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JARDIM DESTRUÍDO

 Eu amo flores.                                              As cores, o perfume, os desenhos que formam, as simetrias quando estão juntas em uma diversidade, as folhas pequenas e grandes em várias formas e uma grama verdinha. Tudo impecável!!! Sem falar que dão vida onde estiverem. No caminho para meu trabalho tem uma casa pintada de branca, com cercas de madeira verde clara, no passeio flores e arbustos recebem as visitas. A mais linda paisagem que se pode, em um mundo onde poucos tem tempo para a natureza. Eu adoraria morar nessa casa.                   A casa tem vida, reflete amor!!!             Eu imagino a felicidade de quem mora nela. Acordar com o cantar dos pássaros, a fragrância das flores e saber que tudo está próximo de si. Eu me acostumei e me apaixonei por esse jardim, então todos os dias ao ir trabalhar, me sento no mesmo lugar no ônibus para aprecia lo. É como um presente, uma energia para que eu possa me recarregar para mais uma longo dia. Mas ultimamente o jardim está se desfazendo, isso muito me entristece, vejo as flores se desfalecendo pouco a pouco. Certo dia vi um jovem com um semblante sério, de dor e amargura, mas  vi também gentileza e esperança em seu olhar. Desde então, além do jardim eu vi outro motivo para olhar para aquela casa.                               E sim, eu estou invadindo a privacidade dele, quando olho seu jardim com a terra seca e flores murchas . Quando vejo as folhas acumuladas na piscina e as janelas sempre fechadas. Minha vontade é de me aproximar, ser sua amiga, de estar com ele.

 Eu só quero estar ao seu lado e juntos reconstruir o jardim.

Na terça feira eu o vi sentado onde deveria estar a grama, ele estava parado olhando fixamente para a rua. Pela primeira vez eu pude ver ele olhando para frente. É como se aquele olhar fosse para mim . Eu fiquei encantada com o sorriso que deu. Foi um sorriso discreto, meio de canto, e eu o considerei para mim.  Esse já foi um bom motivo para eu dormir e acordar pensando nele. Posso parecer louca, mas sinto que temos uma conexão. Não sei de onde ou porque , mas acredito que ainda o terei em meus braços.  Na quarta feira ele estava em seu quarto, eu o vi pela janela, parecia escrever algo que o deixava irritado. Eu fico pensando se ele teve uma decepção amorosa e isso o deixou amargurado, porque se isso aconteceu os danos são profundos. Mas também pode ser ansiedade de esperar por algo que esteja demorando acontecer. Eu imagino mil e uma forma de ajuda lo caso eu possa ser sua amiga.

Quinta feira acordo na expectativa de vê lo novamente. E lá está ele, sem camisa, sentado na porta de sua casa, falando com alguém ao telefone. Eu não pude ver a sua reação porque o ônibus começou a se movimentar.                        O que será que estava falando?                   De quem será aquela ligação?            Passo o dia pensando em como ele está, no que está sentindo. Mas eu só o vejo quando vou para o trabalho, na volta, as luzes de sua casa estão sempre apagadas. Provavelmente ele trabalha ou dorme cedo.                                      Sexta, eu fiquei oprocurando por ele em todos os ângulos possíveis . Tentei encontra lo para ver como ele estava . E não o vi. Senti uma dor no coração, talvez ele tenha ido embora e eu não o veja mais. Não sei o que pensar. Passo o fim de semana inquieta, sem saber o que aconteceu. Finalmente chega segunda feira, mas ainda não o vejo. A casa está aberta, há sinais que tem alguém , porém ,não enquanto estou olhando. Fico triste ,pois isso se repete nos dias seguintes.  Os dias se passaram e estou com o coração apertado, pensando que ele já havia mudado. Que aquele telefonema o afastou de mim. Chega a hora de dar sinal para eu descer, e quando me viro , vejo ele sentado atrás de mim. Será que ele viu como eu me sentia? Porque se percebeu minha agonia , vai em achar uma louca obsessiva. Eu fico muito sem graça ao ver que ele estava olhando para mim, então ele sorri.

Foi o sorriso mais lindo que eu já vi.

Desço meio perdida e continuamos a nos olhar pela janela .

Eu realmente não esperava por isso.

Ao amanhecer, vou com a expectativa de vê lo novamente vou em direção ao meu  lugar, mas dessa vez eu o procuro dentro do ônibus. Missão fracassada , ele não estava lá e nem na sua casa. Entristecida vou me sentar e vejo um papel onde costumo ficar. Um bilhete que alguém certamente esqueceu. Eu o peguei e por impulso o li. 

 " Linda passageira, eu não tive o prazer de te conhecer, mas senti sua afeição por meu jardim ou curiosidade,rsrsr. 

Permita me retribuir com um encontro. Se aceitar, estarei te esperando, as 20:00, onde despertou sua atenção pela primeiro vez."

Parecia loucura, será que ele estava interessado em mim ou minha obsessão havia lhe assustado e por isso queria falar comigo.

De qualquer forma eu precisava saber. Então fui ao seu encontro. Na hora marcada, lá estava eu, em um banco em frente á sua casa, a espera de uma oportunidade para conhecer o garoto por quem me passei os dias preocupada e tensa por não ter notícias. Ele sai de sua casa, com um perfume que eu pude sentir á distância, um sorriso largo.  Se aproxima e me entrega as flores com um bilhete, que deixei para ler depois.

-Acho que hoje  finalmente iremos nos conhecer. Sou Adam e você?

-Sou a Bia, Me desculpe por espiar você, sei que foi errado, mas seu jardim era tão lindo!! Não consegui me controlar. 

-Esta tudo bem. Eu amo flores e  gosto de plantar . Vi que você tem o mesmo gosto e quando percebi sua presença no ônibus comecei a te observar também. Moça, você me trouxe vida. 

Meu coração acelerou, e eu só consegui sorrir. Ele segurou minha mão e andamos pela praça observando detalhes um do outro. Parecia que já tínhamos nos encontrado várias vezes. O céu estava lindo, tão estrelado, o perfume das flores, o vento em nosso rostos, tudo era propício para tornar nosso encontro inesquecível. Olhou em meus olhos e tocou seus lábios no meu delicadamente. Estava tudo perfeito até o momento que seu telefone tocou. Ele atende , começa a chorar e vai embora correndo, me deixando para trás. Eu gritei por ele. 

-Adam...Adam, o que aconteceu?

-Ele olhou para trás e conforme corria, sua voz ecoava em meio suas lágrimas.

-Me perdoe Bia, leia o bilhete nas flores...

 Eu procurei o bilhete entre as flores, mas o perdi conforme havíamos caminhado. Voltei pelo mesmo percurso mas não o encontrei. Eu não soube o que estava escrito. Desde então eu nunca mais o vi, sua casa está vazia e sem sinais de que alguém mora lá. Não sei  quem ligou e porque ele reagiu daquela maneira. Mas sei que eu irei espera lo até voltar. Não vou desistir de nossa história. Ainda vamos reconstruir aquele jardim.  Um jardim que foi destruído, mas que guardo todas as sementes dentro de mim para vê lo florescer...

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