Ricardo acenou levemente com a cabeça. Os dois permaneceram em silêncio, sem saber o que dizer. Após um momento, Ricardo falou:- Vou sair agora.- Tudo bem. - Hortencia acenou com a cabeça, continuava lavando as frutas e só levantou o olhar depois que Ricardo saiu. Provavelmente, quem estava se sentindo pior agora era oRicardo. Após tantos anos de convivência, Hortencia entendia bem o quanto ele era dedicado ao trabalho, mas agora ele ficava em casa por causa de Viviane. Esperava que Viviane pudesse superar essa fase sombria em breve.Hortencia terminou de lavar as frutas, saiu e passou um tempo conversando com Viviane, até que Viviane insistiu para que ela fosse embora. Ao sair, os olhos de Rosa se encheram de lágrimas instantaneamente, e ela disse baixinho no carro:- Parece que Viviane emagreceu, e faz apenas alguns dias que não a vejo.Helena e Hortencia permanecem em silêncio, sem dizer nada. A atmosfera durante toda a viagem era extremamente opressiva, assim como dentro da man
Ricardo, ao ver Viviane chorando, pegou vários lenços de papel para enxugar suas lágrimas, enquanto a consolava dizendo:- Por que está chorando de novo, minha esposa?Os olhos de Viviane se encheram de lágrimas:- Quem está chorando? Foi o vento que me fez lacrimejar.Ricardo olhou para o ambiente interno:- Está bem, foi o vento que te fez lacrimejar, mas, esposa, você poderia terminar de comer o macarrão que eu fiz?Viviane riu através das lágrimas, mordendo o lábio:- Claro.Após a refeição, o casal se sentou para assistir à televisão no térreo, e nenhum dos dois iniciou uma conversa até que, por volta das dez horas, Viviane se levantou para subir, e então, parou e disse a Ricardo:- Ricardo.- O que foi?- Não importa quão difícil seja, eu sempre estarei ao seu lado. - Viviane falou como se fosse algo trivial, mas também como se estivesse fazendo um juramento.Ricardo olhou para Viviane com ternura, e aquelas palavras acalmaram seus pensamentos, fazendo ele se sentir imediatamente
Ricardo já havia visitado a Mansão da família Barros algumas vezes antes, portanto, não precisava de nenhum mapa para dirigir até lá. Ele estacionou o carro em frente à mansão dos Barros. Assim que desceu do carro, alguém veio rapidamente para impedi-lo. Porém, ao reconhecer que era Ricardo, a pessoa recuou alguns passos e fez uma reverência respeitosa:- Sr. Ricardo.Ricardo nem olhou para ele e avançou com passos largos para dentro do pátio e, em seguida, para a sala de estar.Gustavo, que estava no quarto, já tinha ouvido o barulho do lado de fora e se levantou para receber Ricardo na direção da porta:- Tio Ricardo.Mal tinha começado a falar, e o punho levantado de Ricardo o acertou em cheio.Gustavo soltou um grito de dor e estava prestes a perguntar o que estava acontecendo quando o segundo soco de Ricardo o atingiu duramente no outro olho.Gustavo imediatamente cobriu os olhos com as mãos, gemendo de dor:- Tio Ricardo, você enlouqueceu? Sou seu sobrinho!A palavra "sobrinho" m
No dia seguinte, Amadeu mal havia chegado ao escritório quando foi abordado por algumas faxineiras na entrada:- Secretário Amadeu!- O que houve? - Amadeu parou, notando que as faxineiras ainda seguravam seus utensílios de limpeza, e não pôde deixar de perguntar. - Ainda não terminaram a limpeza?- O Sr. Ricardo está lá dentro, não nos atrevemos a entrar.- O Sr. Ricardo está lá dentro? - Amadeu duvidou do que ouviu.Esse tipo de situação costumava acontecer frequentemente quando ele estava no país M.Mas desde que o Sr. Ricardo se casou com a Sra. Barros, isso raramente acontecia.A menos que todos ficassem até tarde trabalhando.- Sim, o segurança do andar de baixo disse que o Sr. Ricardo voltou sozinho ontem à noite, passou a noite aqui, e parece que ele estava sangrando no rosto.Ao ouvir isso, o coração de Amadeu saltou para a garganta."Será que o Sr. Ricardo brigou novamente com a Sra. Barros?"Com cuidado, Amadeu abriu a porta e viu Ricardo deitado no sofá, com os olhos fechad
Ele ergueu a cabeça abruptamente:- Viviane não teria concordado com Gustavo, de se divorciar de você e se casar com ele, teria?Ricardo ainda mantinha os olhos fechados:- Inútil, Vivi me disse que, de qualquer maneira, ficaria comigo, ela provavelmente nunca pensou em nos separarmos.- Então, por que você se preocupa? Desde que Viviane tenha as ideias claras, está tudo bem.Ricardo se sentou, olhando profundamente para Júlio, cada palavra que dizia era gelada como a medula:- Você acha que ela se sente bem com isso?Júlio ficou sem palavras instantaneamente."Mesmo que Viviane esteja com Ricardo agora, enquanto ela não conseguir remover o espinho em seu coração, ela sempre se sentirá inquieta."- Eu já entrei em contato com um psicólogo do país M, acredito que eles chegarão em breve. - Júlio, incapaz de oferecer outra forma de consolo, só podia esperar que a equipe chegasse o mais rápido possível.- Obrigado.- Entre irmãos, não se fala assim. - Júlio tratou dos ferimentos de Ricardo
Viviane desligou o telefone e abriu a longa sequência de mensagens de voz que Helena havia enviado.- Vivi, morri de rir, visitando minha mãe no hospital, sabe quem eu vi hoje? Gustavo, e olhe só, o cara estava todo enfaixado, coberto de bandagens. Ouvi os médicos e enfermeiros comentando que os ferimentos dele foram obra de algum ancião da família Barros. Justiça feita, né? Nem sei qual dos mais velhos da família Barros teve a coragem de fazer isso, uma verdadeira vingança em família.Viviane, após ouvir, não respondeu a Helena.Talvez porque David havia levado um tiro por ela, e mesmo não gostando da família Barros, nem de Gustavo, ela não conseguia achar graça na situação, considerando que Gustavo era neto de David.Do outro lado da tela, Helena viu que a caixa de texto mostrava "digitando" por um longo tempo e, cautelosa, perguntou:"Vivi, eu disse algo errado?"Viviane, lendo a mensagem que acabava de chegar, ficou pensativa por um momento antes de responder com um sorriso melancó
- Tudo bem, então nos encontramos no Mayflower Plaza?- Certo, sem problemas, estou indo agora mesmo.Depois de combinar com o Júlio, Viviane se preparava para sair quando dona Rose, percebendo, perguntou apressadamente:- Sra. Barros, aonde você vai?Viviane respondeu:- Vou às compras.- Onde você vai fazer compras?Viviane franziu ligeiramente a testa:- No Mayflower Plaza, por quê? Há algum problema?- Não, nenhum, só estava vendo se ficava no caminho.A leve irritação nos olhos de Viviane se dissipou:- Para onde você vai? Posso te dar uma carona.- Não precisa, não fica no caminho, vou de ônibus.Viviane disse:- Tudo bem, então eu vou indo. Tenha cuidado na rua.- Sra. Barros, você também.Depois de ver Viviane partir, dona Rose imediatamente enviou uma mensagem para Ricardo informando sobre os movimentos de Viviane.Só depois de pegar Helena que Viviane finalmente seguiu para o Mayflower Plaza.No entanto, a meio caminho, encontraram um trânsito parado.- Você está brincando? -
Helena conteve o impulso de sacudir Viviane, mas esta última percebeu que algo estava errado:- Helena, o que houve? Por que você está em silêncio?Enquanto falava, Viviane olhava na direção de Helena.Helena tentou levantar a mão para bloquear a visão de Viviane, mas já era tarde demais.O carro parou bruscamente.Helena observou a expressão atônita de Viviane:- Vivi, não fique brava agora, talvez ele tenha seus motivos.Dizendo isso, Helena olhou novamente na direção de Ricardo, notando que ele havia entrado em um carro.- Vamos segui-lo para ver onde ele vai, para não acabarmos fazendo um julgamento errado como da última vez.Helena puxou levemente a manga de Viviane, com um toque de súplica.Viviane apertou os lábios, hesitante, antes de finalmente responder:- Não importa o que descobrirmos que ele está fazendo, assim que o pegarmos, vou dar uma surra nele, e você não pode me impedir!- Eu não vou te impedir. - Helena estava preocupada com a condição de Viviane. - Vivi, deixe eu