Theo

Nunca vi um dia se arrastar tanto, parece que o relógio parou e as horas não passavam de forma nenhuma. Alguns minutos que passei na casa da Cecilia me deixou assim ansioso para vê-la de novo.

As seis e meia eu já estava tomado banho e arrumado, procurei colocar uma roupa mais esportiva e fui até o quarto do Jean, bati e como ele não atendeu eu entrei e o quarto estava vazio e eu escuto o chuveiro e só me sentei na cama e fiquei lhe esperando.

Não demora muito ele sai do banho e me olha assustado?

__ Eu estou atrasado pai?

__ Não, eu é que estou adiantado mesmo.

__ O senhor está nervoso?

__ Um pouco, esses últimos meses eu tenho ficado apenas com vocês e essa noite de pizza com mais pessoas me deixou nervoso.

__ Acho que quem está deixando o senhor nervoso é uma certa professora.

__ Também, eu não tive namoradas meu filho, eu namorei a Helena desde sempre, então não sei muito bem o que é me relacionar com outra mulher que não seja ela e que não esteja relacionado ao ambiente de trabalho.

__ Então está na hora de começar pai.

__ Eu nem sei como é conquistar uma mulher, a Helena ainda era uma adolescente quando começamos a nos envolver.

__ Como o senhor aguentou aquela mulher por tanto tempo pai, ela é chata, é fútil, não combina com o senhor.

__ Sabe que só depois que nos separamos que eu vim perceber isso.

__ Pelo menos eu e a Mel trouxe algo bom para o senhor, conseguimos mostrar que ela não era a mulher certa para o senhor passar o resto da vida.

__ Isso é verdade.

__ Agora o senhor precisa conquistar a professora, ela sim é a mulher ideal para o senhor, linda, inteligente, meiga, amorosa e que não tem preconceito.

__ Preciso concordar com você a Cecilia não tem preconceito, ela é uma mulher simples, linda que sabe conquistar as pessoas só com seu jeito.

__ Acho que o cupido flechou seu coração em pai.

__ Vamos ver né, espero que dessa vez eu acerte na escolha.

__ Já acertou pai, a Cecilia é uma mulher de princípios, já gostou da Mel.

__ E vai gostar de você também.

__ Pelo menos ela não desprezou a gente como a bruxa, nem ficava sem querer chegar perto com medo da gente passar uma doença para ela.

__ A Helena sempre foi cheia de frescuras.

__ Isso não é frescura pai, isso é preconceito mesmo, ela achou que a gente morava era na rua.

__ Ela sabia que não era.

__ Mas, tratava como se fosse. Ela achava que eu e a Mel éramos trombadinhas que ia roubar ela a qualquer momento.

__ Como assim Jean.

__ Eu não quis falar nada com o senhor porque não queria ser o motivo de brigas entre vocês dois, mas uma semana depois que a gente estava aqui ela me acusou de ter roubado um brinco dela, revistou todo o meu quarto, derrubou todos os meus livros no chão, me fez tirar toda a roupa para me revistar e quando a Bethe chegou dizendo que o brinco dela estava dentro de uma caixinha no closet dela, ela saiu de deixou meu quarto todo bagunçado para eu arrumar.

__ Porque você não me contou nada?

__ Porque tinha uma semana que eu estava aqui pai, tudo o que eu mais queria era realmente poder ficar e entre a minha palavra e a dela o senhor ia acreditar na dela.

__ Não, eu ia procurar saber da verdade primeiro.

__ Mas, eu não sabia disso e preferi guardar isso só para mim e a Bethe que viu e me ajudou a arrumar o quarto.

__ A Mel não estava com você?

__ Não ela estava na sala de TV dormindo. Ainda bem que ela não viu, a Mel já presenciou coisas demais para a idade dela.

__ Isso não vai mais acontecer, a Helena é passado e o que a gente teve acabou.

__ Eu ainda acho que ela vai atormentar a vida do senhor, principalmente quando souber que o senhor arrumou outra namorada.

__ Mas, eu não arrumei ainda.

__ Ainda não mas está indo no caminho certo para arrumar e pode ter certeza que eu e a Mel vamos torcer muito para isso acontecer.

Ficamos conversando enquanto o Jean ia se arrumando e eu fico sempre impressionado como ele é maduro, muito além de sua idade. Acho que o fato da mãe deixar ele largado e ele ter que se proteger e proteger a Mel fez com que ele amadurecesse antes da hora, as vezes eu fico me perguntando se eu realmente estou conversando com um garoto de onze anos.

__ Prontinho pai, podemos ir que eu sei que o senhor está ansioso para rever a professora.

Saímos juntos e eu já passei na cozinha e avisei a Bethe que ela já estava liberada que eu ia sair com o Jean. Entramos no carro e seguimos para a pizzaria, escolhemos os sabores da pizza e os refrigerantes e o Jean ainda me fez comprar duas caixas de chocolate, uma para as meninas e a outra para a Cecilia.

Fomos todo o caminho conversando, não demoramos muito a chegar, eu estaciono em frente a casa dela e o Jean já toca a campainha e não demora muito a Cecilia vem abrir e meu Deus ela está ainda mais linda, com um vestido florido, bem delineado na sua cintura e busto, nem longo e nem curto, os cabelos presos em um coque, sem maquiagem até porque ela não precisa, seu rosto tem uma beleza natural perfeita.

__ Boa noite Theo. Boa noite Jean como você está?

__ Boa noite professora, eu estou bem, cadê a Mel.

__ Estava terminando de se arrumar com a Julia, eu não disse a ela que vocês viriam só falei que íamos ao mercado.

__ Vou fazer uma surpresa a ela, tô indo viu pai.

__ Esta bem.

__ Precisa de ajuda Theo?

__ Se você puder levar as pizzas eu levo os refrigerantes.

__ Claro.

__ A propósito, você está muito linda.

__ Obrigado.

Ela abaixa a cabeça numa certa timidez que me deixa ainda mais animado em está com ela. Seguimos lado a lado e assim que entramos as meninas já estavam na sala e só me deixou colocar as coisas na mesa e a Mel já pulou em meu colo.

__ Eu tava com saudade papai, mas eu não quero ir embora não tá.

__ Está bem meu amor, o papai só veio trazer as pizzas para a gente jantar e o papai também estava com saudade.

Enquanto a Mel estava no meu colo a Cecilia já estava organizando toda a mesa e o Jean ajudando, meu rapaz é um verdadeiro cavalheiro e eu já vi que ele está todo derretido pela Cecilia, primeiro foi a Mel agora o Jean.

__ Mel desce do colo do papai para a gente comer se não a pizza esfriar.

__ Vamos meninas, sentem-se.

__ Antes deixa eu lhe dar algo que eu trouxe Cecilia.

Pego a caixa de chocolate e entrego a ela que me deu um sorriso tão lindo que eu fiquei feito um bobo paralisado, logo depois ela me agradeceu. O Jean deu a que compramos para as meninas e depois nos sentamos para comer.

Claro que a Cecilia com todo o seu cuidado foi servir as meninas primeiro e depois que se sentou e comemos num clima tão bom, tão animado, eu me vi em um sonho, estava em uma família. As crianças conversando e rindo e se divertindo, algo que eu sempre quis.

Meus jantares com a Helena sempre foram conversas monótonas, ela só falando de futilidades e eventos que tinha que participar, não tinha alegria. Quando eu tocava no assunto de formar uma família de termos crianças em casa para trazer alegria, vida ela sempre desconversava.

E hoje eu estou aqui, com meus filhos ao lado de uma mulher que conheço apenas há um mês, mas que já conseguiu conquistar meus filhos e a mim, como diz o Jean ela sim é uma mulher que vale a pena conquistar.

Há muito tempo que não eu não tinha momentos assim na minha vida, vendo os meninos numa felicidade que não há nada que pague, acho que o destino está me mostrando que eu encontrei uma joia muito rara e que eu não posso deixar ela se perder, eu preciso conquistar a Cecilia, preciso dela ao meu lado, pelas crianças e por mim que mereço ter alguém que me ame de verdade, que olhe para mim e veja o homem romântico, cuidadoso, amoroso que merece receber e dar todo amor que tenho em meu coração.