.

“Rock! Igual o papai!” Mia respondeu animada.

Apenas olhei pela janela, esperando que a viagem começasse.

“E sua irmã?” Kaiden começou a mexer no celular para colocar uma playlist.

“A musica favorita dela é: Under your Scars! Eu lembro! Eu era muito pequena, mas é a musica que sempre tocava quando o tio Marc fazia uma surpresa para a minha irmã.” Mia respondeu animada e inocente.

Fechei os olhos, mesmo depois de tanto tempo ainda doía escutar o nome dele.

“Bom, vamos ficar com um soft rock, que tal?” Kaiden falou, sem fazer mais perguntas.

Eu sei que ele quer saber mais sobre mim, mas pelo menos se deu a dignidade de não ficar interrogando minha irmã.

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