PrólogoAbigail Wilson Beaufort, Texas Assim que coloco o pé esquerdo nos longos corredores do colégio a música alta e animada me recebe. É possível também escutar as pessoas cantando e vibrando no ritmo da música. Mal posso acreditar que estou aqui, na festa de formatura. Apesar de eu não fazer parte do grupo dos formandos a direção informou que todos os alunos da escola estavam convidados, se eu não estivesse atrasada nos estudos esse ano também estaria terminando o ensino médio, mas por causa das frequentes mudanças de residência eu acabei perdendo o ano.Olho mais uma vês para o vestido que estou vestindo, e meus lábios se esticam em sorriso genuíno, foi com muito esforço e dedicação que juntei cada dólar para comprá-lo, tia Katy me ajudou com os sapatos e também fez minha maquiagem, todo os dias agradeço a Deus por ter ela na minha vida, apesar de ser uma pessoa muito rigorosa. Porque ela é a única que cuida de mim a mais ou menos dois anos, apesar de ser uma pessoa rigorosa às
Abigail Wilson Queen's, Nova IorqueQuatro anos DepoisMuita gente afirma que dormir é a melhor coisa a se fazer para renovar as forças do corpo e também se apagar um pouco da realidade, o que não corresponde a verdade pois faz muito tempo que não sei o que é dormir em paz ou com tranquilidade, cada noite é uma preocupação diferente, nunca tenho paz desde que me conheço como gente. Se não são os problemas da vida me impossibilitando de dormir, são os pesadelos que me fazem despertar sobressaltada e ofegante durante as madrugadas, sempre é aquela noite.Sei que o sol está quase nascendo mas a impotência que sinto é tão grande que as vezes sinto vontade de dormir por longos dias para não acordar e vivenciar minha tão dolorosa realidade. Se não fosse por causa do meu pequeno anjo que me faz ter forças cada dia para enfrentar a vida que me dá cada balde de água fria.De longe já é possível ouvir a movimentação da cidade, as buzinas de carros, os motores rocando todos indo na mesma direçã
Abigail WilsonDepois do que houve naquela sala eu fiquei meio fora da realidade caminhado pelas ruas da cidade só para esquecer o sucedido, fiquei tão submersa que acabei me atrasando, tive que fazer umas pequenas compras no comércio do bairro mesmo porquê já passavam das cinco da tarde e eu devia buscar o Brian na escolinha as quatro. Assim as irmãs vão achar que estou abusando da boa fé delas.Chego no portão da escolinha praticamente correndo, mas o mesmo já se encontra fechado o que me deixa concluir que realmente eu me atrasei, sem mais esperar abri o portão e já fui entrando, de longe vejo Brian sentado em um banco conversando com uma das freiras. Me aproximo deles, e de repente uma coisa pequena de cachos castanhos vem me receber com o maior abraço.— Mamãe! — grita gargalhando e pulando todo alegre.— Oi meu anjo — me agacho para ficar na sua altura — se comportou direitinho como a mamãe falou? — meu menino assente. Apesar de pequeno ele é bem obediente. A irmã que fazia comp
Abigail WilsonColoco mais um grande X numa das vagas de emprego que o jornal da edição de sexta-feira publicou. Olho para toda página do jornal e me admiro com a quantidade interminável de vagas que não se adequam a minha posição, na verdade é o contrário, pois sou eu que não detém dos requisitos necessários para ocupar vagas tão sofisticadas e que emanam poder e graciosidade. As vezes praguejo por o mundo trabalhista ser tão exigente no que respeita a seleção de pessoas para ocupar certos cargos, nunca almejei ser uma grande executiva, apenas quero abrir um cantinho para fazer meus docinhos. Eu bem podia fazer e vender no meio da rua, mas seria presa a política americana para vendedores ambulantes é muito rigorosa, eu gastaria uma fortuna só para começar a vender, com os processos e petições sem contar com as tarifas e impostos que teria que pagar. Por isso seria mais simples se tivesse uma confeitaria. Pode tardar mas um dia irei realizar esse sonho.Dobro o jornal e o guardo na mes
Tristan LancasterApós intermináveis horas de viagem o capitão finalmente anuncia que estamos pousando no hangar de Beaufort no estado do Texas. É uma pequena cidade que fica no sudoeste do Estado. Passam anos desde a última vez que vim para este lugar, a última vez que vim foi no enterro dos meus avós, pais da minha mãe Jaqueline Lancaster. Nunca pensei que voltaria para este lugar e o principal, para enterrar meu próprio irmão. Tínhamos cerca de cinco anos sem nos ver, desde que ele decidiu sair da cidade e vir se enclausurar nesse lugar tão recondido. Nós dois sempre fomos diferentes, enquanto ele apreciava a natureza eu sou vislumbrado pela agitação das grandes cidades, pelo concreto e claro pelo poder, esse é o mais importante.Pela janela do carro que me leva até o rancho observo o quanto as coisas aqui são paradas, não sei o que deu nele em decidir vir morar numa cidade que deve no máximo ter cerca de dois mil habitantes, aposto que a maioria da população é camponesa, arrisco a
Abigail Wilson pesar de trémula e receosa a passos lentos consigo alcançar as portas automáticas do imponente edifício. Apesar da hora o lugar está bem movimentado, tem pessoas entrando e saindo, algumas assinando documentos, entregadores indo e vindo e eu ainda sem saber qual direção devo seguir.Encaro o chão brilhante de tão limpo, é possível até ver meu reflexo nessa mármore branca, o chão é tão bem polido que a cada paço que dou sinto a sensação de estar flutuando, meus olhos contemplam a decoração suntuosa e sofisticada do grande saguão. Várias mulheres sentadas em um grande balcão não param de atender ligações e ao mesmo tempo responder as perguntas dos visitantes enquanto digitam nos teclados dos modernos computadores, e até agora não sei com quem devo falar, começo a suar frio pois meu consciente acabou de constatar que esse lugar é demais para uma pessoa como eu. Olho para cima e me admiro com o tamanho do lustre que pende no mesmo, ele é todo de cristais em diferentes for
Abigail WilsonO peso indescritível dele está sobre meu corpo enquanto de forma desesperada tento gritar por socorro. Minhas mãos se debatem enquanto tento esmurrar seu peito forte, os gemidos de prazer que saem por sua boca provocam uma náusea nunca sentida antes, seu membro machuca minha intimidade que já se encontra molhada por meu próprio sangue. Mesmo no breu da cabana abandonada é possível ver seus dentes brancos.— Por favor me solta — imploro por sua piedade enquanto as forças do meu corpo diminuem a cada esforço que faço para tirá-lo de cima de mim, meu corpo todo dói por causa do tombo que levei e o pé pelo qual tropecei está tão dormente que mal posso senti-lo. — Me solta, eu te imploro.— Tão gostosa igual a vadia da sua mãe.— Para! — um grito estridente sai da mim enquanto desperto num súbito, a respiração ofegante, o suor percorrendo minha coluna e minhas têmporas e as mãos tremendo. Se acordar assim não fosse um hábito eu podia achar que estou doente, o que não é o me
Abigail WilsonEu e Brian caminhamos de mãos dadas pelo Central Park, e um sorriso do tamanho do mundo não sai da cara do meu filho, tudo isso por causa do sorvete gigante que está na mão dele.Mesmo vivendo em Nova Iorque a praticamente quatro anos nós nunca tínhamos vindo para cá antes, primeiro por ficar no centro da cidade e por causa da agitação costumeira não queria trazê-lo e segundo porque sempre achei que se trouxesse meu filho aqui teria que ser enquanto nossa vida financeira estivesse estabilizada.— Olha mamãe um passalinho — Brien sai correndo em direção a um dos bancos onde um pássaro belisca algumas migalhas no chão. Para não perder meu filho de vista coro atrás dele até nos sentarmos no banco e ele começar a oferecer o sorvete de chocolate para o pássaro enquanto conversa com o animal.Sugo mais um pouco do meu milk shake de morango lembrando que daqui a algumas semanas a páscoa bate a nossa parte e agora que tenho um emprego bom vou poder fazer um verdadeiro banquete