Os russos seguem em direção à área industrial e param na frente de uma fábrica abandonada. Mantemos a distância até que eles entrem. Vejo um dos homens de Dimitry carregando Leona em seus braços. Ela ainda está desacordada e isto infla minha fúria. Aperto minha arma com força.
Pietro adverte aos outros homens da equipe onde nos encontrar, mandando nossa localização. Pietro sorrindo me diz:
- Finalmente vamos pegar o Russo! E quem diria que no mesmo momento vamos liberar a sua paixão de adolescente, aquela é a Leona...
Eu lanço para ele um olhar mortal, mas antes que eu possa responder, ele fala:
- Desculpe Chefe! Eu não devia ter brincado com isto, sei o quanto está tenso pelo que andamos de encontro. Anos seguindo pistas para chegar neste dia. E o fato de a Leona estar aqui, justo hoje, não alivia a situação, e torna tudo mais pesado para você ...
Pietro além de ser um grande chefe de meus seguranças sempre foi um grande amigo. Sempre leal, sempre presente na minha vida. Desde nossa infância ele sempre mostrou o quanto seria indispensável na minha vida. Era como um irmão mais velho, para mim e para Francesco.
Eu tento relaxar e respondo:
- Tudo bem Pietro, sei que queria apenas despertar meu lado sarcástico, com um pouco de diversão. Mas o que me aliviará neste momento, será atacar aquela fábrica. Espancar o Russo e tirar dele tudo o que preciso saber.
Eu desejava ver aquele bastardo sangrar até a morte. Mas eu precisava primeiro fazer ele pagar pelo que fizera a Leona.
Enquanto saíamos do carro, encontramos os homens, sigo em meio a eles pensando que sair de lá com a Leona em segurança é tão importante quanto quebrar o Russo. Preciso sair de lá a salvando, mesmo que ela não saiba o quanto é fodidamente importante para mim, de uma maneira que nem eu sei explicar. Ela é um raio de sol no meio de toda minha escuridão. Ela sempre foi.
Com meus homens posicionados em volta da fábrica, adentramos o local. Pietro inicia os disparos assim que eu dou o comando.
Eu avanço para cima do Russo e antes que os homens que o cercam caiam em terra com os disparos dos meus, eu disparo estourando seu joelho. Ele cai perto do corpo de Leona. Ele tenta pegar sua arma no coldre, mas eu disparo na sua mão e um dos meus homens o desarma. Tremo por dentro ao ver Leona pálida e coberta de sangue. Ela está muito inchada, muito machucada e ainda desacordada.
Volto meu olhar para o Russo e controlando minha fúria, eu falo sarcasticamente:
- Que bom que me recebe de joelhos Dimitry! Reconhecendo de cara quem manda na porra deste submundo!
Ele sorri cinicamente dizendo:
- Eu realmente posso estar de joelhos agora seu bastardo! Mas já te fodi a vida muito tempo atrás. Diga-me como está seu papai? Eu...
Eu o interrompo com um soco tão forte que ele cai lateralmente e da sua boca jorra esguichos de sangue. Ele tosse e se virando para mim cuspindo alguns dentes, ele tenta falar mais se engasga. Uma perversidade prazerosa cresce dentro de mim. Me aproximo e olhando seus olhos, disparo contra seu outro joelho e sem pensar duas vezes tiro minha faca e corto lentamente a carne de seu rosto.
Ele grita de dor, coisas incompreensíveis. Então eu pergunto:
- O que sabe sobre a morte do meu irmão? Por que os espanhóis o queriam?
Ele ainda cuspindo sangue e dentes fala:
- Sei que vai me matar Lucca. Conheço sua fama sádica, filho da puta! Mas quero ter o prazer de ver sua cara quando eu te falar o que tenho para falar...
Eu chuto seu estomago. Ele tossindo continua:
- Controle-se, vai precisar de força para ouvir. Quando eu assumi a máfia Russa no lugar do meu pai, tentei negociar com seu papaizinho. Ele se recusou a fazer negócios comigo! Eu poderia matá-lo disparando uma bala e cuspir em seu corpo a seguir. Mas resolvi sabotar cada carga dele. Tirar alguns dos seus clientes, oferecendo além das drogas, os meus produtos mais caros, vidas humanas, prostitutas! E...
Eu fervo por dentro e sem pensar dou outro soco e agora ele ri como um psicopata. Eu falo:
- Eram mulheres e meninas, que você atraía para sua rede, com promessas de uma vida melhor no exterior. E com certeza muitas foram sequestradas! Mesmo dentro do submundo existem regras a serem respeitadas, e vocês são uma vergonha para Casa Nostra e todas as outras famílias. O negócio é sujo, mas não aceitamos certas coisas e você sabe muito bem disto! Os DiSantis, minha família, jamais fariam negócio com imundos como vocês!
Ele ri ainda mais forte e continua:
- Vocês não são melhores que o resto de nós Lucca. Vocês dominam o tráfico de entorpecentes, destruíram muitas vidas!
- Sim! A diferença que nossa clientela viciada ou não, não tem a porra de uma arma na sua testa as impedindo de viver a suas vidas. Elas não são sequestradas, torturadas e mortas porque não quiseram ceder seus corpos. A diferença é esta!
Ele joga a cabeça para trás e volta e me encarar dizendo:
- Tão santos os DiSantis! Que ironia! Vocês são fracos! Seu papai mandei matar envenenado durante um jantar em um dos seus restaurantes preferidos. E o imbecil do seu irmão, de alguma forma descobriu, veio atrás de mim, e com seus homens atacou um dos meus prostíbulos, liberou algumas das minhas cadelas. Sem saber que os espanhóis eram meus aliados nesta e buscariam vingança tanto quanto eu. Então invadimos a casa do seu querido irmão, em uma megaoperação, estrupamos e matamos sua cunhada na frente dele. E quando chegou a hora dele morrer, trouxemos suas sobrinhas para ver o espetáculo. Ele chorava e implorava feito um maricas! Eu confesso que fiquei tentado em deixar ele vivo e matar as criancinhas. Mas eu também tenho um código apesar de tudo, então me limitei a fazê-las assistir enquanto eu estourava os miolos dele que se espalharam no tapete da sala. Você tem que reconhecer que fomos bondosos, poderíamos ter sequestrado suas sobrinhas e...
Eu não sei como consegui manter meu controle enquanto o ouvia. Mas agora, era a gota que eu precisava para transbordar.
Enfiando minha arma na sua boca até sentir que ele se engasgava com o cano em sua garganta, eu sentencio:
- Chegou sua hora desgraçado! Mande saudações aos seus comparsas espanhóis que já ardem no inferno. Mas permita-me dizer que o Diabo você já encontrou aqui, e te digo que foi um imenso desprazer te conhecer.
Dizendo isto, eu pego novamente minha faca e rasgo todo o seu tórax, sentindo a faca ranger em seus ossos. Eu podia ver em seus olhos o desespero, pois ele pensava que eu daria um tiro em sua boca e seu sofrimento terminaria, mas eu não teria compaixão de um ser tão cruel, que torturou e matou tantas vidas, que foi capaz de maltratar sua esposa.
Abrindo ainda mais seu abdômen, enfio minhas mãos e aperto suas vísceras ainda quentes entre meus dedos. Ele contorcia de dor e revirava os olhos. De relance, vi que Leona já não estava no chão, algum dos meus homens com certeza a colocou em segurança.
O desgraçado à minha frente respira com dificuldade, treme e sangue escorre da sua boca. Meus músculos tremem, a raiva ainda está em mim. Eu grito e com minha faca coberta de sangue perfuro seu olho esquerdo. Seu corpo cai pesadamente por terra. Eu me levanto olhando o bastardo que arrancou o pior de mim. Escuto tiros e quando me viro, vejo Pietro entrando com as mãos na cabeça, seguido por um agente da polícia. Estávamos cercados por eles e agentes da Interpol.
Em segundos eu estava cercado por armas apontadas para mim e um deles me diz.
- Lucca DiSantis, você está preso por tráfico internacional de drogas, lavagem de dinheiro e assassinato! Você tem direito de permanecer calado. Tudo o que disser será usado contra você no tribunal. Mantenha as mãos na cabeça, pernas afastadas...
Eu nunca tinha sido pego. Mas obviamente sabia da possiblidade. O importante é que, apesar de tudo eu me sentia bem e não me arrependia de nada da minha vingança. Mantive o silêncio, eles me conduziram para o carro.
No caminho vi alguns dos meus homens mortos, outros algemados, estávamos cercados por carros da polícia. Eu procurava Pietro e o vi sendo colocado em um carro a minha frente. E nenhum momento eu vi Leona, mas mantinha a esperança que Pietro tenha ordenado que meus homens a levassem em segurança para algum hotel.
Durante todo o trajeto não falei nada com os agentes que me acompanhavam e eles mantiveram silêncio. Eu imaginava que me levariam a uma delegacia para um interrogatório. Mas meia hora depois, vi que não era este o destino, afinal eu conhecia bem as ruas de Paris. E minha desconfiança teve confirmação no momento que o carro estacionou nos fundos do hotel George V, ali percebi que algo estava errado.
- Não responderei a nada se não for em uma delegacia. _encaro o detetive a minha frente.
Um dos detetives que me ajudava a sair tirou minhas algemas dizendo:
- Você terá uma reunião com nosso chefe em um dos quartos daqui.
Eles se colocaram cada um do meu lado e me conduziram através da cozinha para o elevador dos funcionários. A música de fundo parecia uma ironia para o meu momento.
"Lacrimosa de Mozart"
Lacrimosa dies illa
Qua resurget ex favilla
Judicandus homo réus
Aquele dia de lágrimas
Em que ressurgirão das cinzas
Os culpados para serem julgados
Logo estávamos na porta do quarto 806, que eu conhecia tão bem. Era o meu quarto de hotel todas as vezes que eu ia a Paris. Eu sabia que Leona, por diversas vezes esteve neste mesmo quarto com o Dimitry. Mas todas as vezes que eu estava neste quarto, eu fazia festas regadas aos mais caros champagnes e fodia várias mulheres, tentando exorcizar aquele sentimento unilateral por Leona, a garota da minha adolescência, o meu desejo proibido. Eu sempre ficava neste quarto quando não estava ocupado e desta vez não era diferente. Isto significava que a interpol já sabia muito de mim. Mantive a calma. Mesmo não sendo formado em direito eu sabia me defender e tinha conhecimento na área. E sabia exatamente que eles queriam algo além de me prender e culpar. E como um bom homem de negócios, eu deveria escutar a proposta e fazer minhas exigências. Um agente armado até os dentes abriu a porta. Adentramos o local e um senhor de meia idade nos esperava. - Buon giorno Signore D
Atualmente... Leona Através da janela do táxi, observo a chuva que cai lentamente, deixando a cidade ainda mais fria. Os dias chuvosos sempre me deixavam desmotivada. Ultimamente ir para cama sem ter encontrado um prazer de uma noite, estava se tornando bem difícil. Afinal ter na minha cama somente a companhia do meu vibrador não me satisfazia. Eu preciso de muito mais. Estou frustrada sim, porque lembrar das últimas vezes em que fui para mais uma noite ao bar com Lais e depois voltei para casa sozinha e entediada, não me deixa muito animada.Não; não faltaram homens que me abordaram. Estes existiam sempre! O problema é que o que eu necessitava, era bem mais do que a típica abordagem. Eu não p
Lais e Paolo ainda estão ali. Apresento Lucca a Lais que sorri amplamente. Quando vou apresentar Lucca e Paolo ambos sorriem e Paolo fala._ Leona, o Lucca é meu amigo. Somos amigos do tempo da faculdade e meu pai o trata como um segundo filho.Respiro mais aliviada por ele já ser conhecido por Paolo. Mas admito que mesmo se eles não se conhecessem eu iria do mesmo jeito. Tomaria o cuidado de fazer Lais obter o número de placa e ter minha localização. Era o que eu fazia sempre. Mas desta vez era ainda melhor e eu poderia relaxar mais.Enquanto Lucca falava com Paolo, Lais me despejava um sermão:__... prometa que me chamará assim que voltar para a casa. Sei que nunca dorme com seus "escolhidos " então trate de me fazer ao menos uma mensagem. Não beba demais. Ok? Ela sempre foi assim, hiper protetiva, desde o calvário que passei com o meu ex. Algumas vezes ela exagera um pouco e me trata como uma adolescente, se esquecendo que já passamos dos trinta.
Abro a porta e Lucca está completamente nu, ele está fumando. Olhando para fora da grande janela no quarto. Mesmo com pouca luz, consigo ver como aquele corpo é bem definido. Ele se gira calmamente e sua ereção não me passa despercebida aos olhos. Eu demoro um pouco mais do que realmente deveria olhando para "ele". Lucca sorri e me diz em tom sacana: _ Precisa de algo mais? _ ele diz enquanto apaga o cigarro no cinzeiro na borda da janela. Em meus pensamentos eu preciso sim. Preciso dele dentro de mim. Mas como adoro jogar, caminho lentamente até ele, deixo sua ereção tocar meu ventre, encaro seus olhos azuis de maneira sedutora e respondo: _ Sim Lucca. Preciso muito... Que você peça a alguns dos seus funcionários que me leve de volta para o cais. _ sussurrando em seu ouvido eu continuo: _acho que nosso tempo terminou... Ele puxa meu cabelo de maneira que eu volte a encará-lo. Ele parece estar contendo a raiva por eu ter ferido seu ego. Ele co
Eu tento reorganizar meus pensamentos. Repito a mim mesma isto foi só uma coincidência, ninguém sabe do meu passado com o Russo. A noite foi boa, mas agora era hora de tomar novamente o controle. Tomar um café da manhã com ele não me faria mal, mas assim que ele me deixar na cidade, vou virar as costas e partir sem olhar para trás. Esta foi uma noite maravilhosa, mas não pretendo repeti-la. Não quero me envolver, até arriscaria sair com ele novamente, se não fosse pela intensidade que senti em cada respiro dele. Algo me diz que existe muito mistério que o acompanha, e não quero pagar para ver o que posso descobrir. Muito menos correr risco que ele seja alguém ligado ao meu ex, afinal, Dimitry Koslov morreu deixando muitos inimigos e apesar de eu nunca ter participado de seus negócios, serei sempre sua viúva. Mergulho meu corpo mais uma vez sob o jato quente. Tenho que parar de ser paranoica. Respiro fundo e me deixo levar, nem sei quanto tempo fiquei ali sentido os j
Decido ligar para Lais. Depois de qualquer segundo ela responde animada: _ Finalmente! Acabou seu cárcere privado? Dou uma risada e falo: _ Foi uma tortura cada segundo! Bom, de qualquer maneira estou indo para a casa descansar e esta história já é passado! Lais ironicamente diz: _ Hum, acredito que isto apenas começou! Conversei com Paolo a respeito de Lucca. Ele disse que ele é bem decidido quanto ao que quer. E quando quer algo, vai até o fim para conseguir. Perguntei também se ele é algum bandido perigoso. Paolo me disse que você pode confiar nele. Sua família produz vinho e ele possui diversas empresas em diversos setores. É um grande investidor e vive disto. Achando engraçado todo o relatório que ela conseguiu com Paolo eu falo: _ Obrigada! Informações interessantes, mas nada relevantes para mim. Lucca já é passado e esta noite podemos sair se você quiser! Somente nós duas! Deixe seu namorad
Flashback Leona Vagando de loja em loja, eu só tentava matar o tempo. Perdi muito peso era obrigada a comprar roupas novas. Seria um prazer em outra época, mas agora era apenas algo a se fazer pois precisava. Passei o dia com a impressão ainda mais intensa que estava sendo observada. Comecei a pensar como será o meu fim. Ele me espancaria como era habituado? Ou dispararia um tiro certeiro na minha cabeça? Mandaria alguém fazer isto? Meu telefone toca. Eu tremo olhando número desconhecido no visor. Meu sexto sentido já sabia que era ele. Atendo sem falar nada e escuto meu algoz respirar pesadamente ao falar: _ Você bem que tentou ser difícil, mas não é esperta o suficiente! E te encontrar na sua cidade pre
Dou outro mergulho na banheira e saio dela envolvendo meu corpo com um roupão felpudo, me jogo na cama e fico tentando entender por que tenho a desconfiança de que Lucca parece ser deste mundo.Nem sempre é fácil saber quem eles são, muita fachada para esconder os crimes que cometem. Eu quase perguntei. Claro, ele provavelmente ia rir na minha cara e negar tudo. Ou se fosse um violento como Dimitry, me ameaçaria. Melhor ignorar ou tentar descobrir algo dele.Arrasto meu tablet para mim e começo a pesquisar "Lucca Isola di Garda."O google me dá poucas opções, mas um link me chama atenção."O jovem Lucca Di Santis herda o Castello di Sermione de seu finado pai, o Senhor Alberto Di Santis, falecido no mês de janeiro do ano passado..."Abro