Não consigo dormir, desde que Melanie saiu daqui daquela forma, estou me revirando na cama sem pregar os olhos. Como é possível... Como ela pode escolher ir atrás dele para saber, ao invés de aguardar para conversarmos depois. Meus pais sempre me alertaram, para não tomar nenhuma decisão ou discutir algo quando estivesse com a cabeça quente, por que nesse momento, podemos sem querer soltar alguma coisa para machucar o outro no auge do momento e não importa o que façamos depois, ficará marcado para sempre.Melanie me machucou, e não foi necessário palavras.Porra, essa merda dói.Levanto-me da cama, inconformado e com a insônia me irritando ainda mais, e sigo direto para o frigobar que possuo no canto do quarto, arranco de lá uma garrafa de Whisky e subo até o terraço. O clima está propício para meu estado de ânimo. Um vento gelado me atinge, arrepiando meus pelos, mas isso não me para e vou até o parapeito, observar o mundo lá embaixo.Uma chuva fina começa a cair, deixando tudo ainda
— Foda-se, ninguém mandou me acordar. — Digo rindo e viro para retornar ao quarto. Ouvindo os resmungos de desgosto de todos eles ao verem minha bunda. Bando de homens com a masculinidade frágil.Depois de tomar um banho e me vestir, encontro-os sentados na bancada da cozinha, degustando de um excelente café da manhã, preparado pelo Dom.— Posso saber o que estão fazendo aqui? — Pergunto, me jogando em banqueta e me servindo com um pouco de tudo que tinha a disposição.— Primeiro, saber como você estava. — Seb começa.— Segundo, te arrebentar por esconder o que aconteceu anos atrás. — Will completa, fechando a cara e me lançando aquela carranca, que me fazia tremer na base quando era mais novo.— Não vinha ao caso. — Digo.— Claro que sim, por que você guardou para si mesmo, todos esses anos, essa vontade arrasadora de bater naquele cara? Não é bom guardar sentimentos tão nocivos. — Nate entra no assunto.— Nem lembrava da existência daquele arrombado, vivia feliz assim, mas quando af
Eu vivi a pior noite da minha vida, ao ver Mark surgindo completamente do nada e batendo em Owen de uma forma que nunca o vi agindo. O desespero que me acometeu, não consigo nem descrever em palavras e fui ficando cada vez pior, já que ninguém conseguia me explicar o que estava havendo.Quando fui atrás de Mark em seu apartamento, percebi rapidamente que ele ainda estava fora de si, mas, alguém precisava esclarecer as coisas e meu melhor amigo sempre foi esse alguém. Não estava nos meus planos o desentendimento que veio a seguir, muito menos a “ameaça” que fiz sobre ir atrás do Owen para saber as coisas. Eu vi, em seu olhar, a mágoa que causei. Mas, eu também estava magoada com tudo.No entanto, nada me preparou para o que ouvi a poucos minutos do causador de todo esse problema. Agora, eu entendi seu sumiço. O término repentino. Entendi as brigas que Mark se enfiou naquele ano e jurou para mim, que havia sido um desentendimento bobo. Como ele conseguiu manter isso para ele mesmo, dura
Sinto uma euforia me tomar, olho para Sophia.— Onde vamos almoçar hoje?Ela me olha confusa.— Eu... bem, não tinha programado nada.— Vamos ao Italiano então. —Digo animada.— Mel, o italiano é a uns 15 minutos daqui, vamos de carro?— Sim, vamos, vamos. — Apresso-a, e ela sem entender me segue pelos corredores e chama Sam, que vem conosco sem hesitar. O elevador desce até o estacionamento no subsolo e logo, estamos nos direcionando até a saída. — Por favor, passa na frente da empresa. — Peço, começando a rir.— Mel? — Sam pergunta do banco de trás.— Por favor — Suplico, fazendo o melhor para usar a cara do gato de botas — Quero ver uma coisa rápida.Fazendo o que pedi, Sophia dá a volta no quarteirão e passa lentamente na entrada da editora e vejo em pé, olhando com cara de ódio para a porta, está minha queridíssima sogra. Com Wayne do lado.Explodo em uma gargalhada, que logo vira uma crise imensa e é como se fosse uma liberação de sentimentos. Uma catarse absoluta.Estou rindo e
Depois de reler algumas vezes as mensagens que me enviou, finalmente respondo.Eu: Eu amei os hibiscos, como imaginado, estou agarrada a eles aqui.Eu: Não gosto quando a gente discute Mark, seja pelo que for.Eu: Viagem hein, para onde estão te levando?Mark: Também não gosto Mel, sabe disso.Mark: Estamos indo para Vegas! *piscadinha*Eu: Vegas hein, só não pode voltar casado pelo Elvis.Não sei por que, mas a ideia dele cometendo essa loucura, trás um gosto amargo para minha língua, é antinatural imaginar Mark casando-se com quem quer que seja. Ele é o solteirão inveterado, que não cogita se prender ao matrimônio.Mark: Isso nunca vai acontecer.Abro um sorriso para sua mensagem, é como se eu tivesse o poder de visualizá-lo nesse exato momento, enrugando a testa e olhando feio para o celular, enquanto digita freneticamente que nunca irá acontecer tamanho absurdo.Ah Mark, que doce ilusão a sua.Os próximos minutos passam rapidamente, enquanto me delicio com os sensacionais burritos
— Sabe, acho que precisamos sair com seu amigo, Mark. — Ouço a voz de Wayne ao meu lado e acordo com um sobressalto. Aguardo alguns segundo para meu espírito retornar ao meu corpo, antes de me mover para ficar lado a lado com ele. Que me lança olhares carinhosos.— Como é? — Pergunto com a voz rouca.— Sairmos, para algum lugar. Não deu muito certo aquela tentativa de aproximação, ainda mais depois que os amigos chegaram. Mas não vou desistir, já que você gosta tanto dele assim.— A ideia nem foi sua Wayne. — Comento rindo, já me movendo para levantar da cama, dou um gritinho quando seus braços circulam minha cintura me puxando de volta.— Mas achei genial, então, quero ser o próximo a tentar.— Tem certeza? — Franzo a testa, sem acreditar muito na sua convicção de fazer amizade com o Mark.— Claro, podemos ver algum lugar para jantar hoje a noite.Meus ombros caem, quando lembro que Mark estará longe durante todo o final de semana.— Vai ter que ser adiado, ele está em uma viagem de f
Disco seu número e aguardo ansiosamente para que me atenda, meu coração palpita descontroladamente a cada toque da chamada. Quando cai na caixa postal e ouço sua voz na mensagem gravada, meu pranto aumenta.— Mark... — Soluço. — Não posso perder você, por favor, me diga que nada entre nós vai mudar depois do casamento. Por favor, por favor, diga que não vai mudar. — Paro para respirar fundo e tomar fôlego. — Eu não vou embora de San Francisco, minha vida toda é aqui e Wayne vai se adequar, eu prometo.Assim que desligo a chamada, me sinto um pouco mais controlada, termino meu banho e estou pronta para começar o dia.***Reviro os olhos internamente, enquanto ouço a Dona Isla — juro que agora ouço o chocalho da cascavel cada vez que ela fala — me comunicando de todo o planejamento que ela já fez sobre o casamento. Estamos em um restaurante grã-fino que ela escolheu dessa vez, pelo menos não tem frutos do mar. Mas ela ainda acha que devo comer tudo o que deseja e estou começando a ficar
Quando as portas se abrem no hall, sou invadida pelo perfume característico do meu melhor amigo, que me envolve completamente, me dando a sensação de lar.Ouço vagamente meu celular tocando na bolsa, mas ignoro e sigo para dentro do apartamento.Está tudo como me lembro, diversos porta-retratos espalhados pelo hall, pela sala e nos corredores. Com fotos minhas e de Mark. Em alguns, tem apenas eu, em diversas poses aleatórias que Mark julgou que eram dignas de irem para porta-retratos.Paro de frente para o quadro que Mark fez questão de adquirir, depois da minha formatura da faculdade. Estamos nós dois com roupa de gala, lindos demais, diga-se de passagem, com sorrisos de orelha a orelha, nossos rostos estão grudados olhando para o fotógrafo, que registrou o momento exato que Mark soltou uma de suas piadinhas, me fazendo gargalhar e a foto conseguiu captar o momento com excelência. É possível sentir tudo de novo, só de olhar para essa foto.Vou até a porta do meu quarto e a abro de um