Estou nervoso e agitado, minha mão doe devido ao soco que dei na paredeAna não para de chorar, o que me deixa ainda mais nervoso-Ana, pare com essa choradeira boba, só está consigo me deixar ainda mais puto_digo irritado— Oia a boca, o menino tá ouvindo _ela vai até o meu filho cobrindo seus ouvidos— Onde está o João?porque o advogado que chamei ainda não chegou?_vou até o bar pegar uma garrafa de uísque— O João foi levar a menina embora, ele não podia deixar a coitadinha na estrada sem saber pra donde ir, e o sinhô também mando ele embora_ele diz nervosa— E você queria que eu fizesse o quê?ele estava sabendo de toda essa merda e não me disse nada_viro o líquido na boca que desse queimando meu peito— Quer assisti alguma coisa menino?posso fazer uma coisinha pro cê comer _Ana tira meu filho da salaEu não gostaria que ele me visse assim, mas no momento não consigo controlar meu ódioEu odeio todos eles, não deveria ter baixado a minha guarda, eu tinha que ter seguido os meus ins
— Amiga, já faz quase uma hora que você tá dentro desse banheiro, eu sei bem que o resultado não demora tanto para sair, e pela demora sei que deu positivoAinda não acredito no que está acontecendo comigo, eu sempre quis ser mãe, mas não assim em um momento tão complicado, por que coisas assim acontecem comigo?— O que eu vou fazer agora Jaqueline?_abro a porta mostrando o teste para ela— Primeiramente você vai ao laboratório fazer um exame de sangue, depois vamos ao médico para você começar o seu pré natal_ela da de ombros como se fosse a coisa mais simples do mundo— Você vê tudo de uma maneira tão prática que me assusta_me sento no sofá— O que não tem remédio, remediado está, você vai contar para o Augusto?_ela me da um copo de suco— Com toda certeza, não posso esconder isso dele, já foi tirado dele o convívio com o filho uma vez, não posso fazer isso de novo— Eu não esperava menos de você, até acho que agora vocês voltem, uma gravidez para um casal que se ama muda tudo_ela ba
Preparo-me para mais um intenso dia de trabalho, com ajuda de Ana minha fiel escudeira-José já foi olhar o gado novo que chegou?_pergunto enquanto ela me ajuda a calçar as botas— Sim, saiu cedinho o sinhô sabe como ele é com as tarefas né?_ela se levanta indo até a penteadeira pegar o meu chapéu— Você sabe que não precisa fazer essas coisas por mim não é?_digo olhado para ela— Eu gosto de te ajudar, o sinhô pra mim, é um filho que nunca tive_ela coloca o chapéu em minha cabeça— Tambem te considero como uma mãe, Você José e o João são o mais próximos que eu tenho de uma família,sempre fizeram muito por mim e eu sou muito grato por tudo_pego sua mão lhe dando um beijo— Há patrão, nois somo muito grato ao sinhô por tudo o que fez por nois, quando chegamo aqui tudo isso era um monte de terra sem valor,nois não tinha pra quem trabalhar não tinha o que comer,e quando o sinhô chegou comprando essas terra tudo mudou_seus olhos brilham ao olhar a paisagem de minha janela— Eu era um garo
Se eu pudesse descrever o meu sentimento em uma palavra seria vergonha, meu pai sempre dizia que um dia eu teria grandes problemas por falar demaisE aqui estou eu, sem saber onde enfiar a minha cara de tanta vergonha,porque minha prima que foi tão detalhista em descrever ele para mim não me disse que ela era paralítico?— Eu sinto muito, não quis ser desrespeitosa com o senhor, é que eu não imaginava _me complico com as palavras e começo a sentir meu rosto quente pela vergonha e nervosismo— Bom eu não tenho muito tempo, então sente-se enquanto analiso seu currículo _ele passa por mim, empurrando sua cadeira e indo até à porta para abri-la, não parece ter ficado incomodado com o que falei— Fique calma vai dar tudo certo, o patrão é um bom homem bom tenho certeza que não se importou com o que aconteceu _a simpática senhora que me recebeu tenta me tranquilizar enquanto me acompanha até a portaSento-me de frente para uma grande mesa de madeira enquanto ouço a porta bater atrás de mim
Mulherzinha faladeira essa Eliza, mas confesso que ela despertou um lado meu que a muito eu não viaO de ser desafiado, se ela acha que será fácil ter a vaga está muito engana,irei transformar sua vida em um verdadeiro inferno,e se no final de tudo ela ainda estiver disposta a trabalhar lhe darei a vaga-No que está pensando?te conhecendo bem como conheço essa moça não terá boa vida por aqui_João começa a espalhar a palha pelo curral- Não estou pensando em nada, a faladeira queria uma oportunidade e eu dei, basta agora mostra ser capaz_guio minha cadeira para fora do curral- E eu tenho certeza que será bem difícil para ela provar isso, ou talvez suas intenções sejam outras, sejamos sinceros a mulher é um espetáculo, Maria que não nos ouça, mas a danada é muito bonita _ele ri- Não tenho intenção alguma com ela, ela não faz o meu tipo_paro quando vejo ela se aproximandoOlho em meu relógio e constato que ela não se atrasou nem um minuto, chegou na hora combinada-Fico feliz em saber
Nunca imaginei que já no meu primeiro dia trabalharia como uma condenadaO peão Inácio não me deu tempo nem para respirar, e sei bem que noventa por cento das coisas que fiz não eram minha funçãoMas se aquele arrogante pensa que vou desistir ele está muito enganado, se existe algo que não conheço nessa vida é me dar por vencidaChego no chalé com meus pés latejando e implorando para serem libertados, tiro minha bota e faço uma massagem generosa naqueles que me carregaram por todo o diaTiro minha roupa ficando apenas de lingerie e vou até à geladeira procurar algo para comer, ainda não me acostumei com toda a fartura que á nesse chalé, é tanta comida e bebida que daria para uma família de no mínimo quatro pessoas viverem por mais de um anoCozinho alguns legumes com carne e faço uma massa que ficará divina acompanhada de uma garrafa de vinho, e preciso colocar o orgulho de parte em relação à qualidade do que aquele ogro compra para os empregadosInácio me confessou que Montenegro é q
Sinto meu corpo ficar cada vez mais gelado, e só então me dou conta de que ainda estou no banheiroGuio minha cadeira para o quarto e vou até meu armário pegar algo para vestir, as palavras daquela faladeira ainda estão presentes em minha mente, e o fato dela talvez está certa é algo que me deixa loucoAdmito que as vezes não sou uma pessoa fácil de lhe dar, mas também não sou o monstro que ela pintou, ou sou?faz tanto tempo que deixei de me socializar com as pessoas que já não sei mais em que nível de mau humor estouFecho meus olhos e a imagem dela parada me olhando me deixa possesso, minha privacidade é algo que não aceito ser violadaOdeio ver nas pessoas o olhar que vi nela, olhar de pena de confusão como se quisessem me perguntar o que aconteceu comigoOlho para as cicatrizes em meu corpo,e as lembranças são muito mais dolorosas do que o modo como elas foram feitas,não há mais como ser a mesma pessoa de antes depois de tantos danosPor mais que eu tente viver nada me trará de vo
Esse homem só pode ter algum problema na cabeça isso sim, penso enquanto me dirijo para o escritório-Ei Inácio, será que eu fui contratada?por isso o patrão me mandou para cá?_uma esperança se acende em mim— Não, o patrão só não quer que os peão novo fique de zói no cê _ele abre a porta do escritórioOlho em volta e o lugar está até bem arrumado, não a muito o que se fazer-Eu não entendo, como assim de zói em mim?_faço aspas com as mãos ao enfatizar a palavra zói— Aqueles peão chegaram um pouco antes do cê, foram mandados por um amigo do patrão então ainda não sabemos se podemos confiar neles, é uma moça bonita todo cuidado é pouco _ele acena puxando a aba de seu chapéu e me deixado sozinhaVou levar o que ele disse como um conselho e ficar bem longe dos peões, eu preciso desse emprego e não quero arrumar mais problemas para mimEu estava decidida a ir embora, mas meia hora conversando com Jaque e ela me fez mudar de ideia, ela me fez ver que orgulho não enche barriga e nem paga a