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Capítulo 2 - Finalmente em Casa

☯ Apesar de estarmos no mundo para sofrer, à sempre que tentar ver pelo lado positivo das coisas ☯

Não há nada mais importante do que a família, não é verdade? Assim com os amigos, nunca nos devemos sentir sozinhos, afinal podemos fazer amigos em qualquer lugar. Mas quando se está em guerra o cenário muda completamente, a família fica para trás, muitos laços de amizade são destruídos, muitas vidas são perdidas e porquê? Será porque nem todos têm capacidade para perceber que a guerra não resolve nada, apenas ajuda a piorar.

Apesar disso, apesar de haver guerra, nem tudo está perdido, sempre pode haver alguém que perceba que isso não leva a lado nenhum. Muito para além das Montanhas de Suddra ficava o Reino das Panteras Negras, não havia necessidade de colocarem arbustos espinhos à volta do seu reino como no Reino do Tigres. As grandes Montanhas de Suddra já serviam bem como proteção, afinal não era fácil atravessar aquelas montanhas, apenas as Panteras Negras o conseguiam fazer.

A relva estava fresca, o que significava que nem tudo era mau, uma borboleta tinha pousado nela para descansar um pouco. Era uma borboleta linda, as suas cores eram variadas, iam desde o amarelo até ao azul claro, passando ainda por uma espécie de lilás. O seu descanso não iria durar muito, pois mal sabia o pequeno inseto que estava a ser observado por uma pequena pantera que estava pronta para o atacar. E assim o fez, com movimento rápidos, a pantera saltou a foi cair mesmo onde estava a borboleta.

Para seu espanto não a tinha conseguido apanhar, confusa levantou as suas patas na esperança de encontrar o pequeno inseto. Começou a olhar à sua volta e também não havia sinal da borboleta em lado nenhum, até que, a pequena pantera sentiu algo no seu nariz. Quando olhou viu que a borboleta tinha pousado mesmo à frente dos seus olhos, então conseguiu observar melhor a diversidade de cores que aquele animal possuía. Era espetacular como um animal tão pequeno pudesse ser tão belo.

A borboleta começou a mover as suas pequenas patinhas, o que causou comichão no focinho da jovem pantera. Para que a comichão parasse, a felina abanou a sua cabeça até que finalmente a borboleta levantou voo. Divertida com a situação, a pantera começou a dar saltos para conseguir apanhar a borboleta que insistia em continuar a voar por cima da sua cabeça.

A cada salto que dava, estava mais perto de apanhar o pequeno inseto, mas mesmo assim não era o suficiente. A pantera estava bastante divertida com a sua brincadeira, quando ouviu o som que mais esperava ouvir na sua vida. Vários rugidos de Panteras Negras chegaram-lhe aos ouvidos e isso só podia significar uma coisa... O seu pai estava a voltar da caçada que já durava à mais de três dias. Contente e entusiasmada, deixou a borboleta e foi para perto das outras panteras para esperar o seu pai.

Quando chegou pôde ver que tinha sido uma caçada muito bem-sucedida, pois várias panteras carregavam diversos animais e muitos deles eram de grande porte. Mas também viu que muitos estavam feridos o que significava outra coisa... Durante a caçada tinham encontrado tigres, e por isso tiveram conflitos. A pequena pantera negra sabia que as duas espécies estavam em guerra, o motivo? Bem, sabia, mas não o conseguia compreender.

Ela sabia que havia várias panteras que não gostavam de tigres, mas a pequena não podia dizer nada sobre isso, pois ainda nunca tinha visto um. Não sabia como era a pelagem deles, nem se eram grandes ou pequenos, assustadores ou simpáticos. Mas pelo que ouvia dos seus pais, era melhor que nunca se cruzasse com um, pelo menos enquanto fôr pequena. Em quase todas as caçadas havia conflitos, e alguns podiam levar à morte de alguns guerreiros de ambos os Reinos.

A pequena observava várias panteras a passar, enquanto esperava pelo seu pai. Ele fazia parte dos guerreiros que protegiam a família real, e que pelos vistos, também ajudava nas caçadas caso houvesse algum conflito durante as mesmas, o que quase sempre acontecia.

- Angel! - a pequena pantera rodou as orelhas ao ouvir o seu nome ser chamado ao longe. Quando olhou, viu que era o seu pai a vir na sua direção. A pequena logo começou a correr na direção do seu progenitor contente por finalmente estar com ele, depois de três longos dias.

O grande felino negro recebeu a sua cria com várias lambidelas pelo corpo todo, notava-se perfeitamente que ele também já estava com muitas saudades da sua pequena cria. Angel por sua vez, apenas ronronava e dava vários pulinhos para cima da cabeça do seu pai por estar contente por o ver.

- Então, Pequena Noite? - falou o felino negro depois de matar as saudades, Angel levantou-se do chão e colocou as suas patas da frente em cima do focinho do pai, ficando assim com apenas as patas traseiras no solo - Como passaste estes últimos dias?

- Bem... - respondeu Angel dando uma pequena lambidela perto do olho do seu progenitor.

- Vejo que já chegaste - uma voz feminina invadiu os ouvidos dos dois.

- Wave... - murmurou o felino negro aproximando-se da sua companheira. Wave deu alguns passos para a frente e ela e o seu companheiro tocaram dos focinhos em forma de carinho.

- Como estás, Noah? - perguntou a pantera afastando a sua cabeça para poder olhar para o seu companheiro. Wave era uma pantera totalmente negra com invulgares olhos azuis da cor do mar, já Noah tinha os olhos verdes penetrantes, assim como a sua cria.

- Estou bem, a batalha desta vez não foi tão grave - explicou o felino dando-lhe uma lambidela - Tenho apenas pequenos arranhões.

- Certo... - sussurrou Wave passando o seu focinho por cima do pêlo do pescoço do seu companheiro. Este estava prestes a falar, quando sentiu um peso em cima da sua cauda.

- Angel? O que estás a fazer? - perguntou a progenitora vendo a sua cria com as patas dianteiras em cima da cauda de Noah, este por sua vez, apenas virou a cabeça para ver o que se passava.

- Pai, disseste que a tua arma estava na cauda... Mas eu não sinto nada - falou a pequena movendo as suas patas para tentar achar alguma coisa.

- Claro que não sentes - disse Noah soltando uma gargalhada - A minha arma é mesmo feita para não se ver e nem se sentir enquanto não a estou a utilizar em batalha.

- Posso ver? - perguntou Angel, ela sempre teve curiosidade em saber como a arma do pai funcionava. Ele próprio a chamava de Tiro de Cauda, bem uma arma com um nome assim, desperta a atenção de qualquer um.

- Não, Angel - falou Noah calmamente aproximando o focinho da sua cria - Talvez quando fores mais velha.

- Mas eu só queria ver como funci...

- O teu pai disse que não, Angel - falou Wave - Tens que saber esperar.

A pequena pantera baixou as orelhas um pouco triste com a resposta, esperava que o seu pai finalmente lhe mostrasse como a arma funcionava e o mais importante, como fazia para a ativar se parecia que não estava a usar nada. Mas por outro lado ela também percebia, afinal aquela coisa das armas não era para fêmeas, por alguma razão apenas machos estavam entre os guerreiros de protegem o rei, pois apenas eles tinham direito a armas como aquelas. O resto, incluindo grande parte das fêmeas era apenas um caçador normal, apenas sabiam as técnicas de caça, nada de luta ou defesa. Já os guerreiros sabiam ambas as coisas.

- Está bem... - murmurou a pantera mais nova recebendo uma lambidela por parte do pai.

Angel deixou aquilo de lado e voltou a brincar, desta vez apenas corria de um lado para o outro. A borboleta com que tinha brincado antes do seu pai chegar, tinha acabado por fugir assustada com os rugidos. Agora tinha que procurar outro animal para brincar ou então, tinha que se divertir sozinha. Deixou os seus pais a conversar afastou-se para procurar alguém que lhe quisesse fazer companhia.

Enquanto corria sem rumo, uma coisinha branca passou-lhe à frente do nariz. Curiosa para saber o que era aquilo, Angel saltou para a tentar apanhar, mas não conseguiu e aquela coisa continuou o seu caminho. A pequena pantera decidiu tentar apanhá-la e começou a correr atrás dela sem se aperceber de que estava a afastar dos seus progenitores. Estava tão focada em apanhar aquela coisinha voadora que acabou por ir contra alguém, o que fez com que a pequena caísse no chão.

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