Ângelo não contestou nada. Ele deu passos largos até chegar à enorme janela de vidro, perdendo-se na vista do mar azul expansivo lá fora. Essa vista, só eles dois, os únicos proprietários dos dois únicos apartamentos no último andar, podiam ver. Essa coincidência parecia como se houvesse uma linha invisível os conectando. Quem sabia quantas noites eles poderiam ter olhado para o mesmo mar, sem ter ideia dos pensamentos um do outro... - Por que você quer se mudar? – Depois de um longo tempo, Ângelo se virou e perguntou a Íris com a voz baixa. Íris estava ocupada procurando a manta em uma das gavetas da sala de estar e foi pega de surpresa pela pergunta de Ângelo. - Porque eu quero, é por isso que estou me mudando! – Respondeu Íris, de forma evasiva, acrescentando com um tom autodepreciativo. – Principalmente porque eu sei que você não gosta de mim, e como somos vizinhos, é melhor sair para não atrapalhar seus olhos e afetar seu humor.Ângelo tinha um olhar gelado e deu um resmung
Íris sentiu um aperto no coração e colocou as mãos, de maneira um tanto quanto desajeitada, à frente do abdômen, tentando manter a calma ao responder:- Claro que eu também esperava estar grávida. Dessa forma, eu poderia me casar com o status de mãe para entrar na família Costa, mas que pena... - Após uma pausa, continuou. - Após meu divórcio, permiti-me demais, comendo sem controle e ganhando peso. Mas agradeço pelo lembrete, Sr. Ângelo. De fato, deveria perder um pouco de peso. Afinal, meu Bernardo é tão jovem e cheio de vigor; se não mantiver a forma, como farei se um dia outra mulher o levar embora?Ângelo imediatamente fechou a cara, seus olhos frios como lâminas afiadas cortando a pele de Íris.- É isso aí, então te desejo boa sorte.O homem bufou friamente, colocou as mãos nos bolsos e se afastou sem olhar para trás.Íris permaneceu parada no lugar, sem se mover por um bom tempo, questionando-se... “Suas palavras foram muito duras?”Afinal, pela reação dele, parecia realmente i
Gisele, diante de uma grande ameaça, ergueu-se prontamente da cadeira de repouso, falando de maneira agressiva:- O que faz aqui? Não sabe que isto é propriedade privada? Invadir uma residência em pleno dia, acha realmente que não vou chamar a polícia para te prender?- Queres chamar a polícia? - Íris sorriu de canto, pegou o celular e discou "190", o entregando a Gisele. - Prossiga, aproveite e deixe que a polícia veja como está a abusar ilegalmente de outras pessoas.- Quando abusei de alguém? Estes servos cometeram erros e devem ser punidos. Como a dona desta mansão, naturalmente posso castigar e insultar quando desejar!Gisele ergueu o queixo, enfatizando com orgulho as palavras "dona da mansão".Os empregados, quase mortos de tortura, ficaram de lado, encolhidos, sem ousar replicar.- Dona da mansão?Íris soltou uma risada fria e replicou:- Como pode provar que é a dona da mansão? O documento de propriedade está no seu nome? Se não pode provar, então não existe uma relação de emp
Pelo olhar de surpresa do mordomo João, Íris não estava enganada. A caixa contendo o cobertor realmente foi esquecida por ela na Mansão dos Dellamonica.- O que quer dizer com 'isso'? Estou perguntando onde está a minha mala? - Íris indagou com o rosto tenso.O mordomo João, visivelmente embaraçado, garantiu que não havia ninguém por perto antes de falar com cautela:- Senhora, não é minha intenção esconder de você, mas seus pertences foram todos recolhidos por ela. Para onde foram levados, nós também desconhecemos. Ela tem sido bastante exigente nos últimos dias, ora insistindo em derrubar e reformar o seu quarto, ora querendo remover todas as flores e plantas que a senhora plantou no jardim... Em resumo, ela não permite que nada na mansão lembre a senhora, se tornando muito difícil agradá-la!Nesse momento, Gisele, com uma postura orgulhosa, aproximou-se deles com seu barrigão e desferiu um tapa no rosto do mordomo João:- Traíra, isso é para aprender a não ser linguarudo!O mordomo
Ângelo, ao ouvir a voz de Gisele, instintivamente quis desligar.No entanto, ao saber que Íris também estava lá, imediatamente virou o volante em direção à Mansão dos Dellamonica.Gisele, com o rosto inchado por ter sido agredida, disse com um sorriso de satisfação:- Aguarde, Ângelo está a caminho. Você me agrediu agora, com testemunhas e evidências. Vamos ver o que você vai fazer quando ele chegar!Íris, por sua vez, largou o celular, com um sorriso que não era bem um sorriso:- Você também espere, a polícia chegará logo. Com este calor, a delegacia será um lugar bem fresco.De fato, os números que ela havia digitado no celular eram '190'.Afinal, ela sabia que não poderia superar Gisele na arte de ser descarada, então decidiu deixar a lei resolver.Ângelo chegou rapidamente ao local, o som do motor de seu supercarro cinza ecoando sob o sol escaldante, parecendo extremamente impressionante.O homem executou uma bela manobra de drift para estacionar o carro em frente à mansão e desceu
Após ouvir a declaração de Íris, os dois policiais olharam seriamente para Gisele e a interrogaram:- Isso é verdade?Gisele empalideceu e gesticulou freneticamente:- Não, não é, ela está me caluniando. Ela é quem jogou minhas coisas fora, ela é a verdadeira infratora, vocês deveriam detê-la!- Se eu estou caluniando você, você sabe melhor. - Disse Íris, com o rosto impassível e lógica incisiva. - Como proprietária desta mansão, possuo o direito de administrar qualquer item dentro dela. Suas palavras acabam de confirmar sua intrusão ilegal. E mais... O baú que você subtraiu de forma maliciosa contém itens de valor inestimável. Considerando sua ação, a sentença poderia começar em três anos de prisão!- O que você está dizendo! - Gisele, desesperada para se defender, exclamou irritada. - Aquele baú continha apenas algumas roupas antigas, que nem de marca eram, certamente não valem dez mil, como poderiam ser consideradas inestimáveis!Ao terminar, percebeu o erro que havia cometido...Ír
Íris ficou atônita.Ela não esperava que Ângelo fosse capaz de fazer Gisele sofrer e ser injustiçada.Antes, ele protegia Gisele, uma mulher repleta de falsidade e astúcia, como se temesse que ela se quebrasse ou derretesse ao toque. Será que dele se cansou tão rapidamente? Homens, criaturas cujo interesse parece durar apenas três minutos.Ela não pôde deixar de sentir novamente que fez a escolha certa ao se divorciar.Ao ver Ângelo tomar posição, os policiais, naturalmente, não precisaram mais ser gentis com Gisele, algemando ela imediatamente.- Me solte, não me toque! - Gisele estava visivelmente perturbada, chorando e implorando a Ângelo. - Ângelo, eu sou inocente, acredite em mim! Por favor, faça-os me soltar, o bebê vai ficar assustado. Você pode não se importar comigo, mas não pode ignorar o bebê!Ângelo, com uma expressão fria e desprovida de emoção, disse apenas: - Levem-na.- Sr. Ângelo, não se preocupe, faremos apenas um registro padrão, não incomodaremos a Senhorita Gise
Íris, aliviada por finalmente encontrar a localização de seu baú, pressionou ansiosamente:- Onde está o meu baú? O traga para mim agora!A jovem criada, com uma expressão de medo, gaguejou:- Senhora, seu baú... Por alguma razão, foi movido para o porão. Você... Melhor ir ver por si mesma.- Mesmo no porão?! - Íris ficou perplexa.Depois de procurar por tanto tempo, o lugar mais óbvio não tinha sido verificado, deixando uma sensação de que "afinal, todas as verdades estão escondidas nas sombras".Contudo, pela expressão da criada, parecia haver mais na história.Íris desceu ao porão, seguida de perto por Ângelo, que franziu a testa, seguindo ela em silêncio com passos firmes.O porão da Mansão dos Dellamonica estava dois andares abaixo do solo, acessível apenas por uma escada sinuosa, projetado principalmente como abrigo para tempos de guerra ou desastres, por isso era escuro e mal ventilado, raramente visitado.Ao chegar à porta do porão, que estava entreaberta, revelando uma luz ver