Viver no futuro ou no passado é sempre uma carga pesada demais. Quando eu olho pro passado, agora, eu sou tomada por um orgulho maravilhoso de mim mesma. Só permito que ele melhore como eu me sinto.
Não vou dizer que já estive pior do que hoje, mas que os desafios eram distintos. E eu fui maior que eles, maior o suficiente pra não te-los aqui hoje como nada além do que lembrança e créditos.
Com o tempo, tenho percebido que a vida não se trata necessariamente de problemas solucionados com o tempo, mas de um aprender a contornar. Estou certa de que a vida é mais simples abrindo a porta que está destrancada do que arrombando a janela pra alcançar outro lugar. Qualquer que seja a alternativa, eu não estou mais onde estive.
A vida é um sopro. O mais clichê que você puder pensar, você um dia vai sentir. E é terrível sentir. É
E a vida é, querendo ou não, cair sem nunca mais ter como voltar. Se você deixou de fazer carinho no cachorro do seu vizinho porque a vida estava corrida demais, bem, ela corria pra ele também. E você vai se arrepender do não deu pra viver.Eu vou tentar, com todas as minhas forças, não falar sobre deixar de ter pra valorizar até o fim desse texto.A gente é ingênuo mesmo. Sabemos que vai acontecer, temos certeza, mas nunca estamos prontos nunca prevemos com exatidão, e não é culpa nossa. A vida é algo que está aqui em um momento, e em outro não. Mas essa partida não acompanha algo como um desapego instantâneo ou um desfazer dos laços que por toda a vida foram formados. A gente é protagonista da grandiosidade da vida e vítima da crueldade da morte, ou o contrário. Acaba que quem partiu ainda fica ocupando um espaço significativo dentro da gente.Me perturba o pensamento de "nunca mais". Perturba até mais do que aquel
O abraço que nunca mais poderei dar, as coisas que nunca mais serão tiradas do lugar, o que eu nunca disse e não terei outra oportunidade. Acabo semeando um sentimento de culpa pelas minhas prioridades, mas o que são elas senão a forma que uma pessoa rodeada de vivências à velocidades mil encontra de conseguir viver o mínimo? Mas a vida se despede, se por enquanto não a minha, a de alguém que igualmente vivia como se não houvesse amanhã e como se fosse o hoje fosse muito pouco pra tanto e, no fim, a vida é assim mesmo. Muito pouco pra tanto.Relações familiares sabem ser as melhores e piores coisas da vida. Os maiores problemas e mais sutis soluções. Afinal, foi na minha mãe que encontrei minha melhor amiga. E foi, também, ela, que atribulou, de certa forma minha relação com certas pessoas. E ela teve razão na maioria dos momentos que eu duvidei.Mas a beleza de relação familiar não é infalível. Querer seu filho bem não fa
Acreditei que era responsável pela felicidade deles, e toda minha vida girou em torno de não decepciona-los. E eu falhei. Filhos também falham. Mas, apesar de ter falhado, eu não errei. Não era responsabilidade minha fazer a felicidade deles, por mais que eu tenha abraçado esse desafio da forma mais doentia e autodestrutiva possível.Até hoje eu sofro as consequências mas, dessa vez, me refaço a cada momento em alguém novo que dá a si mesmo a oportunidade de viver mais leve. De carregar comigo apenas o que me compete e olhe lá, porque a vida é cheia de cargas pesadas demais, muitas vezes desnecessárias, e que, muitas vezes, terão que ser sacrificadas pelo seu bem. Eu sacrifiquei a novão de propósito que tinha da vida, passando a perceber que isso não significava sacrificar a felicidade daqueles que eu amo, mas legitimar a minha.É louco entender que a dor que a gente carrega
Dói como ser grande tendo que caber em um molde menor que você. Te sufoca, te faz sangrar, cria calos na alma. Faz sentir que pra respirar é preciso sumir, ou arranjar uma forma de se diminuir. Quando lar se torna uma palavra distorcida, e eu não desejaria isso pra ninguém.Às vezes, família tem um teor tóxico como nenhum outro. Eu queria que não fosse esse o meu depoimento, mas é o sentimento sincero de uma ovelha negra em um pasto de outras branquinhas como algodão. Quando já é tarde demais para sabotar a construção, você restringe o ser de viver em si mesmo. É uma exigência de existência além daquilo que se é. Despeja o lar, pinta as paredes do céu mais cinza como se lá dentro não fosse só chover e chover, dessa forma. Educa humanos para serem cópias daquilo que se é, ou uma segunda tentativa daquilo que se falhou em ser. Mas o mais triste de tudo: descarta a beleza de uma ovelha que tem a autenticidade no seu DNA pela simple
Marcas que prometem longos períodos de análise, algumas limitações nessa vida e, no fim das contas, o aprender a fechar portas e a mente mais efetivo do que ampliar-se.No entanto, a vida não acaba naquilo que te constroem pra ser. É nesse momento, na verdade, que a vida começa. Naquele ponto mágico em que a vida é a mais humana que pode ser: quando você tem a autonomia de decidir o que fazer com a dor, com a sua história até aqui.Apesar de tudo, eu continuo tendo que ser compreensiva com o quanto todos estão fazendo o seu melhor, principalmente aqueles que, via de regra, são os que te querem melhor. Não dá pra tornar essa dor tudo, tão maior do que já é. Como se eu fosse vítima das mais cruéis torturas, como se infligissem todo esse sofrimento contra a minha inocência e sanidade mental. Minha mãe uma vez me perguntou se poderia ter evitado toda essa ou qualquer outra dor. Se poderia, de alguma forma, ter sido... perfeita
No fim das contas, não se tratam de dias bons ou ruins, mas de sensações.A forma como nos sentimos é como um dos principais fatores que determina a forma como enxergamos as coisas. É o que nós absorvemos e exalamos em um ambiente que constrói o contexto.Eu penso nas emoções como cores. Como se o que sinto fosse uma nuvem de poeira colorida que está em constante transição. Num momento amarelo, no outro vermelho. Se está escuro aqui dentro, eu, certamente, verei o céu mais nublado.Hoje eu me sinto bege. O lugar é lindo, o dia está ensolarado, mas eu não me sinto bem como "deveria". E o que eu posso fazer à respeito disso? Cuidar daquela parte de mim que, por algum motivo encontra-se num estado indesejado. Acho que talvez pensar dessa forma legitime mais o sentimento, permita que ele exista. Evita que, com a absoluta desaprovação, essa emoção seja reprimida enquanto fi
Abominação. Desprezo.Se isso fosse uma característica que abrange apenas as nossas escolhas e vivências, mas costumamos tomar a responsabilidade dos outros e assumir as rédeas de uma realidade nada nossa. Queremos que se encaixem nos nossos ideais e que compactuem com nossas ideias. Tudo o que ultrapassa nossas habilidades de lidar é imensuravelmente intolerável. E é aí onde está o ponto: lidar com.Um desafio real na vida é aprender onde termina a nossa vida e onde começa a do outro. É dessa sabedoria milenar que provém a leveza: da renúncia ao que não te compete. Mas a gente insiste em se colocar em último lugar. A gente quer fazer do mundo um lugar melhor mas não se dá o luxo de habitar em si mesmo. O único lugar de onde não é possível correr mas a gente tenta.É nas partes desconhecidas da gente que encontram-se respostas, segredos e ferramentas pra tudo o que for
E eu daria um desconto para aqueles que não dão a mínima pro que eu penso.Sem contar que eu me considero muito cabeça. Um equilíbrio perfeito entre razão e emoção, ainda que a poesia não indique isso.Se tem uma coisa que eu odeio e dificilmente admito, é que alguém se comunique comigo através de ordens. É incrível como na hora x eu facilmente sou uma pessoa crescida, mas na hora y sou definitivamente uma criança que precisa ser educada e castigada.Eu não sei o resto dos adolescentes do mundo, mas eu não aprendo nada na base da imposição. Foi-se o tempo em que eu me submetia. Hoje, eu acredito que minha mente merece ser respeitada e levada em conta, porque eu posso estar ainda em formação, mas existe muito processo já concluído que merece um pouco de consideração. Acho que é isso que custa a entrar na cabeça dos adultos, e isso me incomoda demais.Último capítulo