Severino mal tinha acabado de falar e já saiu correndo.- Infantil!Ângelo esfregava as têmporas, balançando a cabeça, sem palavras.No entanto, estava preocupado com a possibilidade de Íris estar em apuros e se levantou para ir atrás dela.Mas o ancião o deteve, dizendo com um tom significativo:- Jovem, esse é o destino romântico do seu amigo, não há necessidade de se envolver. Melhor ficar por aqui e dar uma olhada nas minhas preciosidades. Talvez um dia, possam servir como um símbolo para reatar com seu amor perdido.Curiosamente, apesar de as palavras do ancião parecerem delírios para uma pessoa comum, Ângelo sentia uma confiança inexplicável e parou para olhar os objetos dispostos na banca do velho, até que uma peça de seda chamou sua atenção.Mais precisamente, era o desenho na seda que o atraía.- Senhor, quanto custa esta peça de seda? - Ângelo perguntou ao ancião.- Temos um destino compartilhado, seis reais e sessenta centavos bastam, considere como o custo de uma leitura de
Sussurrando para si mesmo:"Íris, você é mesmo irritante. Quando eu te agarrar, você vai se ver comigo!"O cassino era imenso e cada área reunia muitas pessoas, mas havia uma zona em particular onde a multidão era maior, se aglomerando ao redor de uma mesa de jogo circular, emitindo gritos excitados e lascivos.Ângelo soube imediatamente que algo estava errado ali e se apressou em direção ao local.De fato, sobre a mesa circular, uma jovem mulher estava amarrada com cordas.Ela vestia um vestido de gaze branco, fino como penas, quase transparente, e usava uma máscara de plumas no rosto, encolhida, tremendo de medo.O coração de Ângelo se apertou no instante em que seus dedos se fecharam em punho, pronto para subir ao palco.Pois os traços do rosto da mulher sob a máscara de plumas eram idênticos aos de Íris.Um nariz igualmente arrebitado e delicado, lábios pequenos e rosados como morangos, e descendo até seu pescoço e clavícula, ela era exatamente como Íris.No entanto, ela estava sen
- Cuidado! - Alertou Ângelo em voz alta da borda da multidão.Afinal, aquilo era o território de outra pessoa, e Severino chamava muita atenção com cada movimento que fazia, se encontrando numa situação extremamente perigosa e passiva.- Há até cúmplices! - Um homem negro notou Ângelo e apontou para ele enquanto falava com outro grupo de segurança. - Peguem-no também, usem-no como alvo vivo para um fuzilamento!- Quero ver quem tem coragem!Até então relativamente calmo, Severino de repente perdeu a calma.Primeiro, ele cuidadosamente colocou Íris no chão, que estava em seus braços, e então olhou friamente para o homem negro, dizendo severamente:- Pode ser rude comigo, mas ousar ser tão arrogante com meu Ângelo é procurar a morte!O homem negro ficou completamente confuso com a ação de Severino. Há quem não tenha medo de morrer, mas nunca vi alguém tão destemido, trazendo o "caixão" sem derramar uma lágrima e ainda assim ousando provocar?Sem mais palavras, Severino chutou o estômago
- Sim!Francisco acenou vigorosamente com a cabeça, tão assustado que quase urinava nas calças, se curvando repetidamente com pressa.- Obrigado, Sr. Severino, pela sua misericórdia em não me matar. Obrigado, Sr. Severino, pela sua misericórdia em não me matar.Não era de estranhar que eles se comportassem de forma tão humilde. A família Pires era extremamente reverenciada por eles, em áreas cinzentas como esta, podiam ignorar a lei, mas jamais poderiam ignorar a família Pires, a menos que não quisessem mais trabalhar neste ramo.Antes de chegar, Severino já havia instruído seus subordinados a enviar uma mensagem a Francisco, por isso ele se atreveu a agir com tanta arrogância naquele lugar.- Este cassino tem um gosto realmente pesado, não consigo ficar aqui nem por um minuto! - Severino disse, cobrindo o nariz com desgosto.- Não há como fazer, Sr. Severino. O cassino precisa dessa extravagância para atrair as pessoas, é caótico aqui, mas é um lugar onde você pode conseguir tudo o q
Ângelo falou de forma despretensiosa e, sem sequer lançar um olhar para Íris, se virou e partiu.- Ângelo, você vai embora assim? - Severino, observando a figura distinta e superior do homem se afastando, percebeu que tinha exagerado e gritou em desespero. - Eu estava apenas brincando agora, por que você levou a sério? Fique tranquilo, Íris ainda é a sua Íris, mesmo que tenha sido eu quem a salvou, ela ainda é sua esposa delicada, não vou fazer nada impróprio!- Não se preocupe, faça o que bem entender.Ângelo, de costas para eles, fez um gesto com a mão e, sem olhar para trás, deixou aquele lugar de conflitos.Severino, incapaz de detê-lo, ficou parado lá, completamente atordoado."Esse Ângelo, realmente é tão generoso assim, a ponto de abandonar a própria esposa?"Ele olhou para Íris, ainda amarrada de corpo inteiro, como se estivesse diante de um presente "a ser desembrulhado", se sentindo estranhamente envergonhado.- Olha, cunhada, não tenha medo, aquele Ângelo deve estar com ciúm
Severino engoliu em seco, incapaz de digerir as palavras da mulher.- Eu me vendi para o cassino, eles podem dispor de mim como quiserem. Eu já não tinha mais planos de continuar vivendo porque, não importa nas mãos de qual homem eu caísse aqui, minha vida seria pior que a morte. Mas, felizmente, os céus tiveram piedade de mim e me fizeram cair nas suas mãos...A mulher, demasiadamente emocionada, não conseguiu evitar se aproximar um pouco de Severino.- Não, não venha agora!Severino, um homem robusto de 1,80m, recuava como se tivesse visto um desastre natural, mantendo deliberadamente uma distância da mulher.Vendo isso, o corpo delicado da mulher parou abruptamente, e havia uma expressão de dor entre suas sobrancelhas e olhos.- Senhor, você me despreza? Tem medo que eu me agarre a você?- Não é isso! - Severino gesticulava com as mãos. - Não é isso que eu quero dizer. Eu acho que você é uma pessoa, não um objeto, você não deveria organizar sua vida de forma tão leviana.- Eu entend
- Alguém desmaiou!Gritos de pânico emergiam do meio da multidão.Severino já estava no carro e não queria se envolver com o problema de uma mulher que não tinha relação alguma com ele.Mas, no fim, ao ver a multidão se aglomerar cada vez mais, e entre eles alguns homens de intenções duvidosas, ele não conseguiu evitar franzir a testa e se apressou em se aproximar.- Abram espaço!Severino afastou a multidão apertada, sua voz imponente mesmo sem mostrar raiva.Os espectadores, ao vê-lo, reconheceram imediatamente que se tratava de um jovem rico de família abastada e prontamente abriram caminho.Entretanto, ainda havia aqueles arrogantes que não levavam Severino a sério, tentando levar Stéphanie desmaiada para possuí-la sozinhos.- Largue ela! - Severino, com as mãos nos bolsos e olhar dominante, ordenou ao homem com a cicatriz que tocava em Stéphanie.- Quem é você? Não se meta, eu vi essa garota primeiro e ninguém vai tirá-la de mim! - O homem da cicatriz disse isso e, agarrando o bra
- O que você ouviu?- Eu ouvi você dizer que eu sou sua, isso significa que você me aceitou, certo?- Não me entenda mal, foi uma situação repentina, eu tive que...- Obrigada!Stéphanie sorria, mas seus olhos estavam vermelhos, e ela disse com um significado profundo:- Com essas palavras suas, eu posso morrer sem arrependimentos.- O que você está dizendo, o que é isso de morrer ou não?Severino sentiu um aperto no coração, achando aquela mulher estranha, com um jeito de quem está deixando um último testamento.- Posso te fazer um pequeno pedido, um favor?Stéphanie segurou o braço de Severino, com um olhar triste.Severino, vendo a expressão desamparada da mulher, sentiu seu coração amolecer.- Diga.- Quando eu morrer, coloque minhas cinzas em uma pequena caixa e enterre ela no poço antigo da Quinta, não precisa fazer nenhuma cerimônia, apenas mande alguém para prestar homenagem nos meus aniversários e nos dias de minha morte...Quando Stéphanie disse isso, sua respiração já estava