Ao entardecer daquela sexta-feira, onde o sol banhava o mar em volta da ilha, Júlia estava sentada na cama completamente imóvel, com as costas eretas, as mãos sobre as coxas e os olhos azuis fixos no espelho da penteadeira. O seu quarto rosa parecia de uma princesa.O sofrimento a envolvia, como o abraço de um velho amigo, apesar da ausência dè lágrimas e das feições controladas. Ela estava pronta para se casar com um homem que nunca tinha visto. Durante o café da manhã, seu pai lia o jornal e disse que ela iria se casar naquela tarde. Acordos eram feitos na Máfia o tempo todo, mas depois de várias tentativas frustradas, Júlia já tinha aceitado que por mais dinheiro que o seu pai tivesse, ele nunca encontraria um homem que aceitaria uma mulher como ela. Por um lado, ela tinha vergonha do seu corpo, mas por outro lado, ela sonhava em ter filhos e um marido apaixonado. Então, seu pai recorreu a Ares Potter, e com o Chefe da Máfia Americana, não tinha problema sem solução.Júlia estava
Alcoolizado e sob o efeito de cocaína que ele não tinha o hábito de usar, Dominic sentou nos pés da cama de casal rosa e deixou os ombros largos caírem. Seu olhar pairou sobre o oceano à sua frente, e ele ficou lá parado, perdido em pensamentos.- Eu vomitei por causa do nervosismo.Júlia, encostada na porta fechada, abriu e fechou a boca sem saber o que dizer. A luz rosa neon do quarto dava ao seu lugar favorito no mundo, um ar de romantismo inoportuno. E aquele homem gigante de terno na cor vinho, sentado na sua cama, a fez se sentir dentro de um pesadelo de mau gosto.Durante a cerimônia de casamento, a festa, a dança, os cumprimentos e todo o resto, ele mal olhou para ela. Eles trocaram alianças e quando o padre disse que os declarava marido e mulher, e que ele podia beijar a noiva, Dominic a beijou na testa e olhou para o teto. O teto!Júlia não esperava que o marido fosse a admirar depois de descobrir de forma tão chocante, que ela não tinha as duas pernas, mas ele estava sendo
Gabriel fez questão de levar Sara à escola no primeiro dia de aula de volta das férias de fim de ano. Haviam três Dark Shadow na frente do seu Toyota RAV4 preto, e mais três Mercedes-Benz atrás. Assim que ele estacionou na frente da Trinity School em Nova York, os seguranças cercaram o carro. Luther e Leviathan foram designados para ficarem com Sara dentro da escola, e eles se colocaram ao lado da porta do carona, esperando ela bater no vidro fumê para eles abrirem. Orgulhoso, Gabriel olhou para a filha com o uniforme branco e azul marinho, com blazer, camiseta, saia, meia calça preta e sapatos da mesma cor com um salto baixo. Sara estava com o cabelo amarrado em um rabo de cavalo, com maquiagem discreta e perfumada.- Você está linda, meu amor.- Obrigada, pai. - Animada para o último ano?- Muito. - A garota disse sorridente. - Mal posso esperar para ver as minhas amigas.Gabriel sorriu, mas avisou sério:- Não fale mais do que o necessário. Todo mundo já sabe que você está com A
Gabriel, atrás da filha furiosa, viu Ares massagear o rosto. Luther e Leviathan não disfarçaram a perplexidade. Lucas mordeu a maçã, reprimindo um sorriso divertido. - Você teve a coragem de intimidar as minhas amigas. Eu estava tão feliz, e você estragou tudo. Você não sabe como eu tenho lutado para me encaixar em um mundo racista, e realizar o meu sonho de ser médica. E você não vai me tirar isso só para satisfazer o seu egocentrismo.Ares colocou as mãos nos bolsos frontais da calça social preta, e olhando para Sara com uma expressão sombria, perguntou para Gabriel:- Eu tenho a sua permissão para castigar a sua filha por essa insolência?Ares não precisava da permissão dele para fazer nada. Ele só queria colocá-lo em uma posição delicada porque já sabia a verdade.- Ela está brava e se excedeu. Eu acredito que você pode deixar isso passar.Ares olhou para Gabriel com um olhar de puro descaso.- Não. Eu não posso deixar isso passar. Não é a primeira vez, e eu tenho que garantir qu
Gabriel pôde sentir as batidas do seu coração ressoarem dentro dos seus ouvidos. Naquele momento, foi como se nada mais existisse no mundo. Só ele, Lucas e o que os unia. O beijo com gosto de hortelã ficou mais profundo, voraz e exigente de ambos os lados.Ansioso para sentir o calor da pele de Lucas, Gabriel o empurrou pelos ombros, mas logo em seguida, o puxou de volta para beija-lo com vontade, e deslizou a mão até a barra da regata branca. Sem fôlego, Lucas disse zombeteiro:- Eu tô muito suado da academia.- Eu não me importo.- Eu gosto assim, sem frescura.Lucas retirou o tampão do olho direito que doía, mas ele foi feito para ignorar as dores físicas. Ele era um Potter. Filho das trevas, moldado pelo fogo do inferno, e não seria um olho fodido, que o impediria de dar o melhor de si naquela foda. E de alguma forma, era como se fosse a primeira vez dos dois, depois de segredos revelados, e um novo recomeço promissor. Ele merecia ser feliz, e dois passados diferentes poderiam seg
Tel Aviv, Israel Após catorze horas de voo, o jatinho de Don Miller pousou no aeroporto de Israel. Uma equipe de seis seguranças, iria acompanhar os recém casados durante a lua de mel de três dias em Tel Aviv. Dominic descobriu que apesar da deficiência da esposa, ela era independente.Júlia não precisou de ajuda para subir ou descer a escada da aeronave do pai. Na verdade, ela andava normalmente como se tivesse as duas pernas. Durante a viagem ela retirou as próteses, e usou um cobertor para tampar os cotos. Havia um pouco de fragilidade nela, mas ela se saía bem sendo a filha do segundo maior traficante de armas e drogas de Los Angeles. Eles não conversaram muito, preferindo usar o tempo da longa viagem para assimilarem o quanto as suas vidas iriam mudar, com aquele casamento forçado. Com cem milhões de dólares na conta, Dominic não foi até Miami pegar roupas para a viagem, ele preferiu comprar tudo novo. Israel sempre esteve nos seus planos, e finalmente, ele estava vivendo aquil
Enquanto jantava, Sara fingiu não ver que Ares estava dando salmão para Luna. A gata comia como se estivesse passando fome, e como se não tivesse uma vasilha de ração à sua espera. Ela aproveitou e disse de forma mansa:- Eu vou levar ela comigo amanhã, e deixar no veterinário para fazer alguns exames. Ela parece bem, mas eu quero ter certeza.Ares assentiu durante o jantar na sala que dava vista para a praia particular.- Tudo bem. - Ele bebeu um longo gole de vinho. - Eu vou com vocês porque tenho uma reunião com o prefeito de Nova York. Ele cometeu algumas infrações e me chamou para limpar a merda. - Ele era policial e virou prefeito.- Exatamente, e trabalhou com o seu pai há anos atrás. Agora, está me cobrando favores. Não que eu deva alguma coisa pra ele, mas estou interessado em limpar a barra da família com o Senador Simon, depois que o Lucas virou a cabeça do filho dele, e agora o garoto está em uma clínica para dependentes químicos.Sara respirou fundo.- Sujeira do alto es
Impassível, Ares acendeu um cigarro no corredor do hospital de Miami, e ninguém se atreveu a dizer que ali era proibido fumar. Ele, assim como uma horda de seguranças, todos de terno preto e gravata da mesma cor, estavam na frente da sala do centro cirúrgico. Lucas tinha sido alvejado nas costas, e na perna esquerda sem perfurações de saída, e estava passando por cirurgia para a extração das balas de uma 9mm. - Alguém entrou armado na minha boate e eu gostaria de saber como isso aconteceu, Scott.O responsável pelo gerenciamento da casa noturna, secou o suor da testa com um lenço umedecido com cheiro de bebê. Ele suava frio, e se Lucas não estivesse fora de perigo, ele estaria sendo torturado até a morte em algum lugar de Miami.- Eu não sei como ele passou pelo detector de metal, Chefe. Eu realmente não sei. E nas câmeras de segurança, ele entrou pela porta principal. Ares tragou o cigarro e soltou a fumaça em espirais na cara de Scott que tossiu e disse apressado:- Eu vou interr