— Ontem à noite, eu ainda não tinha te agradecido formalmente. — Começou Kayra por iniciativa própria.Geraldo sorriu e balançou a cabeça:— Desde que nos conhecemos, você já me agradeceu o suficiente.— Isso significa que você sempre esteve me ajudando. — Kayra relembrou o passado, curvando levemente os lábios. — E eu nunca tive a chance de retribuir sua bondade.— Vamos considerar que você me deve uma, por enquanto. — Geraldo respondeu com uma expressão modesta.Eles estavam sentados um de frente para o outro, com poucos tópicos para discutir.Justamente quando o silêncio constrangedor se prolongava, um médico acompanhado de uma enfermeira entrou, verificou o eletrocardiograma que Kayra havia feito durante grande parte do dia e realizou alguns exames básicos, dizendo:— Você não tem nenhum problema de saúde, apenas precisa descansar mais ao voltar para casa e evitar grandes variações emocionais.— Então eu posso receber alta agora? — Perguntou Kayra.O médico assentiu.Geraldo olhou
Enrico, com as pupilas dilatadas e um tom sombrio e irônico, disse:— O Sr. Geraldo está solteiro há tanto tempo que parece ter esquecido o que é ter charme!A infantilidade da disputa entre os homens deixou Kayra sem paciência. Ela não quis mais ficar e decidiu se levantar:— Vou ao banheiro, vocês continuem.Assim que ela se afastou, o confronto entre Enrico e Geraldo se tornou mais explícito.— Foi você quem arranjou de propósito o homem de ontem à noite? — Começou Enrico. Sua frase era uma pergunta, mas o tom era de certeza.— O que o Presidente Enrico está dizendo? Que homem? — Perguntou Geraldo, com um sorriso nos olhos, mas mantendo o rosto tenso.Enrico deu uma risada fria:— Vamos ser claros, as mentiras servem para alguma coisa entre nós?— O que foi, você está com pena agora? — Geraldo se levantou de forma ameaçadora, encarando o olhar inquisitivo de Enrico. — E por que você não apareceu ontem à noite? E hoje, o que está fazendo aqui tão arrogante? Está tentando protegê-la m
Ao chegar à Comunidade Senho, Kayra desceu do carro, atenta aos sons que a cercavam. Assim que entrou em casa, o carro de Enrico acelerou, dando uma volta no canteiro de flores antes de sair rapidamente. Ele não ficou."Não importa." Pensou Kayra, balançando a cabeça como se fosse para se convencer, e decidiu tomar um banho antes de se deitar para dormir.Enquanto se revirava na cama, um telefonema de sua mãe chegou:— Kayra, você já dormiu?— Ainda não... O que aconteceu?— Estou prestes a embarcar, chego amanhã ao meio-dia. Venha me ver quando puder, precisamos conversar. — Disse Nicole.— Houve algum problema? — Perguntou Kayra, preocupada, ponderando se sua mãe poderia ter descoberto que ela escondia sua condição.— Ouvi dizer que você vai ao centenário do perfume Angel no País de Vía? — Nicole questionou, surpreendentemente.— Sim, mãe, como você soube?Kayra se mostrou um pouco surpresa, afinal, após Rafael contar a ela, ela ainda não havia discutido isso com mais ninguém.Nico
Três dias depois. Dentro de uma caixa de correio coberta de poeira, Nicole recebeu uma carta, convidando ela para uma reunião na Cafeteria Nuvem. Naquela mesma tarde, se arrumou e se dirigiu à cafeteria. Ali, logo encontrou uma senhora de cabelos brancos e aparência distinta. Se reconheceram mutuamente por meio de um objeto previamente combinado e se sentaram frente a frente.— Não posso acreditar que, depois de tantos anos, a senhora ainda tenha respondido à minha carta. — Disse Nicole, expressando sua gratidão enquanto olhava para a senhora à sua frente.— Eu e sua sogra éramos melhores amigas. Embora, nos últimos anos antes de ela falecer, tenhamos nos distanciado e nos visto raramente, ela confiou a família do seu filho a mim. Vou protegê-los até o dia da minha morte. — Respondeu a senhora com energia e determinação. — Não há necessidade de formalidades, agora, me diga, como posso ajudá-la?— Obrigada, tia! — Nicole sorriu, emocionada. — No centenário da família Angel, minha filh
Depois de desligar o telefone, Enrico se sentiu resignado e ligou para Carlos, para transmitir a ele as exigências de Lavínia:— Encontre alguém de confiança para ir ao encontro amanhã em meu lugar...Não importava a mulher que fosse, ele realmente não queria perder tempo.— Entendido.Carlos também considerou o pedido de Lavínia um tanto estranho. Após desligar, ele se apressou em encontrar uma pessoa desconhecida entre os seguranças do Grupo Ramos, assegurando que o encontro do dia seguinte ocorresse sem falhas....Na tarde do dia seguinte.Kayra abriu a porta do restaurante combinado, segurando uma rosa cor-de-rosa.Naquele dia, por telefone, Nicole havia se tornado misteriosa e instruído ela a levar um talismã e encontrar alguém ali naquele horário.Também disse que essa pessoa a protegeria secretamente durante sua estadia no País de Vía e que tudo se esclareceria assim que se encontrassem.Isso foi algo que Lavínia instruiu Nicole pessoalmente no dia anterior, prometendo que tudo
— Sr. Marcos?Kayra olhou para Marcos, que estava a seu lado, e, pela primeira vez, sentiu que a presença dele era oportuna.— Acabei de jantar com um amigo e, ao ver sua silhueta de longe, não acreditei que fosse você! — Marcos expressou sua surpresa.— Quem é você? — Marcos se virou para olhar o homem à frente de Kayra, que mastigava um pedaço de carne.Antes que o homem pudesse responder, Kayra se levantou e disse:— Pode comer à vontade, eu já paguei a conta. Até mais. — Ela então puxou Marcos, e saíram juntos.Marcos, ainda refletindo sobre o clima constrangedor à mesa, não conseguiu se conter e perguntou:— Kayra, você não estava tentando conhecer rapazes, estava?— De jeito nenhum! — Kayra o repreendeu.— Mas parecia constrangedor, e vocês combinaram de jantar... — Marcos ainda estava confuso.— Só ele comeu, eu não comi nada. — Kayra respondeu, irritada, sem compreender as intenções de Nicole.— Isso é ótimo, então! — Surpreendentemente, Marcos exclamou. — Você deve estar com f
Observando um pequeno orgulho nos olhos de Rafael, Kayra sorriu e disse:— Sempre confiei no professor, então parece que teremos um longo caminho pela frente!Rafael riu alto:— Você é mesmo muito inteligente!Eles haviam acabado de passar pelo primeiro portão quando foram abordados por alguns homens que, de longe, se curvaram e cumprimentaram:— Rafael! Não esperávamos vê-lo aqui...Rafael foi rapidamente envolvido em uma conversa amistosa, enquanto Kayra permanecia à margem, observando a paisagem ao redor. Foi então que uma voz feminina, surpresa e com um tom de desdém, a abordou por trás:— Não é a Kayra? Quanto tempo!Kayra se virou e, para sua surpresa, era Gisele.Logo atrás de Gisele, Inês carregava uma pilha de presentes e fazia o registro na entrada da Mansão dos Oliveira, que ficava logo no primeiro portão.— Veio de mãos abanando, hein? — Gisele observou Kayra com desdém, notando que ela não trazia nada, e rapidamente zombou. — Ou será que na família Oliveira nem reconhecem
— Mas pensando bem, aquele Rafael é realmente uma pessoa estranha. Ele fala de tudo nas entrevistas e reportagens, mas nunca se casou! A família Ferreira, com todo aquele grande patrimônio, e ninguém sabe quem vai herdar! — Lamentou Inês enquanto estalava a língua.— Ele certamente teve uma desilusão amorosa! — Conjecturou Gisele com certeza. — Mas é realmente raro um homem que passa a vida inteira sem se casar, justamente porque ele não tem esposa nem filhos. Meu pai nem sabe o que dar de presente...As mulheres da família Dias caminhavam de mãos dadas e perguntaram a um empregado da Mansão dos Oliveira, onde registravam os presentes.A maioria das pessoas que vinham ao evento tinha segundas intenções, e o empregado, acostumado com isso, respondeu: — O Rafael já chegou.Os olhos das mulheres da família Dias brilharam, e elas perguntaram em uníssono:— Onde ele está?— Ele acabou de subir! — O empregado olhou para cima. — Provavelmente está quase chegando ao portão principal agora.As