Entro no bar soltando fogo, não sei se vou conseguir ouvir o que quer que esse embuste venha me contar, paro por um momento e respiro fundo.Não vou bater nele até que termine de falar.Focado no meu novo mantra, o localizo sentado em uma baqueta e encostado no balcão, vou em sua direção e quando me encontra, o vejo empalidecer. Frouxo.— Pode começar a falar. — Digo sem rodeios.Engolindo em seco, começa.— Como já deve imaginar, Natalie não é minha prima, na verdade, eu a conheci aquele dia no bar quando estava com você. Ela se aproximou no momento que saiu.Franzo o cenho.— E?— Ela me disse que era apaixonada por você e que precisava de ajuda para te afastar da Melanie. — Ele pausa, somente para dar um gole no fodido copo d’agua que ele está segurando. Porra, ele não mudou nada, continua vindo a um bar para tomar água. — Segundo ela, você era encantado pela Melanie, e ela por sua vez te prendia. E esse era o principal motivo de você tê-la dispensado na única noite que passaram ju
O dia amanheceu com a minha campainha sendo torturada por algum filho da puta que não tem medo de morrer. Saio da cama puto, visto um short de qualquer jeito e vou até a porta, escancarando-a.Me deparo com Hillary, rindo da minha cara e uma mulher ao lado dela que nunca vi.— Bom dia Mark, como estamos hoje?— Porra, você é maluca? Que horas são agora? — Me exaspero.Ela estica os pulsos e dá uma olhada no seu relógio, depois me lança um olhar tímido.— 07h da manhã.— Puta que pariu Hillary. — Dou meia volta e sigo para a cozinha, morrendo de vontade de voltar a dormir, mas se conheço bem a peça, ela não vai embora enquanto não me contar o que quer.— Seu mau educado, nem cumprimentou minha irmã. — Ouço-a dizer às minhas costas, mas não dou bola. — Mark, essa aqui é minha irmã mais velha, Sophia.— Olá Sophia... de quem sua irmã puxou essa chatice toda?A irmã de Hillary solta uma risada alta.— Isso é totalmente dela, meus pais e eu não somos assim... Bom, não com qualquer um.— Ph
Hoje o início dia foi exaustivo, tive tantos arquivos para serem enviados de volta para a filhote de satã, que fiquei imersa nisso o dia todo, morrendo de medo de que enviasse algum errado e desse ainda mais motivos para ela brotar do nada na minha sala despejando seu repertório de ofensas. Estou começando a me encher disso. Owen está se mostrando um completo inútil, porque ele fica mais de duas semanas em um mesmo arquivo e acabo ficando com todo o resto.Estou perdida em mais uma revisão, quando Sam irrompe pela porta.— Vocês não sabem o que acabei de ouvir de um dos chefões — Diz eufórica, depois lança um olhar de esguelha para Owen, todas nós estamos com um pé atrás com ele, desde o incidente com o Mark e por algumas situações aqui na empresa que ocorreram após sua chegada. — Acho melhor conversarmos sobre isso no almoço. — Olha para seu relógio e abre um sorriso. — Que é daqui exatos 2 minutos.Dou risada.— Animadas para quinta-feira? — Sophia pergunta, ainda prestando atenção
Olho brevemente para o relógio, vejo que já posso sair para almoçar e junto minhas coisas, sem prestar atenção direito, bloqueio o computador e levanto-me da mesa abruptamente.— Meninas, tive um imprevisto, não vamos poder almoçar juntas... Explico quando eu voltar. — Não dou tempo para que questionem e saio correndo porta a fora.Enquanto o elevador desce, minha mente está um turbilhão, imaginando os piores cenários possíveis e já calculando os estragos. Preciso saber exatamente tudo o que foi dito a Mark e então, irei mudar minha estratégia de reaproximação, por que é quase certo de que ele estará ainda mais arredio comigo agora.Que inferno.Saio do elevador sem olhar para os lados, e no momento que chego na calçada, acabo trombando com alguém que estava se aproximando da entrada. Meu celular e minha bolsa caem no chão.Solto um murmúrio irritada.— Desculpa, não vi você, — Digo apressada sem olhar para o estranho e abaixo-me para juntar minhas tralhas que estão espalhadas pelo ch
Ele passa a mão no rosto e bagunça os cabelos, frustrado.— Eu só queria agradá-la, ela sempre me disse que seu sonho era participar ativamente no planejamento do meu casamento. Poxa, sou seu único filho.— Não iria proibi-la de ajudar Wayne, mas você é tonto ou o que? Sua mãe estava anulando todas as minhas decisões. Transformando o meu casamento em um show de horrores.— Mas...— Isso não é relevante agora, diga-me por que pediu esse encontro.Vejo que não gostou da forma que o interrompi e seus olhos escurecem momentaneamente, antes dele recuperar a fachada de noivo arrependido e abandonado.— Queria dizer que não compactuei com o plano da Natalie de afastar vocês dois.— Natalie? — Pergunto confusa.— Ava Natalie. — Wayne esclarece e sinto que meus olhos podem sair da órbita, tamanha surpresa que me toma.— Ava... — Resmungo baixinho.— Ela encontrou Mark por acaso na boate em algum momento antes de nos conhecermos, se envolveram casualmente e ela ficou totalmente obcecada por ele
— Você não tinha essa direito! — Grito e Mark repousa a mão nas minhas coxas, me forçando a razão e procuro me acalmar. — Devia ter me contado tudo quando teve a chance e aí sim Wayne, eu poderia até concordar que não foi tão culpado, quando você se julga. Mas esconder por dois lastimáveis anos a verdade de mim, te torna ainda pior do que ela.— Mel...— Não... você faz ideia do que eu passei? Tem noção de como me senti esse tempo todo?Abaixa a cabeça envergonhado.— Toda essa armação, me envenenou tanto a ponto de eu descontar na única pessoa que foi verdadeira comigo. Você faz ideia de como me sinto destruída agora? — Digo, tentando controlar as lágrimas que já estão na borda. — Você não tinha esse direito de mexer com o sentimento das pessoas Wayne, porque isso não pode ser amor.— Melanie, não duvido disso por nada.— Não, Wayne, você acha que é amor, mas a verdade é que você confundiu tudo. Durante nosso tempo na Irlanda, achou sim que podia me amar, mas quando chegou aqui perce
Refleti muito depois que voltei para o meu apartamento, após a conversa com o embuste. Ele conseguiu quebrar a porra da muralha que levei dois anos para construir ao redor do meu peito e agora, a dor parece dilacerante.A saudade me nocauteou e sinto totalmente minhas forças indo embora, meu esforço, minha força de vontade evaporando e o medo é paralisante. Não quero deixar esse sentimento me tomar de novo, porque, ainda guardo comigo tudo o que senti quando criei coragem para expor tudo a ela. Compreendo agora que ela foi envenenada da pior forma possível, mas isso não anula a dor que me corrói até hoje e que eu luto bravamente para esconder.Sinto-me como um animal enjaulado dentro do meu próprio espaço e pela primeira vez desde que voltei, entro no cômodo proibido. Seu cheiro ainda está impregnado no ambiente, embora começando a ficar camuflado por conta da poeira e pelo tempo que ficou tudo fechado, suas coisas ainda estão no mesmo lugar, a parede de vidro me mostra a vida seguind
Dirijo pelas ruas movimentadas de São Francisco e me pergunto como vou mandar mensagem para ela, sendo que troquei de celular e de número, não tenho mais seu contato. Decido então chamar por ela na recepção e peço a Deus que não encontre com sua desprezível chefe no caminho.Localizo uma vaga bem próxima a entrada da editora, conto mentalmente até cem e finalmente, crio coragem para sair do veículo. Pelo horário, ela já deve estar livre para o almoço então não posso demorar muito ou vamos nos desencontrar. Assim que chego na frente da porta da editora, ela se abre e uma Melanie ofegante passa por ela, sem olhar por onde anda e bate com tudo no meio peito, derrubando seu celular e sua bolsa no chão, esparramando todas as coisas pela calçada. Permanece a mesma destrambelhada de sempre.— Desculpa, não vi você — Ela diz ofegante, antes de praticamente se jogar no chão para juntar as coisas que estão esparramadas em todas as direções. Pelo visto não aprendeu que precisa fechar a bolsa ant