Olívia
Após eu ter que pedir comida para nós jantarmos, pois sou um desastre cozinhando, contei tudo a Eloíse sobre minha relação com Agnelo, nossa última noite e o doutor querer me empregar, ela com certeza me apoiou e disse não ser errado eu aceitar o emprego se eu terei de passar por um entrevista. Disse também que apoiará qualquer decisão minha sobre Agnelo, já que ela também o considera um idiota por tudo que falei dele para ela.
Estou lavando as vasilhas quando ouço um barulho estranho do lado de fora, olho pela janela da cozinha e vejo um carro velho e todo sujo, com dois homens saindo dele, Julian e Agnelo. Enquanto um mexe em alguma coisa no pneu, o outro pega uma caixa preta no porta malas, logo deduzo que Agnelo não vai entrar, só veio trazer Julian. Ufa!
Seco minhas mãos e vou até o andar de cim
Olívia"Você está bonita. Sempre foi, na realidade." Salvatore fala e acena para que eu me sente."Obrigada." Agradeço e sinto meu rosto esquentar."Quer beber alguma coisa?" Ele pergunta."Não, estou bem." Ficamos em silêncio por alguns segundos. "Você tem muito trabalho a fazer? Estou atrapalhando?""De forma alguma." Ele sorri. "Gostaria de receber sua visita mais vezes.""E como está sendo o seu dia?" Tento entrar em algum assunto."Já começou bem." Ele fala e se levanta, pega minha cadeira e roda para que fique de joelhos à minha frente. "Ainda não desisti de você, sonho com o dia que você queira ser minha, por vontade própria, já que não posso mais obrigá-la a se casar comigo.""Olha, doutor..." Tento falar mas sou interrompida."Por mais que seja adorável o
OlíviaUm mês se passou em minha vida, um mês em que eu sai do fundo do poço e conquistei coisas por mérito meu. Eu consegui a vaga de gerente administrativo financeiro. Pode ter sido rápido, mas Salvatore me disse que não teve nada a ver com o meu salário ser tão alto, que todos recebem o mesmo em sua empresa, eu acreditei, pois apesar de tudo, eu venho trabalhando como nunca, faço até horas extras, desconfio também que a secretária vem deixando trabalho além do necessário para mim, mas eu não me importo, sei da minha posição e irei trabalhar.Eu e João nos mudamos para um apartamento mais perto do nosso local de trabalho, inclusive também mais perto de onde Larissa mora.Meus dias se passaram sendo os mesmos, havia vezes que eu acordava desanimada sem querer sair de casa, mas olhava tudo em volta e
OlíviaQuando desço as escadas para encontrar Salvatore, não consigo mais olhar em seus olhos, eu já não sou mais eu, agora eu sou uma mulher grávida de um homem que nunca será meu. Caminho até ele que me olha com estranheza devido a minha demora, eu preciso falar, preciso ser direta, não posso em hipótese alguma deixá-lo enganado, ele não merece isso."Precisamos conversar." Falo seriamente e sento-me em sua frente."Aconteceu alguma coisa?" Indaga."Sim, e eu vou direito ao ponto, antes de começarmos a namorar, eu estava envolvida com outra pessoa." Comecei mas fechei os olhos buscando coragem para falar."Eu sei, todos nós tivemos nossas histórias. Mas continue." Ele diz."Nós dormimos juntos e eu estou grávida." Solto de uma vez, talvez não seja o melhor jeito, porém não pos
AgneloVolto para dentro do apartamento onde ainda está rolando a maior festa, sinto-me um pouco tonto pelas bebidas fortes que tomei, que porra estou fazendo da minha vida? Nunca fiquei assim por mulher nenhuma! Que caralho Olívia fez comigo? Não sei explicar o que senti quando vi Salvatore beijando ela nos lábios, sei que agora estão juntos e eu precisei seguir minha vida assim como ela seguiu, porém eu escolhi da pior forma.Visto uma roupa decente às pressas e corro em direção às escadas. Esperar por elevador nessas horas não compensa muito, preciso saber o que a trouxe aqui, quando eu pensava que nunca mais a veria, inferno! A cena que ela viu, se fosse comigo eu mataria o filho da puta que encostasse nela. Chego correndo até a garagem e encontro seu carro saindo, movido pela adrenalina e desespero eu entro na frente do carro, ela me olha furiosa e joga o
OlíviaOs meses seguintes voaram como um pássaro fugindo da chuva, passou tão rápido que as vezes me esqueço da barriga que carrego quando levanto-me de pressa e quase fico travada sem conseguir me mexer por alguns segundos. Com o passar do tempo eu aprendi a me acostumar com a idéia de que eu estava grávida, quem vacilou fui eu, meu bebê não tinha culpa de nada.Eu, mãe. Nem em meus piores sonhos eu pensava nisso, agora cá estou eu carregando uma barriga de oito meses. Continuo trabalhando, meu objetivo é trabalhar até ele nascer. Ele, é um menino, pesquisei na internet vários nomes com a letra O, fiz questão de que seu nome fosse parecido com o meu, Olívio eu detestei, mas quando eu li: Otto, me apaixonei e decidi que esse seria o nome do meu pimpolho.Em todas as minhas ultrassonografias, João e Eloíse e
AgneloPego meu celular em cima da mesa e mais uma vez, no meio da madrugada, disco o número que decorei há mais de três anos, Olívia nunca mais me atendeu, talvez seja pelo meu estado quando ligo. É bem verdade que eu sempre deixei para ligar quando encho a cara e esqueço até o meu nome, ela já trocou de número várias vezes por minha causa, porém eu sempre descubro. Já fui até a casa dela, mas ela não estava, em nenhuma das vezes, tenho a consciência de que magoei seu coração de forma brutal.Para mim os anos se passaram tão rápido que eu mal percebi. Minha vida tem sido tão monótona que por vezes penso em suicídio, um verdadeiro caos, minha rotina de trabalho e bebidas, algumas vezes mulheres, mas no fim da noite acabo chamando todas de Olívia, elas ficam zangadas e vão embora m
OlíviaAs coisas que eu mais temia aconteceram. A primeira foi quando eu vi meu bebê pela primeira vez e percebi como ele era um Agnelo Jr, muito parecido que as vezes até me espanto. Segundo, ele conseguiu me encontrar em um local público mesmo depois de anos fugindo dele. Terceiro, ele viu o meu filho.Eu passei os anos com tanta raiva dele, com uma mágoa infinda sobre a cena que presenciei na última vez que o vi. Ele tentou me ligar por diversas vezes e eu sempre rejeitava, troquei de número várias vezes também, não queria em hipótese alguma, manter contato com ele, claro que por muitas vezes eu também tive vontade de atender e pedir para que ele viesse até a minha casa tirar o meu atraso.Minha última transa foi com ele, as únicas vezes que eu senti prazer, que eu soube o que era fazer sexo, em qual mais eu poderia lembrar s
AgneloOlho para a mulher a minha frente e só consigo perceber o quanto fui burro. Passei anos levando em consideração uma decepção que tive no passado, sofrendo e fazendo os outros sofrer por uma mulher que não valia a pena, que não valia nenhum dos meus problemas. Olívia apareceu como um furacão na minha vida, para frente e determinada, sem papas na língua e bem decidida.Só Deus sabe o quanto sou louco por essa mulher! Neguei para mim mesmo durante muito, muito tempo. Senti a dor que eu tanto evitei mil vezes pior, lembro-me das palavras que tanto a machucaram quando saiu pela minha boca, me arrependo de tudo isso e estou disposto a recompensá-la, quero dizer a ela de uma vez por todas que eu quero que ela seja só minha.Porra! Eu ainda estou triste e magoado por ela ter escondido que estava grávida de um filho meu. Mas o que eu poderia