Se Tatiana pudesse ouvir o que ele estava pensando, não apenas trataria ele um pouco melhor, mas provavelmente o repreenderia severamente.O que ele estava pensando?Ele achava que merece?Não o considerar um inimigo já era uma grande generosidade da parte dela, e ele ainda queria se comparar com estranhos?Pelo menos, os estranhos não haviam causado nenhum dano real a ela, ao contrário dele.Mesmo que o jovem rapaz tenha dito algo exagerado para ela anteriormente, ele pediu desculpas assim que soube da verdade. E ele?De onde ele tirou a coragem para dizer tais palavras? Só porque foi espancado por Edu ontem?Ele realmente se considerava apaixonado.Só agora Tatiana percebeu que Edu foi até leve, por não ter feito Lorenzo parar no hospital, permitindo que ele parecesse estar bem o suficiente para se juntar à confusão da competição.Se soubesse disso, ela não teria impedido Edu ontem, e quase acabou brigando com ele.Que arrependimento.Ela nem se deu ao trabalho de responder a Lorenzo
- Ir! Como não ir! - Exclamou Hélio. Antes mesmo de Gael responder, Hélio já havia se apressado em concordar.Ele estava justamente preocupado com o que ia almoçar. A comida do Restaurante Flower cheirava de um jeito que tirava o apetite de qualquer um, especialmente depois de ter comido os pratos de Tatiana nos últimos dias, os mais deliciosos que já experimentou. Comer qualquer outra coisa agora simplesmente não descia. Ao ouvir a sugestão de Fábio, Hélio concordou efusivamente, quase desejando poder levantar até os pés em apoio.Efeito manada, quando uma pessoa se manifesta a favor, a maioria não se opõe.Gael também não tinha objeções, ansioso por mais duas refeições feitas pela mestra, mas ainda assim manteve um certo decoro.- Vou ver se minha jovem mestra está disposta. Não tenho objeções. - Disse Gael. Tatiana, na verdade, estava indiferente. Embora fosse preguiçosa, não se importava de cozinhar para os mais velhos, até porque os ingredientes já estavam preparados e os utensí
Ao ouvir isso, Tatiana parou por um momento e ficou em silêncio, ponderando se deveria responder ou não, enquanto Fábio já havia encontrado a resposta por si mesmo.- Eu me lembro de o Presidente Borges ter mencionado algo anteriormente, era Orsi o sobrenome, certo? O sobrenome Orsi não é muito comum, mas a família Orsi da Cidade B não é simples, sabia? Eles podem muito bem competir com a família Borges da Cidade R. Jovem amiga, você já ouviu falar da família Orsi da Cidade B? - Perguntou Fábio. Tatiana sentiu como se seu silêncio fosse o momento antes de um trovão explodir, capaz de ensurdecer os ouvidos quando finalmente rompia. Em vez de esconder a verdade, seria melhor esclarecer as coisas mais cedo.Ela inicialmente pensou em esperar para explicar tudo quando visitasse a casa do avô materno com seus pais. Mas agora que as coisas chegaram a esse ponto, parecia não fazer sentido continuar escondendo.Além disso, pelo tom de voz do avô e de Gael, parecia que eram conhecidos, o que d
Embora a neta parecesse ser um pouco melhor do que sua inútil filha, mostrando alguma sensibilidade aos humores da casa, fora dela, ele tinha o mesmo temperamento que a mãe. Incontáveis vezes, parentes mais velhos vieram reclamar com ele, dizendo que a garota intimidava até crianças de pouca idade, e ele nem conseguia entender como ela tinha coragem. Apenas porque nunca a pegaram em flagrante e preocupado com a possibilidade de ela ser sensível, ele nunca foi muito duro, se limitando a repreender ela brevemente à mesa de jantar. Quanto a palavras mais duras, ele nunca as dirigiu a Rita.Além disso, ele não era o pai da garota, apenas o avô materno, então falar demais também não seria apropriado. Mas, refletindo sobre o recente confronto com Tatiana, ele começou a questionar o papel de sua neta naquela situação. E, pelo que entendeu de Taís, elas já haviam sido apresentadas. Taís não reconheceu o avô por causa do mau momento e da raiva, mas por que Rita também não esclareceu a relação
Ainda não era claro para Tatiana o que passava pela mente de Fábio. Seu foco estava totalmente dedicado aos ingredientes dispostos diante dela. Como os clientes do meio-dia eram três idosos, ela planejava fazer pratos de fácil digestão e mastigação. Os ingredientes, provavelmente devido à competição, estavam facilmente disponíveis e já haviam sido preparados antecipadamente, aguardando apenas que o chef os combinasse e cozinhasse.Tatiana trabalhava rapidamente, organizando os acompanhamentos, preparando os temperos, e deixando tudo pronto para uso, assim como o prato principal.Para os três idosos, quatro pratos e uma sopa seriam suficientes.Aspargos com crosta de pão ralado, um prato extremamente simples, mas que representa um desafio para o chef, principalmente no controle do tempo de cozimento. Se for pouco, não fica crocante, se passar do ponto, fica duro e difícil de mastigar. Apesar de parecer simples, conseguir a crocância e sabor perfeitos requer certa habilidade.Bacalhau ao
Ao perceber que Gael finalmente reagiu, um sorriso de satisfação surgiu no rosto de Fábio. Nesse momento, ele já nem pensava mais em comer. Estava com as mãos cruzadas atrás do corpo e um sorriso estampado no rosto, olhando fixamente para Gael.- Você, velhote, está ficando surdo com a idade, ou é o seu cérebro que está reagindo mais lentamente? Não entendeu o que eu disse? Eu disse que a sua mestra é minha neta! Entendeu agora? - Rebateu Fábio. Gael ficou paralisado no lugar, incapaz de falar, algo raro para alguém que sempre teve resposta para tudo, olhando para Fábio de forma lenta e, em seguida, se virando para olhar Tatiana, que não estava muito distante.Esta situação aconteceu mais cedo do que Tatiana imaginava.Ela mordeu o lábio, sem saber ao certo como responder naquele momento.Mas a realidade é o que é, mesmo que ela não diga, nada mudaria o fato.Finalmente, Tatiana começou a falar, apresentando a Gael.- Este senhor é realmente o pai da minha mãe, ou seja, meu avô mater
Hélio reconhecia que as palavras eram apenas uma brincadeira de Gael, uma tentativa de dissipar a tensão. Optando por não simular irritação e evitar uma discussão como faria em circunstâncias normais, Hélio apenas sorriu, deixando transparecer uma expressão resignada em seu rosto envelhecido.- Antes de vir para Cidade R, eu morava com minha velha mãe em nossa casa antiga. Naquela época, embora o salário não fosse alto, minha profissão era considerada respeitável e em razão de viver com minha mãe naquele período, ainda sobrava dinheiro todo mês. Ela era uma excelente cozinheira. Quando eu estava ocupado demais para comer, ela pensava em todos os tipos de maneiras de melhorar meu apetite e cuidar da minha saúde, preparando a comida e trazendo ela ao hospital para me ver comer. Os dias mais ocupados eram durante os feriados, quando não era proibido soltar fogos de artifício. A maioria dos pacientes que eram trazidos ao hospital nessas noites de Ano Novo tinha queimaduras, e havia também
A pessoa que entrou não era ninguém menos que Lorenzo, que antes estava no assento dos jurados. E o outro, não muito conhecido pelos demais, mas reconhecido por Tatiana, que o havia visto dois meses antes. Rafael Alves. O irmão mais velho de Pedro, o atual chefe da família Alves da Cidade P. Mas, como ele poderia estar aqui?- O que aconteceu aqui, quem foi que fez isso sem prestar atenção! - Questionou alguém.Enquanto Tatiana ainda pensava, Fábio já havia colocado seus utensílios de lado, se levantado da cadeira.O festival gastronômico de hoje era organizado pelo Restaurante Flower, e se algo desse errado, certamente seria responsabilidade do Restaurante Flower, ele tinha que estar alerta.Tatiana também se levantou, se algo realmente tivesse acontecido lá fora, ela não poderia deixar o ancião se arriscar sozinho.Neste momento, ela não podia se dar ao luxo de se preocupar com a rixa entre ela e Lorenzo.- O que aconteceu lá fora? - Perguntou Tatiana, com o cenho franzido. Lorenzo