Capítulo 8
No final, Camila não conseguiu aguentar e desmaiar.

Ela ficou deitada no chão por meia hora até ser encontrada por António, que a levou ao hospital.

Após desmaiar por um dia e uma noite, ela finalmente acordou, mas com uma dor intensa no peito, pois havia quebrado três costelas.

Ela estava tão fraca que sequer tinha forças para se mover, e até respirar a fazia sofrer.

Os pais de Camila estavam ao lado da cama, com os rostos cheios de preocupação, parecendo extremamente aflitos.

Pedro não parava de perguntar aos médicos se havia algum jeito de aliviar a dor dela.

António segurava firmemente a mão dela, enxugando a testa suada, que estava constantemente molhada.

Depois do acidente, parecia que todos voltaram suas atenções para Camila.

Mas apenas ela sabia que não era só para cuidar dela que estavam ali.

— Camila, o médico disse que a dor é temporária, tenta aguentar, logo vai melhorar. Daniela não fez por querer, perdoa ela, vai.

— Tudo é culpa minha, não a ensinei direito, foi eu que a deixei errar no freio. Camila, se for para culpar alguém, me culpa.

— Somos uma família, foi só um acidente, não se preocupe tanto, o mais importante é você se recuperar, Camila.

Durante a manhã inteira, Camila ouviu essas palavras mais vezes do que conseguia contar.

Nos olhos deles havia preocupação, mas o que diziam parecia apenas uma defesa a Daniela.

Não sabia se era a dor física ou a dor no coração, mas ela não conseguiu impedir as lágrimas de escorrerem.

As figuras ao redor dela se tornaram borrões na névoa, os rostos parecendo desaparecer.

Talvez fosse uma ilusão causada pela dor, mas sua mente foi invadida por várias memórias.

Quando era pequena, qualquer corte minúsculo em sua mão fazia com que seus pais chamassem o médico para cuidar dela.

Sabiam que ela tinha medo de remédios, e para acalmá-la, seu irmão sempre tomava qualquer remédio junto com ela.

Quando torceu o pé, António ficou ao seu lado todos os dias, garantindo que ela não desse mais de um passo.

Agora, tudo parecia diferente.

Ao vê-la chorando, António sentiu uma dor forte no peito, levantou a mão para enxugar suas lágrimas, mas nesse momento, uma enfermeira entrou na sala.

— Acabaram de trazer uma moça do lado de fora, ela desmaiou de tanto chorar. Alguém pode ir cuidar dela?

Ao ouvir que Daniela desmaiou, todos, sem exceção, correram para o quarto dela, deixando Camila para trás.

No quarto, que antes estava cheio de movimentação, de repente só restou uma pessoa.

As lágrimas de Camila, que já eram muitas, começaram a se intensificar ainda mais.

Entre choros e soluços, ela acabou adormecendo lentamente.

Quando acordou, o quarto ainda estava em silêncio absoluto, e a dor pelo corpo não havia diminuído.

O celular ao lado do travesseiro piscava de vez em quando, e, ao olhar, Camila viu as mensagens de Daniela.

[Você é a que está mais machucada, mas todos se preocupam comigo, Camila, você é uma piada.]

António entrou com uma tigela de sopa, assoprando levemente para esfriar, e a alimentou com cuidado.

Pedro tentava, com todas as forças, fazer piadas para distraí-la, tentando arrancar um sorriso.

Os pais de Camila arrumavam suas cobertas com carinho.

Em um vídeo de um minuto, todos estavam ao redor de Daniela, consolando-a sem parar.

— Daniela, sabemos que você não fez por querer, sua irmã não vai te culpar, não se sinta culpada.

— Sei que você está triste, mas nós também sofremos com isso, para de chorar, senão vai ficar com os olhos inchados, vai ficar feia.

— Camila vai melhorar em alguns dias, não é nada grave, fique tranquila.

Cada palavra parecia uma agulha, perfurando o coração de Camila.

Ela fechou os olhos com força, tentando conter as lágrimas, sentindo as unhas cravadas nas palmas das mãos.

Neste momento, apenas um pensamento dominava sua mente.

No dia em que ela se casasse, ninguém ali deveria aparecer!

Uma semana depois, Camila teve alta do hospital.

O médico sugeriu que ela ficasse mais um tempo internada, mas ela balançou a cabeça, dizendo que não conseguia esperar mais.

Hoje, ela tinha que partir para se casar em Cidade B.

Quando chegou em casa, a mansão estava vazia. O celular vibrava incessantemente, eram mensagens provocativas de Daniela.

Ela, porém, ignorou todas.

De manhã, Daniela enviou uma foto. Quando Camila viu que seus pais estavam levando Daniela para o parque de diversões, sorrindo felizes enquanto a família se divertia no carrossel, Camila estava sentada à mesa, escrevendo uma carta de rompimento definitivo com seus pais.

Ela a colocou no quarto deles.

A partir de agora, ela não seria mais filha da família Gomes. Não teria mais pais nem irmão.

Ao meio-dia, quando Daniela enviou um vídeo mostrando Pedro carregando ela e dizendo que a protegeria e mimaria por toda a vida, Camila chamou alguns jardineiros e mandou arrancar todas as tulipas do jardim dos fundos.

Cada uma daquelas flores foi plantada por Pedro, com as próprias mãos, depois de saber que ela gostava de tulipas, e ele as cuidou por mais de dez anos. Ele dizia que, onde quer que ela se casasse, aquelas flores seriam transplantadas, pois representavam o amor de um irmão por sua irmã.

Mas agora, Camila já não queria mais esse irmão.

À noite, quando Daniela enviou uma gravação de áudio, dizendo que António estava acendendo fogos de artifício na beira do rio e lhe dizendo que ela seria para sempre a pessoa mais importante para ele, Camila pegou uma caixa e a levou até a família Nunes.

Dentro da caixa estava o tesouro que António havia dado a ela quando tinha dezessete anos.

Naquele tempo, ela riu e disse que ele estava entregando a joia da família tão cedo, e que ele não temia o que o futuro poderia trazer.

O jovem, no entanto, apenas a abraçou com olhos ardentes.

— Camila, a única pessoa com quem eu quero me casar nesta vida é você. Se não for você a casar-se comigo, então nunca me casarei.

Agora, ela iria se casar, mas o noivo não seria ele.

Depois de fazer tudo isso, o som de um motor de carro veio de fora.

Camila abriu a porta e viu um homem de meia-idade, vestido com um terno, parado à sua porta.

— Olá, Sra. Azevedo. Sou o mordomo da família Azevedo e vim buscá-la para a Cidade B.

Camila assentiu educadamente, pegou a bagagem que estava ao lado e, em voz baixa, disse:

— Vamos.

O mordomo pegou a mala, deu uma olhada na casa vazia e perguntou:

— A senhora gostaria de se despedir de sua família?

Cidade H e Cidade B eram muito distantes uma da outra, e além disso, ela estava se casando com a família Azevedo. Após essa partida, não sabia quando poderia ver seus familiares novamente.

Camila balançou a cabeça e entrou no carro.

— Pode dirigir.

Não era necessário.

Nunca mais seria.

Porque, a partir de hoje, ela não teria mais família.

Na escuridão da noite, o carro se moveu lentamente, indo em direção ao aeroporto...
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