Dias depois...HELENAOS DIAS SE PASSARAM e as lembranças daquela noite nunca saíram da minha mente. Depois que ele caminhou em direção a escada, no movimento que durou somente dois segundos, Enzzo pegou o sobretudo e ao subir os degraus o colocou em volta do seu corpo. Assim que chegou próximo à porta, lançou um olhar cheio de sarcasmo em minha direção, em seguida sumiu da minha vista.Nojo! Essa era a palavra que descrevia tudo que eu estava sentindo. Mesmo sabendo de tudo que ele me fez, no fundo eu tinha esperança de que tudo aquilo era um pesadelo. Que maior que o ódio e a raiva, ele pudesse ter algum sentimento por bom mim.Ouvir aquelas palavras fez toda uma retrospectiva passar a minha frente e nem mesmo as surras que levei de Omar, doeu tanto quanto os puxões de cabelo e o tapa que Enzzo me deu, provocando algo muito forte dentro de mim. A sensação que eu tinha era como se ele tivesse cravado uma estaca em meu peito e essa tivesse entrado e saído me destruindo em prestações.
Dias antes...ISABELLAQUASE UM MÊS SE PASSOU DESDE QUE A RAZÃO DA MINHA VIDA, aquela a quem eu achei que estava protegendo, tirando-a das garras do capeta, para que não tivesse uma vida ainda mais dolorosa ao lado daquele outro infeliz, deixou esta casa. Os dias se tornaram um verdadeiro tormento e como se não bastasse toda a dor que estava sentindo, não só pela saudade e essa incerteza do que aconteceu com ela, tive que me manter forte para não sucumbir as agressões, onde desta vez, não só marcaram o meu corpo como a minha alma. Saber que o desgraçado com quem me casei seria capaz de matar a própria filha, fez com que uma onda de tremores percorresse todo o meu corpo. E, durante o interrogatório dos conselheiros, ver nos olhos de Malaquias, que apesar de pertencer a essa organização sanguinária, ele sempre tentou manter vivo o legado dos Demisovski, onde mulheres e crianças deveriam ser protegidas e não se tornarem alvos da crueldade desses homens, que mais parecem uma erva daninh
Uma semana depois...HELENAAS CONSEQUÊNCIAS EM TER ENCOSTADO a minha pele naquela lama, foi que acabei tendo uma reação alérgica e no dia anterior, quando acordei e fui me olhar no espelho, o meu rosto estava inchado e em volta da minha boca tinha algumas bolhas. Graças à dona Yolanda, que se compadeceu da minha situação, que além dos cuidados para que eu ficasse boa, passou a esconder no porão alguns mantimentos e desta forma comecei a me alimentar melhor, no entanto, além de sempre estar com uma sensação de cansaço e colocar boa parte do que comia para fora, eu comecei a sentir como se algo estivesse fervilhando em minha barriga. Era como se tivesse fogo líquido em vez de sangue e sempre sentia um forte desconforto.Depois daquele episódio no chiqueiro, o tio de Enzzo, sempre que passava por mim, ao contrário das outras vezes, era como se eu não estivesse ali. Seu olhar sempre estava voltado na direção contrária. Deixei as lamentações de lado e comecei a pensar em como me livrar da
HULKSONOLENTO, ME LEVANTEI, como sempre, nada melhor para tirar todo o estresse, como vir neste lugar. Olhei para mulher esparramada em cima da cama, que dormia feito uma pedra, segundos depois, fiquei de pé e fui catando no chão as minhas roupas. Arrumado, peguei a encomenda que tinha solicitado para madame Rosalina, e deixei o cômodo indo em direção à garagem. Em frente ao veículo, abri a porta traseira do carro para guardar as garrafas do uísque importado, já que ela sempre compra em alta quantidade e o valor acabar se tornando bem inferior se comparado com o que os ladrões vendem nos supermercados. Assim que fui colocar a caixa dentro do veículo, meus olhos foram de encontro ao objeto que certamente tinha caído de um dos bancos. Depois de colocar a caixa e me certificar que nenhuma garrafa ia se quebrar, pequei a mochila, em seguida fechei a porta do automóvel. Sendo o objeto totalmente desconhecido por mim e sabendo que não tinha nada haver com Enzzo, tudo indicava ser daque
ENZZOMINHA ATENÇÃO FICOU DIRECIONADA para a mochila nas mãos do meu tio e as lembranças de quando a tirei daquele barranco vieram em minha mente, porém, foram afastadas assim que ele lançou o objeto em minha direção. Com a bolsa sob minha posse, dei alguns passos para trás, até alcançar a poltrona. Ele, que até então estava com sua atenção, segundos atrás, voltada para mim, se voltou em direção a mulher que estava deitada sobre a minha cama e ao me sentar, comecei a deslizar o zipe tentando abri-la. Todavia, ele, sem desviar seu olhar de Helena disse: — Yolanda me contou tudo que aconteceu. Enquanto ele parecia perdido nos próprios pensamentos, eu comecei a retirar tudo que estava dentro da bolsa. Um desafio silencioso preencheu todo espaço e assim que puxei a ultima peça de roupa, uma pequena caixa, que estava no fundo da bolsa chamou a minha atenção. Assim que peguei o objeto luxuoso, joguei a mochila no chão e o silencio que tinha predominado no ambiente deu lugar ao som da voz
HULK FORAM POUCAS AS VEZES QUE o vi chorando, mesmo quando criança, acordando em meio aos pesadelos, sempre se mostrou forte. Enzzo acabou por amadurecer muito cedo, sempre determinado e focado em cumprir com sua missão. Por muitas vezes tive que ser duro e até cruel, para nunca deixá-lo esquecer quem era o responsável por Vitor e Helen não estarem com ele, e se não fosse por Yolanda, que assim como fez comigo, não deixou que a escuridão tomasse por completo os nossos corações. Desde quando ele chegou com a filha do traidor, eu vi um brilho que jamais tinha visto em seus olhos, sei que Helena seria o seu calcanhar de Aquiles e, por isso estava disposto a tirá-la do seu caminho. Mas agora, ao ver a cena a minha frente, toda uma retrospectiva se passou.Ele já perdeu muito, passou toda sua infância se dedicando aos treinamentos. Dizendo noite e dia como ansiava pelo momento em que teria o coração do maldito em suas mãos. No entanto, a filha do homem que matou o meu irmão tão querido,
HELENA COM OS OLHOS FIXOS EM YOLANDA, meu cérebro tentava processar toda aquela informação. E, quando desviei o olhar do seu rosto para o meu braço, me deparei com o soro correndo em minhas veias.— Eu sei que você ouviu o que eu disse e não é fácil ter que lidar com tudo isso. Mas, essa criança assim como você, está lutando para sobreviver, mesmo que a escuridão esteja ao seu redor, sempre haverá uma luz. Fechei os meus olhos e suas palavras martelavam minha mente e não pretendiam parar. Eu mais do que ninguém sei o quanto a vida é preciosa, todavia, ter um filho daquele monstro será o mesmo que submeter um ser inocente a tudo que passei durante toda a minha infância. Não posso permitir que Enzzo, faça dessa criança mais uma vítima do seu ódio, que em vez de um pai, ele tenha um tirano o qual fará da sua vida um mar de sofrimento. Esses eram os pensamentos que corriam dentro da minha cabeça, repetindo-se num ritmo alucinante e incessante. Passei a suar frio e o meu corpo inteiro
OMAR DURANTE ESSES ÚLTIMOS DIAS, muita coisa aconteceu. Antes mesmo de a inútil confirmar que a mecha de cabelo era da infeliz, pela sua expressão eu já tive a resposta. A raiva me dominou quando a idiota começou a chorar e de alguma forma, eu precisava descontar todo o ódio que estava sentindo e antes que ela se desse conta, fechei uma das mãos em punho e avancei em sua direção. Os ruídos vindo de sua garganta, logo se fizeram presente, o que só me incitou a desferir vários socos em sua barriga, afinal de contas, o alvo que me deixa em puro êxtase ao ver os hematomas, desta vez não poderia ser atingido, já que precisava do seu belo rosto intacto para o evento que estava prestes a acontecer. Depois que me dei por satisfeito, deixei o lugar indo em direção ao meu escritório. Já acomodado em minha poltrona e, após a confirmação que realmente o cabelo era de Helena, meu cérebro começou a processar todas as informações, me levando a dois caminhos. Aquela velha disse em meio a sua pro