☯ Apesar de estarmos no mundo para sofrer, à sempre que tentar ver pelo lado positivo das coisas ☯
Não há nada mais importante do que a família, não é verdade? Assim com os amigos, nunca nos devemos sentir sozinhos, afinal podemos fazer amigos em qualquer lugar. Mas quando se está em guerra o cenário muda completamente, a família fica para trás, muitos laços de amizade são destruídos, muitas vidas são perdidas e porquê? Será porque nem todos têm capacidade para perceber que a guerra não resolve nada, apenas ajuda a piorar.
Apesar disso, apesar de haver guerra, nem tudo está perdido, sempre pode haver alguém que perceba que isso não leva a lado nenhum. Muito para além das Montanhas de Suddra ficava o Reino das Panteras Negras, não havia necessidade de colocarem arbustos espinhos à volta do seu reino como no Reino do Tigres. As grandes Montanhas de Suddra já serviam bem como proteção, afinal não era fácil atravessar aquelas montanhas, apenas as Panteras Negras o conseguiam fazer.
A relva estava fresca, o que significava que nem tudo era mau, uma borboleta tinha pousado nela para descansar um pouco. Era uma borboleta linda, as suas cores eram variadas, iam desde o amarelo até ao azul claro, passando ainda por uma espécie de lilás. O seu descanso não iria durar muito, pois mal sabia o pequeno inseto que estava a ser observado por uma pequena pantera que estava pronta para o atacar. E assim o fez, com movimento rápidos, a pantera saltou a foi cair mesmo onde estava a borboleta.
Para seu espanto não a tinha conseguido apanhar, confusa levantou as suas patas na esperança de encontrar o pequeno inseto. Começou a olhar à sua volta e também não havia sinal da borboleta em lado nenhum, até que, a pequena pantera sentiu algo no seu nariz. Quando olhou viu que a borboleta tinha pousado mesmo à frente dos seus olhos, então conseguiu observar melhor a diversidade de cores que aquele animal possuía. Era espetacular como um animal tão pequeno pudesse ser tão belo.
A borboleta começou a mover as suas pequenas patinhas, o que causou comichão no focinho da jovem pantera. Para que a comichão parasse, a felina abanou a sua cabeça até que finalmente a borboleta levantou voo. Divertida com a situação, a pantera começou a dar saltos para conseguir apanhar a borboleta que insistia em continuar a voar por cima da sua cabeça.
A cada salto que dava, estava mais perto de apanhar o pequeno inseto, mas mesmo assim não era o suficiente. A pantera estava bastante divertida com a sua brincadeira, quando ouviu o som que mais esperava ouvir na sua vida. Vários rugidos de Panteras Negras chegaram-lhe aos ouvidos e isso só podia significar uma coisa... O seu pai estava a voltar da caçada que já durava à mais de três dias. Contente e entusiasmada, deixou a borboleta e foi para perto das outras panteras para esperar o seu pai.
Quando chegou pôde ver que tinha sido uma caçada muito bem-sucedida, pois várias panteras carregavam diversos animais e muitos deles eram de grande porte. Mas também viu que muitos estavam feridos o que significava outra coisa... Durante a caçada tinham encontrado tigres, e por isso tiveram conflitos. A pequena pantera negra sabia que as duas espécies estavam em guerra, o motivo? Bem, sabia, mas não o conseguia compreender.
Ela sabia que havia várias panteras que não gostavam de tigres, mas a pequena não podia dizer nada sobre isso, pois ainda nunca tinha visto um. Não sabia como era a pelagem deles, nem se eram grandes ou pequenos, assustadores ou simpáticos. Mas pelo que ouvia dos seus pais, era melhor que nunca se cruzasse com um, pelo menos enquanto fôr pequena. Em quase todas as caçadas havia conflitos, e alguns podiam levar à morte de alguns guerreiros de ambos os Reinos.
A pequena observava várias panteras a passar, enquanto esperava pelo seu pai. Ele fazia parte dos guerreiros que protegiam a família real, e que pelos vistos, também ajudava nas caçadas caso houvesse algum conflito durante as mesmas, o que quase sempre acontecia.
- Angel! - a pequena pantera rodou as orelhas ao ouvir o seu nome ser chamado ao longe. Quando olhou, viu que era o seu pai a vir na sua direção. A pequena logo começou a correr na direção do seu progenitor contente por finalmente estar com ele, depois de três longos dias.
O grande felino negro recebeu a sua cria com várias lambidelas pelo corpo todo, notava-se perfeitamente que ele também já estava com muitas saudades da sua pequena cria. Angel por sua vez, apenas ronronava e dava vários pulinhos para cima da cabeça do seu pai por estar contente por o ver.
- Então, Pequena Noite? - falou o felino negro depois de matar as saudades, Angel levantou-se do chão e colocou as suas patas da frente em cima do focinho do pai, ficando assim com apenas as patas traseiras no solo - Como passaste estes últimos dias?
- Bem... - respondeu Angel dando uma pequena lambidela perto do olho do seu progenitor.
- Vejo que já chegaste - uma voz feminina invadiu os ouvidos dos dois.
- Wave... - murmurou o felino negro aproximando-se da sua companheira. Wave deu alguns passos para a frente e ela e o seu companheiro tocaram dos focinhos em forma de carinho.
- Como estás, Noah? - perguntou a pantera afastando a sua cabeça para poder olhar para o seu companheiro. Wave era uma pantera totalmente negra com invulgares olhos azuis da cor do mar, já Noah tinha os olhos verdes penetrantes, assim como a sua cria.
- Estou bem, a batalha desta vez não foi tão grave - explicou o felino dando-lhe uma lambidela - Tenho apenas pequenos arranhões.
- Certo... - sussurrou Wave passando o seu focinho por cima do pêlo do pescoço do seu companheiro. Este estava prestes a falar, quando sentiu um peso em cima da sua cauda.
- Angel? O que estás a fazer? - perguntou a progenitora vendo a sua cria com as patas dianteiras em cima da cauda de Noah, este por sua vez, apenas virou a cabeça para ver o que se passava.
- Pai, disseste que a tua arma estava na cauda... Mas eu não sinto nada - falou a pequena movendo as suas patas para tentar achar alguma coisa.
- Claro que não sentes - disse Noah soltando uma gargalhada - A minha arma é mesmo feita para não se ver e nem se sentir enquanto não a estou a utilizar em batalha.
- Posso ver? - perguntou Angel, ela sempre teve curiosidade em saber como a arma do pai funcionava. Ele próprio a chamava de Tiro de Cauda, bem uma arma com um nome assim, desperta a atenção de qualquer um.
- Não, Angel - falou Noah calmamente aproximando o focinho da sua cria - Talvez quando fores mais velha.
- Mas eu só queria ver como funci...
- O teu pai disse que não, Angel - falou Wave - Tens que saber esperar.
A pequena pantera baixou as orelhas um pouco triste com a resposta, esperava que o seu pai finalmente lhe mostrasse como a arma funcionava e o mais importante, como fazia para a ativar se parecia que não estava a usar nada. Mas por outro lado ela também percebia, afinal aquela coisa das armas não era para fêmeas, por alguma razão apenas machos estavam entre os guerreiros de protegem o rei, pois apenas eles tinham direito a armas como aquelas. O resto, incluindo grande parte das fêmeas era apenas um caçador normal, apenas sabiam as técnicas de caça, nada de luta ou defesa. Já os guerreiros sabiam ambas as coisas.
- Está bem... - murmurou a pantera mais nova recebendo uma lambidela por parte do pai.
Angel deixou aquilo de lado e voltou a brincar, desta vez apenas corria de um lado para o outro. A borboleta com que tinha brincado antes do seu pai chegar, tinha acabado por fugir assustada com os rugidos. Agora tinha que procurar outro animal para brincar ou então, tinha que se divertir sozinha. Deixou os seus pais a conversar afastou-se para procurar alguém que lhe quisesse fazer companhia.
Enquanto corria sem rumo, uma coisinha branca passou-lhe à frente do nariz. Curiosa para saber o que era aquilo, Angel saltou para a tentar apanhar, mas não conseguiu e aquela coisa continuou o seu caminho. A pequena pantera decidiu tentar apanhá-la e começou a correr atrás dela sem se aperceber de que estava a afastar dos seus progenitores. Estava tão focada em apanhar aquela coisinha voadora que acabou por ir contra alguém, o que fez com que a pequena caísse no chão.
☯ A verdade é que tudo o que nasce tem que morrer, tudo o que existe um dia vai deixar de existir e por muito que custe a aceitar, a realidade é esta ☯ - Estás bem, pequenina? - perguntou uma pantera negra com bonitos olhos roxos olhando para baixo - Ficaste magoada? Angel levantou-se rapidamente e observou bem a pantera negra com quem tinha chocado, a mais nova nunca a tinha visto por ali. E o mais importante, nunca tinha visto um felino da sua espécie com aquela coloração nos olhos. - Estou bem - disse ela depois de a observar por completo - Não és daqui pois não? A pantera mais velha olhou surpreendida para a pequena, mas logo deu um sorriso mostrando as suas presas finas e afiadas, quando estava prestes a responder, foi interrompida por uma voz masculina. - Angel! Não te podes afastar assim sem... - o felino negro parou de falar ao ver a pantera na sua frente - Rainha Alari - murmurou baixando a cabeça logo
☯ Muitas vezes por culpa dos outros acabamos por sofrer, mas isso não é razão para odiar quem não tem culpa... Por vezes acabamos por nos tornar pior do que aqueles que nos fizeram mal, o que posso dizer.... Somos egoístas ☯ - Ele é uma cria! Não o podes obrigar a ter a vida que tu tens! - exclamou Alari olhando para o seu companheiro. Este aproximou-se do lugar onde as crias estavam a brincar ainda furioso. - É a tua cria, Noah? - perguntou o Rei olhando para Angel mostrando os dentes. A mais nova ficou um pouco assustada o que fez com que ela se colocasse entre as patas da sua mãe, que ainda ali estava. - Rei Tirosc - falou Noah aproximando-se e colocando-se à frente do felino negro assim que percebeu que a sua cria estava assustada - Com todo o respeito, mas não mostras os dentes para a minha cria. O grande felino negro rosnou para Noah que se mantéu calmo enquanto o Rei deitava para fora a sua raiva. - Vocês
☯É impossível haver um mundo onde apenas exista bondade, mas ao contrário, acredito que seja mais fácil☯ Sem conseguir dizer mais nada, Wave saiu dali o mais depressa possível com a sua cria na boca, naquele momento ela sentia-se inútil por não saber lutar e conseguir ajudar o seu companheiro, mas como não podia fazer isso, tinha que pelo menos salvar a sua cria. Enquanto a sua mãe corria, tudo o que Angel via eram burrões, mesmo que o sol estivesse a nascer, a sua visão apenas lhe mostrava o escuro. Sem conseguir falar ou mesmo mexer-se, a pequena tentava pensar em tudo o que estava a acontecer, ela queria saber quem eram aqueles animais que tinham invadido o Reino das Panteras e o porquê de o terem feito. A mais velha corria desesperada para o mais longe possível tentando não ser vista, tinha que encontrar um local seguro para deixar a sua cria para que depois ela pudesse voltar e ajudar em alguma coisa. Estava tão ocupada a olhar à
☯Custa a aceitar, mas por vezes as pessoas que mais gostamos são as que nos abandonam mais rápido do que pensamos☯ Duas crias brincavam alegremente no Reino dos Tigres, nada de preocupações para aquele lado. O pequeno tigre corria atrás da sua amiga, uma pantera negra, ele tinha conseguido fazer com que ela entrasse sem qualquer problema no seu reino. De acordo com as regras que ele e todos os tigres tinham a obrigação de seguir, dizia claramente que as Panteras Negras não eram bem-vindas naquele Reino. - Ainda bem que estás aqui, Sasha - disse o pequeno felino riscado, parando por momentos para recuperar o fôlego - O teu Reino está a ser atacado. Assim que a pantera ouviu aquelas palavras, também ela parou de correr e sentiu um sentimento de culpa e arrependimento tomar conta do seu corpo. Sentia que estava, de certa forma, a trair o seu reino por ter uma amizade com o príncipe do Reino dos Tigres e por não estar em casa, quan
☯Já sabemos que o mundo é injusto, mas mesmo assim continuamos com a esperança de que ele algum dia possa mudar☯ Angel caminhava pelo reino na esperança de encontrar alguém que lhe explicasse o que se estava a passar, a amiga da sua mãe tinha ido novamente procurar a sua cria desaparecida, deixando a pantera sozinha. E como não tinha nada para fazer, ela achou melhor tentar perceber o que se tinha passado. Durante a sua caminhada já tinha passado por vários corpos abandonados no chão, agora tinha conseguido ver com clareza como eram os tigres. A pequena cria tinha achado a pelagem daqueles felinos um pouco estranha, já que era assim meio acastanhada e tinham uma espécie de riscas pretas por todo o pêlo, enquanto que a das panteras tinha apenas uma cor. Já cansada de andar às voltas e não encontrar nada, a cria decidiu sentar-se para descansar um pouco. Mas o seu descanso durou pouco, pois logo avistou um pequeno vulto negro a vir na su
☯Algumas coisas nunca mudam, mas há certas coisas que nunca devem mudar☯ - Já te expliquei muitas vezes que isso não vai acontecer! - exclamou uma pantera negra com olhos azuis, agitando a cauda impaciente. - Qual é a razão para não me deixares entrar para os treinamentos? - questionou uma pantera mais jovem um pouco irritada. - Não insistas, Angel - disse a mais velha disposta a encerrar a conversa - É perigoso demais e corres o risco de te acontecer a mesma coisa que aconteceu ao teu pai. A pequena felina baixou o olhar para as patas, já fazia um mês que o seu pai tinha morrido, mas a falta que ele fazia era a mesma. Mesmo assim, Angel decidiu não desistir até que a sua mãe a deixasse entrar para os treinos que iriam acontecer daqui a um mês, que era quando ela iria completar seis meses de vida. Apenas as panteras com meio ano de vida podiam iniciar o treinamento para se tornar caçadores ou guerreiros e quem sabe até
☯Se o mundo foi bom um dia, ele já não é o que era antes☯ ☯2 Meses Depois☯ Angel caminhava alegremente juntamente com outras demais panteras, era provável que fossem todas para o mesmo lugar, ou seja, o castelo. Aquele seria o primeiro dia das provas e vários felinos negros, assim como ela, estavam dispostos a arriscar para tentar a sua sorte. Antes de continuar a sua caminhada para o lugar onde seria a sua nova casa até que os seus treinos terminassem, Angel parou para se despedir da sua mãe. A felina negra com olhos azuis encontrava-se afastada da multidão, esperando que a sua cria se aproximasse de si. - Se quiseres desistir não tem problema, Angel - disse Wave quando a sua cria se aproximou de si. Esta por sua vez, olhou durante alguns segundos para a sua mãe. De certa forma sabia que também era difícil para ela, mas Angel precisava fazer aquilo, não só por si mas também pelo seu pai. - Não vou desi
☯Não podemos julgar os outros pelos seus erros quando nós próprios os podemos cometer☯ No Reino dos Tigres, um felino encontrava-se deitado perto dos arbustos espinhosos que separavam o seu reino do exterior. O príncipe estava deitado com a cabeça apoiada nas patas e perdido nos seus pensamentos. Com oito meses, ele já tinha começado o treinamento para que um dia ele próprio pudesse ocupar o lugar do seu pai. O pequeno tigre não se sentia preparado para ficar com tamanha responsabilidade, mas como o Rei Ajar já havia dito muitas vezes, aquele era o seu dever e não podia fazer nada para mudar isso. - Diego? - chamou uma voz feminina tirando-o dos pensamentos. Com o susto, o príncipe deu um pequeno pulo para o lado e olhou para quem o tinha chamado. - O que estás aqui a fazer? - perguntou ele sem se aproximar. - Bem... Eu consegui fugir durante a noite porque queria estar um bocado contigo - explicou a pantera erguendo a