Sob o manto da noite, o carro esportivo prateado deslizava veloz como um fantasma. Íris, sentada no banco do passageiro, olhava para a frente com serenidade, plenamente consciente de que Kauan, ao volante, não era exatamente boa companhia e que a noite prometia armadilhas, mas ainda assim se mantinha tranquila, como se estivesse em total controle da situação. Ela não tinha certeza se lidaria bem com os outros, mas sabia manusear Kauan, cujo desejo o cegava, com vasta experiência.A música que ecoava dentro do carro tinha um ritmo leve, puxado para o rock. Kauan, visivelmente feliz, exibia um sorriso nos olhos e nas sobrancelhas. Com uma mão no volante e a outra marcando o ritmo na janela, seus dedos longos e bem definidos capturavam a luz amarela dos postes, criando uma visão atraente.- Se você ainda não está dormindo, se eu não parar de perseguir, se estar acordado é um pecado, leve embora as promessas e troque por compromissos que não retornam...Ele balançava o corpo alegrement
Íris jamais teria imaginado que Kauan, que sempre a olhava com desdém e aproveitava qualquer oportunidade para humilhá-la e zombar dela, se tornaria seu fã ardoroso! Isso realmente é fantástico! - Então, pelo que você diz, você já me conhecia antes de eu me casar com Ângelo, e era um dos meus fãs? - Íris achou isso incrível e não pôde deixar de confirmar com o homem. "Alma Rebelde" foi um grupo formado durante a universidade, quando ela e alguns colegas do laboratório se sentiam entediados. Eles não eram apenas cientistas confinados em laboratórios, cada um possuía talentos em diversas artes, como música, dança e canto. Especialmente ela, que escrevia letras, compunha músicas e tinha uma voz celestial. Inicialmente, “Alma Rebelde” começou gravando singles e divulgando-os online, conquistando muitos fãs. Depois, começaram a fazer shows em alguns bares subterrâneos, sempre lotando os lugares e ganhando ainda mais fãs. Ah, pensando agora, realmente era melhor não ter se casa
Portanto, a única coisa que Íris conseguia fazer era conter sua curiosidade e se sentar comportadamente no assento do passageiro. Enquanto o carro de luxo deixava a movimentada cidade e adentrava o desolado subúrbio, a escuridão se intensificava, e a ausência de postes de luz tornava a atmosfera ainda mais sinistra, como se fosse um viveiro propício para o crime.No entanto, Íris não demonstrava o menor sinal de medo. Com suas habilidades, mesmo sofrendo recentemente uma lesão na perna, lidar com dez pessoas do calibre de Kauan não representaria um desafio.- Eu pergunto... Para onde exatamente você está tentando me levar? - Íris começava a perder a paciência, e sua expressão se fechava cada vez mais.- Calma, estamos quase chegando - Respondeu Kauan, virando o carro para um caminho escuro e profundo, ladeado por densos pinheiros que se erguiam como bandeiras triangulares.Íris abaixou a janela e olhou ao redor, se sentindo cada vez mais familiarizada com o local.Então, ela subitamen
Kauan exibia um sorriso mais profundo, seus olhos brilhavam como se soltassem faíscas ao observar Íris:- Você está preocupada comigo?Íris ficou sem palavras.- Se um pouco de sangue pode despertar sua preocupação, não me importaria de cortar minha própria garganta, só para ver seu sorriso e ter sua atenção.- Então morra! - Responde Íris, revirando os olhos e atirando um lenço quadrado para ele.Kauan agarrou o lenço e o pressionou contra seu nariz proeminente, inspirou profundamente e, então, relutante, o amarrou no pescoço ainda sangrando, fazendo um nó, e suspirou ao dizer:- Que pena, um lenço tão bom.- Louco, completamente louco! - Íris massageou a testa pulsante de dor e se arrependeu profundamente de ter acompanhado Kauan.Ela pensava que Kauan era apenas um tolo, de quem poderia facilmente extrair informações confidenciais sobre o Grupo Dellamonica. Contudo, estava enganada...Ele estava apenas fingindo fraqueza, era literalmente um louco, não era tão fácil de manipular.Per
Íris balançou a cabeça e disse friamente:- Eu não adivinhei, nem quero tentar adivinhar, muito menos estou no humor para ouvir suas baboseiras. É melhor você sair do caminho por conta própria ou não me culpe por passar por cima de você!Kauan, com seu corpo esguio, desabou preguiçosamente na frente do carro, ignorando completamente o aviso de Íris, e com um sorriso malicioso, disse:- Eu pensei que você teria se tornado muito mais forte após esses anos, mas vejo que ainda é fraca, sem coragem nem para enfrentar a verdade. Não acha isso triste?- Não entendo o que você está dizendo! - Respondeu Íris friamente com o olhar. - Estou dizendo pela última vez, saia da frente!Ela colocou o pé no acelerador, pronta para apenas um toque leve transformar Kauan em carne moída.- Você acha que me matando vai mudar o fato de que Ângelo já está morto? - Disse Kauan, rindo.Kauan lentamente se levantou do chão, se apoiando no capô do carro, olhando para a mulher no assento do motorista com um sorris
Kauan dobrou a perna, se virou para Íris com um sorriso gelado e disse com uma convicção que beirava a arrogância:- Eu nunca fui um cavalheiro, sou conhecido como um fracasso. Você não soube disso hoje... Não consegui lidar com Ângelo enquanto ele estava vivo, mas com Ângelo morto, posso humilhá-lo como eu quiser!Os olhos de Íris se encheram de lágrimas, e ela respondeu com os dentes cerrados:- Você é um louco. Ângelo, mesmo morto, ainda é melhor do que você!Um olhar sinistro cruzou os olhos de Kauan enquanto ele se aproximava passo a passo de Íris:- É mesmo? E o que ele pode fazer agora? A face dele está marcada pela sola do meu sapato. Mesmo que eu durma com a mulher dele bem diante dos olhos dele, tudo o que ele pode fazer é assistir. Isso é ser forte?- Desprezível! - Íris levantou a mão e deu um tapa forte em Kauan. - Você, um fracasso, pensa que pode se aproximar de mim? Não sabe avaliar a si mesmo!Após falar, ela sentiu que não era suficiente para acalmar sua raiva e levan
Íris não tinha paciência para discutir assuntos irrelevantes com Kauan. Entrou no carro e partiu rapidamente do cemitério. Durante todo o tempo, não olhou sequer uma vez para o que chamavam de "o túmulo de Ângelo". Porque, no fundo, ela simplesmente não acreditava que Ângelo estivesse morto.Sob a luz da lua, Íris voltou o mais rápido possível para o apartamento de Nanda, localizado no centro da cidade. O dia tinha sido muito intenso, ela estava extremamente cansada, lutando para manter os olhos abertos, sem tempo para mais nada, querendo apenas dormir bem.Ao abrir a porta, descobriu que, além de Nanda, Bernardo também estava lá. Após o rompimento no Grupo Dellamonica, os dois se olharam, criando um clima um tanto constrangedor.- Íris, finalmente você voltou. Se demorasse mais, seu irmão pensaria em chamar a polícia - Disse Nanda, suspirando aliviada e segurando carinhosamente o braço de Íris. - Você está com fome? Se quiser, posso preparar algo para comermos.Íris balançou a cab
- Não há nada de errado, imagine! - Nanda estava visivelmente preocupada e falava para Bernardo, que se mantinha em silêncio. - Irmão, pense em algo! Íris deve ter sofrido algum baque, ela não estaria tão desanimada assim. Mesmo que vocês tenham terminado, não pode simplesmente ignorá-la. Você ficou aqui a noite inteira esperando que ela voltasse para terem uma conversa séria, não foi? Por que está agindo como se fosse mudo agora?Ela, sempre de temperamento explosivo, empurrou Bernardo para dentro do quarto de Íris e, com um estrondo, fechou a porta atrás dele, a trancando por fora.Bernardo ficou desesperado e tentou abrir a porta, sem sucesso, gritando:- Nanda, sua diaba, abra essa porta!- Eu não me importo, você vai ter que fazer minha irmã se sentir melhor esta noite, fazê-la feliz, ou então você não sai. - Disse Nanda.Ela, preocupada que a trava não fosse suficiente, ainda enfiou uma barra de aço na maçaneta como uma tranca extra.Não tinha como, com a abordagem lenta e hesita