Sonhar com tanto luxo eu nunca sonhei. Sempre tive vontade de ser bem sucedida, e isso se dava pelo fato de que sentia a necessidade de provar para mim mesma que, diferente do que minha mãe dizia, eu seria uma mulher incrível e forte sem depender de homem nenhum.Minha profissão não era lá grande coisa, não era como se eu fosse uma grande cirurgiã ou como se fosse a diretora de operações de uma mega empresa poderosa, mas o meu trabalho me proporcionava uma vida financeira muito boa, pagava o aluguel em um bom bairro de Nova Iorque, sem ficar sofrendo na parte financeira, e ainda me sobrava dinheiro para gastar com bobagens.Dinheiro merecido, claro. Porque tudo o que eu fazia pelo meu chefe era digno de um ótimo salário. Mas isso não vinha ao caso no momento. O que precisava pensar mesmo, era em achar Tyler antes que fosse impedida mais uma vez.Não demorou muito, depois de dar três voltas no salão parando para conversar com alguns convidados nesse percurso, avistei o homem parado
— Você tem razão — afirmou, deixando os ombros caírem. — Não dá pra ser namorada do Benedict nem de mentirinha. Mas tem um outro jeito aceitável para resolver isso.— Não, Tyler, não tem. A partir de agora é você quem vai resolver os seus assuntos, bem longe de nós. Eu quero que pare de só pensar no Benedict para solucionar suas merdas. Esqueça que existimos e que vamos poder te ajudar, porque não vamos. Não mais!Tirei o pen drive de meu seio e estendi em sua direção. Ele olhou minha mão parada no ar, mas não pegou o dispositivo.— Devo deduzir que isso é só uma cópia, certo? — perguntou e eu apenas assenti em concordância. — Então não quero. Fique com ela pra você também. Eu estava lá naquela noite. Todas as informações contidas aí estão fixadas na minha cabeça. Não preciso de arquivos para me lembrar.Eu poderia dizer que fiquei mal por estar fazendo isso, só que não estava, então se ele não queria o pen drive, guardei de volta entre meu seio e o sutiã.Não é como se eu gostasse de
Como se eu estivesse em uma maratona, só que de salto quinze e vestido justo, corri o mais rápido que pude. Benedict continuou com seus passos apressados e por pouco não fechou uma porta na minha cara. Precisei colocar minha mão no batente e torcer para que ele não fosse tão indelicado a ponto de fechar a madeira e arrancar alguns dedos meus no processo.— Espera! Deixa eu explicar, Bene.Já havia visto o homem decepcionado outras vezes, mas agora era diferente. Era como se estivesse se sentindo derrotado, e por mais que eu não fosse um prêmio, na cabeça dele Tyler tinha iniciado uma guerra usando a pior das armas que podia. Me pegando para si, se assim podia dizer.— O seu plano era fingir um relacionamento com o meu irmão para solucionar os nossos problemas, Hope? Era assim que queria que eu confiasse em você?O homem soltou a porta e adentrou ainda mais o pequeno cômodo que mais parecia um depósito pequeno. Fiz o mesmo que ele, me enfiando ali para tentar dialogar e explicar q
A família Legard era considerada uma das famílias mais ricas do país, isso era fato irrevogável, mas eu não fazia ideia de como a casa de Tyler podia ser gigantesca e majestosa.Ao descer do seu carro que exalava puro luxo, me peguei admirando a mansão como se fosse uma linda obra de arte, porque no fim, era. Aquilo deveria ser um ponto turístico, um lugar onde as pessoas iam passar as férias mais caras existentes.Claro que me distrair momentaneamente com a beleza de sua residência não fez com que eu deixasse de ficar super irritada. Durante todo o trajeto até ali fiquei em silêncio porque não tinha cabeça, nem capacidade para falar coisas normais, mas agora ele ia ter que me ouvir.— Você é ridículo, sabia?! Acha que a melhor forma de resolver um problema é criando outro, Tyler? O que acha que acabou de fazer, hum? Você viu a quantidade de pessoas que tiraram fotos de nós e comentaram entre si sobre aquela cena absurda que você criou?O homem apertou o controle do carro, despreocu
— Acho que você não tem muita escolha — sussurrou deixando o hálito quente com cheiro de uísque se chocar contra meu rosto. — Se passar pelo portão de entrada, vai se deparar com alguns fotógrafos querendo informações, então a decisão é sua. Ou fica, ou sai e diz para eles que aquele beijo foi só uma encenação.Torci o nariz ignorando as duas hipóteses. Nem ficar, e nem ter que desmentir algo. Essa última função teria que ser dele. — Aquilo nem foi um beijo de verdade! Selinho eu dou na minha melhor amiga. — Não seja por isso. — Sorriu um tanto triunfante.Tyler voltou-se para o móvel onde ficavam suas bebidas e deixou o copo vazio sobre o aparador. O homem voltou a se aproximar em passos calmos, e mais uma vez ao invés de fugir para longe dele, fiquei parada esperando não sei o que.Fui puxada pela cintura sem cerimônia alguma, e quando seu rosto chegou bem perto do meu, ele sorriu pequeno, me encarando como se eu fosse, sei lá, a coisa mais linda que ele já tinha visto na vida.
A princípio, fiquei estagnada pensando se ouvi realmente o que ouvi.Recapitulando... eu fui "beijada" por aquele idiota, fui arrastada até sua linda casa, quase beijei ele por vontade própria, dormi no seu sofá como se fosse uma maluca embriagada, só que no caso embriagada de raiva, e depois fui atacada na porta da minha casa como se fosse uma carniça super atrativa para vários urubus.Certo, minha vida só por isso já poderia virar de cabeça para baixo, mas como estava preparada para inventar uma mentira com Benedict, não estava em um surto super maluco. No entanto, Tyler não tinha falado mesmo aquilo, certo?Ele não disse que me queria como sua esposa, não é? Porque não havia sentido nisso, e eu nem precisava pensar para dizer que era uma loucura real e que eu nunca aceitaria uma sandice dessa.Piscando um tanto atordoada, encarei o homem com uma seriedade típica de quando ia para alguma reunião acompanhando Bene.Tyler apenas permaneceu com as mãos nos bolsos da calça enquanto eu
Acho que todas as pessoas têm um segredo sujo que precisa ser guardado a sete chaves. Bom, se nem todos têm, pelo menos metade da população esconde algo como se sua vida dependesse disso.Eu escondia uma coisa, ou melhor dizendo, escondia uma pessoa.Me lembro com muita clareza do dia em que meu pai foi embora de casa. Eu tinha apenas seis anos de idade mas quando fecho os olhos consigo visualizar a cena. Ele pegou uma única mochila, jogou algumas poucas peças de roupa dentro dela, junto com um maço de dinheiro que costumava guardar, e então foi até mim, se abaixou para dar um beijo em minha testa e, sem dizer adeus ou qualquer outra coisa, saiu porta afora.Minha mãe gritou como louca, se jogou no chão e puxou os próprios cabelos enquanto as minhas lágrimas silenciosas caíam ao ver meu pai se afastando mais e mais. Ele foi embora, deixou eu e minha mãe sem nem olhar para trás, e no fim nunca retornou, muito menos procurou saber como sua única filha estava.Não tive notícias dele
Talvez essa idiotice de fazer as pessoas esperarem era uma coisa que Tyler sentia prazer em fazer.Estava há mais de três horas sentada no sofá de sua sala enquanto uma funcionária me olhava de um jeito estranho. Eu com a postura de uma freira super correta, e ela encostada em uma parede com os braços cruzados, mastigando um chiclete que mais parecia um imenso pedaço de borracha. Minha vontade era de levantar e fazer a bonita cuspir aquela porcaria.Batuquei minha coxa com os dedos mais uma vez, iniciando aquilo no ritmo de uma música que havia escutado recentemente. Ficar com o celular nas mãos não era aceitável porque a cada dois minutos ele tocava em uma ligação de Benedict. Eu tinha a leve impressão de que poderia ser demitida se continuasse a ignorar suas chamadas, mas o mais importante era resolver o meu assunto primeiro.Quando decidi que ia me levantar e pedir que a mulher presente ali jogasse aquela merda de goma fora, a porta foi aberta e por ela passou o homem que mais