No dia seguinte... LOUIS COLEMAN Deixei minha mansão a cerca de 10 minutos, além do carro que estou, mais dois veículos estão fazendo a minha escolta. King estava estranho e pediu que eu não fosse viajar, algo que antes nunca havia acontecido, o que me fez atribuir o seu comportamento ao medo de encarar a realidade que está vivendo hoje. Além do compromisso com a minha família, eu assumi outro bem maior com a SCU, onde derramei o meu próprio sangue e jurei que daria sempre o meu melhor. O carregamento de hoje é um dos mais importantes que recebemos no ano e ao estar em nossos depósitos, a distribuição é feita para diversos territórios através do velho esquema das sacas de trigo, já que consegui alguém para tomar contar das terras dos Martins e dar continuidade a produção. Volto meus pensamentos para o meu filho e seu olhar triste em me ver partir. Sei que ele já passou por vários obstáculos, e nem mesmo eu tenho a força que ele tem, King ainda não sabe o tamanho do seu potencial
Uma hora atrás... LIAM DURAND AFLITO! JAMAIS HAVIA ME SENTIDO desta forma como se os órgãos dentro da minha caixa torácica estivessem em chamas. Um desconforto que desde o momento que cheguei ao deposito, está se intensificando ainda mais. De repente meus pensamentos foram interrompidos pelo som do aparelho em meu bolso e já em posse do meu celular, atendo a ligação. — Chefe! — Estava esperando a ligação de vocês. A ordem dada por Louis é que amanhã, assim que vocês chegarem à França, antes que sigam para Yvoire, passem em Cran-Gevrier e peguem o garoto e se o pai relutar, já sabem o que devem fazer, mas o menino deve ser levado para o Fort Abaddon. — Assim será feito... Trocamos mais algumas palavras e ao encerrar a ligação, fiquei pensando no que Louis tinha falado sobre aquela criança. De certo, conheço o ferreiro que é seu pai, um homem conhecido por ser um dos melhores na arte de forjar metal, o vi algumas vezes anos atrás quando o lugar que vive, que é ex-comuna francesa,
KING COLEMAN Ontem desde a saída do meu pai que não conseguia me livrar daquela agonia. O meu corpo estava muito quente e mesmo tomando um banho gelado, aquilo não se dissipou. Minha cabeça estava latejando e quando tornei um comprimido, o sono acabou me envolvendo, no entanto, não sei por quanto tempo fiquei desacordado, só sei que acordei sobressalto e desta vez a inquietação era muito mais intensa, deixei o quarto para vir até a cozinha e ao passar pela sala e ver a porta aberta, algo me puxou naquela direção, no entanto, ao ver a cena a minha frente, eu senti como se algo tivesse sendo cravado em meu peito. Eu me negava a acreditar, mas sabia que algo de ruim havia acontecido. O nó em minha garganta se desfez e um ruído alto saiu me rasgando por dentro, porém, ao me aproximar daquele carro, era uma dor semelhante a que senti anos atrás, mas agora eu sabia descrever o que estava sentindo. Todavia, a sensação era que tinha algo dando voltas em meu corpo, por mais que estivesse dian
KING COLEMAN Um calor circulou veloz pelo meu corpo e atormentado pela fúria que fervilhava em meu íntimo, eu podia sentir que algo havia tomado conta do meu corpo, fazendo minhas feições mudarem, minha mandíbula não parava de estalar, entretanto, ao ouvir a ordem dada por aquela maldita, eu queria partir para cima deles dois, mas sabia que aquele brutamontes era muito mais forte e um ato insano poderia não me dar a chance de vingar os meus pais. De repente Tornado começou a bater na porta da cocheira com as patas traseiras e foi no momento de susto deles, ao ver o cavalo furioso, que acabei correndo para fora do ambiente. Olhei para os lados e não havia nenhum soldado por perto e só me restava duas opções, percorrer o longo caminho até chegar à mansão, ou ir até o mausoléu e através da passagem secreta ter a chance de entrar em contato com o tio Liam. Minhas pernas voltaram a se mover e eu saí em disparada. Ao chegar dentro do lugar, acionei o botão e assim que a porta foi aberta
Uma hora antes do incêndio... JAMILLA COLEMAN Ando de um lado para outro e estou prestes a fazer um buraco no chão. Quando deixamos o estábulo, durante o trajeto, Mael quis saber onde King estava, eu tive que fazer um esforço para não deixar transparecer ao meu filho amado, que aquele maldito havia fugido porque ouviu a nossa conversa, onde acabou descobrindo os grandes responsáveis pela morte dos seus pais. Mael acabou dormindo e embora o meu filho tenha demonstrado que não suporta o irmão, ele ficou totalmente arrasado com a morte do pai. Diante disso, farei de tudo para que ele jamais saiba que a emboscada sofrida por Louis, só veio acontecer pelas informações dadas por mim a Elói. Sei que o meu irmão não iria descansar até concluir a sua vingança e desde que soube a origem da minha historia, acabou despertando a mesma chama dentro de mim. Jamais o amei, no entanto, eu não o deixaria viver feliz com Ella e muito menos com outra mulher, e saber que os Coleman foram os grandes re
𝙴𝙼𝙸𝙻𝙻𝚈Na manhã seguinte... Com os olhos ardendo pelas lágrimas incontidas de dor, ao estar novamente no grande salão da mansão Coleman, sinto um aperto profundo no peito, trazendo não somente o desconforto que se apoderou de mim desde ontem, como as lembranças torturantes ao descobrir que o meu menino havia partido de uma forma tão cruel. Quando Liam me ligou, senti que minhas pernas não seriam mais capazes de sustentar o peso do meu corpo e antes que eu chegasse até a poltrona, minhas ultimas forças se esvaíram, me levando direto ao chão. As lágrimas quentes desceram pelo meu rosto e minhas filhas, ao verem o meu estado, entraram em desespero. Eu queria ser forte, mas a dor estava me corroendo por dentro e ao revelar a verdade, as duas ficaram inconsoláveis. Mia, não parava de chorar. Seu rosto estava banhando pelas lágrimas, já Maya ficou em um canto encolhida. Diferente da irmã, ela parecia perdida em seus próprios pensamentos. Quem não a conhece como eu e Liam, certament
Yvoire, França – 2022 AMAURY ANDO PELO CORREDOR A PASSOS largos. O setor 13 que tem por nome "MORTE", abriga a ala 17 que em algarismo romano é escrito XVII, quando as letras são embaralhadas, formam a palavra VIXI que quer dizer "minha vida acabou" e daqui a pouco os escolhidos para o combate de hoje serão encaminhados para a sala tão temida por todos. Ao contrário dos dias anteriores, o movimento dentro do Fort Abaddon está intenso, dou mais alguns passos e respiro fundo ao sentir um cheiro que não estava no ar antes, um cheiro de morte, um cheiro de medo, o mesmo que os animais deixam para trás quando estão sendo caçados. Continuo caminhando e ao chegar à frente do lugar que parecia o próprio inferno e o cheiro de sangue seco pairava no ar, fico olhando para aquele que se parecia uma besta indomável. Minha pele se arrepiou e enquanto ele enfaixava uma das mãos calejadas pelos socos que havia dado na parede para aplacar sua fúria, minha mente viajou no tempo trazendo lembranç
MAELALGUNS ANOS ATRÁS, EU SOUBE DA existência do FORT ABADDON, mas naquele momento tudo que me interessava era manter o foco no meu treinamento, pois eu seria o melhor chefe que esta organização já teve. Foram anos de muito esforço, onde eu tive que chegar até o fundo do poço para que os demônios que habitam no meu interior, assumissem por completo o meu corpo e não importa que meios eu precise usar, ninguém ficará em meio caminho. Hoje, ao pisar nesse lugar, eu senti uma energia obscura rondando todo o ambiente, tive a certeza que Louis Coleman era um homem visionário para os negócios e ao entrar nessa sala, meus olhos ficaram fixos naquele ringue. A cada alma que deixava este mundo, eu sentia um solavanco e uma sensação prazerosa ao ver o piso sendo manchado pelo sangue daqueles vermes. No entanto, toda minha atenção foi direcionada para as palavras que ecoaram no espaço e ao olhar para as arquibancadas, os diversos pares de olhos tinham um brilho totalmente diferente. Meu olhar