Ao ver Dalila, Júlio sentiu um incômodo imediato. Se não fosse pelo fato de Dalila ter apenas dezoito anos e estar em sua primeira viagem ao exterior, completamente desconhecida nesse novo ambiente, ele já teria se desvencilhado dela bem antes.Porém, ao notar a expressão inalterada de Helena, ele relaxou um pouco, aproximou-se por trás dela e, envolvendo sua cintura com os braços, cumprimentou Dalila:- Bom dia.Helena endureceu ligeiramente, seu olhar de relance captou a mão grande ao lado de sua cintura, e seus lábios se curvaram sutilmente.Dalila, claro, percebeu esse gesto carregado de insinuação, mas preferiu ignorá-lo, levantando um sorriso doce ao perguntar a Helena:- Helena, você sabe patinar no gelo?Helena respondeu:- Sei, por quê?- Não sou muito boa na patinação. Você poderia me ensinar?Dalila sempre procurava Júlio para tudo, mas desta vez, surpreendentemente, pedia a Helena para ensiná-la. Helena sentiu imediatamente que a jovem estava tramando algo.- Eu...- Se voc
- O que houve?Viviane chegou ao lado de Helena imediatamente.Helena estava pálida:- Eu também não sei, estava apenas ajudando ela a patinar, e de repente ela caiu para trás... - Dizendo isso, Helena se aproximou para verificar a condição de Dalila. - Você está bem?Dalila passou a mão na cabeça, sua mão instantaneamente se encheu de sangue, mas ela ainda sorriu para todos e disse:- Helena, eu estou bem, sei que você não fez de propósito.A expressão de Helena mudou.Júlio, sendo médico, já se agachou para examinar a parte de trás da cabeça de Dalila, e ao ver o sangue grudado no cabelo, sua expressão mudou:- Precisamos levá-la imediatamente ao hospital.Helena abriu a boca, querendo explicar a Júlio que ela realmente não sabia de nada.Júlio já havia chamado a segurança, dando ordens para levar a pessoa ao carro.Era a primeira vez que Helena via Júlio trabalhando.Sem a gentileza habitual, seu rosto bonito estava sério e imponente.Era o grande respeito e responsabilidade de um m
- Mãe, não fale mais, vamos embora.Os olhos de Dalila estavam fixos em Helena.A dona da pousada logo percebeu e olhou curiosamente para Helena, mas não descobriu nada e fez um sinal para o padrasto de Dalila:- Marido, vá pagar a conta.- Tá bom. - Disse o padrasto, correndo para pagar.A dona da pousada olhou novamente para Júlio:- Foram vocês que levaram minha filha ao hospital, né? Muito obrigada mesmo.- Não precisa agradecer, fizemos o que devíamos. - Júlio respondeu educadamente.Depois de mais algumas palavras, a dona da pousada empurrou Dalila em direção ao elevador.O incidente parecia encerrado, deixando Helena com uma sensação de irrealidade.- Vamos voltar também. - Júlio pegou a mão de Helena e piscou.Helena sorriu levemente.Nesse momento, a dona da pousada, que já estava de saída, voltou furiosa até Helena, com o rosto vermelho:- Dalila me disse agora que foi você que a empurrou de propósito. Isso é verdade?Helena ficou surpresa:- Tia, eu não fiz isso!- Minha fil
Viviane pretendia passar direto, mas parou ao ver claramente o rosto da outra. A mulher caída no chão era uma das que haviam discutido no dia em que chegaram ao Marrocos. Quando Viviane passou, ela se levantou cambaleante e quase escorregou. Viviane instintivamente estendeu a mão para ajudá-la. O cheiro de álcool era forte e Viviane franzia a testa. Ela tentou se comunicar em inglês:- Você está bêbada.A mulher, com os olhos turvos, olhou para Viviane e seus lábios bonitos se curvaram, dizendo em inglês:- Eu não estou bêbada.Ela falava claramente, soando como se realmente não estivesse bêbada.- Devo pedir para alguém da equipe te levar de volta?- Não, não quero que você vá! - A mulher chorou, abraçando Viviane.Viviane estava confusa. A mulher era alta e pesava mais do que ela, então Viviane não conseguiu empurrá-la e teve que chamar um funcionário para ajudar. O funcionário já conhecia a cliente devido a um incidente anterior e disse de forma compreensiva:- Ouvi dizer que o mari
- Para fazer com que nós, mulheres ingênuas, caiamos em suas armadilhas, eles são extremamente pacientes, escondem suas verdadeiras faces habilmente, fazendo-se passar por cavalheiros apropriados. Eles não demonstram raiva, sempre parecem estar ao nosso lado, nos apoiando, e até nos surpreendem de vez em quando com pequenos gestos.Viviane ouvia impassível, mas por dentro sentia um turbilhão de emoções.Parecia que cada palavra dita pela mulher descrevia Ricardo.- Eu fui tão tola, acreditei que tinha encontrado o amor verdadeiro, confiava nele incondicionalmente, mesmo com todas as suspeitas ao seu redor. Sempre encontrava desculpas para defendê-lo, porque acreditava que ele era o homem que jamais me enganaria neste mundo.O coração de Viviane pulou. Ela tentou se lembrar do dia em que perguntou a Ricardo se ele a enganaria, mas, por mais que tentasse, não conseguia se recordar da resposta dele.- Só quando o acompanhei de volta ao Marrocos descobri que ele já era casado e tinha filho
Viviane arrastava seu corpo pesado, caminhando com dificuldade até a porta da suíte presidencial. Ela observava a porta diante de si, mas hesitava em empurrá-la. As palavras de Paloma, a foto enviada dias atrás por uma mulher desconhecida, as inúmeras incongruências no passado de Ricardo que não condiziam com sua posição, emergiam como algas à superfície, sufocando-a quase até a falta de ar. Tudo sobre Ricardo subitamente se tornava obscuro e enigmático."Quem ele realmente é? Aquela esposa é real? Ele tem realmente duas esposas?"Apoiando-se no batente da porta, Viviane sentou-se lentamente, memórias inundando sua mente como uma maré. Ela apertava os punhos, impotente. Queria ir até lá, acordar Ricardo, e exigir clareza, mas não tinha forças.Ela permaneceu sentada à porta por um longo tempo, até finalmente reunir energia para usar seu cartão-chave e abrir a porta. Ao entrar, viu Ricardo profundamente adormecido na cama, suas feições relaxadas, dormindo tranquilamente em um estado de
Helena e Júlio estavam prestes a sair quando viram Ricardo entrar com um remédio. Helena perguntou, ansiosa:- Viviane está doente?Ricardo assentiu e entregou a bula para Júlio:- Dê uma olhada, este remédio tem algum efeito colateral?Júlio leu rapidamente:- Não tem efeitos colaterais, pode tomar sem preocupação. - Disse, e logo perguntou. - Como ela adoeceu?- Não sei. - Ricardo franzia a testa. - O médico marroquino disse que pode ser reação ao clima.Júlio falou:- Vou ver como ela está.Os três foram até o quarto de Ricardo.Viviane não conseguiu fechar os olhos a tempo, assistindo os três entrarem, mas seu olhar logo se fixou em Helena, tentando ignorar a presença de Ricardo.- Querida. - Helena olhou preocupada para Viviane. - Onde você está sentindo dor?Viviane balançou a cabeça.Essa pequena indisposição era insignificante comparada ao seu coração.Júlio examinou Viviane, observou sua língua e olhos:- Não é nada sério, apenas febre. Tome o remédio conforme indicado.Ricard
Ricardo estremeceu fortemente!Seu primeiro pensamento foi que sua identidade havia sido exposta.Mas rapidamente, ele se acalmou, revisando cuidadosamente as pessoas com quem Viviane tinha contato recentemente, sem perceber nenhum deslize.Enquanto Ricardo mergulhava em seus pensamentos, Viviane o observava atentamente. Vendo que ele não respondia por um longo tempo, seu coração começou a afundar lentamente.Ela fechou os olhos novamente:- Estou tão cansada, quero dormir um pouco.Ela não ousava ouvir a resposta.Sempre pensou que Ricardo nunca a enganaria.Essa era sua crença inabalável, mas agora, essa crença estava quebrada.Isso tornava sua confiança passada ridícula.- Esposa...- Vamos voltar para o país amanhã. - Viviane virou-se, de costas para Ricardo.Os olhos de Ricardo se estreitaram ligeiramente, seu cérebro travou por alguns segundos.Ele estava preparado para a reação de Viviane ao descobrir sua relação com a família Barros.Mas essa reação era algo que ele não esperav