Stefanos
O silêncio se instalou assim que a porta se fechou.
Jenna e Rylan já estavam no corredor, mas eu e Nuria permanecemos no escritório, como se cada segundo a mais ali fosse necessário para retomar o fôlego. A pressão no peito ainda era latente. O bilhete, a imagem de Teodora ferida... tudo latejava dentro de mim como um lembrete do que estava em jogo.
Puxei Nuria para um abraço apertado, inalando seu cheiro, para tentar acalmar a fera que queria rasgar meu peito e arrastar o infeliz que ousou profanar minha casa.
Apenas ela tinha o poder de me mantar são. Apenas ela conseguia controlar o meu lado destrutivo.
StefanosO silêncio entre nós era quase físico.Johan entrou na sala com o rosto limpo, o cabelo bagunçado e aquele olhar de quem ainda acha que pode manipular o mundo com meia dúzia de palavras. Rylan fechou a porta atrás dele sem dizer nada, como já havíamos combinado.Agora éramos só nós dois.Sobrinho e tio.Alfa e futuro problema.Ele ficou de pé no meio da sala, os olhos me desafiando com a mesma insolência de sempre."Então é
NuriaAndei pelos corredores com os sentidos em alerta, os olhos atentos a cada lobo, a cada movimento estranho, mesmo sabendo que Stefanos tinha reforçado a segurança. Ainda assim... algo dentro de mim não sossegava.Encontrei Jenna dobrando o corredor do jardim, provavelmente voltando da ala dos empregados. Seu rosto ainda carregava a tensão da manhã, mas ela tentou sorrir quando me viu."Você está me procurando?" ela perguntou, limpando as mãos no avental."Na verdade, sim. Preciso que vá comigo até o meu quarto."Ela franziu o cenho. "Aconteceu alguma coisa?"
JennaStefanos e Rylan conversavam em voz baixa, próximos à mesa de reuniões do escritório. Mapas abertos, anotações espalhadas e o cheiro de café forte ainda impregnado no ar.Bati duas vezes na porta aberta e entrei sem esperar permissão."Desculpem interromper..." murmurei, caminhando até eles. "Mas queria saber se eu e a Nuria podemos ir ao hospital. Ver como a Teodora está."Stefanos levantou os olhos, sérios como sempre."Eu já disse à Nuria que iria com ela. Não acho seguro vocês irem sozinhas."
NuriaA sala estava mergulhada em silêncio, quebrado apenas pelo zumbido suave do aparelho de ultrassom.Deitada sobre a maca, com a blusa erguida e o gel frio espalhado pela minha barriga, eu tentava manter o controle da respiração, mas o coração… esse travava uma guerra entre o medo e a esperança.O médico deslizava o transdutor lentamente, os olhos fixos no monitor, enquanto eu encarava o teto como se ele pudesse me dar alguma resposta.Como se eu pudesse fingir que não sentia o estômago revirar a cada segundo."Está tudo bem," ele murmurou, com a calma treina
StefanosO médico voltou com passos leves e um pequeno maço de papéis na mão."Esses são os primeiros exames e a receita dos suplementos necessários, Alfa, Luna. Está tudo sob controle, mas qualquer sinal de alteração, me avisem imediatamente."Peguei os papéis, li por cima, e assenti. A cabeça ainda parecia longe. Como se uma parte de mim estivesse aqui… e a outra tentando entender que aquilo era real."Obrigado, doutor. Se puder nos dar alguns minutos..." pedi."Claro, fiquem à vontade." Ele sorriu, respeitoso, e saiu discretamente.
NuriaO caminho de volta foi mergulhado em silêncio.Mas não era o tipo de silêncio desconfortável.Era aquele que pesa no ar, carregando promessas… e medo.Stefanos dirigia com uma das mãos firmes no volante, enquanto a outra permanecia entrelaçada à minha.Seu toque era constante. Quente. Como se ele também estivesse tentando acreditar que aquilo era real.Eu, por outro lado, não conseguia tirar os olhos do papel no meu colo.Seis semanas.Seis semanas de vida crescendo dentro de mim.
JohanO corredor estava vazio.Pelo menos, parecia.Meus passos ecoavam baixos, cuidadosos, como se o piso pudesse denunciar o que eu carregava no peito.O embate com Stefanos ainda latejava na mente. Ele tentando bancar o tio protetor, como se ainda houvesse espaço pra redenção entre nós. Como se aquele discurso sobre confiança e escolha de lados fosse o suficiente pra me fazer esquecer tudo.A marca no pescoço da Nuria era o suficiente pra me deixar em alerta.O jeito como ele falava dela… como se já não enxergasse mais n
JennaA mansão estava silenciosa demais para uma noite como aquela.E eu estava no limite.Os últimos acontecimentos pareciam ter sugado cada gota de energia do meu corpo. Levaram embora o sono, a paz e até a capacidade de organizar os próprios pensamentos. E, como se não bastasse, meu coração ainda batia em descompasso… com nome e sobrenome:Rylan Bastien.O jeito como ele me olhava... como me defendia… como me tocava.Era afeto, mas também fogo. Era proteção, mas também desejo. Uma mistura perigo